Um programa, um objetivo, um fim almejado

Esta foto está também no Fratres in Unum; encontrei-a aqui, onde tem algumas outras fotos do encontro de Assis (em particular esta aqui, que retrata a mesma situação e mostra o altar que está defronte ao Papa).

Trata-se do Vigário de Cristo junto com alguns líderes religiosos (não sei dizer se estavam aqui todos presentes) ao fim do encontro, na cripta de São Francisco, rezando diante do Santíssimo Sacramento.

O senhor de púrpura à esquerda da foto é o Dr. Rowan Williams, chefe da Igreja anglicana, prostrado de joelhos diante de Cristo Eucarístico. Ecumenismo de verdade é isso aí! É claro que, provavelmente, os diversos líderes religiosos aí presentes estão fazendo somente bom-mocismo diante do Rei dos Reis; mas a foto tem a força de um programa, de um objetivo a ser buscado, de um fim almejado pelo qual vale a pena trabalhar. Sim, queremos todos os homens reunidos, mas os queremos assim: reunidos aos pés de Cristo! E, como o estar sob o sol queima a pele ainda que não se atente para isso, oxalá o colocar-se diante do Sol da Justiça possa conceder algumas graças para estes homens que estão diante de Cristo e ao lado do Seu vigário – ainda que não o saibam.

O triste fim do progressismo

Espetacular esta matéria que apresenta um relatório de um grupo anglicano conservador sobre as paróquias da Igreja Episcopal nos Estados Unidos (aqui em português, no Acarajé Conservador). De acordo com a manchete, uma em cada três paróquias episcopalianas desaparecerá dentro de cinco anos. O motivo? Simplesmente porque elas são doutrinariamente liberais.

«Os episcopalianos aprovaram tudo o que os “progressistas” exigiam e mais. Mas isso não atraiu fiéis. No século XVI, o anglicanismo aceitou o clero casado. Em 1930, aceitaram a anticoncepção. Em 1976, os episcopalianos aprovaram o clero feminino. Em 1989, ordenou-se a primeira bispa episcopaliana. Em 1994, proibiu toda terapia para deixar a homossexualidade. Em 2000, aceitou-se o sexo fora do matrimônio. Em 2003 ordenaram como bispo a Gene Robinson, um senhor divorciado, com dois filhos, que vivia «maritalmente» com outro homem (este ano 2011 deixou o cargo). Em 2006 o episcopalianismo admitia o matrimônio homossexual. Em 2010 presumia ordenar em Los Anjos uma bispa lésbica. Em 1 de janeiro de 2011 um bispo episcopaliano casava com pompa midiático a duas sacerdotisas lésbicas episcopalianas, uma delas a famosa militante pro-aborto, Katherine Ragsdale».

Isto não é novidade. O então cardeal Ratzinger já dizia (tenho quase certeza de que é n’O Sal da Terra, mas pode ser também no “A Fé em Crise?”) em resposta àqueles que vaticinavam o fim da Igreja caso Ela não Se abrisse ao mundo moderno: os protestantes já aceitaram tudo e, mesmo assim, continuam perdendo fiéis. É claro que o mundo moderno não pode ser conselheiro em questões espirituais, e é bastante evidente que os “sábios” deste século sem Fé não podem pretender dizer à Igreja de Cristo como Ela deve Se portar para manter o rebanho que Deus Lhe confiou. Na verdade, os que pedem que a Igreja Católica “adapte-Se” aos tempos modernos são exatamente os que querem que Ela desapareça. Como já aconteceu [e está acontecendo] com os protestantes.

As pessoas têm sede de Verdade, de Bondade, de Beleza – de Deus. As pessoas não desejam algo que já encontrem no mundo: no dia em que os católicos entenderem isso, então a Igreja passará a florescer de modo abundante. Houve tempos em que a mensagem do Evangelho podia contar com “concorrentes”, do paganismo pré-cristão ao catarismo medieval, etc. É impressionante que, hoje, alguns ainda se envergonhem de anunciar “de cima dos telhados” a Doutrina de Cristo – hoje, quando as pessoas são empurradas do ateísmo irracional e estéril para um progressismo relativista e, em última instância, também ateu! É um verdadeiro mysterium iniquitatis que muitos ainda hoje queiram fazer concessões ao mundo, quando já estão historicamente demonstrados os fins trágicos aos quais levam os (impossíveis) conluios do Evangelho com o mundo moderno.

