41. Quase todos os pecados se produzem pelo prazer, ao passo que a sua destruição se dá pelo sofrimento e aflição – voluntários ou involuntários – através da penitência ou de uma prova que sobrevém disposta pela Providência. Se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos com certeza julgados. Mas, quando nós somos julgados, somos castigados pelo Senhor, para não sermos condenados com este mundo [1Cor 11, 31-32].
42. Quando te vem inesperadamente a tentação, não acuse aquele mediante o qual te vem, mas busca a causa pela qual te vem, e encontra a correção; porque tanto por meio daquele como por meio de outros terias de beber totalmente o absinto dos juízos de Deus.
43. Inclinado como és ao mal, não recuses o sofrimento, a fim de que, humilhando mediante este, possas vomitar a tua soberba.
44. Algumas tentações trazem prazer aos homens; outras, aflições; e outras, sofrimentos corporais. Segundo a causa das paixões que se encontra na alma, o médico das almas aplica o remédio mediante os seus juízos.
45. O ataque das tentações levam alguns à destruição dos pecados já cometidos; levam outros à destruição daqueles que se cometem agora; levam outros ao impedimento daqueles que se estão por cometer; exceto as tentações que advêm para a prova, como no caso de Jó.
46. Considerando a cura pelos juízos divinos, suporta o sábio com agradecimento a adversidade que lhe sucede por eles, e não lhe atribui a causa senão aos seus próprios pecados. Em contrapartida, ignorando a sapientíssima providência de Deus, pecando e sendo castigado, tem o néscio a Deus ou aos homens como causa dos seus próprios males.
[São Máximo, o Confessor,
“Segunda centúria sobre a Caridade”, in
“Centúrias sobre a caridade & outros escritos espirituais”
Landy Editora,
São Paulo, 2003]