Poder civil, foro eclesiástico, acobertamento: cardeal Hoyos, João Paulo II e Bento XVI

João Paulo 2º apoiou elogio a ocultação de abusos, diz cardeal (também em Reuters). “Um ex-cardeal (sic!!) do Vaticano que cumprimentou um bispo francês por ter protegido um padre que cometia abusos sexuais afirmou ter agido com a aprovação do papa João Paulo 2o, informou um jornal espanhol neste sábado”.

A gafe monumental do “ex-cardeal” constava no título. Alguém deve ter avisado à agência de notícias, que rapidamente “corrigiu” o serviço nojento fazendo um remendo mais nojento ainda, posto que não se deu nem mesmo ao trabalho de passar a vista pelo resto do texto. Disso se percebe o completo despreparo e a total falta de capacidade de quem se mete a escrever sobre a Igreja Católica na nossa mídia… o sujeito não faz a menor idéia daquilo sobre o qual está escrevendo. E, mesmo assim, se julga no direito de publicar manchetes bombásticas…

A polêmica é sobre os procedimentos básicos do Vaticano com relação à pedofilia. Resumindo a história: o cardeal Castrillón Hoyos, em 2001, escreveu uma carta a um bispo francês parabenizando-o por não ter entregue um padre às autoridades civis. O jornal Golias publicou a carta (aqui, a matéria e, aqui, o .pdf da carta), em um francês que eu, absolutamente, não me arrisco a traduzir. O pe. Federico Lombardi aproveitou para, em mais uma brilhante demonstração de suas habilidades políticas, apontar este documento como “uma prova mais de quanto foi oportuna a unificação do tratamento dos casos de abusos sexuais de menores por parte de membros do clero sob a competência da Congregação para a Doutrina da Fé, para garantir uma atuação rigorosa e coerente, como efetivamente aconteceu com os documentos aprovados pelo Papa em 2001”. Sandro Magister, traduzido pelo IHU, disse que, “segundo uma entrevista do cardeal colombiano à CNN, ele continua achando o mesmo que afirmou naquela carta”.

Eu já citei aqui um trecho d’O Diálogo de Santa Catarina de Siena sobre o assunto. Faço-o de novo, destacando: “Pela dignidade e autoridade confiada a meus ministros, retirei-os de qualquer sujeição aos poderes civis. A lei civil não tem poder legal para puni-los; somente o possui aquele que foi posto como senhor e ministro da lei divina”. E, o que eu escrevi então, repito-o novamente agora: “É degradante para a dignidade sacerdotal e injurioso à Igreja de Nosso Senhor quando um sacerdote é tratado pelos poderes civis como um criminoso comum. O poder temporal – como ensina a Igreja – existe para estar a Seu serviço. (…) Não existe autoridade civil com potestade para constranger a Igreja, nem poder temporal que possa de per si julgar e condenar os sacerdotes do Deus Altíssimo”.

Vamos aos procedimentos vigentes. O guia para entender os procedimentos básicos da Congregação para a Doutrina da Fé concernentes a denúncias de abusos sexuais, disponível atualmente na página principal do site do Vaticano e traduzido pelo IHU, diz que “[a] lei civil referente à denúncia de crime às autoridades competentes sempre deve ser seguida” (a mesma coisa está na carta do Santo Padre aos católicos da Irlanda: “continuai a cooperar com as autoridades civis no âmbito da sua competência”…). O pe. Lombardi, no link já citado, dá a entender que isso veio em 2001, com a mudança dos procedimentos até então em vigor.

O motu proprio Sacramentorum Sanctitatis Tutela (em inglês, seguido das normas então promulgadas), de 2001, até onde pude perceber, não diz nada disso. Se alguém puder me mostrar exatamente onde ele estabelece que as denúncias às autoridades civis devem sempre ser feitas, eu agradeço. No entanto, considerando que os procedimentos atuais exigem a denúncia às autoridades civis (e exigem, como pode ser visto nos links acima), vale comentar:

a) Não sei apontar exatamente quando foi que esta praxis entrou em vigor: se em 2001, antes ou depois. O que eu sei dizer com certeza é que, hoje, a orientação emanada da Santa Sé é no sentido de denunciar, sim, os sacerdotes às autoridades civis.

