A Igreja é Una acima do tempo e do espaço

[A] comunhão dos santos vai além da vida terrena, vai além da morte e dura para sempre. Esta união entre nós vai além e continua na outra vida; é uma união espiritual que nasce do Batismo e não vem separada da morte, mas, graças a Cristo ressuscitado, é destinada a encontrar a sua plenitude na vida eterna. Há um vínculo profundo e indissolúvel entre quantos são ainda peregrinos neste mundo – entre nós – e aqueles que atravessaram o limiar da morte para entrar na eternidade. Todos os batizados aqui na terra, as almas do Purgatório e todos os beatos que estão já no Paraíso formam uma só grande família. Esta comunhão entre terra e céu se realiza especialmente na oração de intercessão.

Papa Francisco, catequese de 30 de outubro de 2013

Há três grandes festas litúrgicas tradicionalmente [p.s.: no Calendário Tradicional] celebradas juntas. No último domingo de Outubro, celebra-se a festividade de Cristo Rei; no dia primeiro de novembro, a Solenidade de Todos os Santos; por fim, no dia 02 de novembro, o dia dos Fiéis Defuntos.

Estas festas litúrgicas exprimem a Fé na «comunhão dos santos» que professamos no Credo; exprimem-na de uma maneira bastante eloqüente, por conta da ênfase a cada uma das “partes” da Igreja empregada em cada um desses dias sucessivos. Celebramos a Festa de Cristo-Rei do Universo e, nela, vemos a Igreja Militante na sua peregrinação histórica rumo a Nosso Senhor. Celebramos a Solenidade de Todos os Santos e contemplamos a Igreja Triunfante em todo o seu esplendor, na sua plena realização à qual os filhos de Deus somos chamados. E celebramos os Finados tendo diante dos olhos a Igreja Padecente, as almas dos fiéis no Purgatório que anseiam por se livrar de suas penas para ascender o quanto antes ao Trono do Todo-Poderoso.

E a Igreja é Una acima do tempo e do espaço. Estas três partes da Igreja perfazem todas a única Igreja de Cristo. Estamos unidos aos fiéis católicos espalhados por todo o mundo que, junto conosco, caminham no claro-escuro da Fé por este Vale de Lágrimas aguardando a Páscoa definitiva. Estamos unidos àqueles que nos precederam e, nas chamas do Purgatório, consomem-se na purificação derradeira para que possam enfim chegar à Cidade Santa: as nossas orações lhes servem de sufrágio e são úteis para lhes aliviar as penas. E estamos unidos aos santos e santas de Deus, àqueles que já cumpriram a sua parte na terra (ou no Purgatório) e já receberam a Coroa da Vitória e, do alto dos Céus, diante do Trono de Deus, intercedem incessantemente pela nossa salvação, a fim de que possamos nos unir a eles no canto de louvor definitivo da Eternidade.

Mas já estamos todos juntos, como canta uma antiga canção popular de Offertorium: «amigos e parentes, vivos e defuntos, em torno desta Mesa estamos sempre juntos». Estamos todos juntos e é esta a beleza da Comunhão dos Santos: o Corpo de Cristo não conhece as fronteiras dos países e das nações e – mais ainda! – não conhece os limites do tempo, de tal modo que nem a Morte é capaz de Lhe conter! A Igreja perpassa toda a História e, a cada instante, se estamos na Igreja, então nós estamos na História inteira, do primeiro ao derradeiro homem de qualquer recanto do mundo, e nenhum dele nos é estranho. Em Cristo nós somos irmãos, e seria muito provincialismo de nossa parte acharmos que isto se refere somente ao nosso diretor espiritual ou ao amigo junto a quem assistimos Missa aos domingos. O alcance universal – Catholicus – da Igreja supera em muito as possibilidades humanas. Há muito mais diversidade e riqueza na Igreja Católica do que em todos os seus opositores somados.

E olhar para a communio sanctorum é colocar tudo em perspectiva: é ver como o mundo é pequeno e fútil, e como são grandiosas as coisas que Deus tem reservadas para os que O amam. Alguém disse certa feita que quem já viu o Oceano não se espanta mais com os lagos: do mesmo modo, para quem já contemplou a extensão do Corpo de Cristo, tudo o mais não passa de palha e o mundo inteiro é um cubículo entediante, fora do qual é onde está a vida que realmente vale a pena ser vivida.