A Igreja Católica cresce por atração – por aquela sobrenatural atração que Cristo dependurado no Madeiro da Cruz exerce sobre as almas honestas. Não há “concessão” que precise ser feita aqui. Não existe “especialista” sem Fé que possa ensinar à Igreja como pregar o Evangelho. Não há verdadeiro bem no mundo que se oponha ao que ensina a Esposa de Cristo.

Anglicanorum Coetibus em ação

[Fonte: Salvem a Liturgia! Cliquem no link para verem algumas considerações do Apostolado sobre o assunto, bem como fotos da Santa Missa em uma paróquia americana de rito anglicano.]

Declaração na implementação da Constituição Apostólica Anglicanorum Coetibus

O estabelecimento de um Ordinariato Pessoal na Inglaterra e em Gales

Muito foi alcançado durante muitos anos como resultado de diálogo e frutíferas relações ecumênicas foram desenvolvidas entre a Igreja Católica e a Comunhão Anglicana. Obediente à oração do Senhor Jesus Cristo a Seu Pai Celestial, a unidade da Igreja permanece um constante desejo na visão e na vida de Anglicanos e Católicos. A oração pela Unidade dos Cristãos é a oração pelo dom da comunhão completa de uns com os outros. Nós nunca cansamos de rezar e trabalhar por essa meta.

Durante sua visita ao Reino Unido em setembro, Sua Santidade, o Papa Bento XVI fez questão de salientar que a Constituição Apostólica Anglicanorum Coetibus: “… deve ser vista como um gesto profético que pode contribuir positivamente no desenvolvimento das relações entre Anglicanos e Católicos. Ela nos ajuda a focar nossa visão na meta última toda atividade ecumênica: a restauração da comunhão eclesial completa no contexto dos quais trocas de presentes de nossos patrimônios espirituais respectivos serve como um enriquecimento para nós todos.

É passado um ano desde que a Constituição Apostólica foi publicada. A iniciativa do Papa provém o estabelecimento de Ordinariatos Pessoais como um dos caminhos pelos quais membros da tradição Anglicana podem buscar entrar em comunhão plena com a Igreja Católica. Como o Santo Padre declarou daquela vez, ele estava respondendo a pedidos feitos “repetidamente e insistentemente” a ele por grupos de Anglicanos desejando “serem recebidos em comunhão plena individualmente e também em grupo”. Desde então, tornou-se claro que um número de clérigos anglicanos e os seus fiéis, de fato, a intenção de interpor o seu desejo de plena comunhão eclesial com a Igreja Católica para a realização dentro de uma estrutura de Ordinariato.

Em colaboração com a Congregação para a Doutrina da Fé, em Roma, os Bispos da Inglaterra e de Gales prepararam o estabelecimento de um Ordinariato no começo de janeiro de 2011. Embora possa haver dificuldades de ordem prática nos próximos meses, os Bispos estão trabalhando para responder a estas em um nível nacional e local.

Cinco Bispos Anglicanos que autalmente pretendem entrar no Ordinariato já anunciaram sua decisão de se juntar ao ministério pastoral na Igreja da Inglaterra efetivamente em 31 de dezembro de 2010. Eles entrarão em comunhão plena com a Igreja Católica no começo de janeiro de 2011. Durante o mesmo mês, é esperado que o Decreto estabelecendo o Ordinariato seja emitido e que o nome do Ordinário seja anunciado. Logo depois, os ex-bispos anglicanos não-aposentados, cujas petições para serem ordenados forem aceitas pela CDF, serão ordenados ao diaconato e ao sacerdócio católico para o serviço no Ordinariato.

