[Fonte: Brasil Imperial]
A Princesa Isabel – 160 anos
Palestra de S.A.I.R o Príncipe Dom Luiz de Orleans e Bragança
16 de agosto de 2006 – sede da Pró Monarquia
Atendi com muito prazer ao amável convite para falar às senhoras e aos senhores sobre minha bisavó, a princesa Isabel, de memória tão marcante, que até o fim da vida soube representar aquilo que ela era, uma princesa brasileira, carinhosamente lembrada como a “Redentora” dos escravos.
Direi inicialmente algo sobre o contexto histórico, abordando a questão da escravidão, e pouco a pouco irei introduzindo a Princesa Isabel, para apresentar a personalidade dela, sua atuação, comentando o que ela poderia ter sido para o Brasil, se houvesse reinado como Imperatriz – o modelo de grande dama brasileira.
O problema da escravidão existiu desde quase o começo da Humanidade. Na Antiguidade, estima-se que só 10 por cento dos homens eram livres. 90 por cento constituía a enorme massa de escravos que não tinham direito algum. Os senhores podiam fazer deles o que quisessem: vender, matar, mutilar; usar como cobaia; fazer os piores horrores que se possam imaginar. As uniões, os casamentos dos escravos podiam ser desfeitos ao bel prazer do senhor. Eram tratados como animais.
A Igreja Católica, com a conversão do Império Romano do Ocidente, se empenhou em eliminar pouco a pouco a escravidão. Ela não o fez de uma só vez, pois causaria tais sobressaltos, que seria um perigo para a sociedade e para os Estados. Eu cito aqui um texto de Leão XIII, uma encíclica de 5 de maio de 1888: “Não quis a Igreja apressar-se em obter a emancipação e a libertação dos escravos, posto que isso não podia realizar-se sem alvoroço e sem prejuízo para eles próprios e para as nações, mas preocupou-se principalmente por que fossem as almas dos servos instruídas, conforme as suas capacidades, na religião cristã e que estes adotassem costumes em concordância com o batismo recebido”.
Quer dizer, a Igreja primeiro tratou das almas. Primeiro tratou das mentalidades. Depois, pouco a pouco, foi erodindo a instituição da escravidão. Leão XIII continua: “Pacificadas depois as coisas, e tranqüilos os tempos para a Igreja, os ensinamentos apostólicos sobre a união fraternal dos espíritos entre os cristãos foram expostos com admirável sabedoria pelos Santos Padres e aplicados com igual caridade em defesa dos escravos, esforçando-se em refutar que o direito dos senhores sobre o trabalho dos escravos fosse de absoluta honestidade; e que, sobretudo, fosse de modo algum lícito ao seu poder imperioso e à sua cruel sevícia atentar contra suas vidas”.
A partir de Carlos Magno, que reinou de 760 a 815, no Ocidente a escravidão praticamente desapareceu. No século 9º, segundo o autor americano Rodney Stark em seu livro “A Vitória da Razão”, a escravidão deixou de existir na Europa. Vou citá-lo: “A escravidão acabou na Europa medieval somente porque a Igreja estendeu seus sacramentos a todos os escravos e depois trabalhou para impor a proibição da escravidão de cristãos e de judeus. No contexto da Europa medieval, essa proibição foi de modo efetivo, uma lei de abolição universal”. Continuou a haver escravidão no mundo islâmico, onde, conforme explica o autor, “há uma única e insuperável barreira para a condenação da escravidão: Maomé comprou, vendeu, capturou e possuiu escravos”.
Hoje em dia, no Islã, ainda há escravos. Isso não é contado na mídia em geral, mas há escravidão, e uma boa parte do problema da Somália e daqueles países do leste da África provém do fato de que os maometanos procuram escravizar os cristãos e torná-los seus animais de serviço.
Na Antiguidade, explica esse autor, o conceito de liberdade não existia. Só havia o conceito de sujeição. O conceito de liberdade foi introduzido no Ocidente pela Santa Igreja Católica Apostólica Romana.
Paulatinamente a escravidão foi sendo substituída por um regime muito mais suave, que hoje em dia é demonizado, mas que de fato era completamente diferente da escravidão – a servidão da gleba. O servo da gleba era alguém que recebia de um senhor um pedaço de terra e era obrigado a cultivá-la. Cultivá-la para seu proveito. Podia se casar. Podia legar essa gleba. Podia juntar um pecúlio. Podia, se quisesse, deixá-la, embora a perdesse se a deixasse. Tinha unicamente que dar um dia da semana de trabalho ao senhor. Um dia da semana de trabalho por semana corresponde a um sexto do que ele trabalhava.
Eu pergunto às senhoras e aos senhores: hoje em dia, com mais de 38 por cento do PIB do Brasil absorvido pelo Estado, quem tem uma sorte mais cruel: o servo da gleba da Idade Média, ou nós, pobres cidadãos livres de uma república democrática? Não há comparação possível!
