Igreja Nova x Igreja Católica

Eu acho que já falei aqui algumas vezes do jornal “Igreja Nova”, lixo recifense pretensamente católico que envergonha esta Veneza Brasileira. Para o meu imenso desprazer, uma amiga daqui me avisou hoje que eles produziram uma nova edição do jornaleco herético, que foi distribuído nas portas das paróquias (não sei quais, ela não me disse) e que ela conseguiu digitalizado. Ei-lo abaixo: cliquem em cada uma das páginas para ampliar.

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Simplesmente ridículo. “Seja bem vindo Dom Fernando, animador do modelo de Igreja do Vaticano II e discípulo de Dom Hélder. (…) Temos certeza que podemos anunciar com alegria que o desmonte acabou. Agora é tempo de reconstruir!” (p.1). “Nada temos contra o cidadão caruaruense, católico fervoroso, frade carmelita e especialista em Direito Canônico, José Cardoso Sobrinho. […] Foi a sua falta de vocação para Pastor que o levou a denunciar o padre Edwaldo Gomes aos tribunais da Cúria Romana, pela presença de um irmão anglicano na concelebração eucarística em ação de graças pelos 50 anos de sacerdócio, e a anunciar a excomunhão dos componentes da equipe médica que salvou a vida de uma menina vítima de estupro” (p. 2). Acaso quem escreve este tipo de lixo ainda pode se pretender católico? Nem há necessidade de refutar os textos; eles se refutam por si sós.

Reafirmo, no entanto, o que já disse aqui em outra oportunidade: estão claramente tentando manipular a imagem do novo Arcebispo de Olinda e Recife para que ele seja apresentado ao público como uma espécie de “anti-Dom-José-Cardoso”, paladino de uma “igreja nova” inventada pelos hereges modernos que é em tudo diferente d’Aquela fundada por Nosso Senhor. E, isso, nós não aceitaremos. A Igreja de Cristo é Aquela que foi fundada sobre Pedro e, enquanto o pastor que ocupar a Cátedra de Olinda estiver em comunhão com o bispo de Roma, teremos em Recife uma Igreja Católica, e não uma “igreja nova”. Que o Espírito Santo possa guiar Dom Fernando Saburido, o sucessor do gigante Dom José Cardoso Sobrinho.

Comentando o adeus do Arcebispo – 04

4 –  O desmonte sob a bênção da Santa Sé & Punição a padres semeou medo

Algumas ofensas mais trazem honra do que desonra. Os artigos do especial do Jornal do Commercio comentados neste post e no próximo são exemplos disto. Atacando simultaneamente Dom José Cardoso e a Santa Sé, ao mesmo tempo em que dá vez voz a inimigos declarados da Igreja Católica, o jornal termina por tecer elogios fabulosos à figura do Arcebispo. Como tais elogios são, de certa maneira, indiretos, é necessário comentar ligeiramente as linhas escritas com o propósito de atacar o Arcebispo.

[O ]ano de 1989 foi negro para a Arquidiocese de Olinda e Recife. Em questão de meses, todo um trabalho resultado de anos de pastoral estava silenciado. Entrava em ação a operação de desmonte de uma Igreja inspirada no Concílio Vaticano II e na opção preferencial pelos pobres.

Só se “desmonta” uma coisa que foi “montada”. Registro, assim, que havia sido “montada”, em Olinda e Recife, uma Igreja inspirada no Concílio Vaticano II e na opção preferencial pelos pobres. Acontece que a única pessoa capaz de fundar uma Igreja é Nosso Senhor Jesus Cristo, e Ele o fez, e esta Igreja – sobre a Qual as portas do Inferno nunca prevalecerão – é a Igreja Católica Apostólica Romana. Qualquer igreja diferente desta é engodo, e qualquer um que se atreva a montá-la é ladrão e salteador.

Apenas saliento que inspirada no Concílio Vaticano II e na opção preferencial pelos pobres significa, no linguajar modernista, “traidora do Concílio Vaticano II” e “inspirada na Teologia da Libertação”. Uma igreja “modernista”, uma igreja “TLista”, mas não a Igreja de Cristo.

Numa tacada só, o novo arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, fechou o Seminário Regional Nordeste II e o Instituto de Teologia do Recife (Iter), ambos voltados à formação com base na Teologia da Libertação.

