Onde estava Deus?

Comentário do Mike Huckabee na FOX, a respeito do massacre de Connecticut. A mensagem guarda traços de semelhança com uma outra que circula por email já há alguns anos; mas é bonito encontrá-la (de novo?) nos telejornais americanos, quando mais uma tragédia se consumou e mais uma vez a camarilla revolucionária vem a público dar respostas mirabolantes para explicar o que é que deu errado.

“E alguém irá sugerir que aprovemos uma lei para parar todo esse tipo de coisa. Gostaria de apontar que não temos que passar uma nova lei. Há uma que já existe há um tempo, e que funciona se a ensinarmos e observarmos: NÃO MATARÁS. Bem, há outras nove; mas falarmos sobre elas exigiria trazer Deus de volta, e nós sabemos o quão inaceitável isso pode ser”.

Quando a polícia chega, o morticínio já está feito

Na sexta-feira passada, um atirador entrou em uma escola infantil dos EUA e matou vinte e seis pessoas (vinte das quais crianças) antes de se suicidar. A escola Sandy Hook fica «na pequena cidade de Newtown, no estado americano de Connecticut».

Uma das vítimas do massacre de Connecticut foi a jovem professora Victoria Soto. Segundo relatos:

victoria-soto

Soto, de 27 anos, reagiu rapidamente quando escutou os disparos no sala de aula vizinha que Lanza havia invadido. Ela disse às 17 crianças que os ruídos eram parte de uma brincadeira e que para ganhar deviam esconder-se nos armários da sala e permanecer em silêncio. Os pequenos a obedeceram.

Segundo diversos meios locais, quando Lanza ingressou na sala de aula, Victoria disse que as crianças estavam em aula de ginástica mas a explicação não convenceu o homicida. Ele abriu fogo contra um dos armários e ela se colocou entre as balas e as crianças para protegê-los, o que terminou custando sua vida.

O Cristianismo da jovem heroína não foi mencionado no mural das vítimas que G1 preparou, para o qual a informação mais relevante sobre a professora é que ela «não tinha filhos e vivia com seu cão, Roxie». O mesmo silêncio se encontra na matéria específica sobre ela. Tratamento bem diferente costuma ser empregado nos casos em que é fácil jogar a pecha de cristão sobre o atirador (p.ex., no caso do atirador maçom da Noruega); nestes, a religião do criminoso parece ser subitamente relevante.

O massacre reacende o velho debate sobre as armas; na última segunda-feira, o João Pereira Coutinho dedicou a sua coluna na Folha de São Paulo ao assunto. Concordo perfeitamente com o articulista quando ele sentencia que «[a] culpa é de Adam Lanza, um psicopata de 20 anos que matou 20 crianças e sete adultos, antes do suicídio clássico. Ele é o responsável. Foi ele quem premiu o gatilho». Discordo, no entanto, quando ele tenta compartilhar a culpa com a mãe do garoto:

Mas Adam Lanza não está sozinho no momento da repartição de culpas: a mãe, igualmente vítima dos crimes do filho, considerava normal ter armas em casa de livre acesso para a descendência.

Mais: de acordo com vários jornais americanos, a começar pelo “New York Times”, a sra. Lanza tinha o hábito saudável de levar os filhos em piqueniques familiares para que todos pudessem descarregar a adrenalina com o seu arsenal doméstico.

Com a devida vênia, a distinção entre o «modesto revólver para defesa pessoal» teoricamente aceitável e os «dois exemplares semiautomáticos –uma Sig Sauer e uma Glock– que deveriam ser reservados, apenas, a policiais e militares» que o psicopata utilizou no crime é bastante irrelevante. O crime não seria menos crime se o indivíduo usasse um revólver no lugar do rifle; aqui, no nosso Realengo, o atirador usou dois modestos revólveres calibre .38, e nem por isso o crime se torna menos bárbaro. À luz da importância da questão qualitativa (se deve ser permitido ou não às pessoas portarem armas de fogo), a quantitativa (uma Glock ou um .38 velho?) perde importância. Aliás, eu não sei nem se esta última existe; a história nos mostra que a reação passional a estas tragédias costuma gerar campanhas pela abolição total das armas de fogo, e não por questiúnculas menores sobre suas características.

A mim, parece-me óbvio que o massacre poderia ser evitado – ou, pelo menos, ter suas proporções reduzidas – se alguém na escola tivesse uma arma (um «modesto revólver» que fosse!) com a qual pudesse abater o psicopata à primeira vítima. Contra os que dizem que defender o cidadão é papel da polícia, peço que olhem para Sandy Hook (e para tantos outros massacres afins que, vez por outra, mancham de sangue os nossos jornais) e percebam isto que se repete com uma regularidade assustadora: quando a polícia chega, o morticínio já está feito. Não poderia jamais ser diferente.