Os senhores tinham obrigações para com seus servos. Tinham que administrar a justiça e ajudá-los em casos de penúria ou calamidade. O castelo era, por assim dizer, o celeiro de toda a comunidade, onde se guardavam os grãos para as épocas de más colheitas.
O senhor tinha obrigação de proteger seus servos em caso de ataques de inimigos. E os servos só podiam ser chamados às armas se o seu torrão fosse atacado. Eles não podiam ser recrutados, de maneira compulsória, para acompanhar seu senhor numa guerra contra outro senhor ou numa guerra externa. Não havia o que só surgiu nos séculos 19 e 20 – o serviço militar obrigatório. Os servos eram livres.
Em Portugal não houve servidão da gleba. Passou-se da escravidão diretamente para o regime do senhorio, com camponeses livres. Na Espanha também não havia. Só na Catalunha houve feudalismo, e portanto servos da gleba. No resto do país, não os houve. Mesmo a servidão da gleba na Catalunha foi abolida em 1486, por Fernando o Católico.
No século 15, na França, a servidão da gleba já havia desaparecido completamente. Na Alemanha, estava sendo abolida nas províncias mais do sul, continuando ao leste. No leste europeu – eu incluo a Áustria, a Hungria, a Checoslováquia – um pouco, mas muito mitigada sempre pelo trabalho da Igreja. Na Polônia, e principalmente na Rússia, a servidão da gleba se prolongou por mais tempo.
Com a Renascença voltou a escravidão. Por que voltou?
O homem medieval era profundamente religioso. Ele tinha a noção de que sua finalidade principal era servir a Deus, amando-o sobre todas as coisas, e ter amor ao próximo por amor de Deus. Em conseqüência, ficou muito facilitado o trabalho da Igreja pela abolição da escravidão e da servidão. Entretanto, na Renascença voltou a aparecer o ideal de felicidade pagã do gozo da vida.
Como diz muito bem o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em seu livro Revolução e Contra-Revolução, na Renascença voltou o ideal de vida de satisfazer o orgulho e a sensualidade, como os antigos romanos, os antigos gregos, os antigos egípcios. E com isso o egoísmo, o antropocentrismo substituiu o teocentrismo medieval. E o homem, por via de conseqüência, voltou a ser o lobo do próprio homem. O gozo da vida era para ser alcançado a qualquer preço, a qualquer custo, passando por cima dos direitos, das conveniências. A Renascença foi uma volta colossal do paganismo antigo, com todas as suas abominações.
É verdade que, pela ação da Igreja, o Cristianismo ainda tinha raízes muito profundas, que continuaram até nossos dias, embora se erodindo pouco a pouco, como é magistralmente bem descrito no referido livro do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Mas voltaram várias aberrações.
A América foi a região onde espanhóis e portugueses encontraram pretexto para restaurar a escravidão. Muitos afirmavam que os índios e os negros não tinham alma, e que portanto eram verdadeiros animais. Entretanto a Igreja, desde o começo, se levantou contra isso.
Carlos V consultou o Papa Paulo III sobre se era lícito escravizar os índios. E a resposta de Paulo III é lapidar. Na bula de 9 de junho de 1537 ele afirma: “A mesma verdade, que nem se pode enganar nem ser enganada, quando mandava os pregadores de sua Fé a exercitar esse ofício, sabemos o que disse: Ide e ensinai a todas as gentes.A todas disse, indiferentemente, porque todas são capazes de receber a doutrina de nossa Fé. (…) Sob pretexto de que são incapazes de recebê-la, os põem em dura servidão, e os afligem e oprimem tanto, que ainda a servidão em que têm seus animais apenas é tão grande com que afligem a esta gente. Nós outros, pois, que ainda que indignos temos as vezes de Deus na terra e procuramos com todas as forças achar suas ovelhas, que ainda estão perdidas fora de seu rebanho, para levá-las a ele, pois este é nosso ofício; conhecendo que aqueles mesmos índios, como verdadeiros homens, não somente são capazes da fé de Cristo, senão que acodem a ela, correndo com grandíssima prontidão, segundo nos consta; e querendo promover nestas cousas de remédio conveniente, com autoridade Apostólica, pelo teor das presentes, determinamos, e declaramos, que os ditos índios, e todas as mais gentes que daqui em diante vierem à notícia dos cristãos, ainda que estejam fora da Fé de Cristo, não sejam privados, nem devem sê-los, de sua liberdade, nem do domínio de seus bens, e que não devem ser reduzidos à servidão. Dada em Roma, ano de 1537, aos 9 de julho, ano terceiro de nosso pontificado”.
Fechou a questão. Roma locuta, causa finita. Uma linguagem que dá saudades!
