Kermit Gosnell, aborteiro, assassino

Uma das mais reconfortantes notícias da semana é a de que Kermit Gosnell foi considerado culpado pela justiça americana. A pena ainda não saiu, mas pelo que entendi oscila entre pena de morte e prisão perpétua.

Se alguém está lendo este texto e não sabe quem é Kermit Gosnell, é devido ao silêncio criminoso com o qual os órgãos de imprensa (não só brasileiros) estão tratando o assunto. O Dr. Gosnell, pasmem, é «um médico da Pensilvânia que matava bebês nascidos vivos depois de procedimentos abortivos mal sucedidos» (cf. Blog da Vida – praticamente o único veículo de mídia nacional a repercutir o caso, a propósito). Contra ele pesam 260 acusações.

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O próprio fato de um médico montar uma clínica de abortos já é algo intrinsecamente repulsivo, e para quem mantém o seu senso moral intacto é lógico que um aborto já é em si mesmo uma coisa repugnante. No entanto, o caso do dr. Gosnell nos ajuda a ilustrar esta verdade de modo insofismável. O que se sabe do aborteiro americano é o seguinte (id. ibid.):

As maiores atrocidades, no entanto, ocorriam quando algo dava “errado” na mesa de cirurgia. Conforme conta a colunista Kirsten Powers, do jornal USA Today, Gosnell decapitava os bebês sobreviventes, e os guardava em jarras, na geladeira.

Stephen Massof, um ex-funcionário de Gosnell detalhou em seu testemunho como o médico usava tesouras para perfurar a parte traseira do pescoço e cortar a medula espinhal do bebê, separando o cérebro do corpo. Assim como outras testemunhas, Massof também se declarou culpado por ter participação em várias execuções, e contou ter visto pelo menos 100 bebês serem assassinados por seu ex-chefe. Outra ex-funcionária, Adrienne Moton, chegou a fotografar alguns dos bebês mortos e confirmou que Gosnell lhe ensinou a técnica.

Ora, se somos tomados de horror quando imaginamos o médico cortando o pescoço de bebês recém-saídos do útero de suas mães, como é possível que não nos indignemos quando o mesmo médico faz a exata mesma coisa dentro do ventre materno? É horrendo decapitar crianças? Concordaríamos facilmente que ninguém possa reclamar para si tão macabro direito – o de decapitar os próprios filhos? Ora, que assombrosa deficiência intelectual é esta, então, que nos faz omitirmo-nos (ou, pior ainda, apoiarmos com entusiasmo!) face ao mesmíssimo assassínio se ele se nos apresenta sob o pomposo nome de “direito de decidir”? Se o Dr. Gosnell é culpado por estraçalhar bebês recém-nascidos, como é possível que ele tenha o direito legal de estraçalhar bebês por nascer?

Um crime horrendo não se torna menos horrendo pelo fato de ser praticado longe dos nossos olhos, e não é virtude defender o assassinato bárbaro de bebês indefesos contanto que isso seja feito com o consentimento da mãe e o bebê em questão se encontre dentro do ventre materno: ao contrário, isto é somente incoerência ou hipocrisia. A Justiça Americana condenou Kermit Gosnell; mas quantos outros Kermits não existem mundo afora, em cada clínica de aborto clandestina à qual os cidadãos e as autoridades fazem vista grossa? E quantas pessoas não estão por aí militando pelo direito do Dr. Kermit de fazer o que fez? Acaso pensam que as suas mãos estão menos manchadas do sangue de inocentes? Acaso julgam que esta é uma questão acadêmica passível de ser assepticamente resolvida a nível abstrato? Ora, os cadáveres das crianças abortadas são bem reais – e é exatamente por isso que os pró-aborto se esforçam tanto por escondê-los.

A despeito da vergonhosa omissão da mídia, o Dr. Gosnell foi condenado. E se isso nos servir para alguma coisa, que seja para mostrar o quanto o aborto é odioso. Se formos aprender alguma lição dessa tragédia, que seja esta: a importância de combater com todas as forças o extermínio de vidas humanas inocentes. Que o horror da Pensilvânia sirva ao menos para desmascarar a retórica abortista e mostrar ao mundo o aborto em toda a sua fealdade.