É grandiosa a Igreja de Cristo! Não a troquemos pelas mesquinharias do mundo. Militemos com valentia nesta terra, unidos às dores dos que padecem no além-túmulo, a fim de chegarmos gloriosamente ao Dia sem ocaso para o qual Cristo nos resgatou na Cruz do Calvário. A fim de que nós, que ingressamos na Igreja pelo Batismo, possamos continuar n’Ela até o fim. Até a sua realização derradeira. Até a Glória, onde Ela é plenamente aquilo que Nosso Senhor A fez para ser.

A JMJ e as feridas da Igreja Militante

Certo comentarista veio aqui no blog unicamente para chamar a JMJ de “antro de perdição”, fazendo referência a esta postagem de um outro blog que traz algumas imagens, concedamos, impudentes e imprudentes do evento ocorrido em Madrid em 2011. Contra isto eu faço questão de responder antes de qualquer outra coisa: antros de perdição são certos ambientes virtuais ditos católicos, ora bolas!

Estive em Madrid em 2011 e, portanto, falo daquilo que eu vi. E o testemunho de valor e coragem que eu vi aqueles milhões de jovens darem ao mundo não se mede pelo comprimento das roupas que usavam no sufocante verão espanhol. Aliás, é preciso estar totalmente alienado da realidade para jogar fora um evento católico das proporções da JMJ por conta de meia dúzia de fotos mal-comportadas, e isso por si só testemunha o quanto faz mal certo tradicionalismo imbecil de internet e o quanto é fundamental que se afastem dele aqueles que se preocupam com a saúde da própria alma!

Estando às vésperas da Jornada do Rio de Janeiro, há não muito escrevi aqui a minha admiração por esse evento católico. E mantenho tudo o que disse: «não consigo deixar de ver essas tentativas de acabar com a credibilidade da Jornada (…) como um levante orquestrado das forças do Inferno contra um evento católico que está dando frutos para a glória de Deus e a salvação das almas». À época, eu falava dos que queriam introduzir na JMJ elementos estranhos ao Catolicismo, mas isso se aplica também a estes – mesmo católicos – que, munidos de uma visão parcial e preconceituosa do que seja o evento, ao invés de rezarem pelo bom êxito da iminente vinda do Papa ao Brasil preferem empregar o seu tempo em denegrir a Jornada Mundial da Juventude.

Os jovens que vão à Jornada não são o exército impoluto de paladinos em armadura cintilante desfilando solenemente n’alguma festividade comemorativa dos áureos tempos da Cristandade. É óbvio que eles não são e aliás nem se propõem a sê-lo. Ao contrário, são justamente os pecadores confusos destes tempos desgraçados em que vivemos, e é precisamente isto que faz com que a ação divina na JMJ resplandeça com tanta clareza que é preciso ser cego para não ver.

Reproduzo abaixo a foto que coloquei aqui em 2011, em um relato sobre a JMJ de Madrid ao qual remeto quem quiser uma segunda opinião sobre o evento, bem diferente desses vaticínios pessimistas dos neo-fariseus virtuais. A foto retrata, como falei então, um embate verdadeiro e concreto, físico até, entre inimigos da Cruz de Cristo e peregrinos da JMJ. E não se trata de um fato isolado, muito pelo contrário: coisas assim foram de uma monótona regularidade ao longo de todos aqueles dias. Na Espanha, respirava-se este clima de tensão.

Miles de personas demandan un estado laico ante la visita papal

Eu não vou nem perguntar onde é que estavam os “cruzados virtuais” (*) enquanto os jovens católicos da JMJ recebiam agressões de verdade em ruas de verdade; nem vou questionar onde se encarna melhor o espírito cruzado católico, se na menina que resiste em público a evidentes demonstrações de odium Fidei ou na blogosfera que se compraz em divulgar imagens desabonadoras de outrem. Seria até covardia fazer tais comparações. Vou somente apontar para um pequeno “detalhe” que certas pessoas – na sua ânsia paranóica por roupas curtas a denunciar – não conseguem ver:

Que um católico experiente e exercitado na prática das virtudes suporte perseguições e dê testemunho público de Cristo é coisa esperada e bem lógica até. Que o façam jovens moral e doutrinariamente confusos, é coisa inaudita que exige uma explicação. Que palavras de amor ao Papa saiam dos lábios piedosos de católicos de alma pura é natural; que brotem do coração de jovens imodestas é que é desconcertante. Que dê admiráveis mostras de Fortaleza quem medita diariamente o Sermão da Montanha é coisa banal e simples; que sejam dignos da última Bem-Aventurança (**) jovens que provavelmente não seriam sequer capazes de citá-la corretamente é fato assombroso. Que façam guerra ao mundo, a Satanás e à carne os membros das Ordens de Cavalaria católicas é a ordem natural das coisas; que lute e vença cruzadas o catolicismo medíocre é que é extraordinário.