A Igreja, apesar de tudo, tolerou a escravidão dos negros. Por sua doutrina, ela fazia com que eles fossem mais bem tratados aqui na América do Sul e na América Central. Muito mais bem tratados que entre os pagãos. Ela batizou os negros aqui trazidos. Casava-os segundo o rito católico. Empenhava-se para que os casais não fossem separados, e eles escapavam – foi essa a razão que levou a Igreja a tolerá-la – a uma sorte muito mais cruel, se permanecessem como escravos na África.
A partir de fins do século 17 e durante o século 18, os territórios portugueses da África foram governados pelos vice-reis do Brasil. Portanto, tudo que se tratava em África passava primeiro pelo Brasil. D. João VI mandou o padre Vicente Pereira Pires, um baiano, como enviado junto ao rei do Daomé, para fazer uma aliança, um tratado. O que ele relata do que viu é espantoso. Naturalmente ele conta que os escravos que os portugueses traziam para cá eram comprados de outros reis negros, quando não de mercadores árabes. Ele relata o tratamento que os escravos tinham na África. São coisas atrozes!
Quando algum escravo desagradava o rei negro, ele era enterrado até o pescoço e mantido até a morte sob o sol escaldante, untado com uma substância que atraía os insetos. E se queria construir uma nova choça, para fazer uma certa argamassa ele mandava sangrar algumas centenas de escravos, como se sangra um animal. Recolhia aquele sangue, misturava com barro e fazia os tijolos para construir a choça. O fato é que, quando aqueles escravos – que eram prisioneiros de guerra – sabiam que iam ser vendidos para mercadores portugueses, davam vivas, pulavam de alegria, porque sabiam que iam ter uma sorte muito mais humana do outro lado do Atlântico. Notícias disso atravessaram o oceano, e os negros da África sabiam dessa realidade.
Os negros que vinham para o Brasil encontravam senhores católicos. Não só isso, mas encontravam uma virtude tipicamente brasileira, que é a grande bondade que impera em nosso País, herdada de Portugal, e que aqui, por assim dizer, se alargou de uma maneira extraordinária.
Há mil exemplos de como os escravos eram bem tratados por seus senhores. Fala-se muito mais do tronco, do açoite, mas quase não se fala da dedicação que os escravos tinham pelos seus senhores. Isso só se dá quando há bons tratos. A mãe-preta, a ama-de-leite que amamentava o filho do patrão, e que depois se tornava ama-seca e como que uma segunda mãe para o filho do patrão, permanecendo na família até a morte.
O pior escravagista – segundo o mito, barão de Cotegipe, chefe da bancada escravagista – quando ia ao Parlamento, ia de carruagem e levava consigo, além do cocheiro, um menino negro para levar recados, levar uma coisa aqui, acolá etc. Se começava a chover, o barão dizia: Zezinho, Zezinho, vem cá, entra aqui na carruagem, para não pegar um resfriado. Praticamente tratava-o como filho. E esse era o chefe dos escravagistas no Parlamento!
O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira contava que sua avó, Da. Gabriela Ribeiro dos Santos, uma grande senhora que marcou muito a sociedade paulista no fim do século 19 e início do século 20, costumava conversar longamente com uma velha ex-escrava. Entretinham-se, recordando os velhos tempos. Quer dizer, era tratada como um membro da família. E não eram exceções. Era a regra geral em nosso grande, querido e bondoso Brasil.
Os escravos às vezes eram castigados. Mas conta-se que em muitos casos o fazendeiro dizia para a filha: Olha, vou ter que chicotear tal escravo; quando o feitor levantar o chicote, você vem e me pede misericórdia. É bem típico do jeitinho brasileiro!
Eles tinham também a possibilidade de comprar a própria liberdade. A alforria era uma instituição. Poucos sabem que a Caixa Econômica foi fundada para que os negros pudessem depositar suas economias, fazer um pecúlio, e finalmente comprar a liberdade.
Os escravos que obtinham a liberdade, freqüentemente ficavam com seus senhores. Recebiam um pedaço de terra. Alguns voltaram para a África, e lá se tornaram elite, pois tinham recebido a influência da sabedoria cristã. No meio da barbárie dos seus congêneres, faziam fortuna. Tornaram-se grandes empresários, políticos etc. E a superioridade dos negros brasileiros é reconhecida na África – em Daomé, no Benin, na Costa do Marfim. Isso mostra como foi vantajoso para os negros virem para o Brasil, apesar do regime de escravidão que, embora reprovável, foi tolerado como um mal menor.
A Família Imperial se empenhou desde o começo pela abolição. D. Pedro I quis incluir uma cláusula com a abolição da escravidão na primeira – e única! – constituição do Império. Foi José Bonifácio que o demoveu, dizendo que uma medida de tão grandes conseqüências causaria convulsões, problemas sociais e políticos, e no momento era inviável para o Brasil, que se arriscava a perder sua integridade, esfacelar-se em várias repúblicas. Mas os imperadores sempre tiveram essa meta diante dos olhos.