É esperado que os Bispos Anglicanos aposentados cujas petições para ordenação forem aceitas pela CDF sejam ordenados ao Diaconato Católico e ao Sacerdócio antes da Quaresma. Isso irá incentivá-los, juntamente com o Ordinariato e outros ex-Bispos Anglicanos a assistir com a preparação e recepção de antigos clérigos Anglicanos e seus fiéis em comunhão plena com a Igreja Católica durante a Semana Santa.

Antes do início da Quaresma, esses clérigos Anglicanos,que com grupos de fiéis que decidirem entrar no Ordinariato passarão por um período de formação intensa para sua ordenação como Sacerdotes Católicos

Após o início da Quaresma, os grupos de fiéis, juntamente com seus pastores, serão inscritos como candidatos ao Ordinariato. Então, e uma data a ser acordada entre o Ordinário e o Bispo Diocesano local, eles serão recebidos na Igreja Católica e confirmados (com o Sacramento da Crisma). Isso irá provavelmente ocorrer durante a Semana Santa, na Missa da Quinta-Feira Santa ou durante a Vigília Pascal. O período de formação para os fiéis e seus pastores continuará no Pentecostes. Até então, essas comunidades serão cuidadas sacramentalmente por clérigos locais, como designado pelo Bispo Diocesando e pelo Ordinário.

Durante o Pentecostes, esses antigos padres Anglicanos, cujas petições para ordenação foram aceitas pela CDF serão ordenados ao Sacerdócio Católico. A Ordenação ao Diaconato irá preceder esta em algum momento do Tempo Pascal. Formação em Teologia Católica e Prática Pastoral continuará por um tempo apropriado após a ordenação.

Em uma resposta generosa e oferecendo calorosas boas vindas àqueles buscando plena comunhão eclesial com a Igreja Católica através do Ordinariato, os Bispos sabem que os clérigos e fiéis que estão nesta jornada trarão seus próprios tesouros espirituais, os quais irão enriquecer a vida espiritual da Igreja Católica na Inglaterra e em Gales. Os Bispos farão tudo o que puderem para assegurar que haverá uma colaboração efetiva e próxima com o Ordinariato em nível diocesano e paroquial.

Finalmente, com as bênçãos e encorajamento recebidos pela visita recente do Papa Bento XVI, os Bispos Católicos da Inglaterra e de Gales resolveram continuar seu diálogo com outras Igrejas Cristãs e Comunidades Eclesiais na jornada em direção à comunhão na fé e na plenitude da unidade pela qual Cristo rezou.

Anglicanorum Coetibus

Saiu a esperada Constituição Apostólica que estabelece as normas jurídicas sobre as quais está edificado o retorno da Comunhão Anglicana Tradicional à Igreja de Nosso Senhor. Anglicanorum Coetibus é o nome do documento. Veio em “duas partes”: a constituição em si e um conjunto de normas complementares.

O original dos textos pode ser encontrado no site do Vaticano:

Apostolic Constitution Anglicanorum coetibus providing for Personal Ordinariates for Anglicans Entering into Full Communion with the Catholic Church, Benedict XVI.

Complementary Norms for the Apostolic Constitution Anglicanorum coetibus.

O pe. Clécio, do Oblatvs, fez o grande favor de traduzi-los para o português. Que a Virgem Santíssima continua a abençoá-lo. Os textos traduzidos estão disponíveis nos seguintes links:

Constituição Apostólica Anglicanorum Coetibus

Normas Complementares à Constituição Apostólica Anglicanorum Coetibus

Detalhes: o documento foi publicado hoje,  Festa da Dedicação da Basílica de São João de Latrão, “mãe e cabeça de todas as igrejas da cidade de Roma e de toda a terra”, e foi assinado “em 4 de novembro de 2009, Memória de São Carlos Borromeu”…

Vale a pena ler também: Interpretação autorizada da CA “Anglicanorum coetibus” do Padre Ghirlanda.