Porque – como diz o J.P. Coutinho ao fim do seu artigo, conquistando mais uma vez a minha concordância – «nem a lei mais razoável do mundo será capaz de parar a criatura mais irrazoável: é a vontade de matar, não o instrumento do crime, que horroriza as consciências sãs». Este é o maior problema. É válido debater maneiras de minimizá-lo; mas dirigir a indignação às armas ao invés de pensar em como se precaver contra os que puxam os gatilhos é errar feio o alvo. Os criminosos não serão extintos à força de restrições legais às armas de fogo. Deve-se pensar no que se pode fazer para evitá-los; e, de preferência, antes que as sirenes da polícia chegando avisem a todos que já se consumou mais uma tragédia.

Curtas: divórcio no Brasil, medidas pró-vida, Dom Evaristo Arns e o esvaziamento das igrejas, erro médico salva bebê

Brasil tem recorde de divórcios em 2011. «O número de divórcios chegou a 351.153, um crescimento de 45,6% em relação a 2010, quando foram registrados 243.224».

A razão? Naturalmente, o afrouxamento das exigências para o divórcio. «Conforme a pesquisa, um dos fatores foi a mudança na Constituição Federal em 2010, que derrubou o prazo para se divorciar, tornando esta a forma efetiva de dissolução dos casamentos, sem a etapa prévia da separação».

Pode-se argumentar que estas pessoas já não estavam vivendo um “casamento de verdade” mesmo, e que o fim do prazo legal para o divórcio só fez diminuir a burocracia necessária para regulamentar de direito uma situação que já existia de fato. Data venia, discordo. Casamento tem muito mais a ver com responsabilidade do que com os cônjuges “sentirem-se bem”, “amarem-se romanticamente” ou qualquer outro critério subjetivo do tipo. O casamento existe enquanto não se desiste dele; e conferir facilidades à desistência conjugal, longe de meramente regulamentar uma situação de fato, é contribuir positivamente para o fim do casamento – e, por conseguinte, para a banalização de um dos pilares necessários à vida em sociedade.

* * *

– É antiga, mas merece dois tostões: “Proibir o aborto está longe de ser uma medida pró-vida”. «Eu nunca vou chamar de “pró-vida” alguém que faz piquete contra o programa Planned Parenthood e que faz lobby contra as leis relacionadas ao controle de armas regido pelo senso comum».

O que dizer? São comparações descabidas em cima de comparações descabidas! Ninguém é a favor da destruição ambiental ou do morticínio por armas de fogo. As bandeiras são pelo (verdadeiro!) desenvolvimento sustentável, que resguarda a primazia do homem na escala de valores da natureza, e pelo exercício do direito à legítima defesa, que dá a cada um a capacidade de proteger a si próprio e aos seus. Ao contrário, o aborto é a destruição direta de um ser humano. Causa espécie que existam pessoas incapazes de distinguir entre um espantalho e uma reivindicação literal!

Bem característico da qualidade argumentativa do texto é este período aqui: «O respeito pela santidade da vida, se você acredita que ela começa no momento da concepção, não pode terminar no nascimento». Oras, em primeiro lugar, ninguém “acredita” que a vida começa na concepção. Nós sabemos, com sólido e inabalável fundamento científico e filosófico, que a união dos gametas masculino e feminino produz um novo ser, distinto da mãe e pertencente à espécie humana. Isto é um fato, não uma coisa na qual se “acredita”. Se os “pro-choice” defendem que certos seres humanos são mais passíveis de proteção do que outros, que assumam abertamente as suas posições. Mas não venham querer jogar fatos objetivos e incontestes para o cômodo terreno das crendices e opiniões.

Em segundo lugar, é bastante óbvio que ninguém que é contra o aborto afirma que os cuidados com o ser humano devam terminar no momento do nascimento: isto é só mais um espantalho grosseiríssimo do sr. Thomas Friedman. Mas para quem tem o admirável dom de escrever um texto falacioso do primeiro ao último parágrafo, tal sofisma deve brotar com a naturalidade de um cacoete involuntário e incontrolável. Talvez ele nem perceba; mas isso, embora possa talvez escusá-lo da patifaria intelectual, não transforma esta tagarelice em argumento que deva ser levado a sério.