Sobre a JMJ: bons frutos e traições

Com relação à notícia de que a organização da JMJ Rio2013 convidaria para fazer shows no evento cantores como a Ivete Sangalo e o Michel Teló (!), foi publicada ontem uma nota de esclarecimento do Comitê de Organização Local da Jornada dizendo simplesmente que tal participação «não está confirmada pela organização do evento». O desmentido tanto conforta quanto incomoda.

Conforta, porque ao menos esclarece que «as apresentações durante a JMJ Rio2013 são analisadas e devem ter o parecer final do Pontifício Conselho para os Leigos (PCL), que exerce a função de Comitê Organizador Central da JMJ e está ligado ao Vaticano». Incomoda, porque parece não achar que se deva rejeitar com veemência a insinuação de que o show de um artista conhecido por cantar “ai, se eu te pego!, ai, ai, se eu te pego!” pudesse encontrar lugar em um evento católico com a presença do Papa e de fiéis do mundo inteiro.

Sobre o financiamento desses supostos shows, o pe. Marcelo Tenório esclareceu recentemente que «o dinheiro do patrocínio [da JMJ] não será usado para pagar os artistas», cujo cachê ficará ao encargo das próprias gravadoras – «que poderão adquirir posteriormente o contrato para produzir o DVD do evento». Mas, sinceramente, os maiores problemas aqui não são de ordem financeira. A mera proposta parece um escárnio deliberado; alguém pode me explicar qual a relevância cultural do Michel Teló que justifique a sua inclusão – mesmo como possível candidato! – numa “agenda de atividades culturais” de um evento católico?

Eu tenho um particular apreço pela Jornada Mundial da Juventude, desde que fui a Madrid há dois anos e me impressionei muito positivamente com tudo o que vi por lá. Foi lá, por exemplo, que demos eloqüente testemunho público a favor do Deus Altíssimo contra a turba dos inimigos de Cristo que nos assaltava; foi lá a última vez em que vi presencialmente o querido Papa Bento XVI, e guardo carinhosa lembrança de quando, após literalmente um dia inteiro de espera nos arredores da Plaza de Cibeles, fomos recompensados com um olhar direto do Vigário de Cristo, que voltou a cabeça e sorriu para nós. Foi naqueles dias fantásticos que o Vargas Llosa – agnóstico – escreveu que “Deus parecia existir”. Enfim, estou convencido dos bons frutos que o evento vêm dando ao longo dos últimos anos, e acho que ele tem tudo para continuar assim.

Bastando para isso, é claro, que ele não seja sabotado. E não consigo deixar de ver essas tentativas de acabar com a credibilidade da Jornada (desde p.ex. a recente matéria tendenciosa do Globo Repórter até essa idéia de colocar o Michel Teló para cantar para os católicos) como um levante orquestrado das forças do Inferno contra um evento católico que está dando frutos para a glória de Deus e a salvação das almas. Não consigo me dissuadir da idéia de que a JMJ incomoda a muitos, sim, e é isso que motiva tantas tentativas de corrompê-la.

Mas o evento acontecerá. Com o apoio dos bons ou as traições dos maus, ele acontecerá; e para o seu êxito a nossa participação é fundamental. O campo de apostolado é vasto e promissor, e nós não temos o direito de abandoná-lo aos salteadores que não têm compromisso com Deus nem amor à Sua Igreja. À Organização da Jornada eu suplico que avalie – de joelhos diante do sacrário – se o que quer que ela esteja cogitando fazer vai de fato servir à glória de Deus ou se, ao contrário, é vaidade mundana insuflada por Satanás para macular um evento católico. E a todos os que aspiram à glória de Deus e à exaltação da Santa Igreja eu peço que dediquem um pouco do seu tempo à JMJ: com a sua participação ativa ou com as suas orações pelo bom êxito do evento. Que a Jornada Mundial da Juventude do Rio de Janeiro sirva para levar almas a Deus, é o que suplico à Santíssima Virgem Aparecida que nos conceda, apesar dos nossos tantos pecados.