Poliana às avessas

“Cristo Senhor fundou uma só e única Igreja” (Unitatis Redintegratio, 1), que é “a única grei de Deus” (UR, 2). E todos devem fazer parte desta Igreja se quiserem a salvação, porque “não se poderiam salvar aqueles que, não ignorando ter sido a Igreja católica fundada por Deus, por meio de Jesus Cristo, como necessária, contudo, ou não querem entrar nela ou nela não querem perseverar” (Lumen Gentium, 14). Importa que as almas sejam salvas; importa que aquelas pessoas pelas quais Nosso Senhor derramou o Seu Divino Sangue no Calvário façam parte da Igreja por Ele fundada, fora da qual não há nem salvação e nem santidade.

A notícia da semana é sem dúvidas a volta da Comunhão Tradicional Anglicana à Igreja fundada por Nosso Senhor. Os nossos irmãos separados abandonam – finalmente! – o caminho da heresia para adentrar no caminho da salvação: sejam muitíssimo bem vindos. Estamos falando do retorno de entre 30 e 50 bispos e centenas de fiéis à Casa Paterna; estamos falando do fim de um cisma de cinco séculos! Aleluia!

A Congregação para a Doutrina da Fé emitiu uma nota (em italiano; em tradução não-oficial pelo Fratres in Unum) sobre a situação. Os “padres” anglicanos casados (as aspas são porque protestantes não têm sacramentos verdadeiros, à exceção do Batismo e do Matrimônio) serão ordenados verdadeiros sacerdotes do Deus Altíssimo, ainda que casados; os “bispos” anglicanos casados não serão ordenados bispos católicos, posto que, para o episcopado, não há exceção à disciplina do celibato – serão ordenados padres. E a supracitada nota trouxe à baila a figura jurídica mágica: Ordinariatos Pessoais.

Após a Administração Apostólica Pessoal (de Campos) e a Prelazia Pessoal (do Opus Dei), vem agora o Ordinariato Pessoal. Talvez sirva para a FSSPX, embora eu não saiba precisar a diferença entre as três figuras canônicas. Segundo a nota da CDF, a Constituição Apostólica (sobre o assunto, que deve sair nas próximas semanas) apresentará “um único modelo canônico para a Igreja universal que é adaptável a várias situações locais”. O que permanece para os que retornam? “[E]lementos do distintivo patrimônio espiritual e litúrgico Anglicano”. Provavelmente algumas orações e devoções próprias, quiçá um rito próprio; esperemos o documento assinado pelo Papa. E demos graças a Deus, pelo fim do cisma.

No entanto, o que é verdadeiramente cômico – ou trágico – é encontrar na mídia um enfoque totalmente nonsense. Não estão interessados nos bons frutos do [verdadeiro] Ecumenismo, não estão interessados no fim de um cisma de quinhentos anos, não estão interessados nos esforços feitos por Roma para acomodar os recém-chegados da melhor forma possível, não estão interessados nas mudanças do Código de Direito Canônico, não estão interessados em absolutamente nada, exceto no fato de Roma “aceitar [a] conversão de padres anglicanos casados”. Como se a Igreja fosse “negar a conversão” – seja lá o que isso signifique – de quem deseja estar cum Petro et sub Petro.

E a estupidez chega às raias do surreal quando “muitos analistas” vêm dizer que a volta dos anglicanos “aumenta expectativa de fim do celibato”. Ora, foi precisamente por não suportarem mais a babel modernista protestante que estes anglicanos retornaram à comunhão com a Igreja; voltarem-se para Roma exatamente por Roma ser “anti-progressista” – e alguns pretendem que este mesmo retorno seja a introdução do progressismo na Igreja! É incrível como eles conseguem. Poliana conseguia encontrar coisas boas até mesmo nas piores situações com as quais se deparava. Nos nossos dias, deparamo-nos por [muitas] vezes com uma espécie curiosa de Poliana às avessas: conseguem tirar coisas ruins até mesmo das melhores notícias que nos chegam.

Declaração da Arquidiocese de Miami

Fonte: Arquidiocese de Miami, 28 de Maio de 2009.

DECLARAÇÃO

de Dom John C. Favalora, Arcebispo de Miami,
sobre a Separação do Padre Alberto Cutié da Igreja Católica Romana
Miami • 28 de Maio de 2009

Sinto-me sinceramente decepcionado com o anúncio feito nesta tarde pelo Padre Alberto Cutié de que ele se une à Igreja Episcopal.