* * *

– Dom Evaristo Arns admite que suas homilias esvaziavam a igreja. Simplesmente faço coro [p.s.: ao trecho abaixo que é d’O Catequista, e não de D. Arns]:

O crescimento das igrejas evangélicas se deu, em grande parte, graças ao bla-bla-blá marxista dos padres da Teologia da Libertação. O fiel ia pra paróquia querendo ouvir palavras de vida eterna, e, em vez disso, tinha que aturar um sermão enfadonho contra o “capetalismo”, sobre os oprimidos etc. (tudo muito teórico e distante da realidade do povo, pra variar). Um belo dia, cedendo ao convite de um amigo crente, o sujeito resolvia dar uma passadinha no culto, e o que ele via? Um pastor falando das coisas de Deus, falando de Cristo, explicando as coisas da Bíblia… Opa, finalmente!

E aí, entre uma paróquia transformada em filial do partido comunista e uma igrejola cheia de gente histérica, mas que, ao menos, ainda lembra que Jesus existe, com quem vocês acham que o povo simples fechava?

Estes resultados são tão deprimentes quanto previsíveis. O povo simples tem sede de Deus e, portanto, não se deixa engabelar facilmente pelo materialismo grosseiro e estéril da Teologia da Libertação. Foram às seitas protestantes para beber água suja, sim, mas muitas vezes forçados pelas circunstâncias eclesiásticas católicas – onde nem sequer água barrenta lhes davam. Foram à pocilga comer o farelo dos porcos porque, para vergonha nossa, nas paróquias só lhes davam pedras para comer.

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Erro médico salva bebê prematuro. Há «um código ético seguido pelos hospitais do Reino Unido que diz que os médicos não devem se esforçar para manter vivos esses bebês prematuros». E então aconteceu o seguinte:

Mas Maddalena sobreviveu, e, quando foi pesada, a balança marcou 1 libra (aproximadamente 453 gramas), número considerado razoável que fez com que os médicos decidissem agir para mantê-la viva. Acontece que a bebê pesava, na verdade, apenas 382 gramas, e uma tesoura esquecida em cima da balança havia aumentado seu peso. Se não fosse por isso, provavelmente eles teriam seguido o código e deixado os esforços de lado.

Ela sobreviveu e agora já está em casa. Um amigo perguntou que espécie de código de ética é este que proíbe os médicos de se esforçarem para salvar a vida de bebês prematuros; a perplexidade dele é plenamente justificável. É o tecnicismo colocado acima do mais elementar respeito à vida humana frágil e indefesa! E ainda querem nos fazer acreditar que estamos evoluídos. Ao contrário, parece-me bastante óbvio que o progresso moral não acompanhou o extraordinário desenvolvimento técnico que alcançamos. E é claro que a técnica é uma coisa muito boa, mas ela é um meio que se deve orientar ao bem do ser humano. Afinal de contas, se isto for esquecido, de que nos serve a técnica? Mais vale um médico sem perícia e sem tecnologia preocupado em salvar uma criança prematura do que um que, embora possua excelentes habilidades e tecnologia de ponta, prefira deixar um bebê frágil morrer sem cuidados! E a saúde moral de qualquer sociedade está fortemente relacionada ao quanto ela percebe que esta proposição é evidente.

Barack Obama é reeleito presidente dos Estados Unidos

O presidente Barack Obama foi reeleito nas eleições americanas que o mundo acompanhou ontem. A julgar pela cobertura que a mídia nacional dá ao fato, o sentimento de júbilo é unânime: parece que os Estados Unidos conseguiram uma importante vitória em 2012, capaz de pôr freios às diabólicas tentativas de retrocesso do Partido Republicano e de assegurar a continuidade de um projeto político que está transformando o mundo em um lugar mais justo e mais solidário… enfim, em uma palavra, melhor.

Naturalmente, eu não compartilho desta euforia. Praticamente todas as vezes em que eu escrevi sobre Obama aqui no Deus lo Vult! foi para denunciar algum aspecto bárbaro e desumano da sua política de governo. São bem conhecidas as posições favoráveis do presidente americano à destruição de embriões humanos em pesquisas científicas, ao casamento gay e ao aborto. E, paradoxalmente, estas coisas – que a meu ver constituem a diferença capital entre os programas dos dois candidatos à presidência que se enfrentaram nas urnas ontem – não parecem fazer parte das razões que levam os brasileiros a ter simpatia pelo primeiro presidente negro dos Estados Unidos. O fato de Obama ser o presidente mais radicalmente abortista que já pisou na Casa Branca não parece ser levado em consideração quando se faz uma avaliação positiva ou negativa do seu primeiro mandato presidencial.