SERENE II – antro de homossexualismo. ITER – antro de marxismo. Duas coisas completamente incompatíveis com a Doutrina Católica, de modo que era dever do Arcebispo dar-lhes cabo com presteza. Com estas duas aberrações, é impossível fazer “pastoral vocacional” e, evidentemente, a situação do clero e dos leigos vai estar calamitosa.

Agiu por convicção e a mando do Vaticano.

Ou seja: é um Excelente Arcebispo, fiel à sua consciência e ao mandato que recebeu da Igreja, e um digno sucessor dos Apóstolos. Mas o pessoal do JC queria um bispo que agisse “sem convicção” e “em desobediência ao Vaticano”…

[E]le é símbolo do pensamento atual da Igreja de Roma, a mesma que hoje volta a rezar missas em latim e com os padres de costas para os fiéis.

Traduzindo: Dom José é fiel à Igreja. O problema destas pessoas é com a Igreja Católica, e não com o Arcebispo.

Os ventos progressistas e modernizantes trazidos pelo papa João XXIII, o homem do Concílio Vaticano II, não sopram mais em Roma.

Ventos progressistas e modernizantes podem ter soprado – e soprar ainda hoje – nas cabeças ocas de hereges, mas não na Cidade Eterna. As aloprações que (desgraçadamente) foram feitas em nome do Concílio Vaticano II não podem ser atribuídas a ele. Roma sempre condenou tais disparates, e Roma sempre corroborou o Vaticano II.

(…) avalia o ex-padre Reginaldo Veloso, que foi suspenso das funções sacerdotais e hoje é casado e tem um filho.

Com todo o respeito devido aos sacerdotes, mas não dá para ficar calado: um ex-padre amasiado é, realmente, a maior autoridade que o JC poderia encontrar para falar mal do Arcebispo e da Igreja Católica! Porque os católicos bons e fiéis jamais colaborariam com o intuito nefasto do jornal. E saliento que ser contrariado pelo pe. Reginaldo Veloso é motivo de honra, posto que, se asinus asinum fricat, o fato do pe. Veloso não “ser chegado” a Dom José revela que o Arcebispo não é da mesma laia dele.

Foi um equívoco de Roma indicá-lo porque ele não tinha a habilidade necessária (…), pondera o teólogo e professor da Universidade Federal de Pernambuco Inácio Strieder.

Ou seja, o que o jornal está dizendo é que Roma “se equivocou” e é um teólogo leigo quem está com a razão. Semelhante besteira proferida por alguém que se diz “teólogo” poderia encher de júbilo os inimigos da Igreja mas, para os católicos, isto é mais um sinal de que a Verdade está “do outro lado”; afinal, vejam as pérolas que este senhor defende.

“(…) Essa história de estar dizendo que está cumprindo o que Roma mandou é uma maneira muito boa de lavar as mãos como Pilatos (…)”, analisa o padre Edwaldo Gomes, da Paróquia de Casa Forte.

Só lembrando que o pe. Edwaldo Gomes é aquele que concelebrou uma missa com um anglicano, em meados do ano passado, e teve que se retratar no jornal da Arquidiocese. E, com todo o respeito que se deve a um sacerdote, Sua Reverendíssima não tem o direito de fazer insinuações desrespeitosas assim sobre o Arcebispo!

Um dos símbolos da Igreja de Resistência no arcebispado de dom José Cardoso (…)

Leia-se: da Anti-Igreja, da Sinagoga de Satanás. Porque, na Igreja de Cristo, “aquele que resiste à autoridade, opõe-se à ordem estabelecida por Deus; e os que a ela se opõem, atraem sobre si a condenação” (Rm 13, 2).

“As sandálias do pastor continuam descalças. Em seu lugar, foram calçadas as botas do inquisidor”.

E aqui, arrematando o artigo, um eloqüente exemplo de um “rótulo odioso”. Voilà!

O artigo seguinte, sobre os “padres medrosos”, tenciona tão-somente acrescentar, ao já extenso rol de adjetivos depreciativos despejado sobre o Arcebispo, o de “perseguidor”. O jornal, ao dizer que o motivo das expulsões foi simplesmente divergência de opinião com o arcebispo, insinua que tal “divergência” é pessoal. Ao contrário, os padres sempre foram afastados por divergência com a Igreja. Não tem nada de “opinião” aqui.