D. Pedro II premiava os senhores que libertavam seus escravos. Fala-se muito do caderninho preto e do lápis fatídico de D. Pedro II. É o caderno onde ele anotava suas observações de viagem. Se encontrasse algum funcionário, um governador, uma pessoa qualquer indigna, ele anotava, e essa pessoa estava com a carreira cortada. O caderninho dele era muito temido, e o lápis dele era chamado lápis fatídico. Mas, é preciso dizer, esse lápis não era só fatídico, era também premiante. O senhor que libertava seus escravos recebia uma comenda ou alguma honraria.
Joaquim Nabuco, que era um dos próceres da abolição, narra sua estadia em Roma, pouco depois de passar por Londres, para tratar da abolição. Com Leão XIII ele se empenhou para que o Papa escrevesse uma encíclica contra a escravidão. No relato de viagem, que consta no livro “Minha Formação”, no capítulo “O Papa e a Escravidão”, ele diz: “Descrevi ao Papa o movimento abolicionista como tendo-se tornado, proeminentemente, um movimento da própria classe dos proprietários. E dei, como devia e é justo, aos operários desinteressados de última hora a maior parte, a solução do problema, que sem a sua generosidade seria insolúvel. Expus que não havia na história do mundo exemplo de humanidade de uma grande classe, igual à desistência feita pelos senhores brasileiros de seus títulos de propriedade escrava. Quanto à Família Imperial, repetia ao Sumo Pontífice que o que há de feito em nossas leis, em favor dos escravos, é devido à iniciativa e imposição do Imperador, ainda que seja pouco”.
Quer dizer, o Imperador estava limitado pela Constituição. Mas o que ele podia, ele fazia.
O Conde d’Eu, logo que terminou a Guerra do Paraguai – sendo o comandante-em-chefe das forças aliadas -, e tratando de reorganizar e levantar o Paraguai de suas ruínas, como primeira medida aboliu a escravidão. Isso em 1870, 18 anos antes da Lei Áurea. É evidente que ele fez isso de acordo com o Imperador.
Agora, vamos à Princesa Isabel. D. Pedro II era casado com Da. Teresa Cristina Maria de Bourbon, das Duas Sicílias. Teve quatro filhos, dois varões e duas mulheres. Os filhos homens morreram cedo, e portanto às filhas transmitiu-se o direito de sucedê-lo no trono diretamente. Primeiro D. Isabel, que nasceu em 20 de julho de 1848, batizada a 15 de novembro do mesmo ano com o nome de Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Rafaela Gonzaga, na capela imperial, pelo Bispo Conde de Irajá. Padrinhos por procuração: D. Fernando, rei de Portugal, e a rainha Maria Isabela, viúva do rei Francisco I da Áustria, sogra de D. Pedro II. Conta o livro de Hermes Vieira: “Antes do batismo, na escadaria da capela imperial, o Imperador, aproximando-se da filha e tomando-a nos braços, avançou um passo e a apresentou ao povo, que lá fora, curioso, comprimido, correspondeu ao gesto do monarca ovacionando Sua Alteza e aos soberanos do Brasil. Ouviram-se então os sons heróicos do Hino Nacional, confundidos com o vozerio consagratício da multidão, entoadas pelas bandas de música postadas no passadiço e no coreto armado junto ao alpendre da torre da capela imperial”.
Da. Teresa Cristina, nossa terceira imperatriz, é da Casa de Nápoles, que é sumamente católica. É uma Casa que se esmerou sempre na aliança com o Papado, na defesa da Igreja. Por ocasião do chamado Risorgimento Italiano, perdeu seu trono porque não quis usurpar os Estados de outros soberanos, principalmente os Estados Pontifícios. Perdeu seu trono em 1860, dez anos antes da queda de Roma frente às tropas garibaldinas. Garibaldi e os Savóia concentraram todas as suas forças contra Nápoles, e só depois foram atacar os Estados Pontifícios.Da. Teresa Cristina recebeu, e transmitiu, essa profunda formação católica à sua filha.