Não há nada de excepcional nos jovens que vão à JMJ, e é precisamente nisso que reside a excepcionalidade do evento. É provável que os peregrinos católicos não sejam moralmente muito melhores do que os jovens “do mundo” junto aos quais vivem, e é justamente nesta desproporção entre as suas virtudes humanas habituais e o testemunho de Fé que naqueles dias conseguem dar que a mão de Deus se faz evidente, quase palpável. Malgrado os seus muitos defeitos, a maior parte daqueles jovens tinha algum amor à Igreja (e os que não tinham, facilmente se deixavam contagiar pelos demais), imperfeito sem dúvidas (***), mas – e isto é o importante – que Deus não rejeita se Lhe é entregue com pureza de intenção. E, por mais difícil que isso seja de entender, é fato que Deus consegue fazer maravilhas com qualquer coisa (por pequena que seja!) que Lhe ofertemos.

Aqueles jovens que estavam em Madrid estavam longe de serem perfeitos – eu sei, eu vi! Mas há mais catolicismo nas ruas espanhóis apinhadas de peregrinos do que nas amargas rodas de internet que parecem viver de espalhar o desânimo (se justo ou injusto tanto faz). Os murmuradores não suportam o cheiro purulento das feridas da Igreja Militante, mas se esquecem de que Deus faz mais com um leproso que vai à guerra do que com um batalhão de homens saudáveis que prefere ficar jogando conversa fora nos salões palacianos.

* * *

(*) Que adoram xingar muito nas redes sociais a lastimável situação da Igreja, rasgando as vestes e deplorando o miserável estado do catolicismo contemporâneo confortavelmente sentados em casa.

(**) Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim (Mt V 11).

(***) E mesmo assim muito acima da média: nenhum peregrino foi lá fazer campanha pelo aborto ou pela liberação da camisinha, por exemplo.

É, senhores bispos, está difícil segurar o rojão…

Não basta o avanço do ateísmo; não é suficiente o laicismo proselitista que sufoca o Brasil. Não basta a militância pró-aborto, não chega o gayzismo desenfreado, não é o bastante a erotização da sociedade. Não chega o avanço das seitas, não bastam os protestantes vomitando impropérios contra a Igreja, não é suficiente o espiritismo esvaziando a mensagem cristã de sua essência. Não é o bastante a destruição da Família, a desmoralização da Igreja, o apodrecimento da civilização, a troca de valores morais multisseculares pelas depravações da moda. Não chega nem mesmo a luta quotidiana que cada um de nós precisa travar pela própria santificação; parece que nós estamos profundamente relaxados, porque a CNBB – ah, a CNBB! – resolveu mais uma vez dar uma força aos inimigos de Cristo e munir-lhes de razões para zombar dos católicos.

O tal “Credo da Juventude” que o Fratres publicou é um deboche, e as reações a ele (p.ex. aqui e aqui) eram extremamente previsíveis e quase dá vontade de dizer que é bem empregado. Depois a CNBB vem questionar a evasão de católicos; ora, o que se pode esperar desse catolicismo de débeis mentais divulgado nos textos da Conferência?

Eu li o “Caminhando para a JMJ 2013”. Antes de continuar, um pequeno parêntese: apóio com muito entusiasmo a Jornada Mundial da Juventude sim, mas não as patacoadas da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. O que eu defendo aqui no Deus lo Vult! é a seriedade da JMJ, e não da CNBB. As idiotices que a Conferência faz, portanto, nada têm a ver com a essência da Jornada: ao contrário, são somente (mais!) tentativas de expôr o Catolicismo ao ridículo e à irrelevância – ou seja, é o contrário mesmo do que objetiva a JMJ.

Voltemos. Eu li aquele “Subsídio para Adultos” da CNBB. O pior é que o livreto tem os seus méritos. A seção de “Perguntas e Respostas”, p.ex., nas páginas 15-25, é bastante útil e está bem feita. O esquema proposto para os encontros, com o seu “Texto Bíblico”, “Meditação”, “Orientações para preces” e “Contemplação”, segue as linhas mestras da Lectio Divina: lectio, meditatio, oratio e contemplatio. Portanto, há atividade intelectual católica por trás do material, os responsáveis por ele eram capazes de fazer um trabalho bem feito. O que só torna os erros mais graves.