Fazendo uma lista com as próprias citações do JC:

– [m]uitos (…) foram acolhidos pela pastoral progressista do então arcebispo de João Pessoa (…)
– [s]eguidor da doutrina libertária de dom Hélder, o padre Luís Antônio de Oliveira (…)
– o padre Edwaldo Gomes, (…) por ter concelebrado uma missa com um bispo da Igreja Anglicana (…)

Ou seja: as questões aqui envolvidas são sempre referentes à Doutrina da Igreja Católica – e nunca por uma simples divergência de opinião com o arcebispo. O JC, portanto, mente e engana os seus leitores, fazendo-os crer que Dom José afastou padres meramente por uma questões de “opinião”. Isto é falso.

Em março de 1990, 82 religiosos da Arquidiocese de Olinda e Recife assinaram um manifesto denunciando as perseguições de dom José.

Não consegui encontrar este manifesto. Mas a julgar por quem o assina [o JC cita o pe. Reginaldo Veloso], vê-se que boa coisa não deve ser…

Por divergência de visão pastoral, o Padre Reginaldo Veloso havia sido demitido da Paróquia do Morro da Conceição (…)

O que o jornal chama de divergência de visão pastoral é o fato de que o Arcebispo queria servir à Igreja e, no Morro da Conceição, o pe. Reginaldo Veloso queria servir às CEBs. Atualmente, o ex-pároco está amasiado e tem um filho – de onde se infere qual era o tipo de “divergência” que havia entre ele e o Arcebispo.

E foi obrigado a acrescentar esse dado em sua biografia: é o único arcebispo da Arquidiocese de Olinda e Recife a freqüentar delegacias e varas judiciais.

Bom, o único Arcebispo, talvez. Mas já houve um bispo em Olinda e Recife que teve problemas com a Justiça: Dom Vital (aliás, não deixem de ler este artigo). Que, aliás, é servo de Deus. Vê-se assim que Dom José Cardoso está muito bem acompanhado…

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Anexo 1 – .O adeus do arcebispo

O desmonte sob a bênção da Santa Sé
Publicado em 04.07.2008

Influenciado pelos ventos fortes do conservadorismo do Vaticano, dom José acabou trabalho social e calou as vozes progressistas

[O ]ano de 1989 foi negro para a Arquidiocese de Olinda e Recife. Em questão de meses, todo um trabalho resultado de anos de pastoral estava silenciado. Entrava em ação a operação de desmonte de uma Igreja inspirada no Concílio Vaticano II e na opção preferencial pelos pobres. Numa tacada só, o novo arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, fechou o Seminário Regional Nordeste II e o Instituto de Teologia do Recife (Iter), ambos voltados à formação com base na Teologia da Libertação. Calou a voz da Comissão de Justiça e Paz e o Centro de Defesa dos Direitos Humanos. Agiu por convicção e a mando do Vaticano. Analisando o passado e olhando para o futuro, é fácil saber por que dom José atuou com tanta liberdade e autonomia: ele é símbolo do pensamento atual da Igreja de Roma, a mesma que hoje volta a rezar missas em latim e com os padres de costas para os fiéis.É impossível compreender os 23 anos do polêmico arcebispado de dom José sem avaliar os rumos que a Igreja tomou nas últimas décadas. Os ventos progressistas e modernizantes trazidos pelo papa João XXIII, o homem do Concílio Vaticano II, não sopram mais em Roma. Mudaram de curso desde João Paulo II. E praticamente se dissiparam com a eleição de Bento XVI. O novo papa, o cardeal alemão Joseph Ratzinger, voltou a Igreja para dentro e em direção ao passado. Foi buscar no século 16 a inspiração para conduzir o seu rebanho católico em pleno século 21. Os tempos hoje são de outro concílio, o de Trento (1545 a 1563), defensor da fé, das tradições e da disciplina eclesiástica.

“Dom José chegou com a nefasta missão de desmontar tudo o que havia sido construído no tempo primaveril de dom Hélder. Ele é a expressão local de um processo de retrocesso que se observa não só na Igreja, mas na humanidade. Seu legado é o da estagnação”, avalia o ex-padre Reginaldo Veloso, que foi suspenso das funções sacerdotais e hoje é casado e tem um filho. Reginaldo diz que a Igreja se contenta em olhar para si mesma e a procurar satisfação em uma prática celebrativa e alienante.

Ao pensamento conservador, somaram-se o temperamento fechado e a falta de experiência do arcebispo em lidar com uma arquidiocese do tamanho da de Olinda e Recife. “Foi um equívoco de Roma indicá-lo porque ele não tinha a habilidade necessária. Era menor do que o cargo exigia. E usou a psicologia da força para compensar sua insegurança diante dos questionamentos que surgiram. Ele deixa uma certa melancolia. Foi um tempo de perdas. É o que a história vai contar”, pondera o teólogo e professor da Universidade Federal de Pernambuco Inácio Strieder.