Missa de início do Pontificado do Papa Francisco

Li ontem na Folha de São Paulo que o Papa faria uma «cerimônia mais curta e sem latim» na Missa de início do Ministério Petrino do Bispo de Roma Francisco hoje celebrada. A menina da CBN, aliás, foi ainda mais longe e soltou que o latim era uma «língua morta que o seu predecessor, o Papa Emérito Bento XVI, tentara restaurar» – as aspas não são literais porque cito de memória o que ouvi no carro, mas a oposição entre as celebrações litúrgicas do Papa Bento XVI e esta Missa inicial do Papa Francisco era rigorosamente a que exponho aqui.

Estou neste momento assistindo à Solenidade de São José, Esposo da Bem-Aventurada Virgem Maria transmitida pelo site do Vaticano. Neste exato momento está sendo cantado o Per ipsum, et cum ipso et in ipso que conclui a Oração Eucarística – foi aliás usado o Cânon Romano, todo ele em latim. E ninguém precisava esperar o dia de hoje para o descobrir, porque o .pdf do livrete da celebração já estava ao menos desde ontem disponível para download no site do Vaticano e, nele, era possível ver que, à exceção das leituras e da oração da assembléia, a Missa seria toda em latim. Como o foi.

Na verdade, houve uma única ausência do latim nesta celebração. O Evangelho foi lido em grego e por um diácono grego; isto simboliza a jurisdição universal do Romano Pontífice, que abarca tanto o Ocidente quanto o Oriente. Segundo o costume, haveria uma sua repetição em latim logo em seguida, e esta não foi feita. Foi o suficiente para que a mídia tupiniquim inteira soltasse aos quatro ventos que o Papa iria celebrar uma missa “sem latim”, na patética ânsia de aproveitar qualquer oportunidade – verdadeira ou falsa – para semear na opinião pública um sentimento de oposição entre o Papa Francisco e o Papa Bento XVI. Como se fosse possível à Igreja opôr-se à própria Igreja, ou como se Cristo pudesse estar contra Cristo. Na verdade, a imprensa dá – mais uma vez! – mostras de que não entendeu nada do discurso do Papa aos representantes dos meios de comunicação social que comentei aqui ontem: ela teima em fazer coberturas religiosas excluindo a perspectiva da Fé e, por conta disso, apresenta ao mundo uma visão distorcida da Igreja Católica. Por isso, não deixa de quebrar a cara e de passar vergonha quando os fatos desmentem impiedosamente as suas falsas previsões e notícias sem sentido.

Como  acaba de acontecer. Acabou de ser celebrada em latim a Missa que todo mundo (à exceção da Folha de São Paulo, da CBN e dos outros órgãos brasileiros de imprensa que colocam a sua agenda ideológica acima da busca desapaixonada da verdade dos fatos) sabia que seria celebrada em latim. Com incenso, arranjo beneditino sobre o altar, coral gregoriano e polifônico, paramentos dignos, comunhão de joelhos, Mons. Marini de cerimoniário pontifício, férula papal (a de Bento XVI) nas mãos do Papa Francisco, Te Deum na procissão de saída. Perfeitamente adequada ao dia de hoje: Quaresma, Dia de São José (Patrono Universal da Igreja) e início do Ministério Petrino do Papa Francisco.

A homilia que o Papa proferiu nesta manhã já se encontra em português no site do Vaticano. Dela, destaco:

Hoje, juntamente com a festa de São José, celebramos o início do ministério do novo Bispo de Roma, Sucessor de Pedro, que inclui também um poder. É certo que Jesus Cristo deu um poder a Pedro, mas de que poder se trata? À tríplice pergunta de Jesus a Pedro sobre o amor, segue-se o tríplice convite: apascenta os meus cordeiros, apascenta as minhas ovelhas. Não esqueçamos jamais que o verdadeiro poder é o serviço, e que o próprio Papa, para exercer o poder, deve entrar sempre mais naquele serviço que tem o seu vértice luminoso na Cruz.