Ao contrário, fala-se muito em generalidades de somenos importância, como política militar ou questões ambientais; isto quando não se acredita, explícita ou veladamente, que Obama é o melhor candidato à presidência dos Estados Unidos simplesmente por ser negro, em um racismo às avessas tão sem sentido quanto irresponsável. Mas, na verdade, as questões morais são exatamente aquelas que são inegociáveis. É possível gozar de uma relativa liberdade quando se está tratando de outros assuntos; p.ex., é perfeitamente lícito divergir quanto às políticas concretas de investimento nas Forças Armadas, ou de promoção de mecanismos de desenvolvimento sustentável, ou de determinação da esfera de ação do Estado na economia, ou de programas sociais a nível governamental, ou coisas do tipo. O que não se pode é pôr em discussão os direitos humanos fundamentais, entre os quais se sobressaem a defesa intransigente da vida humana (com o conseqüente veto a toda forma de aborto) e a proteção da Família, célula-mater da sociedade (o que implica na rejeição das políticas revolucionárias de ressignificação de “Família” para que o termo abarque também as duplas de sodomitas ou safistas). Não obstante, a impressão que eu tenho quando vejo as pessoas falarem bem de Obama é a de que elas só olham para aqueles primeiros aspectos do seu programa político, e não para estes últimos. E isto é angustiante.

Eu não sei o que aguarda os Estados Unidos (e o resto do mundo) com a reeleição do Obama; sei que o cenário da luta pró-vida (esta que é, insisto, a única luta verdadeiramente importante no momento em que vivemos, porque é uma batalha da Civilização contra a Barbárie: o resto é mera escaramuça de pouco valor a longo prazo) se apresenta tétrico e sombrio. Hoje não é um dia de alegria, muito pelo contrário: é um dia de luto porque acabamos perdendo uma importante batalha “por tabela” e o povo dos Estados Unidos, por conta de questões marginais, acabou dando mais um voto de confiança a um presidente que sempre conferiu à sua ação pública um tom assustadoramente anti-vida. Dias difíceis se anunciam. Deus salve a América.

Furacão Sandy espalha a destruição: mas a Consoladora dos Aflitos permanece em pé

Furacão Sandy chega aos Estados Unidos e provoca terríveis estragos em seu caminho. Cercada de dor e de destruição, em meio aos escombros, eleva-se incólume uma imagem da Virgem Santíssima, Nossa Senhora das Graças, como a mostrar que a Fé é maior e mais forte do que as tragédias humanas. A interceder pelo povo dos Estados Unidos: como a dizer que os furacões passam, mas existe uma Mulher que permanece de pé mesmo quando tudo desmorona ao redor.

Rezemos por aqueles sobre os quais se abateu esta catástrofe! Que Maria Santíssima lhes possa valer com Sua poderosa intercessão no meio da fúria da natureza; que, olhos fitos n’Ela, os que sofrem a ira do furacão possam encontrar a esperança necessária para superar as dificuldades presentes e transformá-las em sacrifício de valor sobrenatural para a Vida Eterna. Que Deus ajude a América.

O caráter totalitário e anti-democrático da ideologia gay

A Caminhada Pró-Vida que aconteceu ontem em Recife, a despeito do seu estrondoso sucesso, contou com algumas ausências importantes e dignas de menção. Uma delas foi justamente o silêncio sobre a imposição da ideologia gayzista, ameaça atual e concreta pairando sombriamente sobre a nossa sociedade brasileira. Uma vez que a Família é a célula-mater da sociedade e berço da vida – e uma vez que ontem se celebrava também o Dia Nacional de Valorização da Família recentemente instituído -, nada seria mais conveniente do que aproveitar a oportunidade para marcar a nossa irredutível posição em favor da Família enquanto sociedade natural formada pela união entre um homem e uma mulher, e contra todas as suas caricaturas que intentam tirar-lhe a força e a credibilidade diante da opinião pública. Nada mais adequado do que chamar a atenção para a sangrenta batalha ideológica e cultural que estamos travando para garantir a sobrevivência da Civilização nestes dias terríveis em que ela é tão impiedosamente assolada pelos bárbaros travestidos de elite moderna, evoluída e bem-pensante.

Hoje mesmo (se a memória não me trai), no Ministério Público de Pernambuco, acontece uma audiência com o Fórum Pernambucano Permanente Pró Vida a respeito daquela campanha “Pernambuco não te quer!” que, no mês passado, provocou uma enorme polêmica nos meios de comunicação e nas redes sociais. Na ocasião, manifestei aqui as minhas preocupações a respeito do patrulhamento dos meios de comunicação que este fato preconizava; independente de quaisquer consideraçõe a respeito da forma como o anúncio foi veiculado, o linchamento midiático (e jurídico) que os responsáveis pela peça publicitária estão sofrendo é digno de preocupação e, por conta disso, eles merecem a nossa solidariedade.