De acordo com nosso direito canônico, com esta ação, o Padre Cutié se separa a si mesmo da comunhão da Igreja Católica Romana (cânon 1364, 1) ao professar fé e morais errôneas, e recusar a submissão ao Santo Padre (cânon 751). Também se separa do exercício das ordens sagradas como sacerdote (cânones 1041 e 1044, 1), deixa de ter as faculdades da Arquidiocese de Miami para celebrar os sacramentos, e tampouco pode pregar ou ensinar sobre a fé e a moral católicas (cânon 1336, 1). Suas ações podem levá-lo a ser separado do estado clerical.

Isto significa que o Padre Cutié se destitui a si mesmo da completa comunhão com a Igreja Católica e, portanto, perde seus direitos como clérigo. Os católicos romanos não podem solicitar a administração dos sacramentos ao Padre Cutié. Qualquer tentativa de sua parte para administrar os sacramentos seria ilícita. Qualquer Missa que celebre seria válida, porém ilícita, pois não reúne os requisitos para que um católico cumpra com sua obrigação. O Padre Cutié não pode oficiar matrimônios válidos de católicos romanos na Arquidiocese de Miami, ou em qualquer outro lugar.

O Padre Cutié ainda se acha obrigado por sua promessa de viver uma vida célibe, que ele asumiu com absoluta liberdade na ordenação. Somente o Santo Padre pode dispensá-lo de tal obrigação.

Aos fiéis católicos da paróquia Saint Francis de Sales, Rádio Paz, e a toda a Arquidiocese de Miami, volto a dizer-lhes que as ações do Padre Cutié não podem ser justificadas apesar de suas boas obras como sacerdote (declaração de 5 de Maio de 2009). Isto cobra maior veracidade à luz das declarações de hoje. O Padre Cutié terá abandonado a Igreja Católica, os terá abandonado aos senhores, porém eu lhes reitero que a Igreja Católica jamais os abandonará. A Arquidiocese de Miami está aqui para os senhores.

As ações do Padre Cutié causaram grande escândalo dentro da Igreja Católica, causaram dano à Arquidiocese de Miami—especialmente a nossos sacerdotes—e criaram uma divisão dentro da comunidade ecumênica e a comunidade em geral. O anúncio do dia de hoje só intensifica tais feridas.

Quando o Padre Cutié se reuniu comigo no dia 5 de Maio, solicitou, e lhe concedi, uma licença do ministério sacerdotal. Devido a isso, ele não podia continuar como administrador da paróquia Saint Francis de Sales ou como diretor geral da Rádio Paz. Pelo bem da Igreja, e com o fim de evitar um frenesi nos meios de comunicação, optei por não lhe impor publicamente uma penalidade eclesiástica, ainda que suas ações a justificassem. Desde aquela reunião, não voltei a saber do Padre Cutié, e ele também não solicitou reunir-se comigo. Ou nunca me disse que estava considerando unir-se à Igreja Episcopal.

Também devo expressar minha sincera decepção pela maneira com que o Bispo Leo Frade, da Diocese Episcopal do Sudeste da Flórida, tratou essa situação. O Bispo Frade nunca falou comigo sobre sua posição ante tão delicado assunto, ou sobre as ações que considerava. Só ouvi dele através dos meios de comunicação locais. Isso representa um sério retrocesso nas relacões ecumênicas e a cooperação entre nós. A Arquidiocese de Miami nunca fez alarde público quando, por razões doutrinais, os sacerdotes episcopais se uniram à Igreja Católica e buscaram ser ordenados. De fato, fazê-lo violaria os principios da Igreja Católica sobre as relações ecumênicas. Lamento que o Bispo Frade não me concedesse, nem à comunidade católica, a mesma cortesia e respeito.

Durante meus quase 50 anos de sacerdócio, preguei com frequência sobre a parábola do Filho Pródigo, que na realidade deveria chamar-se a parábola do Pai Misericordioso (São Lucas, XV, 11-32). A história que nosso Senhor fez há tanto tempo, poderia ser aplicada a nossas discussões nesta tarde.