E o Papa Francisco encerrou a sua homilia com um pedido: «e, a todos vós, digo: rezai por mim! Amen». Sim, Santo Padre, rezaremos. Para que o Espírito Santo Paráclito possa culminar-lhe de todas as abundantes graças necessárias para o santo desempenho do múnus de Vigário de Cristo e Pastor da Igreja Universal. Para que São José, Patrono da Igreja, conceda-lhe a força necessária para guiá-La em meio às tribulações dos dias de hoje. E para que a Virgem SSma., Mãe de Deus, tome a Seu encargo todos os milagres necessários para que este Pontificado dê os extraordinários frutos de santidade dos quais o nosso mundo tanto precisa. Amen!

“Deus não manda o Papa que merecemos, mas aquele de que precisamos” – Luís Guilherme Pereira

[Trecho de um excelente artigo publicado na Vila Nova sobre o Papa Francisco, à cuja íntegra remeto os que se interessarem pela leitura. Independente de quem calce as sandálias do Pescador, o Papa é o Doce Cristo na Terra e, como tal, merece a nossa submissão filial. Aprouve à Divina Providência conceder-nos a honra de vivermos em tempos interessantíssimos! Vivamo-los bem, trabalhando com temor e com tremor pela maior glória de Deus. Sempre cum Petro et sub Petro.]

Diz-se que Deus não manda o Papa que merecemos, mas aquele de que precisamos. Numa era de extremo egoísmo, autossuficiência, hedonismo e orgulho, Francisco parece ser o homem certo.

Sua eleição tritura a presunção da mídia. A mídia falou que seria um Papa jovem. Francisco tem 76 anos. A mídia falou que seria brasileiro. É argentino. Seria um conclave longo. Foi brevíssimo. A mídia chutou 7 papabili como principais. Errou todos. Alguém ainda confia nos ditos “vaticanólogos”?

Também exercita a humildade dos católicos ao ser, como disse no começo, o favorito de ninguém. Os tradicionalistas queriam Burke ou Ranjith, os “ratzingerianos” Scola ou Ouellet, os progressistas Maradiaga; quase todos eram o queridinho de um grupo: Erdö (o meu, inclusive), Tagle, Scherer, Dolan, O’Malley, etc. Menos, até onde sei, Bergoglio. Todos tinham um “projeto” para o Papa, e nenhum foi satisfeito.

O telefone sem fio do Conclave

Há certas coisas na imprensa leiga que seriam cômicas se não fossem trágicas. A despeito da existência de honrosas exceções, a maior parte das pessoas que escrevem sobre religião na grande mídia geralmente não faz a menor idéia do que está falando. Na ânsia pelo “furo” jornalístico, jornalistas imprudentes acabam cometendo as maiores gafes sobre assuntos que claramente não dominam.

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No meio da profusão de matérias publicadas sobre o Conclave, esta matéria do Estado de São Paulo (ontem publicada) faz, sem perceber, uma denúncia gravíssima: algum cardeal teria vazado o resultado do primeiro escrutínio, realizado ontem à noite! A reportagem é enfática:

A contagem é secreta, mas, segundo o jornal La Repubblica, o arcebispo de Milão, Angelo Scola, saiu na frente, seguido pelo arcebispo de São Paulo, Odilo Scherer. Em terceiro lugar estaria o arcebispo de Budapeste, Peter Erdö, cuja candidatura teria se fortalecido após o embate, na véspera, entre integrantes contra e a favor da Cúria.

Ora, saber quem foram os cardeais mais votados no primeiro escrutínio só seria possível se alguém de dentro do Conclave tivesse repassado a informação – o que seria uma violação gravíssima das normas eclesiásticas que o mundo inteiro assistiu, ontem, cada um dos cardeais, com a mão sobre o Evangelho, jurar cumprir. Assim prescreve a Universi Dominici Gregis:

59. De forma particular, é proibido aos Cardeais eleitores revelar, a qualquer outra pessoa, notícias que, directa ou indirectamente, digam respeito às votações, assim como aquilo que foi tratado ou decidido acerca da eleição do Pontífice nas reuniões dos Cardeais, quer antes quer durante o tempo da eleição.

Como não se concebe uma razão plausível pela qual pudesse um cardeal-eleitor violar o seu juramento recém-proferido meramente para satisfazer uma curiosidade jornalística fútil (estamos falando do primeiro escrutínio!), semelhante informação já é, antes de qualquer coisa, no mínimo suspeita e por si só deveria provocar estranheza em quem a reproduz.

