Escândalos na Igreja – Pe. Roger Landry

Judas foi sempre livre e usou sua liberdade para permitir que satanás entrasse nele e, por sua traição, terminou fazendo com que Jesus fosse crucificado e morto. Portanto, entre os primeiros doze que o próprio Jesus escolheu, um deles foi um terrível traidor. ÀS VEZES, OS ESCOLHIDOS DE DEUS TRAEM. Este é um fato que devemos assumir. É um fato que a Igreja primitiva assumiu. Se o escândalo de Judas tivesse sido a única coisa com que os membros da Igreja primitiva tivessem se preocupado, a Igreja teria acabado antes de começar. Em vez disso, a Igreja reconheceu que não se deve julgar algo (religioso) a partir daqueles que não o praticam, mas olhando para os que praticam.

[…]

Por isso, pergunto-vos novamente: Qual deve ser a resposta da Igreja a esses atos? Falaram muito a respeito na mídia. A Igreja precisa trabalhar melhor, assegurando que ninguém com inclinação para a pedofilia seja ordenado? Com certeza. Mas isto não seria suficiente. A Igreja deve atuar melhor ao tratar desses casos quando sejam notificados? A Igreja mudou a sua maneira de abordar esses casos e hoje a situação é muito melhor do que era nos anos oitenta, mas sempre pode ser aperfeiçoada. Mas ainda isso não seria suficiente. Temos que fazer mais para apoiar as vítimas desses abusos? Sim, temos que fazê-lo, por justiça e por amor! Mas tampouco isso é o adequado… A única resposta adequada a este terrível escândalo, a única resposta autenticamente católica a este escândalo – como São Francisco de Assis reconheceu em 1200, como São Francisco de Sales reconheceu em 1600 e incontáveis outros santos reconheceram em cada século – é a SANTIDADE! Toda crise que enfrenta a Igreja, toda crise que o mundo enfrenta, é uma crise de santidade. A santidade é crucial, porque é o rosto autêntico da Igreja.

Pe. Roger Landry, “Escândalos na Igreja”

Dois ligeiros comentários!

1. Dilma acaba com o monoteísmo na Igreja Católica. Também no Fratres in Unum:

DILMA – Olha, eu acredito numa força superior que a gente pode chamar de Deus. Eu acredito e… E acredito, mais do que nessa força, se ocê me permitir, acredito na força dessa deusa mulher que é Nossa Senhora.

2. Sobre o Card. Hoyos e a jurisdição da Igreja, apud Fratres in Unum:

“A Igreja é uma sociedade perfeita, gozando, portanto, das três funções de qualquer sociedade perfeita (a capacidade de legislar, a capacidade de aplicar suas leis e a capacidade de julgar segundo o seu próprio direito). Por conseguinte, o direito canônico sempre reivindicou um privilégio dos clérigos de depender da justiça canônica e não da justiça temporal. Na situação atual das relações entre  a Igreja e os Estados, este privilégio quase não é  mais aplicado. Isso significa simplesmente que, para evitar um mal maior ou favorecer um bem (como as relações harmoniosas com o Estado), a Igreja deixou de reivindicar este direito. Mas isso não impede, absolutamente, que esta isenção permaneça a regra. É isso que o Cardeal Castrillon Hoyos escreveu a Monsenhor Pican”.

Palavras de Vini Ganimara, editor do blog Osservatore Vaticano, citado na matéria de Golias contra o Cardeal Castrillón

“É arriscado escrever sobre estas coisas. Não estão na moda”

Excelente o texto do português José Manuel Fernandes, publicado no “Público” de 02 de abril de 2010. Recebi por email, e o encontrei reproduzido na íntegra no Spe Deus. Leiam lá. Só destaco:

Agora, na carta que escreveu aos cristãos irlandeses, [o Papa] não só não se limitou a pedir perdão, como definiu claramente o comportamento dos abusadores como “um crime” e não apenas como “um pecado”, ao contrário do que alguns têm escrito por Portugal. Ao aceitar a resignação do máximo responsável pela Igreja da Irlanda também deu outro importante sinal: a dureza com que o antigo responsável pela Congregação para a Doutrina da Fé passou a tratar os abusadores tem agora correspondência na dureza com que o Papa trata a hierarquia que não soube tratar do problema e pôr cobro aos crimes.