Não existe “crime de homofobia” no Brasil e, ainda que existisse, a simples posição contrária ao turismo homossexual não poderia jamais ser classificada como crime de ódio contra os homossexuais [deixando claro que “turismo homossexual” aqui obviamente não se refere à simples locomoção dos gays pelo Recife, e sim à propaganda – artificial, discriminatória e segregadora, aliás! – da cidade como um destino turístico sexualizado voltado para o público gay]. Se, em atenção à histeria dos militantes homossexuais, nós abrirmos mão do nosso direito de classificarmos o comportamento homossexual como moralmente errado, daqui a pouco estaremos como o Canadá – onde os colégios católicos estão ameaçados de não mais poderem ensinar que o aborto é errado – e não saberemos o porquê.

É preciso denunciar o caráter totalitário e anti-democrático da ideologia gay, que só floresce onde é imposta e só consegue se estabelecer via canetada, à revelia dos anseios da população. São interessantes estes dados sobre o tema nos Estados Unidos: nos 32 estados onde – por conta do lobby gayzista – a definição de “matrimônio” foi submetida a votação popular, o matrimônio natural ganhou em todos eles, com o “casamento gay” sendo explicitamente rechaçado. Ou seja, em todos os lugares onde existe “casamento gay” nos Estados Unidos, é porque isto foi feito por imposição de juízes ativistas e nunca por voto popular. Coisa diferente não está acontecendo no Brasil, onde a promoção estatal ao gay-way-of-life é completamente destoante da percepção que o povo brasileiro tem do homossexualismo.

Num mundo onde os estudos que advertem que a adoção homossexual é arriscada para crianças são sumariamente descartados do debate público como se fossem peças publicitárias de ódio fundamentalista e onde o mero protesto contra a sexualização da sua cidade enseja protestos públicos, ameaças privadas e ações civis e penais, é preciso ter a coragem de não se deixar levar pela correnteza dos fatos que nos arrasta à queda fatal. O respeito aos homossexuais não tem nada a ver com o aplauso entusiasta à sua conduta, e defender a Família natural não guarda nenhuma relação com espancar e matar travestis na Avenida Paulista. Isto precisa ficar claro; porque quando a moral judaico-cristã for crucificada sob os gritos de “homofobia”, quem vai rasgar-se de alto a baixo é a própria Civilização que ela sustenta e permite existir.

P.S.: De fato, a referida audiência no MPPE aconteceu na segunda (22/10). Segundo proposta de acordo apresentada pelo Ministério Público, «o Pró Vida deve reconhecer que o anúncio veiculado em um jornal pernambucano de grande circulação em 4 de setembro era preconceituoso e uma agressão aos homossexuais. O MPPE defende que órgão deve se retratar com a população pernambucana e arcar com os custos de uma publicação divulgada no Jornal do Commercio, Diario de Pernambuco e Folha de Pernambuco».

Morre Neil Armstrong – R.I.P.

Morreu no último sábado (25 de agosto), aos 82 anos, o astronauta Neil Armstrong, o primeiro homem a pisar na Lua. Considerado um verdadeiro herói pelos de sua geração e também pelos das que se lhe seguiram, Armstrong nunca gostou muito deste tipo de fama e era, na verdade, uma pessoa bastante reservada. A notícia reproduzida por G1 fala um pouco desta característica do viajante do espaço: «Armstrong viveu uma vida de reclusão após a Apollo 11. Convidado frequentemente por partidos americanos, ele se recusou a concorrer a um cargo político. Armstrong também raramente era visto em público e quase nunca dava entrevistas, além de não costumar tirar fotos ou dar autógrafos, porque não gostava que eles eram vendidos por valores que ele considerava “absurdos”. Sua única biografia autorizada foi publicada em 2005. Ele também costumava processar empresas que usavam sua imagem sem autorização e doar as indenizações recebidas à faculdade em que se formou».