Mas vamos adiante. O Estadão diz que isso veio do La Repubblica. Assumamos o trabalho que o repórter aparentemente não teve e busquemos a fonte original da informação. Curiosamente, no site do La Repubblica não se encontra nada. A coisa mais parecida que existe na internet com a informação publicada com displicência pelo Estado de São Paulo é a seguinte manchete:

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O que, traduzido, é o seguinte: “Os Papáveis”, em cima. A manchete diz “Freia a corrida de Scherer, Scola [permanece] estável e Erdo desponta nas negociações do Conclave”. É de hoje (13 de março), mas a leitura da reportagem deixa claro que se trata das especulações pré-conclave, e não do resultado da primeira votação! O repórter fez inclusive questão de dizer que «[n]essuno oggi puo pero dire cosa accadra davvero nella Sistina», i.e., “hoje ninguém pode dizer o que realmente acontece na Capela Sistina”!

Ao que parece, o repórter do Estadão (o sr. José Maria Mayrink, “enviado especial”) passou os olhos pelo jornal, viu o nome dos três cardeais, viu que a edição era de hoje, leu atravessado que o cardeal Scola estaria com 35-40 voti e “deduziu” por conta própria que isto era o resultado da votação secreta realizada ontem (!). E simplesmente tocou o boi na linha, reproduzindo na mídia tupiniquim uma informação falsa cujas graves conseqüências, se fosse verdadeira, ele não é capaz de compreender – caso fosse, provavelmente não teria protagonizado esta desabonadora versão profissional da antiga brincadeira do telefone sem fio, que lança ainda mais descrédito sobre a confiabilidade do jornal.

Diário de Pernambuco homenageia conclave!

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Impressionante capa do Diário de Pernambuco. No dia do aniversário de Recife e Olinda! O conclave mereceu enorme destaque na primeira capa do jornal, e o Espírito Santo teve direito de ser mencionado em letras garrafais na mídia laica. Que dia, senhoras e senhores, que dia!

Niterói: padre indiciado por “abusar sexualmente de criança”

Desde o início da manhã de hoje eu vinha percebendo uma insistente e anormal audiência para um post do Deus lo Vult! (de mais de quatro anos atrás) sobre a excomunhão de um sacerdote de Niterói que havia abandonado a Igreja para se juntar à ICAB. Agora, na hora do almoço, eu descobri com pesar o porquê desse súbito interesse dos internautas pelo clero da cidade à qual se chega pela Baía de Guanabara.

O Pe. Emilson Soares Corrêa, da Arquidiocese de Niterói, foi indiciado por abusar de uma criança no Rio de Janeiro. A notícia foi publicada hoje, e sua manchete se justifica basicamente por uma denúncia: a suposta vítima relatou que «o sacerdote havia tocado suas partes íntimas». Ela tinha sete anos à época.

A acusação de pedofilia é isso e mais nada. Há, no entanto, outras coisas bem tristes nessa história toda. O padre mantinha um relacionamento com a irmã dessa criança – isso é certo, o próprio sacerdote confessou. Desde quando, é impossível saber da matéria, que começa dizendo ser «desde quando ela tinha 13 anos» para, na frase seguinte, dizer que «[a] jovem» – hoje com dezenove anos – «contou à família que mantinha relações sexuais com o padre há três anos». O advogado do padre, por sua vez, diz que ele «admite ter tido um relacionamento com a jovem de 19 anos, somente em 2012, quando ela já era maior».

Se a menina tinha dezesseis ou dezoito anos é aqui totalmente irrelevante. Do ponto de vista da legislação brasileira, em qualquer um dos casos não há crime; do ponto de vista das leis da Igreja, em qualquer um dos casos é uma violação do sagrado celibato que o padre jurou guardar. E, infelizmente, o pe. Emilson está descobrindo da pior maneira possível que os pecados têm conseqüências, e algumas delas são bem incômodas já nesta vida.