[…]

Por isso eu, que nem sou crente, fui informar-me sobre os casos e sobre a doutrina e escrevi este texto que, nos dias inflamados que correm, se arrisca a atrair muita pedrada. Ela que venha.

P.S.: o texto do António Marujo ao qual se refere o José Manuel Fernandes é este: A maior crise da Igreja Católica dos últimos 100 anos.

Buona Pasqua, Dolce Cristo in Terra!

Buona Pasqua, Padre Santo! Buona Pasqua, Dolce Cristo in terra! La Chiesa è con te!

Meu italiano não é bom o suficiente para que eu me arrisque a uma tradução completa do aúdio. Mas o vídeo é bem bonito, de modo que vale a pena vê-lo mesmo que não se entenda perfeitamente o italiano. Saiu também na VEJA.

Repito – é bonito o vídeo! O semblante cansado do Papa, as palavras ditas pelo cardeal, o sorriso do sucessor de Pedro quando ele se levanta, ao final, para cumprimentar o purpurado. “Nesta festa solene da Páscoa, a liturgia da Igreja nos convida a uma santa alegria” – começa o cardeal. E, naquela “histórica praça”, com o sol resplandecendo sobre “os nossos corações”, o cardeal Angelo Sodano chama o Papa de “sucessor de Pedro, Bispo de Roma, rocha indefectível da Santa Igreja de Cristo”, e diz que os cristãos lá estão reunidos para cantarem com ele “o aleluia da Fé e da Esperança cristãs”. Agradece pela “fortaleza de ânimo” e pela “coragem apostólica” com as quais o Papa anuncia o Evangelho de Cristo. Cita o Vaticano II – a Gaudium et Spes – e diz que toda a Igreja, por meio dele, deseja dizer-lhe “boa páscoa, amado Santo Padre. Boa Páscoa! A Igreja está com o senhor”.

“Com o senhor estamos os cardeais, seus colaborares na Cúria Romana. Com o senhor estão os irmãos bispos espalhados pelo mundo, que guiam as 3.000 circunscrições eclesiásticas do planeta. Estão particularmente com o senhor nestes dias os 400.000 sacerdotes que servem generosamente o povo de Deus, nas paróquias, nos oratórios, nas escolas, nas hospedarias, nas Forças Armadas e em numerosos outros ambientes, como os curas nas missões nas partes mais remotas do mundo. Padre Santo, está com o senhor o povo de Deus, que não se deixa impressionar com o burburinho [?] do momento”.

“No mundo haveis de ter tribulações” – lembra o Cardeal das palavras de Nosso Senhor – “mas, coragem! Eu venci o mundo!”; lembrança extremamente apropriada para o momento que hoje atravessa a Igreja. Bonito o gesto do cardeal Sodano. Faço minhas as suas palavras. Gostaria de também manifestar, publicamente, a minha completa adesão ao Vigário de Cristo.

“Santo Padre! (…) Nesta solenidade pascal, nós rezaremos pelo senhor, para que o Senhor, bom Pastor, continue a sustentá-lo na sua missão, a serviço da Igreja e do próprio mundo. Feliz Páscoa, Santo Padre! Feliz Páscoa, Doce Cristo na Terra! A Igreja está contigo!” Assim termina o purpurado. E nós, rezemos pelo Papa. Para que o Senhor o possa guardar e fortalecer, e lhe dar felicidade na terra, e não o entregar nas mãos de seus inimigos. Feliz Páscoa, Doce Cristo na terra!

Padres pedófilos: um pânico moral – por Massimo Introvigne

“Portanto, ao longo de cinqüenta e dois anos, os sacerdotes acusados de pedofilia nos EUA são 958, dezoito por ano. As condenações foram 54, pouco mais de uma por ano”.

“O assim chamado Relatório Ryan de 2009 (…) reporta, no período que investiga, a partir de um universo de 25.000 alunos de escolas, reformatórios e orfanatos [na Irlanda], 253 acusações de abusos sexuais de meninos e 128 de meninas, nem todos atribuídos a sacerdotes, religiosos ou religiosas, de diversa natureza e gravidade, raramente referidos a menores impúberes e que, ainda mais raramente, levaram a condenações”.