b) Não há nada de intrinsecamente errado na praxis anterior, qual seja, a de não fazer as denúncias. Estaria errado se os padres agressores não fossem punidos, porque toda agressão exige, por Justiça, que o dano causado seja reparado. Se a Igreja tivesse meios de punir os sacerdotes (p. ex., trancafiando-os nos aljubes) ou se os entregasse, após o Seu julgamento, ao braço secular (p.ex., como fazia a Santa Inquisição), não haveria nenhuma necessidade de um processo civil independente do canônico (ou, pior ainda, concorrente a ele).

c) Também não há nada de intrinsecamente errado na praxis atual, de que sejam feitas as denúncias. O caso é de foro misto e, ao que me conste, a Igreja pode perfeitamente chancelar (mesmo tacitamente) a decisão das autoridades civis, já que não há mais reconhecimento do foro eclesiástico: a partir do momento em que a Igreja determina que os sacerdotes sejam julgados pelo poder civil, este passa a ser legalmente exercido.

Em resumo, esta questão é de disciplina canônica, e é particularmente dolorosa. Ao contrário do que parece dizer o porta-voz do Vaticano, a carta do cardeal Hoyos – na minha opinião – não tem nada a ver com uma “prova” de que era necessário estabelecer expressamente que os padres fossem denunciados às autoridades civis. A “atuação rigorosa e coerente” deve ser feita, sem dúvida alguma; mas isso não é sinônimo de sujeitar os sacerdotes do Deus Altíssimo aos poderes civis. Não existe sombra de “acobertamento” na carta do cardeal Hoyos ou no apoio a ela dado pelo Papa João Paulo II. Acobertar é fazer vista grossa, saber que há algo errado e “deixar para lá”; acolher uma denúncia, investigar, julgar e punir – mesmo prescindindo de uma denúncia às autoridades civis – não é de forma alguma a mesma coisa que acobertar.

Se os bispos punissem os maus sacerdotes como deveriam, não haveria necessidade de que tais casos fossem “unificados” sob a jurisdição de um Dicastério romano. No entanto, vivemos tempos difíceis, e – mysterium iniquitatis – o uivo dos lobos parece ser mais alto do que os  cuidados dos pastores. Rezemos pela Igreja de Nosso Senhor; a fim de que os maus não triunfem amparados pelo silêncio dos bons. A fim de que os ministros do Deus Altíssimo sejam santos, como convém ao estado que abraçaram. E a fim de que os pastores preservem o rebanho dos lobos, sejam eles quais forem.

Outro assassinato em curso

Atenção! Acabo de ouvir, no telejornal local (NE-TV), que uma menina de dez anos de Jaboatão dos Guararapes (região metropolitana de Recife), violentada pelo padrasto e grávida de quatro mesesserá submetida a um aborto. O conselheiro tutelar apareceu na reportagem, com a cara mais limpa do mundo, para dizer que este aborto era “legal” e que “com certeza” a menina seria submetida a ele.

Eu havia lido a reportagem do Jornal do Commercio aqui, ontem. Impossível não fazer um paralelo com o caso da menina de Alagoinha, que faz pouco mais de um ano. Esta, tem um ano a mais de idade e um filho a menos no ventre: mas passou pelo mesmo drama e lhe está sendo imposta a mesma “solução” estúpida que adotaram ano passado: vão matar o seu filho. “Legalmente”.

Quatro meses! Ele já tem unhas e o seu coração  “bombeia cerca de 24 litros de sangue por dia”. Mais um mês e meio e ele já teria chances sobreviver a um parto prematuro, às 22 semanas, como existem exemplos. Por que os assassinos têm pressa? Ano passado, alegaram que a mãe corria risco de vida (o que era mentira, uma vez que risco imediato de vida ela nunca correu); e qual a alegação agora? Simplesmente a vitrola arranhada “é legal, é legal”?

Primeiro, não é legal. Não existe aborto legal no Brasil. Segundo, ainda que fosse legal… por qual motivo ele seria a melhor opção? Aliás, por que o aborto é sempre a primeira “solução” aventada, sempre às pressas, sempre com apelos emocionais, sempre às escondidas?

