Quatro anos de um dos Papas mais odiados da história

Hoje é um dia importante. Quatro anos atrás, numa quarta-feira, celebrávamos a fumata bianca expelida pela chaminé da Capela Sistina e pouco tempo depois, ansiosos, ouvíamos pela TV secular o secular anúncio do Habemus Papam. Era o (então desconhecido) cardeal Jorge Maria Bergoglio, qui sibi nomen imposuit Franciscum.

Quatro anos após o fato, olhando em retrospectiva, creio que se pode dizer — ao contrário do que parece à primeira vista — que estamos diante de um dos Papas mais odiados da história da Igreja. Sim, é certo que a mídia anticatólica, os católicos progressistas e os não-católicos enaltecem [aquilo que acreditam ser] o Papa Francisco; no entanto, só o enaltecem naquilo que não é católico. A condescendência com o homossexualismo. A ordenação de mulheres. A comunhão dos adúlteros. O louvor ao socialismo. O indiferentismo religioso. Et cetera, et cetera. Ora, não se pode dizer que seja realmente movido por amor quem tanto se esmera para divulgar uma imagem tão desabonadora assim de outrem!

Os inimigos da Igreja falam muito do Papa Francisco, é verdade, e falam dele em tom laudatório, é verdade também; mas o que elogiam no Papa são qualidades que envergonham e ofendem qualquer fiel. O Papa não é amado por ser católico, mas precisamente o contrário: quem diz amar o Papa — ao menos quem o diz com espalhafato, nas redes sociais e na mídia anticlerical, quem diz amar Francisco quando até ontem odiava Bento XVI — só o faz por acreditar ver no Papa características que contradizem certos aspectos, digamos, pouco populares da Fé Católica. Por que “amam” o Papa Francisco? Porque ele não acha que todo mundo precise ser católico, porque ele acredita que baste a cada um fazer o que acredita ser certo, porque ele acha que a Igreja não deve se meter no casamento gay, e porque aliás ele acredita que os gays devem ser incluídos na Igreja, porque é a favor dos padres casados e da ordenação de mulheres, porque quer acolher os divorciados recasados, porque é contra a cúria vaticana, contra Temer, contra Trump… Em suma, por que “amam” o Papa Franciso? Por tudo e qualquer coisa, exceto aquilo que faz um papa — qualquer Papa — ser o líder máximo da religião católica.

Estas pessoas não amam realmente o Papa Francisco. E não o amam por uma razão dupla: primeiro que não se afeiçoam ao Papa de verdade, senão a uma sua caricatura grotesca; segundo porque atribuem a ele características que são desabonadoras e difamatórias para qualquer católico. Não é portanto verdade que os anticlericais tenham passado a amar o Papa: os anticlericais continuam odiando o Papa. Apenas o fazem agora por outro meio.

Em contrapartida, muitos dos católicos — o resquício de católicos de verdade, conscientes do que significa o Catolicismo e da crise pela qual atravessa a Igreja — debandaram tristemente para o ódio escancarado e a perseguição aberta ao Soberano Pontífice. Engolem da maneira mais acrítica possível as maiores barbaridades que os inimigos da Igreja dizem a respeito do Papa: dão mais crédito ao burburinho do mundo que à oração de Nosso Senhor para que a Fé de Pedro não desfalecesse. Acreditam em tudo o que se diz de depreciativo sobre o Papa Francisco, e o divulgam e alardeiam, contribuindo assim para o fortalecimento da má fama de Sua Santidade. Eis porque o atual Pontífice é um dos mais odiados de todos os tempos: porque aos odiadores tradicionais — que o continuam odiando — somaram-se multidões de católicos que, fazendo coro aos anticlericais, vêem no Papa mais o Anticristo que o Cristo-na-Terra.

Bento XVI era odiado pelo mundo, mas amado por parte significativa dos católicos tradicionais. Francisco continua odiado pelo mundo e é também odiado por grande parte destes católicos que — com toda a razão — opõem-se à mundanização do Catolicismo mas enxergam no Papa mais um inimigo que um aliado. No final das contas, quem é que ama o Papa Francisco pelo que ele é, e não pelo que [acredita que] ele representa? Quase ninguém. É o mais solitário e abandonado dos Papas!