A história escabrosa é a seguinte: a jovem (quando já tinha 19 anos, pelo que entendi) contou à família que tinha (ou teve) relações sexuais com o padre. O pai da jovem, ao invés de dizer-lhe que se afastasse, mandou que ela gravasse um vídeo dessas relações (!). Aí a jovem, para armar contra o padre, chamou outra menina de quinze anos (!!), que eu não consegui entender se filmou uma relação sexual do padre com a primeira ou se ela própria teve relações sexuais com o padre, deixando-se filmar: só sei que existe um vídeo, bastante comprometedor, do padre tendo relações sexuais na casa paroquial. O padre afirma que, de posse desse vídeo, o pai da menina tentou chantageá-lo. O padre não cedeu à chantagem, a história foi à mídia, a acusação de pedofilia (que não tem nada a ver com o vídeo ou com as meninas que o fizeram, diga-se de passagem) veio à tona. O vídeo não foi entregue à polícia. A delegacia está investigando tudo: o estupro de vulnerável, a exploração sexual, a extorsão.

Só faço dois ligeiros comentários. Primeiro: independente do resultado do inquérito, é de se lamentar que o sacerdote tenha violado os seus votos. Isso é motivo de vergonha para os católicos, é injustificável e exige reparação. Foi este o estopim do tudo: se o padre não tivesse se deixado seduzir por um rabo-de-saia, não haveria desonra para o pai da menina, não haveria vídeo registrando o sacrilégio, não haveria tentativa de chantagem, não haveria nada. Sabemos que chantagear é bastante errado, sem dúvidas, mas também é vergonhoso possuir motivos para ser chantageado. Conforme Nota oficial da Mitra de Niterói, o padre já foi afastado de suas funções.

Segundo: como apontou um amigo por email, o problema com esse tipo imoral de jornalismo é que qualquer acusação de abuso sexual contra crianças ganha as primeiras páginas dos jornais e o horário nobre da televisão; mas, se o sacerdote é inocentado, isso não sai sequer no jornal da Arquidiocese. Ainda que a acusação de pedofilia se revele falsa (como, convenhamos, parece ser), a imagem do pe. Emilson provavelmente nunca mais será recuperada. Como este assunto historicamente já provocou injustiças, seria de se esperar que a imprensa tivesse se tornado mais responsável com os erros cometidos; mas não, infelizmente, parece que, para bater na Igreja, qualquer pau sempre serve.

Cartoon: a imprensa e os conclaves

Genial! Cliquem para ampliar. Encontrei no Facebook.

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Traduzindo: trata-se de um jornalista (do New York Times, mas poderia ser qualquer um) escrevendo sobre os conclaves de 1958, 1963, 1978, 2005 e 2013. Uma única frase perpassa as décadas (tradução livre):

1958: “A Igreja está morrendo rapidamente…
1963: e apenas um papa moderno, de mente aberta…
1978: capaz de libertar os ensinamentos da Igreja das profundezas da Idade Média…
2005: e torná-los relevantes para o mundo moderno…
2013: pode esperar salvá-la”.

E, no último quadrinho, o jornalista que escreveu isso ainda pensa: “pobres ignorantes… sempre presos ao passado”!

A Dios rogando y con el mazo dando

No dia de Santo Antonio María Claret (conforme o Vetus Ordo; no calendário reformado, a festividade do santo é celebrada amanhã, 24 de outubro), julgo bastante oportuno compartilhar este pequeno trecho (abaixo) de uma autobiografia do santo que foi enviado hoje mesmo à lista “Tradição Católica”. O título deste post é uma das frases mais famosas do santo espanhol, e sintetiza de uma maneira extraordinária a vida cristã: oração e luta, graça e livre-arbítrio, ora et labora. Este labor incansável foi bem característico do grande Confessor da Fé hoje celebrado.

À sua época, o campo propício para o apostolado – e, simultaneamente, o terreno pantanoso de onde surgiam os mais insidiosos ataques contra a Fé – era a imprensa. Nos dias de hoje, é bem fácil notar que este papel é desempenhado pelos novos meios de comunicação, máxime pela internet. Se vivesse hoje, é bem provável que o santo se lançasse com todo o seu vigor a este apostolado virtual que cada vez mais se revela tão necessário aos dias atuais. E a nós, a quem aprouve à Providência que vivêssemos à época da internet, cabe colhermos os sábios conselhos de Santo Antonio María Claret e aplicarmo-los à nossa realidade. Porque a Doutrina Cristã não precisa hoje de menos defesa do que à época do Arcebispo de Santiago de Cuba. Mudaram-se os tempos, mas os homens continuam igualmente necessitados do Evangelho de Deus. E cabe-nos empregar com diligência todos os meios ao nosso alcance para que esta Boa Nova alcance a todos os homens.

