Alguém denuncia: o Papa Francisco I dá uma mãozinha à teologia da libertação (marxista). Nesta fonte, leio que «[o] Papa Francisco I prepara-se, assim, com Óscar Romero, para canonizar a teologia da libertação (marxista); e só lhe fica bem porque demonstra a sua coerência». Perturbador, não?
Nem tanto. Sobre os outros dois nomes citados no texto eu não sei dizer nada. Mas de D. Romero eu posso falar sim: ao que me conste, viveu como devoto filho da Igreja, como se depreende das fontes primárias das quais dispomos. Da carta que consta nesse link, enviada ao Papa em favor de S. Josemaría Escrivá (durma-se com um barulho desse: acusam de ser da Teologia da Libertação um bispo que se rasga de elogios ao Opus Dei!), destaco só duas passagens, curtas mas bem representativas do senso de prioridades do falecido bispo de San Salvador (grifos do original):
Conheço faz muito tempo o trabalho do Opus Dei aqui em El Salvador, e posso testemunhar o sentido sobrenatural que o anima e a fidelidade ao magistério eclesiástico, que caracteriza este trabalho.
[…]
Neste mundo tempestuoso, invadido por insegurança e dúvida, a excelente fidelidade doutrinária que caracteriza o Opus Dei é um sinal da graça especial de Deus.
Parece-me evidente, assim, que a canonização de um homem desses não pode jamais ser vista como uma chancela à Teologia da Libertação de cunho marxista, já incontáveis vezes condenada pela Igreja Católica. Ressuscitar este cadáver já putrefato, como já expliquei aqui, seria claramente retroceder os ponteiros do relógio da História – coisa que o Papa Francisco já deixou bem claro que não gosta de fazer.