A Princesa Isabel realmente foi católica no fundo da alma, até o fim da vida. Com 14 anos ela prestou o juramento de estilo perante as Duas Câmaras. Aos 48 anos, foi reconhecida solenemente como herdeira presuntiva do trono. Em 1864 se casou com o conde d’Eu, como resultado de um fato pitoresco e até comovedor. D. Pedro II procurava noivos para suas duas filhas, a Princesa Isabel e Da. Leopoldina. E pediu à sua irmã, que era casada com o príncipe francês de Joinville – daí o nome de nossa cidade em Santa Catarina – que procurasse para suas sobrinhas dois noivos apropriados, entre as Casas Européias. E a Princesa de Joinville encontrou dois primos irmãos: o Duque de Saxe e o Conde d’Eu, que era um príncipe da Casa de Orleans. Portanto, muito proximamente aparentado com o marido dela. O Duque de Saxe estava destinado à Princesa Isabel e o Conde d’Eu a Da. Leopoldina. Mas, chegando aqui, os noivos viram que não combinavam, e resolveram trocar. A Princesa Isabel escreve, com muito charme: Deus e nossos corações decidiram de outra maneira. O Conde d’Eu se casou então com a Princesa Isabel, e Da. Leopoldina com o Duque de Saxe. O Conde d’Eu, segundo Hermes Vieira, se sentia bem ao lado dela. Era simples, boa, afetuosa e pura. Possuía uma voz bem educada e tocava piano com sentimento e graça. Tinha uma sadia ingenuidade, uma singeleza de idéias, quer dizer, uma clareza de idéias admirável, além de muita sensibilidade. Isso, sem falar dos seus talentos, da sua instrução pouco comum para a época. Dominava corretamente o francês, o alemão e o inglês.
Logo que a Princesa Isabel se estabeleceu com casa própria – no hoje palácio Guanabara, que era o palácio Isabel da época – ela procurou, no seu papel de princesa herdeira mas não regente, fomentar uma vida cultural e social no Rio de Janeiro. Então havia toda semana um serão e um jantar, mais ou menos elegante, mais ou menos cultural etc. Isso para fomentar a cultura geral na Corte. E eram bastante concorridos esses serões. O próprio Imperador ia uma vez por semana na casa da filha para jantar com ela. Em 1871, por motivo da viagem do casal imperial, Isabel prestou juramento como Regente do Império perante as Duas Câmaras. “Juro manter a Religião Católica Apostólica Romana, a integridade e indivisibilidade do Império, observar e fazer observar a Constituição política da Nação Brasileira e mais leis do Império, e prover o bem do Brasil quanto a mim couber. Juro fidelidade ao Imperador e entregar-lhe o governo logo que cessar o seu impedimento”.
Nesse mesmo ano, a 27 de setembro, sendo presidente do Conselho o visconde do Rio Branco, pai do barão do Rio Branco, foi votada a Lei do Ventre Livre, na sessão que ficou chamada Sessão das Flores. Quando aprovada a Lei do Ventre Livre, uma chuva de rosas desatou-se no plenário da Assembléia. O ministro dos Estados Unidos no Rio de Janeiro colheu algumas dessas flores, e disse: “Vou mandar estas flores para meu país, para mostrar como aqui se fez uma lei que lá custou tanto sangue”. A Guerra de Secessão nos Estados Unidos custara seiscentos mil mortos. Não é preciso dizer mais nada.
Em 1876, na segunda regência, começou uma campanha de detração pelos círculos republicanos positivistas, maçônicos também, contra a Princesa Isabel, por causa de seu catolicismo. Eles viam que ela – por sua firmeza de princípios, por sua formação profundamente católica, mas também pelo pulso que demonstrou nas regências – seria uma imperatriz que faria da Terra de Santa Cruz realmente uma exceção no mundo. Ela exerceria uma profunda influência por sua autenticidade, sua cultura, sua religiosidade, e por tudo aquilo que pode elevar o espírito de um povo. Isso eles não queriam, então começaram a campanha de detração: era feia; não era patriota; não gostava do Brasil; preferia ter médicos franceses a brasileiros. E quantas outras calúnias. O Conde d’Eu era um surdão, arrogante, mantinha cortiço. Até a surdez – da qual ele, coitado, não tinha culpa – era assacada em meio às calúnias. De tal maneira que, pouco a pouco, foram demonizando esse casal, para evitar que mais tarde subissem ao trono. Dizia-se, em certos círculos, que era preciso fazer a república logo, porque se a Princesa Isabel subisse, acabaria com todo esse movimento ateu, positivista e republicano. Ela teria pulso, teria prestígio para fazer isso. Tornou-se corrente a frase: “Precisamos fazer a república enquanto o velho está vivo, senão a filha dará cabo de nós”.
Em 1888 foi a Lei Áurea. Caindo o gabinete Cotegipe, a Princesa Isabel chamou o Conselheiro João Alfredo Corrêa de Oliveira, abolicionista, à presidência do Conselho. Ele fez votar a Lei Áurea e a apresentou para a assinatura da Princesa Isabel. O Conde d’Eu, nessa ocasião, teve um momento de hesitação : “Não o assine, Isabel. É o fim da Monarquia”. Ao que ela respondeu: “Assiná-lo-ei, Gaston. Se agora não o fizer, talvez nunca mais tenhamos uma oportunidade tão propícia. O negro precisa de liberdade, assim como eu necessito satisfazer ao nosso Papa e nivelar o Brasil, moral e socialmente, aos demais países civilizados”.
