Na Dinamarca, onde o aborto é legalizado, a taxa de mortalidade entre as mulheres que abortam é três vezes maior do que entre as que não abortam

O aborto é intrinsecamente errado porque é o assassinato direto de um ser humano inocente, é um mal em si; e o que é mal em si não pode ser utilizado nem mesmo para se obter um fim bom. Assim, p.ex., supondo-se que certos efeitos bons pudessem decorrer [da legalização] do aborto (p.ex., uma melhoria da saúde das mulheres de um país), ainda assim o aborto não poderia ser aceito. A discussão aqui não é meramente utilitarista, e sim de princípios: se for sempre errado matar um ser humano, então os seres humanos não podem ser mortos em nenhuma situação. Trazer a discussão para uma casuística forçada (“ah, vejam as pobres mulheres que morrem fazendo abortos clandestinos!”) é falsificá-la e se furtar a encará-la no campo dos princípios, que é o seu lugar natural e, portanto, é o foro onde ela deve ser tratada.

Mesmo assim, é interessante ver que até a nível utilitarista o aborto é uma péssima idéia. Recentemente divulgou-se (aqui no original de LifeSiteNews.com; aqui em uma adaptação para o português) um estudo realizado na Dinamarca com mulheres em idade fértil ao longo de 25 anos. Uma das suas conclusões é que um único aborto realizado aumenta o risco de morte materna em 45% em comparação com as mulheres que nunca fizeram um aborto. E este efeito é cumulativo (o que se chama, segundo LSN, de “dose effect”): para mulheres que fizeram dois abortos, este percentual aumenta para 114%; com três ou mais, chegamos a um risco de morte 192% maior em comparação com quem nunca realizou um aborto. Ou seja, praticamente três vezes maior.

Atenção! Não estamos falando simplesmente de mortes decorrentes diretamente do aborto em si (digamos, complicações pós-abortivas), é lógico, porque a taxa de mortalidade por complicações de aborto de quem nunca realizou aborto algum é zero. Está-se falando de mortalidade em geral. O Abstract do artigo explica a sua metodologia: foram utilizados «dados das mulheres nascidas entre 1962 e 1993 (n = 1.001.266) (…) para identificar relações entre padrões de término de gravidez e taxas de mortalidade ao longo de 25 anos». Analisando-se um universo de mais de um milhão de mulheres, descobriu-se que as mulheres que realizaram abortos apresentavam uma taxa de mortalidade até três vezes maior do que aquelas cujas gravidezes sempre terminaram em nascimentos! E ainda nos querem convencer que os promotores do aborto estão preocupados com a saúde das mulheres…

Aqui não se trata, repitamos, de mortes decorrentes de abortos clandestinos realizados “em condições inseguras”: nós estamos falando da Dinamarca, onde o aborto é legalizado há quase quarenta anos (legislação obtida via Wikipedia)! Ou seja, legalizar o aborto só fez com que as taxas de mortalidade entre as mulheres que abortam fossem três vezes maiores do que entre as que não abortam. À luz destes dados, cabe perguntar quais são os reais interesses por detrás dos que promovem o aborto. Será que estão realmente falando da saúde das mulheres?

Com base nestes números, podemos com segurança dizer que a verdadeira “questão de saúde pública” responsável por altos índices de mortalidade materna é o aborto em si, e não a sua proibição. Muito pelo contrário até: se desejamos melhorar a saúde das nossas mulheres, é fundamental garantir que elas não realizem jamais nenhum aborto, para que assim possam viver mais e melhor.