Um dia seremos nós

Ontem foi o dia de Finados, a «comemoração dos fiéis defuntos» que a Igreja celebra anualmente. É um dia que fala muito mesmo ao homem contemporâneo, alheio que ele costuma ser a questões religiosas: afinal a morte, cedo ou tarde, nos atinge a todos indistintamente. Mesmo um católico não-praticante pode ter alguma dificuldade para entender, por exemplo, o que é a festividade de Corpus Christi; já o valor da recordação dos mortos, por sua vez, isso até um militante ateísta consegue perceber.

Nós não temos uma relação lá muito saudável com a morte: raramente pensamos nela, somos displicentes na preparação para a sua chegada e, no geral, vivemos os nossos dias como se ela nada tivesse a ver conosco. Aquelas palavras de Santo Agostinho têm uma aplicação que perpassa os séculos e dizem respeito a todos os homens desde que o mundo é mundo: enterramos os nossos parentes e amigos, vemos funerais todos os dias e, não obstante, continuamos a nos prometer longos anos de vida. Faz bem a Igreja em dedicar um dia aos finados; cuidando dos mortos, pensando neles, de certo modo é de nossa própria morte que cuidamos.

purgatory

A Liturgia dos defuntos sempre me impressionou. O negro dos paramentos, o tom grave da celebração, a essa fúnebre na nave central, o Dies Irae… tudo converge o pensamento para o Juízo, parece que as próprias paredes do templo exalam compunção. Alguém talvez critique o caráter mórbido da solenidade — “parece até que vamos morrer”. Bom, não parece, a verdade é que nós vamos morrer mesmo e quanto antes aceitarmos isso melhor. A vida é um piscar de olhos — é uma noite mal dormida em má pousada, como diz Sta. Teresa. Deixar de viver por conta da morte, aí sim é doentio, aí sim é morbidez; mas tal não tem nada a ver com ter consciência da própria morte e se comportar de acordo com isso.

Gosto da Liturgia dos defuntos; de uma certa maneira, enquanto nós rezamos por eles é como se estivéssemos rezando também por nós. Primeiro porque toda a Liturgia faz pensar na morte, como eu disse. E pensar nos novíssimos — não canso de o dizer aqui — é um exercício salutar e necessário à vida cristã: levaríamos uma vida mais perfeita se pensássemos na morte com mais frequência.

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Segundo porque naquela liturgia nós por diversas vezes nos pegamos rezando em primeira pessoa: por exemplo, ao longo da sequência é como se estivéssemos nós próprios perante o Juízo Final. Sou eu que, miserável, não sei o que dizer (quid sum miser tunc dicturus?); é o meu rosto que enrubesce de vergonha pelos meus pecados (culpa rubet vultus meus); são as minhas orações que não são dignas de chegar a Deus (preces meæ non sunt dignæ); é o meu fim que confio aos cuidados do Juiz (gere curam mei finis). E é bom recitar essas preces em nosso próprio nome enquanto tal nos é permitido: talvez a nossa voz ecoe até os umbrais da Vida Eterna e, um dia, diante do Justo Juiz, cheguem até ele as súplicas que Lhe fizemos enquanto ainda podíamos suplicar.

Terceiro porque livrando almas do Purgatório nós conquistamos amigos no Céu. Pode-se lucrar uma indulgência plenária no Dia de Finados; diferente das outras, no entanto, essa indulgência, que se pode ganhar visitando uma igreja no dia 2 de novembro (ou visitando um cemitério entre o dia 1º e o dia 8 de novembro), é aplicável aos defuntos e não ao fiel que pratica a obra indulgenciada. Não é só um exercício particularmente desinteressado de caridade — conquistar uma coisa que vai servir totalmente para outrem e não para si; é a maior graça que um fiel falecido pode receber. Se um fiel vivo consegue em um determinado momento a remissão total das penas temporais devidas pelos pecados que ele já cometeu, nada impede que ele volte a delinquir e, até o fim da vida, acumule outras tantas penas sobre as que foram apagadas. Uma alma no Purgatório, no entanto, não peca mais, e recebendo uma indulgência plenária ela entra direto no Céu. Quer dizer, são as indulgências mais eficazes do mundo: aqui o tesouro de méritos da Igreja encontra a sua máxima realização. De um modo maravilhoso aqui se cumpre a prece do Dies Irae: «tantus labor non sit cassus». Estas indulgências — entre todas — não ficam em vão. Maravilhas da misericórdia de Deus.

É bela a Liturgia dos defuntos, com os seus cantos graves e seus paramentos negros. Não porque a morte seja uma coisa bela, mas por conta da esperança da Vida Eterna que perpassa toda a Fé Cristã e, no dia de ontem, resplandece com um fulgor todo especial: no 2 de novembro aplacam-se um pouco as chamas do Purgatório e, graças à atividade da Igreja Militante, muitas almas benditas deixam a Igreja Padecente e ingressam jubilosas nas fileiras da Igreja Triunfante. Nessa Missa nós não temos direito sequer à bênção final, dedicada que é aos mortos a celebração inteira; mas na absolvição do catafalco com a qual se encerra a cerimônia a nossa esperança é reavivada e o nosso papel neste mundo adquire um renovado sentido. Do féretro simbólico aspergido pelo sacerdote sobem almas para o Céu. Elas vão lá nos preceder, preparar-nos um lugar. Um dia seremos nós. E apraza a Deus que haja então ainda dias de Finados para nos valer.