A obra de arte em questão está lá na página 31, como “Oração Final” proposta para um dos encontros. Não bastasse a irritante e estúpida insistência no emprego dos dois gêneros – é um “o jovem e a jovem” pra lá, “todo jovem e toda jovem” pra cá – e não fosse suficiente o nonsense teológico que é confundir admiração com profissão de Fé e apresentar características louváveis da juventude como objeto de um “Credo”, o texto é patético nas palavras que escolhe, nas imagens que evoca, nas situações que apresenta! Francamente, a “rapaziada (…) que segura o rojão”, os jovens que “sabem dizer sim e também dizer não”, a crença em que “todos e todas seremos irmãos e irmãs” (argh!), o “Deus Pai e Mãe, Libertador”… gente, o que é isso, é uma redação de aluno de segunda série? O que pretendem os senhores bispos com a apresentação desse cristianismo retardado, alguém pode me explicar?

Isso é uma palhaçada. Propôr uma babaquice dessa magnitude para adultos rezarem (!) é escarnecer da Fé Católica, é debochar do Cristianismo, é zombar da Igreja de Cristo e voltar a crucificar Nosso Senhor. A Fé é coisa séria e portanto a sua transmissão só pode ser feita com seriedade, é evidente, e não por meio desses textos ridículos que tratam os seus leitores como debilóides.

Parece-me óbvio que o mais provável é que tenha vergonha de ser católico uma pessoa normal que seja apresenta a uma “oração” desse nível. E como a CNBB espera convencer alguém a ser católico expondo-o ao ridículo e à zombaria? Como ela espera que a Fé seja levada a sério se a apresenta de modo tão imbecil? Como espera tornar a Igreja relevante no mundo moderno oferecendo razões para debocharem d’Ela?

Como se não bastasse tudo o que nós temos que fazer, ainda precisamos ser ridicularizados assim por aqueles que deviam defender e guardar a Fé! É, senhores bispos, muito obrigado pelo favor! Vou lhes dizer: está difícil segurar esse rojão. Que Deus nos ajude! Porque no que depender desses textos nós estamos muito mal na fita.

P.S.: A inspiração do texto:

Deus lo Vult! Ano IV

Aux armes! Assim comecei três anos atrás. Com o desejo de fazer alguma coisa em favor do Deus Altíssimo e da Santa Igreja Católica e Apostólica. Com o desejo de colocar, ainda que de forma mesquinha, os meus dons a serviço de Cristo. Um pouco que fosse, para que – talvez… – o Deus que é Misericordioso olhasse para mim, pecador miserável, com um pouco mais de complacência. Com mais misericórdia do que eu mereço.

Eu comecei três anos atrás com uma clara consciência: é preciso lutar porque “as coisas não se resolvem sozinhas”. E o combate é imperativo porque, se não o travarmos, não haverá ninguém para o travar por nós. É o papel que a nós compete, quer gostemos, quer não. Esta é a natureza da Igreja Militante, esta é a nossa vocação enquanto soldados de Cristo assim feitos pela Crisma. E o Deus lo Vult! é este espaço de apologética virtual, aberto, exatamente para que possa tornar presente aqui na internet uma faceta deste combate ao qual todos somos chamados.

E devemos lutar porque esta é a nossa vocação. Satanás não dorme e as investidas dos inimigos da Santa Igreja não arrefecem: importa oferecer-lhes resistência. De peito aberto, dando “a cara a tapa”, nas brechas das muralhas da Igreja, para que todos vejam: porque, se nos envergonharmos de Cristo diante dos homens, Ele Se envergonhará de nós diante do Pai. E estas palavras são muito sérias para serem tomadas de modo leviano; para que continuemos a viver despreocupadamente. Devemos lutar porque nós temos uma dívida infinita de gratidão para com o Deus Altíssimo, e somos mesquinhos em a retribuir. Devemos lutar, porque nós temos um papel assinalado especificamente para nós pelo Onipotente – e já estamos muito atrasados em o desempenhar.