Mãe e filha não querem levar adiante a gravidez. “Vamos dar todo assistência à família para que elas decidam o que fazer. Como a menina foi vítima de violência, a legislação permite que seja realizado um aborto legal”, explicou o conselheiro tutelar.
Jornal do Commercio online, hoje (09/04/2010) pela manhã

Será que “mãe e filha” serão informadas das funestas conseqüências do aborto, dos riscos e traumas envolvidos? Ou serão “empurradas” para a solução “mais fácil”, para júbilo dos abortistas e vergonha desta Terra de Santa Cruz?

Passou-se um ano. Os gêmeos da menina de Alagoinha foram assassinados. E o que mudou? Enquanto a mídia anti-clerical esbraveja  “denúncias” de pedofilia no clero, a reportagem supracitada comenta, bem en passant, que, “[s]egundo dados, de 2008, da Gerência de Polícia da Criança e do Adolescente, pais, padrastos, tios e avôs estão entre os abusadores mais freqüentes. Esse grupo de parentes foi o responsável por 98% dos casos anotados naquele ano pela GPCA”. E o que é feito para reverter este quadro? Aparentemente, os defensores das crianças e os que sentem compaixão para com as tragédias infantis ficam já muito felizes e satisfeitos caso os filhos das menores violentadas possam ser assassinados em paz. Triste. Que a Virgem Santíssima interceda por Jaboatão dos Guararapes.

Ameaça ao Estado Laico!

Fonte: Diário Oficial de Pernambuco.

DIÁRIO OFICIAL

Estado de Pernambuco

Ano LXXXVII – Recife, terça-feira, 16 de março de 2010 – Nº 49

CASA CIVIL

Por determinação do Excelentíssimo Senhor Governador do Estado, o expediente nos dias 01 e 02 de abril, consagrados à Paixão de Cristo, será considerado ponto facultativo nas repartições públicas e entidades da administração indireta estadual, com exceção daqueles serviços cujo funcionamento seja indispensável, a juízo do chefe do órgão.

Recife, 15 de março de 2010.

RICARDO LEITÃO

Secretário da Casa Civil

É [ainda mais] proibido fumar!

Eu preciso de assessoria jurídica, porque não consigo entender as implicações da (nova) legislação anti-tabagista. Foi agora há pouco, antes do almoço, que eu vi um tweet da Marina sobre o assunto:

Você pode ajudar a aprovar a lei para proibir o fumo nos lugares públicos e fazer a diferença para a saúde dos brasileiros.

E eu com os meus botões: mas o fumo nos lugares públicos não já é proibido no Brasil? Então, fui seguindo as referências pra ver onde elas davam. O tweet da Marina linkava para o blog dela; este, por sua vez, informava que “a Comissão de Constituição e Justiça aprovou [ontem], por 6 votos contra 3, um projeto de lei do senador Tião Viana para proibir o fumo em locais coletivos fechados”.

Fui no site da CCJ e encontrei a Pauta da Comissão Permanente do Senado Federal referente a 5a Reunião Ordinária de 10/03/2010 da Comissão: CCJ – Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania. Abri o arquivo pdf e, lá, já na segunda página, encontrei a referência ao Projeto de Lei do Senado nº 315, de 2008, que “[a]ltera a Lei 9.294 de 15 de julho de 1996, para proibir o uso de produtos de tabaco em ambientes fechados”.

Fui procurar então o texto do PLS 315/2008. Ele na verdade é muito simples:

Art. 1º O art. 2º da Lei nº 9.294, de 15 de julho de 1996, passa a
vigorar com a seguinte redação:

Art. 2º É proibido o uso de cigarros, cigarrilhas, charutos, cachimbos ou qualquer outro produto fumígero, derivado ou não de tabaco, em ambiente fechado, público ou privado.
……………………………………………………………………… (NR)”

Art. 2º Esta Lei entra em vigor cento e oitenta dias após a data de sua publicação.

À primeira vista, eu não percebi a diferença. Fui, então, à legislação em vigor, a Lei 9294/96, e vi que a redação atual do caput do Art. 2º é a seguinte:

Art. 2° É proibido o uso de cigarros, cigarrilhas, charutos, cachimbos ou de qualquer outro produto fumígero, derivado ou não do tabaco, em recinto coletivo, privado ou público, salvo em área destinada exclusivamente a esse fim, devidamente isolada e com arejamento conveniente.