“Segundo os estudos de Jenkins, se se compara a Igreja Católica dos EUA às principais denominações protestantes se descobre que a presença de pedófilos é – dependendo das denominações – de duas a dez vezes mais alta entre os pastores protestantes do que entre padres católicos”.

Leia o texto completo aqui.

Segundo os estudos de Jenkins, se se compara a Igreja Católica dos EUA às principais denominações protestantes se descobre que a presença de pedófilos é – dependendo das protestantes se descobre que a presença de pedófilos é – dependendo das

O discurso do óbvio

Papa não vai renunciar, diz cardeal britânico. Mas é claro. Por acaso passou pela cabeça de alguém que o Vigário de Cristo renunciaria? Por causa – como diz a reportagem – de pressão de ativistas?

Que “ativistas” anônimos são esses? Provavelmente nem à Igreja pertencem. Por qual motivo um bando de fulanos se julga no direito de “pressionar” a Igreja Católica para que Ela faça ou deixe de fazer o que quer que seja?

E ainda esperar resultados! A ponto de um cardeal arcebispo precisar dizer que o Papa não vai renunciar, e isto virar manchete! Definitivamente, o mundo não entende a Igreja de Nosso Senhor. E nem é novidade: há um ano, “impunha-se” a “demissão” de Bento XVI. Também a cabeça de João Paulo II foi pedida – também queriam que o Papa anterior renunciasse.

Como se a Igreja fosse uma democracia que existe para agradar o mundo. Como se Ela fosse compartilhar da loucura dos tempos modernos. Talvez o ódio que os anti-clericais têm da Igreja seja uma espécie de inveja: ao verem a Casa construída sobre a Rocha resistir a todas as intempéries, ao longo dos séculos, enquanto eles próprios esfacelam-se a todo instante. Querem medir a Igreja por sua própria concepção distorcida do mundo, e irritam-se quando Ela Se recusa a comportar-Se segundo os modelos ora vigentes.

E esbravejam, e caluniam, e armam ciladas para os católicos, e conspiram contra o Papa, e insuflam a opinião pública contra a Igreja. Mas non praevalebunt – é promessa de Nosso Senhor, da qual a História dá eloqüente testemunho. Esta não é a primeira vez que um Papa é perseguido, e não será a última. Mas a Igreja permanecerá de pé, até a consumação dos séculos.

Diversas, sobre o Plano Nacional de Direitos Humanos

– PNDH-3: Coisa de Maluco. “Na juventude, o secretário Vannuchi tentou transformar o Brasil em uma ditadura comunista por meio da guerrilha – ele foi militante da Ação Libertadora Nacional (ALN), organização terrorista esquerdista. Agora, no crepúsculo da vida, tenta fazê-lo à base de canetadas”.

– Só contextualizando: o senhor presidente da República “recuou” na defesa escancarada do aborto que o famigerado PNDH-3 fazia. “Na nova redação, será suprimida a parte que fala da autonomia, pois caracteriza apoio à decisão íntima de interromper a gestação, mas não é a posição do governo e de Lula”. Recuou? Sei…

– Sobre o mesmo assunto: Afinal, quantas divisões tem a imprensa? “A questão do aborto nada tem a ver com a posição da Igreja Católica, como querem alguns tontos. (…) A fama de ‘governo aborteiro’ em ano eleitoral não é conveniente. A maioria da população brasileira é contrária à descriminação do aborto. E só! Lula não quer mudar mais nada”.

– Aliás, segundo afirma o Puggina (via Mídia Sem Máscara), o Reinaldo foi o primeiro a ler o programa inteiro. E ele fez o mesmo. “Agora, Paulo Vannuchi brinda-nos com algo infinitamente mais pretensioso. Quer desfigurar a democracia representativa, o poder judiciário, o direito de propriedade, a religiosidade popular, a cultura nacional, a família e a liberdade de imprensa. Numa tacada, pretende liberar o aborto, mudar para pior o Estatuto do Índio, autorizar a adoção de filhos por casais homossexuais, valorizar a prostituição e se intrometer em temas que vão da transgenia à nanotecnologia e do financiamento público das campanhas eleitorais à taxação de grandes fortunas”.