E não se justifique o próprio ódio sob a alegação de que o Papa não ajuda a desfazer a imagem errada que têm dele. São Valentino também é um dos santos menos amados do mundo, apesar de milhões de pessoas celebrarem alegremente o Valentine’s Day a cada 14 de fevereiro. São Francisco de Assis também é um dos santos mais impopulares da história, a despeito de a “Oração de São Francisco” ser mais conhecida que o Hino Nacional. Não é privilégio do Papa Francisco ter uma imagem pública destoante da que se espera de um católico de verdade.

Além disso, o esforço exigido para desfazer o senso comum é hercúleo e não pode ser exigido de ninguém — muito menos de um Papa, aliás, a quem absolutamente ninguém pode ditar a melhor forma de governar a Igreja. Se Sua Santidade poderia ser mais claro e não o é, disto ele haverá de prestar contas ao Altíssimo e não aos leigos católicos da internet sedizente tradicionalista. Eventuais defeitos dos superiores não elidem o dever de submissão dos subordinados, e nem muitíssimo menos justificam a falta de respeito cada vez mais generalizada que se tem tristemente observado nos últimos quatro anos.

Finalmente, para vender a sua imagem do Papa-que-não-é-católico, os inimigos da Igreja praticam o cherry-picking mais descarado. Jamais divulgam aquilo que o Papa diz e faz de católico, mas conferem grande alarde a tudo que se possa mal interpretar. Um exemplo entre muitos, os que defendem a comunhão dos adúlteros dizem que isto é um ato de «misericórdia» pastoral, com o qual a Igreja deve temperar a «justiça» inflexível das normas canônicas. Mas o Papa Francisco, há menos de um mês, comentando o Evangelho de S. Mateus, deu-nos esta belíssima lição:

“Jesus não responde se é lícito [para um marido repudiar a própria mulher] ou não; não entra na lógica casuística deles. Porque eles pensavam na fé somente em termos de ‘pode’ ou ‘não pode’, até onde se pode, até onde não se pode. É a lógica da casuística: Jesus não entra nisso. E faz uma pergunta: ‘Mas o que Moisés vos ordenou? O que está na vossa lei?’. E eles explicam a permissão que Moisés deu de repudiar a mulher, e são eles a cair na própria armadilha. Porque Jesus os qualifica como ‘duros de coração’: ‘Foi por causa da dureza do vosso coração que Moisés vos escreveu este mandamento’, e diz a verdade. Sem casuística. Sem permissões. A verdade.”

[…]

“(…)Depois, uma pessoa de mentalidade casuística pode se perguntar: ‘Mas o que é mais importante em Deus? Justiça ou misericórdia?’. Este também é um pensamento doente… o que é mais importante? Não são duas: é somente uma, uma só coisa. Em Deus, justiça é misericórdia e misericórdia é justiça. Que o Senhor nos ajude a entender esta estrada, que não é fácil, mas nos fará felizes, a nós, e fará felizes muitas pessoas”.

Tradução: Canção Nova

Não existe oposição entre misericórdia e justiça! A misericórdia verdadeira não pode senão ser justa, e a justiça verdadeira é ela própria misericordiosa. A idéia de conferir sacramentos de vivos a pecadores formais sob a justificativa da misericórdia, portanto, é uma falsa idéia, é «um pensamento doente». Que duro golpe nos divorcistas! Quem, no entanto, dos “admiradores” do Papa Francisco, prestou atenção a esta homilia, preocupou-se em divulgar este ensinamento…?

Faz quatro anos que o nome «Francisco» ecoou a partir da sacada da Basílica de São Pedro. E, infelizmente, parece que temos bem pouco a comemorar na efeméride. Hoje, mais até do que naquele (já longínquo) ano de 2005, «[a] Igreja parece-nos uma barca que está para afundar, uma barca que mete água por todos os lados» (Via-Sacra no Coliseu, IX Estação). Que o Altíssimo Se compadeça de nós e, volvendo o olhar para o nosso sofrimento, levante-Se — o quanto antes! — para pôr fim às nossas tribulações.