Depois da assinatura, grande festa no Rio de Janeiro, o povo aclamando etc. Estando a Princesa Isabel junto ao barão de Cotegipe na janela do palácio – o barão a estimava, só estavam em desacordo na questão da escravidão – ela lhe indagou: “Então, senhor Barão, V. Excia. acha que foi acertada a adoção da lei que acabo de assinar?”. Ao que o Barão, com muito carinho, respondeu: “Redimistes, sim, Alteza, uma raça, mas perdestes vosso trono…”
D. Pedro II nesse momento estava em Milão, muito doente e com a perspectiva de morte. Mas a 22 de maio ele sentiu uma certa melhora e a Imperatriz teve a coragem de lhe dar a notícia da Abolição. Diz Heitor Lira: “Enchendo-se de coragem, debruçada sobre a cabeceira do marido, deu-lhe com brandura a grande nova. O Imperador abriu lentamente os olhos amaciados e depois perguntou como quem ressuscitava: ‘Não há mais escravos no Brasil?’. ‘Não – respondeu a Imperatriz – a lei foi votada no dia 13. A escravidão está abolida’. ‘Demos graças a Deus. Telegrafe imediatamente a Isabel enviando-lhe minha bênção e todos os agradecimentos para o País’. Houve um momento de silêncio. A emoção dos presentes era grande. Virando-se depois, lentamente, o Imperador acrescentou com voz quase sumida – ‘Grande povo, grande povo’ – e desatou a chorar de emoção. O telegrama que foi mandado à Princesa Isabel tinha o seguinte teor: ‘Princesa Imperial. Grande satisfação para meu coração e graças a Deus pela abolição da escravidão. Felicitação para vós e todos os brasileiros. Pedro e Tereza'”.
O Papa Leão XIII resolveu premiar a Princesa Isabel com a maior distinção que os Soberanos Pontífices davam a chefes de Estado e a pessoas de grande relevo, nas ocasiões em que eles adquiriam méritos especiais. Enviando-lhe a Rosa de Ouro, que foi entregue a 28 de setembro de 1888, no 17º aniversário da promulgação da Lei do Ventre Livre. A data foi escolhida pelo próprio Núncio Apostólico, para a cerimônia que se realizou com toda magnificência na capela imperial. Entretanto, apesar de tudo, continuou a campanha de detração contra a monarquia, agora contra o Imperador: o velho está gagá; ele dorme o tempo todo; o Conde d’Eu e a Princesa Isabel vão se tornar tiranos aqui; e toda uma leva de calúnias, espalhadas por todo o País.
A 15 de novembro, os militares que estavam no Rio de Janeiro – eram uma minoria, representavam um terço do Exército Brasileiro – proclamaram a República. O golpe foi totalmente alheio à vontade do povo, tanto é que eles embarcaram a Família Imperial à noite, rumo ao exílio, para que não houvesse reação popular. Na partida, a Princesa Isabel passando junto à mesa onde havia assinado a Lei Áurea, bateu em cima e disse: “Mil tronos houvera, mil tronos eu sacrificaria para libertar a raça negra”.
D. Pedro II recusou 5 mil contos de réis – cerca de 4 toneladas e meia de ouro, uma fortuna – que lhe ofereceram os revoltosos, porque, dizia, o governo não tinha direito de dispor assim dos bens nacionais. Da. Tereza Cristina, mal chegando a Portugal, morreu de desgosto no Grande Hotel do Porto. Eu estive lá alguns anos atrás, quando o hotel inaugurou uma placa. E D. Pedro II faleceu a 4 de dezembro de 1891, no Hotel Bedfor, em Paris, onde uma placa recorda o passamento do ilustre hóspede. Tal era o prestígio que cercava sua pessoa, que a República francesa lhe concedeu funerais completos de Chefe de Estado.
Conde d’Eu e a Princesa Isabel compraram um palacete em Boulogne-sur-Seine, que é um bairro de Paris periférico mas nobre. Lá ela abria seus salões para os brasileiros que iam visitá-los. E não só isso. Conseguiu se impor na sociedade parisiense a tal ponto que nas memórias de várias pessoas, era quase uma rainha daquela sociedade. Era tida como a principal personalidade lá. Somente ela e o presidente da República podiam entrar de carruagem no pátio interno da Ópera de Paris.