– E ainda o Kotscho, que é “católico praticante, batizado, crismado e formado em escola de padres”, mas apóia o aborto: “O que não dá para entender é qual a motivação do governo para comprar tantas brigas com cachorro grande ao mesmo tempo, justamente na abertura de um ano eleitoral, já na reta final do segundo mandato, depois de fechar 2009 navegando num mar de almirante, com o presidente Lula batendo recordes de popularidade e sua candidata, Dilma Roussef, subindo nas pesquisas” (Militares, Igreja e Impernsa contra projeto de direitos humanos).

– No entanto, defensores dos Direitos Humanos se opõem a modificações no programa: “A possibilidade de mudança na redação do terceiro Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH 3) para apaziguar setores do governo federal é mal vista por ativistas defensores dos direitos humanos, por políticos perseguidos e parentes de desaparecidos na época da ditadura militar (1964-1985)”.

– E os trezentos convocaram os “companheiros queridos” para uma manifestação, hoje, em defesa do PNDH-3. Num texto de não-sei-quem que foi lá citado: “se a direita – encabeçada pela Igreja, Ruralistas, Milicos, PIG e pelo que há de mais detestável no país – não gostou [do Programa], é porque o projeto é excelente”. Maravilha, não?

Só para constar

Gays britânicos planejam protestar contra papa Bento XVI. “O grupo diz que não concorda com as políticas do papa, argumentando que a Igreja Católica prega a discriminação contra os homossexuais”.

Todo mundo sabe o que a Igreja prega sobre o assunto. Basta abrir um catecismo: “Um número considerável de homens e de mulheres apresenta tendências homossexuais profundamente radicadas. Esta propensão, objectivamente desordenada, constitui, para a maior parte deles, uma provação. Devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á, em relação a eles, qualquer sinal de discriminação injusta” (CIC 2358).

Agora, a Igreja diz também que “a Tradição sempre declarou que «os actos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados». São contrários à lei natural, fecham o acto sexual ao dom da vida, não procedem duma verdadeira complementaridade afectiva sexual, não podem, em caso algum, ser aprovados” (CIC 2357). Se, para a novilíngua gay, isso for “discriminação”, aí são outros quinhentos. Mas, até onde conste, a Igreja está no Seu direito ao pregar a Sua doutrina moral – ou acaso todo mundo é obrigado a dizer que os atos homossexuais são lindos e maravilhosos?

Já o disse alhures: com a catolicofobia, ninguém parece se importar…

* * *

– Exegesicídio ubíquo: conforme recebi por email, em uma certa Arquidiocese, o comentário sobre o Evangelho dizia que, “[n]o Evangelho de hoje, Jesus nos ensina que ninguém tem o monopólio da verdade”. Alguém respondeu que, na Liturgia Diária da Paulus, estava escrito que “a páscoa de Jesus se realiza nos grupos de pessoas que, independemente de credos, se doam em favor dos pequenos e procuram realizar o bem em meio a sociedade”. Outro disse que O Domingo (do qual me livrei hoje assistindo à missa na forma extraordinária do Rito Romano) “[d]izia que Jesus não está preso a nenhuma instituição, que nenhuma igreja é maior que a outra… na oração da assembléia dizia ‘pelos que, independente de religião, ajudam no projeto de Jesus’…”.

Qual o Evangelho? Mc 9,38-43.45.47-48. Difícil, mas não justifica a má explanação dada por aqueles que deveriam abrir o sentido das Sagradas Escrituras ao povo fiel, ao invés de apresentar heresias. Afinal de contas, bastaria abrir a Catena Aurea. E ler Santo Agostinho: el hombre que hacía milagros en nombre de Cristo y no era de la compañía de los discípulos, estaba con ellos y no contra ellos en tanto que hacía los milagros, y no estaba con ellos y sí en su contra cuando no se unía a ellos. Pero como le prohibieron que hiciera aquello por lo cual estaba con ellos, les dijo el Señor: “No hay para qué prohibírselo”. Lo que debieron prohibirle fue lo que no era de su compañía, porque así le hubieran exhortado a la unidad de la Iglesia, y no aquélla en que estaba con ellos, a saber, la honra que daba a su Señor y maestro expulsando a los demonios. Así es como obra la Iglesia católica, no reprobando en los herejes lo que tienen de común con ella, sino lo que de ella les separa, o bien alguna doctrina que sea contraria a la paz y a la verdad, en lo cual están contra nosotros.