Um pai tinha dois filhos. Um deles tomou sua herança antecipadamente e deixou o lar, gastando o dinheiro como quis. O pai esperou com paciência pelo regresso de seu filho pródigo que, depois de dar-se conta do erro cometido, se arrependeu e regressou ao lar. À sua chegada, o pai o abraçou com amor e o chamou seu filho. Oro para que o Padre Cutié “se arrependa” (São Lucas XV,17) e regresse à  casa paterna. A Igreja Católica busca a conversão e a salvação dos pecadores, não sua condenação. Essa é minha posição ante o Padre Cutié.

Entretanto, não podemos esquecer que havia dois filhos na história do Senhor. O outro filho, que nunca abandonou o lar, sentiu raiva ante as boas vindas que o pai deu a seu irmão pecador. A todos os fiéis católicos lhes digo o que o pai expressou a seu segundo filho: “tú estás sempre comigo e todo o que é meu é teu; porém havia que fazer festa e alegrar-se, visto que teu irmão estava morto e voltou à vida” (São Lucas XV, 31-32).

Nesta formosa parábola, Jesus nos ensina que Deus é um pai amoroso e misericordioso. Cada um experimentou esse amor, cada um necessita desse perdão, pois todos somos pecadores. Se nosso irmão regressa ao lar, celebremos com o Pai.

Para concluir, elogio e presto homenagem aos sacerdotes da Arquidiocese de Miami, e a todos os sacerdotes que vivem e cumprem com fidelidade sua promessa do celibato. Por sua fidelidade a tal promessa, refletem com maior clareza para o mundo a Cristo cuja entrega absoluta de si mesmo ao Pai foi o amor puro e casto por seus irmãos e irmãs. Nestes tempos de tanta preocupação pelo sexo, o dom do celibato representa ainda mais um sinal do Reino de Deus de onde, como dizem as Escrituras, não há “matrimônio nem dar-se em matrimônio” (São Mateus, XXII, 30). Exorto a todos os católicos a apoiar e a orar por nossos dedicados sacerdotes.

Monsenhor John C. Favalora
Arcebispo de Miami

FONTE: Montfort.

Lula e Igreja Anglicana lado a lado

Não sei se o presidente quer “se converter” ao anglicanismo, mas certamente ele ficaria muito mais à vontade e seria muito mais coerente se fosse porta-voz do cisma de Henrique VIII.

Digo isso por causa de duas tristes notícias que têm algo em comum. Primeira: Brasil introduz agenda gay na OEA. Segunda (abaixo reproduzida conforme recebi por email): para Rowan Williams (arcebispo anglicano da Cantuária), relacionamentos gays são “comparáveis ao casamento”. Estão, portanto, o presidente petista e o cristão não-católico em perfeita sintonia, este tentado justificar teologicamente a desastrosa atuação política daquele.

Sobre a vergonha brasileira no exterior [leiam, se possível, a notícia original da C-FAM], destaco:

This is not the first time Brazil has pushed a pro-homosexual agenda at the international level.
[Esta não é a primeira vez que o Brasil propôs uma agenda pró-homossexual a nível internacional – tradução livre]

De fato. É assunto antigo – e sempre o PT. Recomendo aos interessados a preciosa cronologia do combate à castidade no Governo Lula feita pelo padre Lodi.

Sobre o desmoronamento do anglicanismo, encontra-se em tal estado de confusão o chefe da Comunhão Anglicana que ele chega ao ponto de proferir sem pudor os seguintes disparates blasfemos:

I concluded that an active sexual relationship between two people of the same sex might therefore reflect the love of God in a way comparable to marriage, if and only if it had about it the same character of absolute covenanted faithfulness.
[Eu cheguei à conclusão de que um relacionamento – com práticas sexuais – entre duas pessoas do mesmo sexo pode refletir o amor de Deus de uma forma comparável ao casamento, se e somente se ele [o relacionamento gay] tiver a sua [do casamento] mesma característica de compromisso de absoluta fidelidade – tradução livre]

Para o dr. Williams, então, a profana caricatura do ato conjugal que é a relação homossexual… reflete o amor de Deus do mesmo jeito! Como não se indignar diante de tamanha lesa-majestade divina? São Paulo escreveu que era importante até haver heresias (oportet et haereses inter vos esseEpistula I ad Corinthios 11, 19), para que os virtuosos se manifestassem; que as blasfêmias do Arcebispo da Cantuária possam, então, abrir os olhos dos bons anglicanos e fazê-los – pela intercessão de São Thomas More – retornar sem demora à verdadeira e única Igreja de Cristo.

