Como é sabido, na última terça-feira a França legalizou em definitivo o “casamento gay” no país. Nós acompanhamos o desenrolar dessa tragédia (aqui, aqui e aqui), e o (previsível) resultado de dois dias atrás pode passar a impressão de que nós perdemos, não valeu a pena, foi tudo em vão. Será que é isso mesmo?
Alguém insinuou ironicamente aqui no blog que isso deve ter acontecido porque os argumentos do movimento pró-família francês são tão ruins quanto os seus equivalentes brasileiros. Ledo engano. Na verdade, isso aconteceu porque o mundo moderno anda enlouquecido e absolutamente não dá mais importância a argumentos. Ora, em que lugar do planeta essa discussão é conduzida sobre bases argumentativas? Muito pelo contrário: os arautos da Revolução Moral só sabem agir na base da truculência e do apelo emocional, nada mais. Qualquer pessoa que já tenha tentado discutir esse tema com algum pró-gay sabe perfeitamente do que estou falando, e no próprio Deus lo Vult! é possível encontrar abundantes exemplos dessa curiosa patologia intelectual.
Mas, de uma forma ou de outra, o casamento gay foi legalizado na França, é fato. E agora, simplesmente perdemos? Foi tudo em vão? Penso que é possível sermos um pouco mais otimistas.
A França legalizou o “casamento gay”, mas os gritos de protesto dos que se levantaram contra essa infâmia foram ouvidos no mundo inteiro, e serviram de exemplo e estímulo àqueles que não concordam com a ideologia anti-natural que lhes está sendo imposta.
A França legalizou o “casamento gay”, mas a imprensa foi obrigada a noticiar que, em pesquisa recente, «58% dos [franceses] entrevistados se disse a favor do casamento gay» mas, por outro lado, «uma maioria (53%) se disse contra a adoção [de crianças], contra 45% a favor» – adoção esta incluída na lei aprovada anteontem, na contramão portanto da expressa vontade da maior parte dos franceses.
A França legalizou o “casamento gay”, mas sofreu dura e terrível resistência dos que são contrários à exaltação do vício e à equiparação legal entre “família” e “dupla gay”: tanto quanto lembro, foi a primeira vez que uma lei desse tipo recebeu resistência pública tão clara e generalizada.
A França legalizou o “casamento gay”, mas não convenceu e nem silenciou os que mantêm a cabeça no lugar. Muito pelo contrário: o La Manif Pour Tous promete continuar protestando, como nos diz o Wagner Moura.
A França legalizou o “casamento gay”, mas a guerra cultural ainda não terminou, e dela ainda precisamos tomar parte – não nos é permitido desanimar. Faz diferença. Diante de um monstro tão grande e tão forte a se lançar sobre nós, qualquer mínimo dissabor que lhe consigamos impingir faz diferença.