Rezemos pelo clero, neste ano sacerdotal. Para que sejam pastores. Bons pastores.

P.S.: O Acarajé Conservador também comentou.

A soteriologia e o apostolado

Um dos mais graves sintomas da crise que assola a Igreja nos dias de hoje é, no meu parecer, a relativização com a qual é tratado o dogma Extra Ecclesiam Nulla Salus. Como eu comentei aqui bem en passant, há a possibilidade do Batismo de Desejo e da Ignorância Invencível para a salvação dos não-católicos; mas possibilidade não é presunção nem certeza e – eu diria ainda – não é nem esperança no mesmo sentido em que o termo é aplicado a um falecido católico.

Do jeito que algumas pessoas colocam as coisas, chega a parecer até que é mais fácil salvar-se fora da Igreja do que dentro d’Ela! Despreza-se, por um lado, a necessidade absoluta da Graça para a salvação (isso vale inclusive para os que pertencem in voto à Igreja) e, por outro, a natureza humana decaída e a inclinação para o mal que todos os homens possuem. Como se o homem pudesse obter a Graça sozinho (o que é heresia), ou como se Deus conferisse de ordinário a Graça por meios que não os que Ele instituiu para este fim (o que não sei se é heresia, mas é no mínimo uma proposição muitíssimo estranha ao ensino tradicional da Igreja, à qual não se pode aderir levianamente).

Este tipo de mentalidade encontra-se também no otimismo com o qual as pessoas vêem às vezes os não-católicos. Ora, nem mesmo o católico que vive de ordinário em estado de graça, que freqüenta os Sacramentos, que reza, nem este está imune à fragilidade humana e sempre pode cair – e muitas vezes cai! – em desgraça e em pecado mortal; quanto mais não cairão aqueles que não têm os meios ordinários instituídos por Nosso Senhor para a manutenção da vida espiritual, e vivem sujeitos (por melhores que sejam as suas intenções) às vicissitudes da natureza decaída! Têm os não-católicos uma natureza humana melhor do que a dos católicos? Pecam eles menos do que os católicos? Obtêm eles mais facilmente do que os católicos uma contrição perfeita para serem perdoados pelo Altíssimo quando pecam? Por qual motivo, então, são tratados como se estivessem muito bem do jeito que estão, e como se não precisassem urgentemente de tudo aquilo que a Igreja tem para lhes oferecer?

A Teologia nos ensina que é possível – registro e sublinho, possível – ao homem salvar-se pertencendo “à alma” da Igreja caso não seja culpado de estar fora do Seu grêmio visível. Isso é uma coisa. Mas existem duas outras coisas muito relevantes que não podem ser negligenciadas. Primeiro: será que Fulano, uma alma concreta por quem Nosso Senhor derramou o Seu Divino Sangue na Cruz do Calvário, não é culpado por estar fora da Igreja? Não sabemos; mas quem, em sã consciência, iria arriscar num assunto de tão grande gravidade? Segundo: Fulano tem maiores possibilidades de se salvar pertencendo à Igreja in voto ou sendo bom católico e usufruindo dos meios de santificação que a Igreja tem para oferecer?

O arcabouço intelectual não é suficiente – de modo algum! – para nos tranqüilizar quanto à salvação dos que não militam pela Igreja de Nosso Senhor. Não basta saber que existe a “possibilidade” de que se salvem; é necessário se esforçar para que eles se salvem concretamente. É necessário ter uma correta compreensão da Doutrina da Igreja e um verdadeiro amor pelas almas, a fim de que o apostolado seja profícuo. Não nos esqueçamos de que Nosso Senhor nos disse que o caminho era estreito. Não podemos concebê-lo tão largo a ponto de considerarmos de pouca monta a visibilidade da Igreja de Nosso Senhor.