* * *

Anexo: recebido por email.

União gay reflete amor divino, diz chefe da Igreja Anglicana

DA REDAÇÃO

Relacionamentos homossexuais podem “refletir o amor de Deus” de forma comparável ao casamento, se forem duradouros e fiéis, escreveu o arcebispo da Cantuária, Rowan Williams, 58, em cartas trocadas com um psiquiatra evangélico entre 2000 e 2001, quando ainda era arcebispo de Gales. O arcebispo da Cantuária é o líder da Igreja Anglicana.

O jornal britânico “The Times” teve acesso às cartas nesta semana, dias depois de terminada a Conferência de Lambeth -cúpula anglicana que acontece a cada dez anos. Os escritos repercutiram na imprensa britânica.

Em meio à crise sobre casamento homossexual e ordenação de mulheres e gays, a conferência foi boicotada pelo bloco, majoritariamente africano, de bispos conservadores que ameaçam rachar a Comunhão Anglicana, terceiro maior grupo cristão, com 77 milhões de fiéis.

O encontro propôs um acordo conciliatório -o que pode acontecer em cinco anos. Enquanto isso, Williams pediu que “as igrejas norte-americanas” mantenham moratória na ordenação e celebração de casamento de homossexuais.

A crise estourou em 2003, quando a Igreja Episcopal dos EUA (braço americano dos anglicanos) ordenou um bispo assumidamente gay.

Williams saíra-se bem na cúpula com a indefinição numa questão que pode levar ao maior cisma dos 450 anos de anglicanismo. Com as cartas, no entanto, sua situação pode complicar-se.

Segundo as correspondências de Williams, as proibições bíblicas referem-se apenas a heterossexuais que buscam uma “diversidade de experiências eróticas” e não às pessoas “homossexuais por natureza”. Por outro lado, o arcebispo separou a opinião enquanto teólogo da posição como líder religioso.

Williams, que antes se opunha aos homossexuais, diz ter mudado de opinião ao, como professor em Cambridge, debater nos anos 80 com estudantes que acreditavam que a Bíblia não proibisse o homossexualismo, mas a promiscuidade.

São Thomas More e os anglicanos


[Foto: apostles.com]

Nascido em Londres em 1477[78] e martirizado na mesma cidade em 6 de julho de 1535 (ver biografia), São Thomas More é um belíssimo exemplo de resistência católica ao cisma anglicano. Após ter perdido o beneplácito da coroa real inglesa por não aceitar o Ato de Supremacia que declarava ser Henrique VIII cabeça da Igreja da Inglaterra, Thomas More foi condenado à morte e decapitado; sua cabeça ficou exposta durante um mês na ponte de Londres. Em carta escrita na véspera do seu martírio, o santo dizia à sua filha:

Farewell, my dear child, and pray for me, and I shall for you and all your friends, that we may merrily meet in heaven.
[Adeus, minha querida criança, e reze por mim; e eu irei [rezar] por você e [por] todos os seus amigos, que nós poderemos nos encontrar alegremente no Céu].

Morria o homem que não vendeu a sua alma “antes das nove da manhã”, i.e., antes do horário previsto da execução. Suas últimas palavras foram:

I die the King’s good servant and God’s first.
[Morro como bom servo do Rei, mas de Deus primeiro]

Com tudo isso, entretanto, seu nome consta no calendário anglicano de santos (!!), e há uma diocese (anglicana) Thomas More no sul do Brasil. Nestes dias em que a Santa Sé estuda um pedido de “unidade corporativa” de um grupo de anglicanos, que São Thomas More, assassinado por não aceitar que os seus conterrâneos rompessem com o Vigário de Cristo no seu tempo, possa conseguir do Todo-Poderoso que – grandiosa graça! – os descendentes dos rebeldes reformistas do século XVI retornem alegremente à Igreja de Cristo no século XXI.