* * *

Da Autobiografia de Santo Antonio Maria Claret

CAPÍTULO 21
Sexto meio: Livros e folhetos.

310. A experiência me ensinou que um dos meios mais poderoso para a propagação do bem é a imprensa, ao mesmo tempo que é a arma mais poderosa para se propagar o mal, quando dela se abusa. Por meio da imprensa pode-se produzir muitos livros bons e folhetos para o louvor de Deus. Nem todos querem ou podem ouvir a divina palavra, mas todos podem ler ou ouvir a leitura de um bom livro. Nem todos podem ir à igreja ouvir a palavra divina, porém o livro irá à sua casa. Nem sempre o pregador pode estar pregando, porém o livro sempre estará repetindo a mensagem, sem nunca se cansar, sempre disposto a repetir a mesma coisa, quer seja lido pouco ou muito, lido ou deixado uma ou mil vezes, não se ofende por isso, permanece o mesmo, sempre se acomoda à vontade do leitor.

311. Sem dúvida, a leitura de bons livros sempre foi considerada de grande utilidade, hoje, porém, é de suma necessidade. Digo isto porque vejo que há como que um delírio para ler e, se as pessoas não têm bons livros, lerão os maus. Os livros são alimento para a alma. Se ao corpo faminto se oferece uma comida sadia será nutrido, mas se a comida está deteriorada, prejudicará o organismo. O mesmo ocorre com a leitura. Os que lerem livros bons e oportunos, adequados a si e às próprias circunstâncias, se sentirão nutridos e fortalecidos. Porém, se nutridos com livros perniciosos, periódicos e folhetos heréticos, verão corrompidas suas crenças e pervertidos seus costumes, extravia-se o pensamento, corrompe-se o coração e, do coração corrompido, saem os males, como disse Jesus, até chegar à negação da verdade primeira e do princípio de toda verdade, que é Deus: Dixit insipiens in corde suo: non est Deus: Disse o insensato em seu coração: Não há Deus.

312. Em nossos dias há uma dupla necessidade de fazer circular bons livros; estes, porém, devem ser pequenos pelo fato de as pessoas andarem apressadas e com mil e uma coisas para fazer por toda parte e, como a concupscentia oculorum et aurium: concupiscência dos olhos e dos ouvidos aumentou ao extremo, todos querem ver e ouvir tudo, além de viajar. Assim o livro volumoso não será lido, servirá unicamente para sobrecarregar as estantes das livrarias e as das bibliotecas. Por isso, convencido dessa verdade importantíssima e ajudado pela graça de Deus, publiquei inúmeros livretes e folhas volantes.

313. O primeiro livrete que publiquei contém conselhos ou avisos espirituais, dirigido às monjas de Vic, a quem acabara de pregar os exercícios espirituais; para que recordassem melhor o que lhes havia pregado, pensei deixar-lhes por escrito o conteúdo. Antes de entregar o escrito às monjas, para que cada uma o copiasse, mostrei-o ao querido amigo doutor Jaime Passarell, cônego penitenciário daquela catedral. Ele sugeriu que o imprimisse e assim evitaria às monjas o trabalho de copiar e seria utilizado por elas e por outros mais. Acatei a sugestão desse que tanto respeitava e amava por sua virtude, e o livro foi impresso. E assim foi que veio à luz meu primeiro livro.

314. Percebendo os bons resultados do primeiro livro, decidi escrever o segundo: Avisos às moças. Depois escrevi Aos pais; Às crianças; Aos jovens e outros, como se pode ver no catálogo.

315. À medida que ia missionando, percebia as necessidades e, conforme o que via e ouvia, escrevia um livrinho ou um folheto. Se na povoação houvesse o costume de cantar cantos desonestos, fazia imprimir logo um folheto com um cântico espiritual ou moral. Por isso quase todos entre os primeiros folhetos que imprimi eram de cânticos.