Dentre os seus muitos feitos dignos de admiração, merece destaque um que li hoje pela manhã no Meio Bit. Era 1966; a viagem à Lua não se concretizara ainda. Armstrong estava em uma missão espacial tripulada com outro astronauta, o David Scott, e testava um procedimento de acoplamento espacial entre duas naves, a pilotada pelos cosmonautas e uma não-tripulada. O acoplamento foi um sucesso; mas, durante o reposicionamento, ocorreu um problema com os foguetes de rotação e a nave não parava de girar. No vácuo, onde não existe ar para oferecer resistência, o resultado foi que o módulo passou a girar cada vez mais rápido, colocando em risco a vida dos astronautas e, muito provavelmente, de todo o programa espacial americano:

Após a conexão, o computador da Agena [nave não-tripulada] iniciou um comando para girar o conjunto das duas naves em 90 graus. O giro foi efetuado, mas não parou. Neil comandou os jatos de manobra e cessou o giro, mas assim que ele parou, o giro voltou. Imediatamente desligaram o Agena, mas alguns minutos depois o giro reapareceu.

Consultando os instrumentos, descobriram que só tinham 30% de combustível nos jatos de manobra da Gemini [nave dos astronautas], e o giro aumentava. O consenso era que havia algo de errado com a Agena. Ejetaram a nave automática, Houston a comandou pra se afastar, nas o giro só aumentou. Sem a massa extra, logo a Gemini girava a 60 rotações por minuto.

[…]

Era evidente que o problema estava na Gemini. A nave se aproximava do limite de integridade estrutural, os astronautas já apresentavam visão de túnel e logo perderiam a consciência. Só havia uma coisa a fazer:

Usando de seu treinamento Neil Armstrong desligou os jatos de manobra, passando para controle manual os jatos de controle de reentrada, um sistema independente que controlaria a posição da nave quando retornasse para a Terra.

Tendo aprendido a pilotar antes de aprender a dirigir, com 78 missões na Coréia e experiência de piloto de testes do X15, Neil Armstrong conseguiu identificar, reverter e anular o giro, revertendo um pesadelo de desorientação espacial, evitando um desastre certo.

Com semelhantes feitos no currículo, não é de se espantar que o astronauta provoque a admiração de milhões de pessoas no mundo afora. Isto é perfeitamente justo: afinal de contas, o que é admirável merece receber admiração, e a impressionante habilidade do primeiro homem a pisar na Lua é um fato incontestável, atestado pelos diversos episódios de sua carreira de astronauta (dos quais o exemplo acima é bem representativo).

O que não é justo é utilizar a ida do homem à Lua para se fazer um idiota proselitismo anti-religioso. E não é justo por uma razão bem simples: historicamente, a corrida espacial não foi utilizada com esta conotação, e transformá-la em um baluarte contra o obscurantismo religioso é falsificar a história e trair o pensamento dos seus protagonistas. O fato é que Armstrong não quis jamais emancipar o homem de Deus e provar que “o homem pode fazer coisas maravilhosas sem ajudas sobrenaturais”. Ao contrário de alguns dos seus fãs, Armstrong não era ateu militante. Ao que consta, aliás, não era nem mesmo ateu ou agnóstico: muito pelo contrário.

O Free Republic nos traz um fato interessante sobre a vida do astronauta, que me permito traduzir:

O astronauta americano foi [certa vez] levado para um passeio na cidade antiga de Jeruslalém, na companhia do arqueólogo israelita Meir Ben-Dov. Quando eles chegaram ao “Hulda Gate”, que fica no topo das escadas que levam ao Monte do Templo, Armstrong perguntou a Ben-Dov se Jesus havia pisado em algum lugar por ali.

“Estes são os degraus que levam ao Templo”, Ben-Dov lhe disse, “então Ele deve ter caminhado por aqui muitas vezes”.

Armstrong perguntou se aqueles eram os degraus originais, e Ben-Dov confirmou que sem dúvidas eram.

“Então Jesus pisou bem aqui”, Armstrong perguntou”. “Exatamente”, respondeu Ben-Dov”.

Ao que Armstrong, o cristão devoto, respondeu: “Eu tenho que lhe dizer, eu estou mais excitando pisando nestas pedras do que quando eu estava pisando na Lua”.

O mundo secular lembra de Armstrong como, entre outras coisas, um engenheiro espacial, um professor de universidade, um piloto de guerra e, naturalmente, como o primeiro homem na história a voltar para a Terra após estar na superfície da Lua.

Mas aqueles que eram mais próximos do famoso astronauta – sua viúva, Carol, seus dois filhos, Erik e Mark (de um casamento anterior), seu irmão e sua irmã, e outros sobreviventes – lembram de Neil Armstrong como um homem de fé.

A Wikipedia anglófona também se refere ao fato, apenas alterando ligeiramente a frase do astronauta: ele teria dito que estava tão excitado naquelas pedras quanto estava quando pisou na Lua [he was just as thrilled to stand on this staircase as he had been when he took his first steps on the moon]. Mas tanto uma forma quanto a outra serve para desmascarar a farsa anti-religiosa. O primeiro homem a pisar na Lua realizou o seu “grande passo para a humanidade” rendendo graças a Deus, e não na atitude de desprezo a Ele que alguns dos seus fãs gostam de adotar. É importante o registro histórico, para respeitar a memória do herói recém-falecido.