Ou seja: a única coisa que muda é o “local” onde a lei se aplica. Hoje em dia, é “em recinto coletivo, privado ou público”, e a proposta é que passe a ser “em ambiente fechado, público ou privado”.

Daí as minhas dúvidas: para quê, exatamente, é esta mudança? Vejo três opções. A segunda parece-me mais provável, mas não consigo entender o porquê da terceira não ser aplicável.

1. Tornar mais razoável a legislação atual, restringindo a proibição do fumo aos ambientes coletivos fechados, para acabar com alguns abusos do tipo o sujeito ter que fumar do outro lado da rua no aeroporto ou não poder fumar na área comum do condomínio onde mora.

2. Proibir os fumódromos, uma vez que retira a menção à “área destinada exclusivamente a esse fim” que existe no texto hoje vigente.

3. Aumentar absurdamente o viés totalitário da legislação anti-tabagista, proibindo o fumo dentro da casa do indivíduo, uma vez que esta é um “ambiente fechado privado” e foi retirada da redação lei 9294/96 o “coletivo” que especificava quais os recintos onde é proibido fumar.

Gostaria de entender, especificamente, qual o motivo da retirada do qualificador “coletivo” da redação atual, bem como por qual motivo a opção 3 acima não se aplicaria no caso em questão do PLS 315/2008.

Bispo auxiliar de Niterói sobre PNDH-3

[Fonte: Arquidiocese de Niterói. Grifos no original.]

Foi divulgado pelo Exmo. Presidente da República o terceiro Programa Nacional de Direitos Humanos. Queremos em princípio atribuir a tentativa os melhores propósitos de garantir no país os Direitos Humanos bem como ajudar a firmar seu reconhecimento. No entanto nos preocupa em primeiro lugar a forma de elaboração do programa, foi a síntese de várias conferências sobre DH com a participação quase que exclusiva dos movimentos sociais e ONGs.

Percebe-se na redação e na formulação a confusão de interesses com direitos, e o viés assembleísta corporativo como dispositivo de pressão, aprovação que termina como veremos numa prática totalitária, pois só o congresso ou uma constituinte tem a legitimidade de representar toda a nação. Por outra parte percebemos a influência hegemônica do positivismo jurídico estatalista que afirma que os DH são concessões do Estado; cabendo ao Estado outorgá-los. Ora os DH são inerentes a pessoa humana, se depreendem de sua natureza, precedendo ao Estado, cabendo a este simplesmente reconhecê-los e respeitá-los.

Quanto ao conteúdo, de pretensos direitos deste programa, se relativiza seriamente o direito de propriedade gerando insegurança; se desconhece o direito à vida, que é o primeiro direito de cidadão, facilitando o crime do aborto; se envereda pela cultura de retaliação e do revanchismo ignorando as lições da história recente dos países dilacerados pelo ódio como África do Sul, Chile e Argentina que aprenderam dolorosamente que só com uma política centrada na verdade, no perdão e na reconciliação poderá haver paz e um futuro de concórdia nacional. Finalmente se enfraquece o Estado de Direito; suas instituições que devem estar em serviço de liberdade, do bem comum e da justiça social.

Fazemos votos que a sociedade civil brasileira que acompanha vigilante o processo de construção de uma democracia inspirada em valores humanitários e na participação de todos, rejeite este programa pela sua marcante tendência ideológica tão distante do preâmbulo de nossa Constituição.

+ Dom Roberto Francisco Ferrería Paz
Bispo Auxiliar de Niterói

A Gaystapo e a visita do Papa ao Reino Unido

Papa é contra o plano autoritário do Estado Inglês. O post do Ecclesia Una faz referência a uma notícia que saiu em G1, cujo título era “Papa critica projeto de lei britânico contra a discriminação de homossexuais”. A notícia original é da BBC, mas saiu também na Folha e no Estadão. Repercussão ubíqua.

O que o Papa realmente disse está na mensagem aos bispos da Inglaterra e País de Gales em visita ad limina. Não há menção direta à lei que está em votação no parlamento inglês, embora o assunto seja sem dúvidas esse.  A Canção Nova traduziu o texto. O Fratres in Unum também comentou.