316. Desde o começo, publiquei um folheto contendo receitas contra as blasfêmias. Naqueles dias em que comecei a pregar era coisa horrorosa a quantidade e a gravidade das blasfêmias que se ouvia por toda parte. Parecia que os demônios do inferno se haviam disseminado pela terra a fim de provocar os homens a blasfemarem.

317. Também a impureza já ultrapassara seus limites e por isso resolvi escrever mais duas receitas. Como a devoção a Maria Santíssima é remédio muito poderoso contra todos os males, escrevi no início do folheto aquela oração que assim se inicia: Ó Virgem e Mãe de Deus… que se acha em quase todos os livros e folhetos. Estas duas palavras, Virgem e Mãe de Deus, coloquei-as porque ao escrevê-las lembrava que, quando estudante, nas férias de verão, li a vida de São Filipe Néri, escrita pelo padre Conciencia, na qual dizia que o santo gostava muito que se juntassem sempre estas duas palavras, e que com elas se honra muito e se obriga a Maria Santíssima. As demais palavras são uma consagração que se faz a Nossa Senhora.

“A eugenia avança” – Editorial pró-vida da Gazeta do Povo

A Gazeta do Povo está assumindo um importante protagonismo no cenário midiático nacional, consolidando-se cada vez mais – e graças a Deus! – como um jornal que faz aberta opção por uma linha editorial pró-vida. Essa corajosa atitude merece o nosso mais entusiasta apoio, e se mostra tanto mais importante quanto mais hegemônica é a cantilena pró-aborto da maior parte de nossa grande mídia, empenhada em saudar as maiores barbaridades como se fossem progressos louváveis e em tecer loas nada comedidas a toda sorte de violação dos direitos humanos básicos que os nossos poderes públicos estão preocupados em legalizar no país.

Além do artigo publicado no último domingo a que fiz referência hoje pela manhã, o jornal brindou-nos nesta segunda-feira com um belo e contundente editorial contra a promoção do aborto eugênico que está em curso no Brasil. Leiam o texto na íntegra e o compartilhem, não se esquecendo de disseminá-lo pelas redes sociais (a publicação no perfil oficial da Gazeta do Povo está aqui) e de defender o ponto de vista nele abordado se as guerrilhas internéticas começarem com o seu já característico vandalismo pseudo-intelectual. Um excerto:

Também percebe-se que, apesar de o artigo 128 do Código Penal não ter sofrido alterações no Congresso Nacional, o Poder Judiciário vem tomando para si a atribuição de legislar sobre o tema, abrindo brechas no sentido de tornar a legislação cada vez mais permissiva. Com a ADPF 54, julgada no início de 2012, o aborto de anencéfalos passou a ser aceito; agora, eliminam-se crianças com outras anomalias genéticas graves; a julgar pelo ritmo de aceitação da eugenia intrauterina, é possível imaginar um futuro no qual passe a ser legal negar o direito à vida de crianças diagnosticadas com outras doenças e deficiências menos graves.

A gravidade da situação (já incontáveis vezes denunciada por nós) ganha contornos cada vez mais nítidos: os nossos poderes públicos (em particular, o Poder Judiciário) estão agindo sistematicamente e em diversas frentes para solapar a proteção à vida humana indefesa garantida pelo nosso ordenamento jurídico, distribuindo de maneira despudorada e cínica sentenças de morte para crianças deficientes ou indesejadas! Não é mais possível negá-lo, e toda a cortina de fumaça que os inimigos do gênero humano gostam de levantar para que os seus maus intuitos fiquem ocultos ao grande público está se dissipando. E o papel de veículos de comunicação como a Gazeta do Povo neste processo é digno da mais alta estima e consideração.

Por isso, não se esqueçam de escrever e de pedir comentários para a redação do jornal, por meio do leitor@gazetadopovo.com.br, com bons argumentos: para que a repercussão positiva do texto possa estimulá-los a continuarem publicando matérias com este teor, alinhadas aos anseios da população brasileira e de acordo com a verdadeira dignidade humana tão aviltada nestes tempos difíceis em que vivemos.