V. Oremus pro Pontifice nostro Francisco.

R. Dominus conservet eum, et vivificet eum, et beatum faciat eum in terra, et non tradat eum in animam inimicorum eius.

Oremus. Deus, omnium fidelium pastor et rector,famulum tuum Franciscum, quem pastorem Ecclesiae tuae praeesse voluisti, propitius respice: da ei, quaesumus, verbo et exemplo, quibus praeest, proficere: ut ad vitam, una cum grege sibi credito, perveniat sempiternam.

Per Christum, Dominum nostrum.
Amen.

Eu não sabia de quem se tratava

exatamente um ano este blog publicava em seqüência os anúncios de «Habemus Papam» e «Franciscus». Lembro-me da demora, diante da televisão, entre a fumata bianca e o esperado aparecimento do novo Pontífice no balcão diante da Praça de São Pedro. Pareceu-me demorar mais do que há alguns anos, à eleição de Bento XVI. Ou talvez eu estivesse mais velho, menos paciente, mais ansioso… mais contaminado com o espírito do mundo.

O velho jesuíta veio do fim do mundo e surpreendeu a todos. Confesso: eu não sabia de quem se tratava. Ao que parece, muitas pessoas também não. Daqui, do outro lado do Atlântico, ouvi-lhe o «buona sera» antológico. Recebi a primeira Urbi et Orbi do novo pontificado. A televisão continuou ligada, e eu saí. Estava perplexo.

Demorei um pouco a perceber que toda pressa era vã e, toda ansiedade, inimiga da compreensão serena. Não seria possível descobrir quem é o Chefe de uma Igreja de dois mil anos com a velocidade à qual nos acostumamos graças às modernas telecomunicações. A Igreja é Eterna, e isso faz com que haja algo de atemporal em todos os Papas. Quem entende isso, já sabe mais do que é possível aprender com uma legião de vaticanistas.

Um Papa fora eleito e eu não sabia de quem se tratava. Para meu temor, parece que hoje, transcorrido um ano, ainda há muitas pessoas que continuam sem saber. Leio uma profusão de matérias sobre o Papa Francisco na mídia secular, ouço falar dele o tempo inteiro em ambientes religiosos. É impressionante esse mistério: trata-se talvez da pessoa de quem mais se falou ao longo do último ano e, mesmo assim, ela permanece completamente desconhecida para a maior parte dos que ouviram falar dele.

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Como explicar? Tudo parece girar em torno da obsessão que se tem hoje em dia pelo conceito de «mudança», à luz do qual é impossível entender o Catolicismo. Pior ainda quando este conceito é substituído pelo de «Revolução», tão ao gosto da imprensa anti-clerical ou dos desgostosos – de séculos… – com a Igreja. Sob essa clave muito se falou e fala sobre o Papa Francisco. E sob ela o Bispo de Roma é aos homens de hoje cada vez menos conhecido.

Trago um exemplo somente, de tantos que se podiam coligir. Há poucos dias um amigo publicou no Facebook que o Papa era tão revolucionário que ele temia por sua vida, agora que ele – o Papa – estava tentando incluir os “casais gays” dentro da Igreja. A história é de um descabimento retumbante, de uma inverossimilhança tão grotesca que espanta alguém dar crédito. No entanto, ouve-se algo parecido com isso, as pessoas projetam suas expectativas no que acharam ter ouvido dizer, a história se repete e, de repente, tem-se a histeria formada. Contudo, longe dessa pirotecnia irracional, o humilde jesuíta que hoje calça as Sandálias de Pedro se encontra na mais solitária obscuridade. Já há um ano ele guia a Igreja e ainda não sabem de quem ele se trata.

Criou-se muita falsa expectativa em relação ao Vigário de Cristo, e qual o resultado disso? Passou-se um ano, o wishful thinking não se realizou e o papado do primeiro latino-americano permanece para muitos uma incógnita tão grande quanto o era naquele outro 13 de março.