Sanctus Thomas Morus,
ora pro nobis!

Igreja Anglicana decide ordenar mulheres

Questiona-se Santo Tomás de Aquino, no Supplementum Tertiæ Partis da Summa, se o sexo feminino era um impedimento para a recepção do Sacramento da Ordem, e a resposta dada pelo Santo é peremptória: o sexo feminino é não só um impedimento para a licitude do Sacramento, como também para a sua validade. Entre as palavras do Doutor Angélico, merecem menção:

[I]n Extreme Unction it is necessary to have a sick man, in order to signify the need of healing. Accordingly, since it is not possible in the female sex to signify eminence of degree, for a woman is in the state of subjection, it follows that she cannot receive the sacrament of Order.
No [Sacramento da] Extrema Unção, é necessário haver um homem doente, para significar a necessidade de cura. Analogamente, como não é possível ao sexo feminino significar superioridade de grau, posto que o estado da mulher é o de sujeição, segue-se que ela não pode receber o Sacramento da Ordem (tradução livre minha).

Ou seja: no fundo, é uma questão de matéria e forma, não “internas” ao Sacramento (todo Sacramento tem matéria e forma), mas sim entre o Sacramento e “aquilo” sobre o qual o Sacramento age. Assim, o Sacramento do Batismo pode ser visto como “informante” de um ser humano não-batizado (de modo que pedras, cachorros, papagaios, cristãos (i.e., homens já batizados), etc, não podem ser [re]batizados), de tal maneira que, não havendo o ser humano não-batizado (a matéria “informada” pelo Sacramento) não há Sacramento do Batismo. O mesmo se aplica ao caso da Ordenação das Mulheres: não havendo varão batizado (a matéria que é informada pelo Sacramento da Ordem), não pode haver ordenação. Esta questão é tão séria que a Congregação para a Doutrina da Fé emitiu um Decreto recente, punindo com excomunhão latae sententiae tanto quem tentasse ordenar uma mulher quanto a mulher que tentasse ser ordenada.

Todavia, a Igreja Anglicana decidiu ontem que iria ordenar “bispas”. A decisão, polêmica, é de se lamentar; porque, a despeito das ordenações anglicanas não serem válidas mesmo nem em homens, este passo afasta os filhos da religião da Inglaterra ainda mais da Verdade, e torna ainda mais penoso o caminho de volta, que todavia precisará ser feito.

Deus não permitiria o mal se, dele, não pudesse tirar um bem ainda maior – a frase é, se não me engano, de Santo Agostinho. Algo de bom pode sair disso tudo: alguns sacerdotes ameaçavam romper com a Igreja Anglicana, caso fosse aprovada a ordenação feminina. Há rumores de que alguns bispos anglicanos tenham se encontrado com representantes do Vaticano, ontem. Ou seja: o disparate, de tão grande, funciona como “tratamento de choque” para despertar os hereges do torpor e fazê-los ver que Deus não Se encontra no cisma iniciado por Henrique VIII.

Permita Deus que eles retornem à Igreja Católica, Única Esposa de Cristo, Única Arca da Salvação, fora da qual os homens perecem como no Dilúvio. Que o Espírito Santo ilumine-lhes a inteligência, a fim de que vejam, com aquela clareza sobrenatural que a conversão exige, o erro e o estado lastimável em que se encontram. E que voltem à Igreja – seguindo os passos do Cardeal Newmann -, posto que Ela, como Mãe Amorosa, tem sempre os braços abertos para os Seus filhos que retornam feridos.

São Domingos recebeu da Virgem o rosário como arma poderosa para a conversão dos hereges. Rezemos também nós o terço, em especial nestes dias, pedindo que os anglicanos, descontentes com os descalabros da Igreja da Inglaterra, possam se converter depressa à Igreja de Cristo.