“Eu lamento profundamente que certas autoridades da Igreja a quem esse caso está mais afeto, como a Congregação para os Bispos e a Nunciatura Apostólica, não tenham sido mais sensíveis ao problema de Olinda e Recife. Porque o papa está muito longe. Essa história de estar dizendo que está cumprindo o que Roma mandou é uma maneira muito boa de lavar as mãos como Pilatos, porque se o bispo é realmente um pastor ele deve se queimar pelo rebanho”, analisa o padre Edwaldo Gomes, da Paróquia de Casa Forte.

Se a Cúria Romana não fez nada, o mesmo não se pode dizer dos leigos católicos. Um dos símbolos da Igreja de Resistência no arcebispado de dom José Cardoso, o grupo Igreja Nova procurou continuar com a missão pastoral de dom Hélder, dentro do seu espírito libertário e conciliador. “A questão nunca foi pessoal. O que nós combatemos todos esses anos foi a forma autoritária como ele conduziu a arquidiocese”, explica Antônio Carlos Maranhão Aguiar, um dos integrantes do grupo. E sintetiza o que foi o legado de dom José, em 23 anos de arcebispado: “As sandálias do pastor continuam descalças. Em seu lugar, foram calçadas as botas do inquisidor”.

Anexo 2 – .O adeus do arcebispo

Punição a padres semeou medo
Publicado em 04.07.2008

“Quem vai ser o próximo?” No fim dos anos 80 e durante a maior parte da década de 90, essa pergunta assombrava a todos os padres que ousavam pensar diferente do arcebispo. A chegada de dom José fez mais do que dividir a Igreja. Causou uma espécie de diáspora do clero de Olinda e Recife. De forma direta, ele afastou, puniu ou demitiu pelo menos 16 padres brasileiros e estrangeiros. Considerando os que sofreram perseguição ou pressão para sair, a conta sobe para mais de 30. Muitos pegaram a estrada em direção à Paraíba e foram acolhidos pela pastoral progressista do então arcebispo de João Pessoa, dom José Maria Pires. Quem ficou, foi obrigado a silenciar. E a resistir com as armas que tinha.De pouco adiantou protestar. Mas os padres tentaram. Em março de 1990, 82 religiosos da Arquidiocese de Olinda e Recife assinaram um manifesto denunciando as perseguições de dom José. O número 17 da lista falava com conhecimento de causa. Por divergência de visão pastoral, o Padre Reginaldo Veloso havia sido demitido da Paróquia do Morro da Conceição, três meses antes, num dos episódios mais traumáticos da gestão de dom José e que a imprensa, na época, chamou de “Guerra Santa”. Em solidariedade ao religioso, os fiéis tomaram a chave da igreja e foi preciso a polícia e a Justiça intervir para que a situação fosse contornada. Era só o começo.

Seguidor da doutrina libertária de dom Hélder, o padre Luís Antônio de Oliveira, da Paróquia de Boa Viagem, seria uma das próximas vítimas. Com um forte trabalho pastoral desenvolvido com a participação de leigos, ele foi demitido em 1991 por não concordar com as idéias de dom José. Um grupo de fiéis conseguiu audiência com o arcebispo para tentar demovê-lo da idéia, mas ele manteve a decisão. Dois anos mais tarde, os padres estrangeiros Felipe Mallet, da Paróquia de Brasília Teimosa, e André Rombouts, de Apipucos, também tiveram que sair. A razão: divergência de opinião com o arcebispo.

Com maior ou menor estardalhaço, os casos foram se sucedendo. No ano passado, dom José comprou uma briga que o deixou ainda mais isolado. Invocando um artigo do direito canônico, ele denunciou ao Vaticano o padre Edwaldo Gomes, da Paróquia de Casa Forte, por ter concelebrado uma missa com um bispo da Igreja Anglicana. As reações foram enormes, mas dom José manteve a punição ao padre.

Um de seus últimos atos, no entanto, lhe traria dores de cabeça maiores. No confronto com o padre de Água Fria, João Carlos Santana, ele terminou sendo processado por calúnia e difamação. E foi obrigado a acrescentar esse dado em sua biografia: é o único arcebispo da Arquidiocese de Olinda e Recife a freqüentar delegacias e varas judiciais.