Esta tragédia foi abertamente anunciada. Menos de quinze dias depois da eleição do Papa Francisco, eu ecoei aqui a denúncia de Vortex sobre o «seqüestro do Papa» que estava em andamento. Hoje, um ano depois, ficamos com a impressão de que o plano macabro teve uma perturbadora eficácia. Hoje, ainda há multidões de pessoas que não sabem quem é o Papa e nem se apercebem disso.

Sempre à volta com quimeras. Já se completou um ano. Quantos outros aniversários será preciso esperar para que as sucessivas frustrações com «mudanças» que nunca podem vir dêem enfim lugar à serena aceitação da realidade?

Tarefa difícil. Veja-se: abro um texto de uma revista não-religiosa sobre este primeiro ano de pontificado. Lá, perdido no meio de uma matéria enorme, é dito en passant, quase como se fosse uma curiosidade sem importância, que o Papa Francisco é um homem que passa uma hora em oração diante da Santíssima Eucaristia todas as tardes. E penso que há nessa pequena frase mais sobre o atual Bispo de Roma do que nos desvarios e tresvarios que se costumam apresentar como análises da Igreja. Se as nossas manchetes sobre o Papa Francisco do último ano fossem assim, talvez hoje os homens já soubessem melhor de quem ele se trata…

Faz um ano. Eu não sabia quem ele era. Mas sabia que se tratava do Vigário de Cristo, da Cabeça Visível da Igreja, daquele a quem toda submissão é necessária para os que desejam se salvar. Eu não sabia quem ele era, mas sabia que precisava rezar por ele. E refaço aqui as orações de um ano atrás, as súplicas de cada dia, pelo nosso Pontífice Francisco. A fim de que o Bom Deus o conserve e vivifique. A fim de que o torne feliz sobre a terra. A fim de que jamais o entregue nas mãos dos seus inimigos.

O valor espiritual desses oito anos

Era uma terça-feira de 2005; penso já ter dito por aqui que me recordo profundamente daquele 19 de abril. A fumaça branca na chaminé da Capela Sistina – então a primeira fumata bianca da minha vida! – anunciava ao mundo que o sucessor do Papa João Paulo II fora escolhido. Estava na copa da faculdade, diante de uma TV ligada, através da qual eu soube que Joseph Ratzinger assumia o sólio pontifício com o nome de Benedito Dezesseis. “Não, não, Bento XVI”, alguém rapidamente me corrigiu. Daquele dia em diante, pelos próximos quase oito anos, o velho alemão foi o meu pai e o meu general, o meu líder e o meu professor, o meu mestre e o meu amigo. Foi o meu Papa!

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Há não muitos dias, no aniversário natalício do Santo Padre, eu disse aqui que Bento XVI foi o Papa da minha juventude. Já confessei aqui no blog que eu já era praticamente homem feito quando retornei à prática da religião dos meus pais; o Papa Ratzinger foi, portanto, o Sumo Pontífice cujo pontificado eu acompanhei integralmente. Talvez eu pudesse ser mais ousado e dizer que, na verdade, ele que foi o Pontífice que me acompanhou durante os anos da minha vida que merecem ser chamados de “católicos”; o fato é que, de qualquer maneira, é impossível olhar para o hoje Bispo Emérito de Roma sem um sentimento de profunda gratidão. É impossível não lembrar o dia de hoje: faz oito anos!

Ninguém diria em 2005 que o Papa recém-eleito havia de renunciar alguns anos depois. Por certo sabíamos que o luminoso pontificado de Bento XVI havia de terminar um dia, mas ninguém imaginava que ele entraria para a História dessa maneira. Eu já manifestei aqui no Deus lo Vult! a minha profunda gratidão por tudo o que o Santo Padre Bento XVI fez pela Igreja ao longo desses anos; mas não consigo me livrar da impressão de que, não importa o que eu diga, nunca será o bastante. Se a dimensão histórica daquela Grã Renúncia do dia de Nossa Senhora de Lourdes é incontestável, penso que seria grande injustiça de nossa parte não reconhecer o quanto foi também histórico o Habemus Papam de 2005.

