[Publico na íntegra texto que recebi por email e encontrei no Cruzados de Maria; o contexto é o das eleições municipais espanholas do início do século passado, e tem muito a ver com as discussões acaloradas que se estão travando sobre as eleições presidenciais que se avizinham. O artigo é bem longo, de modo que é necessário clicar no link abaixo para lê-lo na íntegra. No entanto, parece-me extremamente pertinente.
Publico constrangido, sem concordar totalmente com as conclusões às quais ele conduz e – mais ainda! – sem estar convencido de que elas se apliquem com exatidão à situação corrente. Mas, tendo eu defendido posição contrária, impõe-se como uma questão de justiça dar a conhecer o parecer de outros mais sábios e doutos do que eu próprio. Não acredito que isto encerre a discussão, mas sem dúvidas contribui para ela. Que a Virgem Santíssima tenha piedade do Brasil.]
Livre-tradução do artigo “Moralidad del voto a candidatos menos indignos” do Padre Pablo Suárez do Distrito da América do Sul da FSSPX, publicado na edição número 7 dos “Cuadernos de La Reja” – especial “Fazer Política”.
Palavras do editor dos “Cuadernos de La Reja“
Neste artigo é feita a exposição de uma discussão doutrinal tida na Espanha nos começos do século passado, por motivo das eleições municipais, resolvidas pela intervenção de São Pio X. O problema que se apresentou então aos católicos espanhóis é o mesmo que, em circunstâncias cada vez piores à medida que avança a corrupção política e social, se apresenta hoje aos católicos do mundo inteiro: Que atitude tomar diante da mentira da democracia atual que nos chama a eleger entre candidatos maus, piores e péssimos, todos contrários às nossas mais fundamentais convicções, para logo felicitarmo-nos porque exercemos a “soberania popular”? O problema é hoje ainda mais complexo, e ao publicar este artigo não pretendemos resolvê-lo. Queremos deixar muito claro que a finalidade que buscamos ao pedir esta relação ao autor – filho querido de nosso Seminário – não é encorajar a participação dos católicos na farsa eleitoral, porque se há algo que foi levando os Estados cristãos à catástrofe na qual nos encontramos, foi crer impossível a resistência aos dogmas republicanos da Revolução. A finalidade imediata é a que expressa o título do livreto: contribuir com alguns esclarecimentos aprovados pelo Magistério da Igreja sobre o difícil problema moral do voto a um candidato indigno. E a finalidade última e principal é que – recorrendo às palavras de São Pio X com que termina o escrito – “tenham todos presente que, diante do perigo da religião ou do bem público, a ninguém é lícito permanecer ocioso”. Porque diante da enormidade do mal corremos o grave risco de renunciar à ação, por mais pequena que esta seja, pelo bem comum da Pátria e da sociedade.
Moralidade do voto a candidatos menos indignos
– Rev. Pe. Pablo Suárez
O título escolhido para apresentar o tema deste trabalho representa uma posição concreta da matéria que abordará; não parece que seja mal fazê-lo assim e, contudo, também poderia intitular-se “Dois artigos e uma carta” pois, na realidade, também se trata disso: por um lado, de dois escritos aparecidos quase um século atrás em uma prestigiosa revista católica espanhola, “Razón y Fe“, e por outro, de uma carta do Papa São Pio X, as três focalizando a problemática referida.
Preliminarmente, seria conveniente formular uma advertência, a saber: que para quem isto escreve, não é do caso converter-se em aficionado delas, senão tão somente basear-se em um dado mais reputado e importante que sirva como elemento de juízo subsidiário para encarar esta espinhosa questão, com a qual certamente têm que conviver os católicos contemporâneos.
Nessa inteligência, o mais apropriado será fazer como uma espécie de relação dos acontecimentos, deixando que sejam os fatos, as opiniões e os atores mesmos envolvidos quem apareçam em primeiro plano, já que é em torno deles que gira toda a questão.
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