A Armstrong, nossas homenagens e nossas orações. Que ele inspire as pessoas a perceberem que progresso científico e religiosidade sincera podem perfeitamente coexistir em uma única pessoa. Que a família e os amigos sejam confortados na dor da perda. Que o primeiro homem a pisar na Lua descanse em paz.

Notícias do fim do mundo: casos de família

1. Viúva terá de dividir pensão do marido com a amante, decide juiz em GO. “O juiz da 3ª Vara da Fazenda Pública de Goiás, Ary Queiroz, decidiu que uma viúva de um funcionário público do estado terá de dividir a pensão que recebe com a amante do falecido marido. A ‘outra’ entrou na Justiça para ter direito ao benefício. Cabe recurso da decisão”.

2. Amante é condenada a pagar US$ 9 milhões por ‘roubo de marido’. “A diretora de escola Anne Lundquist, de 49 anos, se envolveu com Allan Schackelford, de 62, mesmo sabendo de seu casamento de 33 anos. Cynthia, a mulher traída, resolveu levar a amante para os tribunais e venceu a ação num julgamento que durou dois dias”.

3. Escritura Pública reconhece união afetiva a três. “Ela [a tabeliã de notas que lavrou a escritura] conta também que se sentiu bastante a vontade para tornar pública essa união envolvendo três pessoas, já que havia um desejo comum entre as partes, se tratava de pessoas capazes, sem envolvimento de nenhum menor e sem litígio. Internamente não havia dúvida de que as três pessoas consideravam viver como entidade familiar e desejavam garantir alguns direitos”.

O que dizer? Uma vez perdida a referência moral que sustenta a entidade familiar, esta se esfacela em mil pedaços: sendo arrastada para lá e para cá, ao sabor das arbitrariedades individuais. Ora se confundem e se igualam a legítima e a concubina, ora se quantifica monetariamente um adultério, ora se institucionaliza o ménage à trois. Privada de suas sólidas bases, a sociedade adoece e caminha, em vertiginosa velocidade, em direção ao abismo que se recusa a enxergar.

Lembro-me de Santo Agostinho nas suas Confissões (que cito de memória): “senti e experimentei não ser para saber que o pão, agradável ao paladar sadio, é repugnante ao doente, e que a luz, desejada pelos olhos sãos, é odiosa aos enfermos”. Isto que vale para os indivíduos também se aplica às sociedades: basta  uma simples mirada ao redor, basta olhar para a nossa civilização decadente para o constatar com triste clareza.

O contraboicote: americanos apóiam em massa a Chick-Fil-A

Lembram-se do boicote gayzista promovido contra a rede americana de fast-food Chick-fil-A por conta da política da empresa de se posicionar contrariamente ao casamento gay? Lembram-se de que eu falei então, textualmente, que «cabe aos que apoiam a política da empresa suprir, por meio do consumo e da propaganda positiva, a lacuna deixada pelos consumidores descontentes com o emprego que a Chick-Fil-A faz dos seus lucros»? Pois foi exatamente isto o que aconteceu.

Na última quarta-feira, uma multidão de americanos compareceu aos restaurantes da rede na hora do almoço, estabelecendo um record de vendas para a empresa. Segundo informa a CNN, não foram divulgados números; mas, numa página do Facebook onde o evento foi anunciado, 620.000 pessoas disseram que iam participar.

Além disso, uma carta de apoio assinada por 17 congressistas foi enviada ao presidente da Chick-fil-A, na qual está escrito: “claramente, algumas pessoas que gostam de se gabar de serem tolerantes e de mente aberta são, na verdade, as mais intolerantes se você não concorda com elas”. Esta é uma verdade já infinitas vezes comprovada.

Há muitas fotos e comentários no Facebook de Mike Huckabee, ex-governador de Arkansas. Vale a pena dar uma olhada (p.ex. aqui e aqui). Em particular, a campanha de divulgação do evento foi muito bem feita.

Parabés aos que participaram da manifestação, nos quais eu próprio me sinto representado. Foi bonito. Em casos como esse, é assim que se mostra força. Não podemos nos calar diante do avanço a passos largos da ditadura gayzista. E os americanos que foram à Chick-fil-A na última quarta-feira deram um bonito exemplo do que pode ser feito para impôr limites à sanha totalitária da agenda gay.