Sobre isso, gostaria de reproduzir parte do texto do Ecclesia Una:

Há alguns dias notícia foi publicada na Internet falando dos projetos que andam tentando legalizar na Inglaterra de se ensinar obrigatoriamente educação homossexual. A medida é, sem sombra de dúvida, intolerante. Veja: não estamos falando aqui duma tentativa sadia de pedir respeito aos homossexuais. Estamos falando de uma medida autoritária que visa impor aos alunos de todas as escolas – inclusive as religiosas, conforme atesta esta outra notícia – valores homossexuais. Não é mais um combate à homofobia, é uma tentativa clara e objetiva de se ensinar o homossexualismo em nossas escolas, como se fosse perfeitamente natural e aceitável! Em suma, o combate aqui não é ao preconceito, como expôs o G1, mas à heteronormatividade, ou seja, à idéia de que as relações sexuais moralmente corretas são as que são praticadas entre homem e mulher.

Não se trata de nenhuma novidade. A posição da Igreja é clara e conhecida de todos. O Papa não fez nada além de repetir o ensinamento moral católico que sempre foi ensinado. Não existia, aliás, outra posição que ele pudesse ter tomado. Às vésperas da visita do Santo Padre ao Reino Unido, qual a razão de mobilizar a opinião pública contra o Vigário de Cristo?

É somente provocação? É para indispôr os ingleses contra o Papa e provocar constrangimentos na visita de setembro próximo? Já existe, a propósito, um abaixo-assinado contra ela na internet. E já há ameaças:

Nesta semana, esse grupo [NSS, Sociedade Secular Nacional] lançará uma coalizão denominada “Protesto contra o papa”, integrada por grupos de homossexuais, vítimas da pedofilia de padres, organizações de planejamento familiar e grupos pró-aborto, que pretendem realizar manifestações durante a visita do pontífice.

Esta é a fantástica coerência dos que defendem a “igualdade”. Não aceitam a menor crítica às suas reivindicações anti-naturais, mas não pensam duas vezes antes de organizar protestos contra o líder mundial do catolicismo que lhes vai visitar o país.

Ainda sobre o abaixo-assinado dos bispos contra o PNDH-3

Só atualizando: o abaixo-assinado dos 67 bispos contra o PNDH-3, que eu publiquei aqui na semana passada, encontra-se disponível no site da Arquidiocese do Rio de Janeiro. No da CNBB, ao que me conste, ainda não.

E saiu na mídia secular: Bispos condenam Programa de Direitos Humanos em texto.

Bispos condenam Programa de Direitos Humanos em texto.

EUA e aborto – “moralmente incorreto”

Boa notícia que li em ZENIT: maioria dos americanos considera o aborto “moralmente incorreto”. No entanto, foram estes cidadãos americanos que elegeram o presidente mais abortista da história do país. Infeliz paradoxo.

Mas há esperança! E esta notícia nos deixa entrever um pouco dela.

“Os avanços na tecnologia mostram claramente – e cada vez mais claramente – que uma criança não-nascida é totalmente um ser humano. Isso, e o grande número de americanos que conhecem uma das muitas pessoas que foram negativamente afetadas pelo aborto, são certamente duas das razões pelas quais os americanos estão cada vez mais incomodados com o legado de aborto de Roe v. Wade, e com o aborto em geral. A maioria dos americanos entende que o aborto tem consequências e que estas não são boas”.

Que a Virgem Santíssima, Nossa Senhora de Guadalupe, livre os Estados Unidos da maldição do aborto.

O aborto, a CNBB e o Planalto

Ainda não havia tido tempo de comentar aqui sobre o Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3) aprovado pelo presidente Lula no final do ano passado. Leiam o DECRETO Nº 7.037, DE 21 DE DEZEMBRO DE 2009; neste link, consta o decreto do sr. Presidente da República e, em anexo, o PNDH-3.

Com este decreto, “[a]poiar a aprovação do projeto de lei que descriminaliza o aborto, considerando a autonomia das mulheres para decidir sobre seus corpos” passa a ser, oficialmente, um objetivo estratégico do Governo. Não se trata mais somente nem da posição particular de um político concreto, nem da orientação de um partido político que admite a pluralidade de opiniões, e nem da imposição de um determinado partido que expulsa do seu grêmio os que pensam diferente. Não; com o Programa Nacional de “Direitos Humanos”, apoiar a descriminalização do aborto é uma diretriz de governo que inclusive transcende os partidos políticos.