Sobre esses anos muito poderia ser dito, mas por hoje quero me restringir à questão litúrgica. Um amigo sacerdote empregou certa vez a expressão “ressuscitar altares” para se referir ao ato de celebrar a Santa Missa naqueles tantos altares – de tantas igrejas! – que, após a Reforma Litúrgica, foram rebaixados a meros nichos de santos ou suportes de velas ou vasos de flores. Bento XVI – mormente após o Summorum Pontificum de 2007, mas em todo o seu pontificado – deu novo vigor à consciência litúrgica na Igreja e resgatou a capital importância do Sacrifício Eucarístico do Corpo e do Sangue de Deus: ao longo dos últimos anos, quantos altares não foram ressuscitados! Quem será louco o bastante para negar o valor sobrenatural dessas tantas Missas que voltaram a ser celebradas em altares abandonados – em altares originalmente erigidos para oferecer sacrifícios à Trindade Santa, desgraçadamente desviados de sua finalidade durante os negros anos do pós-Concílio?

Recordo-me de um em particular: um antigo e simples altar frontal (não era o altar-mor) da capela do Seminário de Olinda, edifício do século XVI, onde certa vez o Santo Sacrifício da Missa foi celebrado depois de décadas e eu estava presente, junto com mais um ou dois amigos. Éramos uma quantidade ínfima de pessoas, mas conosco estava a totalidade da Igreja, Triunfante, Padecente e Militante. Sobre aquela pedra Cristo foi imolado, nas intenções – entre outras – do Santo Padre Bento XVI, e sinceramente não sei se tal teria sido possível se então fosse outro e não ele o Vigário de Cristo gloriosamente reinante. Penso que somente na Eternidade nós teremos a dimensão precisa das graças que jorraram desses altares e foram derramadas sobre o mundo graças ao zelo litúrgico que Bento XVI impingiu à Igreja de Cristo.

Foi em 2005, e seria vil impiedade não nos lembrarmos com alegria e gratidão do dia de hoje. Neste 19 de abril, suplicamos ao Todo-Poderoso que possa recompensar o seu servo por todo o bem que ele realizou em Seu favor, e também para que não deixe inacabada a obra de restauração iniciada naquela terça-feira de abril. Nós, os herdeiros do legado de Bento XVI, não temos o direito de esquecer tudo isso. Triste coisa seria se deixássemos que tudo fosse em vão. Loucura seria se desprezássemos o valor espiritual desses oito anos.

Franciscus!

13 de Março de 2013

Annuntio vobis gaudium magnum;
habemus Papam:

Eminentissimum ac Reverendissimum Dominum,
Dominum Georgium Marium
Sanctae Romanae Ecclesiae Cardinalem Bergoglio
qui sibi nomen imposuit Franciscum

 

francesco1

Papa Francisco I, ou simplesmente “Francisco”,
Bispo de Roma, Vigário de Cristo, Sucessor de São Pedro.

Para mim, foi uma surpresa. Ou melhor, foram diversas surpresas: a rapidez do conclave, o nome de Jorge Mario Bergoglio (que foi ventilado nos últimos dias, ma non troppo), a idade avançada do cardeal (tem 76 anos, somente dois a menos do que Ratzinger quando foi eleito), o nome de Francisco (nunca antes tomado por nenhum Papa!), a Argentina fornecendo um Papa à Igreja, um Jesuíta sentado no Trono de Pedro. Surpreendente!

Da biografia do John Allen Jr.:

Bergoglio é visto como um ortodoxo inflexível em matéria de moral sexual e como convicto opositor do aborto, da união homossexual e da contracepção. Em 2010 ele afirmou que a adoção de crianças por gays é uma forma de discriminação contra as crianças, o que lhe valeu uma reprimenda pública por parte da presidente argentina Cristina Kirchner. Ao mesmo tempo, ele demonstra sempre profunda compaixão pelas vítimas da aids; em 2001, por exemplo, visitou um sanatório para lavar e beijar os pés de 12 pacientes soropositivos.

Viva o Papa!

V. Oremus pro Pontifice Nostro Francisco!
RDominus conservet eum, et vivificet eum, et beatum faciat eum in terra, et non tradat eum in animam inimicorum eius.