Rede de fast-food se diz abertamente contra o casamento gay: as repercussões deste “crime”

Ainda esta semana eu informei aqui que diversas empresas mundo afora haviam deixado de contribuir com a Planned Parenthood por conta do boicote de cidadãos pró-vida. Isto, como eu disse, é uma notícia muito boa, uma vez que é perfeitamente legítimo que as escolhas dos cidadãos a respeito dos produtos que eles vão comprar ou deixar de comprar levem em consideração (entre outras coisas) também o que aquela empresa vai fazer com os seus recursos financeiros. Claro que cada um gasta o seu dinheiro com o que quiser, mas isto vale tanto para as empresas que contribuem para o aborto quanto para os consumidores que sustentam aquelas empresas.

[A propósito, sobre o mesmo assunto, a Boycott List é, como eu falei, protegida por direitos autorais – o que significa que só é possível ter acesso a ela diretamente com a LDI e mediante uma doação. Isto pode não parecer a forma mais eficaz do mundo de mobilizar consumidores para um boicote de proporções suficientes para que seja economicamente relevante como instrumento de pressão política; no entanto, a própria LDI expõe aqui as razões desta sua política, e elas são pelo menos razoáveis. Uma das minhas preocupações com estas listas (há uma aqui) sempre foi a fidedignidade dos dados contidos nelas. Quem as mantém? Quem as atualiza? Como eu confirmo que as informações lá são verdadeiras? A julgar pela forma como a LDI trata o seu trabalho, ela também leva bastante a sério estas questões, o que é bom para todo mundo. É melhor fazer assim do que perder a credibilidade com a divulgação de dados não-confiáveis.]

Curiosamente, uma coisa bem parecida está acontecendo neste momento nos Estados Unidos. A rede de restaurantes fast-food Chick-fil-A está no meio de uma terrível polêmica com ativistas gays porque um CEO da companhia fez algumas declarações contrárias ao casamento homossexual. Em português, saiu na Folha de São Paulo.

Houve conservadores que rapidamente se mobilizaram contra o boicote. P.ex., vi no Facebook hoje pela manhã uma figura do Willy Wonka dizendo algo como “então você vai deixar de comer na Chick-Fil-A porque o dono dela é contra o casamento gay? Conte-me como você está deixando de comprar gasolina no posto tal que vende gasolina para que queimem homossexuais” [p.s.: na verdade não é bem isso]. Aqui é preciso distinguir com cuidado as coisas.

O simples boicote (entendendo por isso o pacífico não-consumo de produtos da empresa, unido talvez à (também pacífica) contrapropaganda para que se deixe de comprar nela) não pode ser condenado. Primeiro porque, ao que parece, não foi simplesmente o CEO da Chick-Fil-A dizendo que “era contra” o homossexualismo; a empresa doou dinheiro para campanhas contrárias à legalização do casamento gay – o que (não podemos esquecer de dizer) é uma coisa legítima e aliás muito boa: se eu soubesse de um restaurante assim em Recife, faria questão de comer lá sempre que possível.

Segundo que a comparação do Willy Wonka é descabida: não existe (que eu saiba) nenhuma rede de postos de combustível que direciona institucionalmente uma quota da sua gasolina para queimar homossexuais ou quem quer que seja (e, se existisse, um boicote a semelhante empresa seria perfeitamente justificável): entre uma política institucional e um uso indevido de um produto pelo consumidor após ele ter deixado a empresa vai uma diferença tão grande que beira a desonestidade intelectual. Terceiro: é perfeitamente razoável que os militantes gays queiram deixar de comer numa rede de restaurantes que milita contra a ideologia gay: cabe aos que apoiam a política da empresa suprir, por meio do consumo e da propaganda positiva, a lacuna deixada pelos consumidores descontentes com o emprego que a Chick-Fil-A faz dos seus lucros. Isto é natural, e o que não faz o menor sentido é pretender obrigar os militantes gays a continuarem freqüentando uma rede de restaurantes que é abertamente contra o gay-way-of-life.

Claro que há exageros (vejam este link, que inclusive cita uma carta do prefeito de Boston à Chick-Fil-A dizendo que não havia lugar para a loja em sua cidade), mas é preciso tomar cuidado para não cairmos no exagero oposto. A coerência é uma virtude necessária. É sem dúvidas um absurdo pretender que a empresa americana não tenha o direito de ser contra o casamento gay, mas é também um absurdo condenar em bloco os gays que simplesmente organizem um boicote ordeiro à empresa. Dizer diferente disso, além de não fazer sentido, é pôr em dúvida o nosso próprio direito de boicotar empresas que contribuem com a Revolução.