Fica cada vez mais evidente aquilo que outras pessoas vivem dizendo: o estrago que o PT vem fazendo nas instituições brasileiras agiganta-se a olhos vistos, e torna-se difícil vislumbrar, no horizonte, a possibilidade de um cenário político onde as seqüelas da gestão atual não se façam dolorosamente presentes.

Vi hoje, no entanto, uma notícia interessante na Folha: Igreja também critica plano de direitos humanos de Lula. Os movimentos pró-vida brasileiros estão levando a sério esta nova investida do PT. Duas coisas chamam a atenção (os itálicos são citações):

  1. O problema do PNDH-3 não se resume à questão do aborto. Os itens propõem ações coordenadas de governo para apoiar “a aprovação do projeto de lei que descriminaliza o aborto”, “mecanismos para impedir a ostentação de símbolos religiosos em estabelecimentos públicos”, “a união civil entre pessoas do mesmo sexo” e “o direito de adoção por casais homoafetivos”.
  2. O objetivo de d. José [responsável pelo Comitê de Defesa da Vida do Regional Sul-1 da CNBB] é conseguir uma declaração da CNBB sobre o tema, mas há bispos, mesmo entre aqueles que compartilham de sua indignação, que preferem não bater de frente com o Planalto. Vários religiosos e setores da igreja são aliados tradicionais da esquerda e do PT em outras causas defendidas no documento.

Ou seja: existe um decreto do presidente da república que transforma em política oficial do Governo desvios morais gravíssimos, frontalmente contrários à Lei Natural, e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil prefere não bater de frente com o Planalto! Prefere, então, a CNBB bater de frente com Nosso Senhor? Prefere cruzar os braços e deixar o Planalto promover o assassinato de inocentes?

É isto mesmo, senhores bispos do Brasil?

Muita coisa para pouco tempo…

Primeiro casamento gay do Malauí termina com prisão dos noivos. “Um casal homossexual do Malauí foi preso na segunda-feira acusado de ‘ultraje’, depois de ter se casado na primeira cerimônia de matrimônio gay do país”. A notícia está muito incompleta, pois não explica exatamente o que veio a ser a tal “cerimônia de matrimônio gay”. Não posso deixar de comentar, no entanto, que “ultraje” é um tipo penal curioso; gostaria de saber melhor do que se trata.

–  Campinas terá 1ª escola do Brasil voltada para público gay. Piada, se não fosse trágico. A escola terá “um curso para formação de drag queens”, e receberá alunos “com idade entre 12 a 18 anos”. Enquanto isso, as pessoas permanecem inertes, porque a patrulha da Gaystapo faz com que seja “homofobia” protestar contra esta imoralidade. Detalhe: tal escola “surgiu a partir de um convênio entre a ONG E-Jovem, o governo do Estado de São Paulo e o Ministério da Cultura”. É o dinheiro público sendo aplicado na promoção da sodomia. Lamentável.

Califórnia destina US$ 200 milhões para pesquisa aplicada com célula-tronco. No mesmo saco, como se fossem uma só e a mesma coisa, estão “células-tronco pluripotentes induzidas” e “células-tronco embrionárias humanas”. Gostaria de saber como anda a aplicação destes recursos dentre as diversas linhas de pesquisa, bem como os resultados obtidos

Mensagem do Papa Bento XVI para o Dia Mundial da Paz. “Se o magistério da Igreja exprime perplexidades acerca de uma concepção do ambiente inspirada no ecocentrismo e no biocentrismo, fá-lo porque tal concepção elimina a diferença ontológica e axiológica entre a pessoa humana e os outros seres vivos. Deste modo, chega-se realmente a eliminar a identidade e a função superior do homem, favorecendo uma visão igualitarista da «dignidade» de todos os seres vivos. Assim se dá entrada a um novo panteísmo com acentos neopagãos que fazem derivar apenas da natureza, entendida em sentido puramente naturalista, a salvação para o homem”.