OREMUSDeus, omnium fidelium pastor et rector, famulum tuum Franciscum, quem pastorem Ecclesiae tuae praeesse voluisti, propitius respice: da ei, quaesumus, verbo et exemplo, quibus praeest, proficere: ut ad vitam, una cum grege sibi credito, perveniat sempiternam. Per Christum, Dominum nostrum.
R. Amen.

Há sete anos, Bento XVI era eleito Papa – #7BXVI

Em uma manhã de domingo de 2005, diante dos milhares de católicos que lotavam a Praça de São Pedro para acompanhar a missa de início do Ministério Petrino de Sua Santidade o Papa Bento XVI, o recém-eleito pontífice fez ressoar por três vezes este pedido: “Rezai por mim!”.

São Pedro negou a Cristo por três vezes; o seu sucessor, olhos fitos na experiência passada, julgou prudente fazer a tríplice súplica tão logo pôs nos dedos o anel do Pescador. Inusitado particularmente o terceiro pedido desta série: “Rezai por mim, para que eu não fuja, por receio, diante dos lobos”.

E não é senão contra lobos que vem lutando heroicamente o Papa Bento XVI desde então. As orações que ele recebeu a partir de abril de 2005 vêm dando um incrível resultado; quem poderia imaginar, há sete anos, que a Igreja Católica estaria na situação em que se encontrar hoje? Fruto, claro está, da Sua história e dos homens que, do Trono de Pedro, cuidaram de pavimentar as estradas para que o atual Soberano Pontífice pudesse trilhar o caminho pelo qual conduz hoje o Povo de Deus; mas fruto também, sem dúvidas, da genialidade do pontificado deste ancião que nos impressiona e desconcerta.

É difícil fazer um balanço do pontificado de Bento XVI (porque alguma injustiça será feita, ainda que por esquecimento involuntário). No campo da Liturgia, é o Papa do Summorum Pontificum e da restauração da sacralidade das Liturgias Pontifícias; no campo do Ecumenismo, é o Papa da histórica Anglicanorum Coetibus. É o Papa que beatificou o seu predecessor e que canonizou o nosso Frei Galvão. Foi quem levantou a excomunhão dos bispos da FSSPX. No campo do diálogo entre Fé e Razão foi o autor do (também histórico) discurso de Ratisbona; e foi também ele quem tomou sobre os seus ombros o encargo de enfrentar corajosamente o problema dos abusos sexuais no clero, colocando [mais uma vez] a Igreja como vanguarda no combate a este terrível mal da sociedade contemporânea.

Nem sempre foi bem compreendido, e esta é uma das características de Bento XVI que eu considero mais marcantes. Certa vez a injustiça foi tão flagrante que ele se permitiu esta queixa aos Seus irmãos no episcopado: “Fiquei triste pelo facto de inclusive católicos, que no fundo poderiam saber melhor como tudo se desenrola, se sentirem no dever de atacar-me e com uma virulência de lança em riste”. Do alto do seu trono, o Vigário de Cristo não esconde a sua humanidade e, abertamente, diante de todos os católicos que lhe estão sujeitos por direito divino, tanto se queixa quando pede por orações!

E ver o princípio sobrenatural da Unidade da Igreja de Cristo emanar de um homem que em tudo faz questão de se manter próximo dos católicos sobre os quais governa é contemplar com maior intensidade o verdadeiro significado de Pontífice, i.e., aquele que faz (ou que é) a ponte entre o mundo sobrenatural e o natural, entre Deus e os homens. Hoje é o aniversário da eleição do Cardeal Ratzinger ao Sólio Pontifício; é o sétimo anversário daquele histórico Habemus Papam que ainda nos ressoa aos ouvidos. Que o Senhor lhe conceda vida longa e [ainda mais] próspera! Et oremus pro pontifice nostro Benedicto, de novo e ainda mais uma vez, porque é evidente que o Todo-Poderoso tem escutado nossas preces e está realizando maravilhas na Sua Igreja por intermédio do vigário do Seu Filho.

Parabéns, Santo Padre!