Uma indu, que se tornaria mais tarde Maarani Karkutula, escreve em suas memórias, que ela via a Princesa Isabel como uma verdadeira rainha, uma fada. Não só isso – uma rainha, uma fada – mas, mais uma vez, com toda a bondade brasileira e católica, que era própria da Princesa Isabel. A Maarani conta que, quando menina, teve uma crise aguda de apendicite. Operada com os recursos incipientes da época, passou uma longa convalescença no hospital. A sociedade parisiense toda, curiosa, ia visitá-la. Ela dizia que se sentia um bichinho exótico, que as pessoas iam ver como num zoológico, e a única que foi visitá-la com bondade e para lhe fazer bem, foi a Princesa Isabel. Ela conta que a Princesa Isabel se aproximou do seu leito, agradou-a muito, acariciou, consolou etc. E no fim, disse: “Minha filha, eu não sei que religião você tem. Mas sei que há um Deus que ama todas as crianças do mundo. Aqui está uma imagem da mãe dele. Guarde-a consigo, e quando você estiver numa grande aflição, peça a ela para interceder junto ao Deus verdadeiro”. A Maarani não se converteu à Igreja Católica, permaneceu pagã até o fim da vida, mas nos momentos de apuro se ajoelhava diante da imagem de Nossa Senhora, que a Princesa Isabel tinha lhe dado. Porque ela sabia que seria ouvida.
Santos Dumont, nessa época, fazia suas experiências em Paris. Sabendo que ele passava muito tempo no campo onde fazia seus experimentos, mandava-lhe farnéis para que ele não precisasse voltar à cidade para almoçar. Certa vez, escreveu-lhe: “Sr. Santos Dumond, envio-lhe uma medalha de S. Benedito, que protege contra acidentes. Aceite-a e use-a na corrente de seu relógio, na sua carteira ou no seu pescoço. Ofereço-a pensando em sua boa mãe, e pedindo a Deus que o socorra sempre e ajude a trabalhar para a glória de nossa Pátria”. E noutra ocasião: “Suas evoluções aéreas fazem-me recordar nossos grandes pássaros do Brasil. Oxalá possa, o Sr., tirar de seu propulsor o partido que aqueles tiram de suas próprias asas, e triunfar para a glória de nossa querida Pátria”.
Muito tocante também é o fim da carta que ela escreveu para o Diretório Monárquico, para anunciar os casamentos de seus filhos mais velhos. O Diretório era composto pelo Conselheiro João Alfredo Corrêa de Oliveira, pelo Visconde de Ouro Preto e pelo Conselheiro Lafaiete. A carta é datada de 9 de setembro de 1908: “Minhas forças não são o que eram, mas o meu coração é o mesmo para amar a minha Pátria e todos aqueles que lhe são dedicados. Toda a minha amizade e confiança”. Quer dizer, era o jeito brasileiro, a bondade brasileira perfeitamente encarnada naquela senhora.
Uma outra amostra de seu profundo interesse pelo Brasil está numa carta ao Cons. João Alfredo. O Banco do Brasil, não me recordo agora no período de qual presidente, estava num descalabro propriamente republicano: desordem completa; contas não estavam acertadas; funcionalismo completamente rebelde. E o presidente da República concluiu então que o único que teria inteligência, força, garra e pulso para pôr ordem ali seria o Cons. João Alfredo, e o convidou a assumir a presidência do Banco do Brasil. João Alfredo respondeu: “Eu sou monarquista, e portanto só posso aceitar esse cargo se a minha Imperatriz autorizar”. Escreveu à Princesa Isabel, explicando o caso, e ela respondeu: “Para o bem de nossa Pátria, o Sr. deve aceitar”. João Alfredo assumiu a presidência do Banco do Brasil, pôs em ordem o funcionalismo, pôs em ordem a contabilidade. Pagou todos os atrasados, todas as dívidas, deixou tudo em perfeito estado. Depois pediu demissão e morreu pobre, porque não levou um tostão daquela gestão. Outros tempos! Hoje em dia… (risos…)
Agora uma carta da Princesa Isabel à irmã de um monarquista eleito deputado, Ricardo Gumbelton, de uma boa família, muito conhecida. Ele não queria aceitar o cargo de deputado, e a princesa Isabel diz: “Não concordo, absolutamente! Diga ao seu irmão que ele deve aceitar a cadeira de deputado e propugnar pela grandeza moral, econômica e social de nossa Pátria. Não aceitando é que ele estará procedendo de maneira contrária aos interesses da coletividade. Não nos deve importar o regime político sob que esteja o Brasil, mas sim conseguir-se colaboradores de boa vontade capazes de elevar o nosso País. De homens como ele é que o Brasil precisa para ascender mais, para fortalecer-se mais. Faça-lhe sentir que reprovo sua recusa”. Quer dizer, o bem do Brasil estava acima dos interesses próprios.
Ela ainda viveu até 1921. Cada vez mais fraca, mas sempre com aquela grande classe, com aquele grande porte. Nas fotografias dela no exílio, ela tem um porte imperial que não tinha aqui no Brasil. No infortúnio, a noção da missão dela foi se cristalizando cada vez mais, e ela era realmente, nessas fotografias, uma imperatriz. No batizado de meu pai – pena que eu não tenha aqui a fotografia, que gostaria de apresentar para as senhoras e os senhores – ela é uma senhora de uma nobreza e de uma categoria impressionantes. E foi assim até o fim da vida.
