O Fórum Permanente Pernambucano Pró Vida se envolveu numa polêmica esta semana após publicar na Folha de Pernambuco uma peça publicitária de uma campanha chamada “Pernambuco não te quer”. A campanha faz aberta e evidente alusão ao slogan da Prefeitura “Recife te quer”, que visa promover o turismo na cidade.
A celeuma se instalou porque a peça publicitária fazia alusão indistinta à exploração sexual de menores, à pedofilia, à prostituição, ao turismo sexual e ao homossexualismo. As redes sociais se mobilizaram rapidamente em repúdio à campanha e, na esteira, diversos órgãos de imprensa repercutiram negativamente o fato. P.ex., foram publicadas reportagens no Jornal do Commercio, na Exame e em G1. O assunto também foi tema de um programa da CBN que foi ao ar hoje pela manhã (sobre este, aliás, quem explicar o que raios foi aquilo que o Cony falou sobre a Muralha da China, o Muro de Berlim e o Golfo de Pernambuco ganha um doce).
O Coordenador do Fórum Pernambucano Permanente Pró Vida, Márcio Borba, publicou uma nota sobre o assunto. Entre outras coisas, ela dizia:
No caso do Turismo Sexual [a campanha] convida a sociedade a dizer NÃO ao Turismo Sexual. No caso especifico da campanha “Pernambuco Não Te Quer”, representa o sentimento do Fórum Pró Vida em relação às campanhas que tem sido promovidas apresentando o estado como destino com caráter sexista.
Sobre o assunto, alguns ligeiros comentários:
– Não tenho qualquer ligação com o FPP-PV (que é somente um dos membros do Movimento Pró-Vida em Pernambuco, absolutamente não se confundindo com este) e sinceramente achei a campanha, da forma como foi realizada e nas atuais conjunturas, contraproducente. Entendo honestamente a revolta provocada pelo assunto, e de minha parte eu não endossaria uma peça publicitária deste jeito. Não obstante, é preciso dizer quanto segue.
– Turismo Sexual não tem a ver somente com prostituição. A tentativa de vender a imagem de uma cidade erotizada e lasciva, onde a população é tolerante a comportamentos libertinos, onde a agenda de entretenimentos é pródiga em eventos supostamente regados a sexo casual, etc., também é alvo desta campanha. Aliás, eu me arriscaria a dizer que este é o alvo principal desta campanha. A exploração sexual é decorrência de uma sociedade depravada, como é lógico. O sexo casual consentido não é menos digno de censura só porque existem coisas piores acontecendo no mundo.
– Também ninguém precisa ser José do Egito para interpretar que a campanha se dirige contra a exaltação de comportamentos sexuais contrários à moral cristã, e que não tem conotação jurídico-penal. Dizer (como disse a matéria da Exame) que o FPP-PV é um movimento “formado por cristãos, [que] defende a expulsão de gays do Estado” (!) é uma extrapolação caricata tão absurda que eu fico imaginando se não é mais necessário possuir noções mínimas de interpretação de texto para se fazer jornalismo no Brasil.
– Menos grosseiro, mas também errôneo, é dizer que a peça publicitária afirma que o homossexualismo é crime ou reivindica que ele seja tratado como tal. Se os críticos tivessem um pouquinho menos de visão de túnel, perceberiam que “Prostituição” também está no rol das coisas que “Pernambuco não (…) quer” e tampouco é crime. Aliás, se fossem coerentes, deveriam fazer um estardalhaço correlato defendendo não os gays, mas as prostitutas e os prostitutos. Não o fazem, suponho, porque a prostituição é ainda socialmente menos glamourosa – mesmo nos estreitos círculos “intelectuais” onde essa gente vive – do que o homossexualismo.
– A matéria de G1 termina citando um link para que seja feita uma denúncia ao Ministério Público de Pernambuco. A naturalidade com a qual tratam o denuncismo e o patrulhamento ideológico é assustadora; chega a lembrar este recém-criado órgão de imprensa argentino (Observatorio de Medios para la Igualdad) que sinaliza para um controle da imprensa de fazer inveja aos mais escabrosos romances Orwellianos. O Brasil parece caminhar a largos passos nesta direção, e me parece ser da maior importância lutar para inverter esta tendência antes que seja tarde demais.