Aux armes! É 0 Senhor dos Exércitos quem chama. A batalha não está por começar: ela já está ocorrendo e devemos dela tomar parte, o quanto antes. Sem medo e sem respeito humano: desfraldando bem alto as bandeiras de Cristo e da Virgem Santíssima, para que todos as vejam, e vejam que somos católicos. Desde já! Se desperdiçamos muito nosso tempo, é tempo de o empregarmos melhor. Se fomos covardes, é tempo de vender a capa para comprar uma espada (Lc XXII, 36) e ingressar na luta. Se caímos e nos ferimos, é tempo de enxugar as lágrimas e, tirando a poeira do rosto, voltar ao campo de batalha. É tempo de servir e amar a Deus, que espera de nós que O amemos e sirvamos.

E agradeço, mais uma vez, a todos aqueles que, de um modo ou de outro, prestigiam esta arena virtual. Este é o 1639º post do blog, e temos mais de 27.000 comentários. Ao longo do último ano, tivemos em média 20.000 visitantes por mês; e o número de Page Views é bem maior, da ordem de uns 1200 por dia. 323 pessoas estão inscritas pelo Google Friend Connect. 215 estão cadastradas no Feedburner, a maior parte delas (quase 80%) recebendo atualizações por email. Temos visitantes de todas as partes do mundo. O Deus lo Vult!, embora seja indiscutivelmente bem menor do que deveria, é maior do que eu esperava há três anos e sem dúvidas é bem maior do que eu o mereço. E, isto, são os leitores que fazem: obrigado, mais uma vez.

À Virgem Santíssima, Ianua Coeli, renovo o oferecimento: que seja para cantar as Tuas glórias, ó Virgem Imaculada, este espaço virtual. Totus tuus ego sum, et omnia mea tua sunt. Que a magnificência de uma Senhora tão excelsa possa suprir a indignidade deste instrumento. Agradeço-Vos por cada vitória, por pequena que seja, aqui alcançada: pois são graças que recebo de Vossas mãos. Pelas falhas e defeitos, muitos e graves, eu peço perdão: estes são por minha culpa.

Ano IV… até que eu fui bem longe! Penso em algumas novidades, as quais não vou expôr agora. Elas virão! E peço-vos que rezem por mim, pecador miserável e indigno cruzado, para que eu seja um pouco menos ruim. Para que eu não oponha tanta resistência à ação de Deus na minha vida. Para que a Virgem Maria, Mãe de Deus, recorde-Se de falar na presença d’Ele coisas boas a meu respeito.

E que venha o quarto ano!

Todos los que militais

[Dia de Santa Teresa de Jesus; Santa Teresa de Ávila! Lá estive, no ano passado, e lembrei-me hoje da bonita cidade. Ávila, de cavaleiros e de santos; um brasão de Castilla y León adquirido na cidade, com duas espadas entrecruzadas, adorna ainda hoje a parede do meu quarto. Desde que pus os olhos sobre as muralhas de Ávila, ela me pareceu uma figura excelente da Igreja Militante. Com muralhas e catedrais, conventos carmelitas e espadas. Com Santa Teresa e São João da Cruz.

A poesia abaixo é de Santa Teresa, e está imbuída desta – tão sadia, tão realista e tão necessária! – compreensão do que significa Igreja Militante. Da grande honra que é sermos soldados de Cristo. Da importância capital de nosso Bom Combate nesta terra.]

Todos los que militais

Fonte: Scribd

Todos los que militáis
debajo desta bandera,
ya no durmáis, ya no durmáis,
pues que no hay paz en la tierra.

Y como capitán fuerte
quiso nuestro Dios morir,
comencémosle a seguir,
pues que le dimos la muerte.

¡Oh, qué venturosa suerte
se le siguió desta guerra!
Ya no durmáis, ya no durmáis,
pues Dios falta de la tierra.

Con grande contentamiento
se ofrece a morir en cruz,
por datos a todos luz
con su grande sufrimiento.

¡Oh glorioso vencimiento!
¡Oh dichosa aquesta guerra!
Ya no durmáis, ya no durmáis,
pues Dios falta de la tierra.

No haya ningún cobarde,
aventuremos la vida,
que no hay quien mejor la guarde
que el que la da por perdida.

Pues Jesús es nuestra guía,
y el premio de aquesta guerra;
ya no durmáis, ya no durmáis,
porque no hay paz en la tierra.

Ofrezcámonos de veras
a morir por Cristo todas.
Y en las celestiales bodas
estaremos placenteras;

sigamos estas banderas,
pues Cristo va en delantera,
no hay que temer, no durmáis,
porque no hay paz en la tierra.