Morreu sem poder voltar ao Brasil. Ela representou na França o que havia de melhor no Brasil. Muito mais do que nosso corpo diplomático, muito mais do que nossos homens de negócio, ela foi um exemplo do que o Brasil era ou deveria ser. E a França entendeu isso. Assis Chateaubriand, em Juiz de Fora, a 28 de julho de 1934, escreveu: “Apagada a sua estrela política, depois de vencida a tormenta da abolição, ela não tinha expressão dura, uma palavra amarga para julgar um fato ou um homem do Brasil. No mais secreto de seu coração, só lhe encontrávamos a indulgência e a bondade. Este espírito de conduta, esse desprendimento das paixões em que se viu envolvida, era a maior prova de fidelidade, no exílio, à pátria distante. Mais de 30 anos de separação forçada não macularam a alvura dessa tradição de tolerância, de anistia aos agravos do passado, que ela herdara do trono paterno”.
Faleceu no castelo d’Eu. Apagou-se suavemente, docemente. Aí sim, a República reconheceu o que o Brasil tinha perdido. Epitácio Pessoa determinou três dias de luto nacional, e que fossem celebradas exéquias de Chefe de Estado. Também a Câmara Federal votou que seu corpo fosse trazido para o Brasil num vaso de guerra, o que só se realizou em 1953. Em 13 de maio de 1971, seu corpo e o do Conde d’Eu foram levados solenemente à catedral de Petrópolis, e lá repousam à espera da ressurreição dos mortos e do juízo de Deus.
Essa era a grande mulher que nosso Brasil tinha. Ela não foi uma grande intelectual. Foi uma princesa até o fundo da alma. Foi uma patriota até o fundo da alma. Uma senhora que sabia que tinha nascido para o bem de um país, e encarnou essa missão na Pátria e no exílio até o fim da vida. Foi um exemplo de princesa, um exemplo de imperatriz, um exemplo de católica. Ela foi o tipo perfeito do que deveria ser a mulher brasileira. (aplausos)
Se houver alguma pergunta, estou à disposição.
Aparte: V. Alteza antecipou alguma coisa na palestra, mas faço apenas um comentário, por curiosidade. É a respeito dessa medalha que foi encaminhada ao Santos Dumont, porque se propagava que Santos Dumont era um homem ateu. Mas, na verdade, essa medalha – na tradução constou como medalha de S. Benedito, mas é uma medalha de S. Bento – ele a usou no pulso direito até o fim da vida, e ele mostrava essa medalha. Talvez, quem sabe, Deus tenha tocado a alma dele, de algum modo.
D. Luiz: Quem sabe. Deus queira! Isso mostra quanto a Princesa Isabel representava para os brasileiros, e neste caso um brasileiro de escol!
Aparte: Ele mandou fazer uma cópia em ouro dessa medalha, e a deu de presente à primeira aviadora brasileira, Anésia Pinheiro Machado, que tinha sido brevetada com apenas 18 anos de idade. Ela usou também a medalha até o fim da vida.
Aparte: Não foi apenas coincidência a lei do banimento ser extinta somente após a morte dela. Porque, se a Princesa voltasse para o Brasil em vida, certamente a República balançaria.
D. Luiz: É preciso dizer o seguinte. Em 1920 houve umas comemorações no Brasil em que foram convidados os membros da Família Imperial, e ela poderia ter vindo, mas a saúde dela estava tão alquebrada que ela não pôde empreender a viagem. Vieram o Conde d’Eu e alguns membros da Família Imperial.Ela praticamente já não teria mais atuação aqui no Brasil. Mas o problema para a República era meu avô, D. Luiz de Orleans e Bragança, o chamado Príncipe Perfeito. Ele era muito empreendedor, com muita garra, muito pulso, muito inteligente, muito culto, muito viajado, e a República o temia. Foi só depois da morte dele, em 1921 também – antes do falecimento da Princesa Isabel, em conseqüência de uma doença adquirida no fronte da I Guerra Mundial – que a República se sentiu segura para abolir a lei do banimento.
Por ocasião das comemorações da Independência, em 1922, o Conde d’Eu veio com minha avó paterna, meu pai e seus irmãos, e também com o filho D. Pedro de Alcântara, que tinha renunciado ao trono. Ele veio aqui por um sentimento de dever para com o Brasil também, porque com a renúncia de D. Pedro de Alcântara era perigoso que, apesar disso, se formassem partidos, principalmente tendo meu avô morrido. Então o Conde d’Eu fez questão de vir aqui para apresentar meu pai como herdeiro legítimo da Princesa Isabel. Ele veio apesar de seus médicos desaconselharem formalmente a viagem. De fato, ele morreu a bordo do navio, antes de chegar ao Rio de Janeiro. Sua atitude foi de um soldado indo ao campo de batalha, sabendo que poderia sacrificar sua vida para o bem da Pátria.