Benedictio puerorum et puellarum

Agradeço ao Taiguara por ter divulgado, entre amigos, esta oração que agora divulgo publicamente. Trata-se da “Bênção das crianças”, que faz parte dos “Exercícios para o dia da Primeira Comunhão” de São Pio X. Aliás, o dia da Primeira Comunhão é indulgenciado, por São Pio X, conforme segue:

1º – Uma indulgência plenária para os meninos e meninas que fazem a primeira Comunhão, orando segundo as intenções do Sto. Padre;

2º – Uma indulgência plenária a seus parentes consangüíneos até o 3º grau que, confessados, comungarem e orarem segundo as intenções do sto. Padre;

3º – Uma indulgência de 7 anos e 7 quarentenas a todos os fiéis que, de coração contrito, assistirem à solenidade da primeira Comunhão.

Amanhã é Corpus Christi. Renovemos o nosso amor por Nosso Senhor Eucarístico.

Baixe aqui os Exercícios para o dia da Primeira Comunhão.

Relíquias de Dom Bosco no Nordeste

Só divulgando: a urna que contém uma relíquia de Dom Bosco está no Brasil e estará em Recife no início do próximo ano. Há um site próprio sobre a relíquia descrevendo o seu itinerário; ela “fica no país até o dia 28 de fevereiro, quando segue para Caracas, capital da Venezuela”.

Conforme email que recebi, a programação preliminar para o itinerário das relíquias no nordeste segue abaixo:

JANEIRO de 2010

21, qui
05:00-xx:xx    Acolhida, em Salvador (BA)

22, sex
09:00-15:00    Aracaju (SE)
17:00-06:00    Penedo (SE)

23, sab
08:00-16:00    Maceió (AL)
18:00-04:00    Matriz de Camaragibe (AL)

24, dom
07:30-13:00    Lajedo-Imaculada (PE)
16:00-08:00    Jaboatão-cidade (PE)

25, seg
09:00-15:00    Jaboatão-Colônia (PE)
17:00-07:00    Abreu e Lima-Caetés (PE)

26, ter
08:00-13:00    Recife-Várzea (PE)
15:00-06:00    Carpina    (PE)

27, qua
08:00-14:00    Recife-Sagrado Coração (PE)
15:00-06:00    Recife-Bongi (PE)

28, qui
08:00-13:00    Gravatá (PE)
17:00-06:00    João Pessoa (PB)

29, sex
09:00-14:00    Natal-São José (RN)
15:00-05:00    Natal-Gramoré (RN)

30, sab
10:00-06:00    Areia Branca (RN)

31, dom
07:00-12:00    Mossoró (RN)
17:00-04:00    Cajazeiras (PB)

FEVEREIRO de 2010

01, seg
07:00-13:00    Juazeiro do Norte-Horto (CE)
14:00-05:00    Juazeiro-Santuário (CE)

02, ter
11:00-06:00    Petrolina (PE)

03, qua
06:00-18:00    Traslado – pernoite em Aracati (CE)

04, qui
06:00-13:00    Aracati (CE)
16:00-05:00    Baturité (CE)

05, sex
09:00-06:00    Fortaleza-Dom Lustosa (CE)

06, sab
07:00-10:00    Fortaleza-Catedral (CE)
11:00-xx:xx    Fortaleza-Piedade (CE)

07, dom
10:00-12:00    Despedida (Fortaleza-Piedade)
Traslado para Belém, via aérea

A propósito, a agência de informações salesiana diz que há um decreto concedendo uma indulgência plenária durante a peregrinação da Urna. Não o encontrei no site do Vaticano; alguém o tem?

Carta do bispo – sobre o Ano Paulino

Reproduzo documento de Sua Excelência Reverendíssima Dom José Cardoso Sobrinho, sobre o Ano Paulino, endereçado ao povo católico da Arquidiocese de Olinda e Recife.

* * *


[clique para ver]

Recife, 16 de junho de 2008

ANO PAULINO

CIRCULAR DO ARCEBISPO AOS FIÉIS DA ARQUIDIOCESE DE OLINDA E RECIFE

O Santo Padre Bento XVI decretou a celebração do ANO PAULINO – de junho de 2008 a junho de 2009 – para comemorar os dois mil anos do nascimento do Apóstolo São Paulo.

Este “ANO JUBILAR PAULINO” oferece a todos os fiéis da nossa Santa Igreja uma ótima oportunidade para voltar a refletir sobre aquele evento maravilhoso que aconteceu na estrada de Damasco quando o perseguidor ferrenho do cristianismo foi transformado instantaneamente num apóstolo fervorosíssimo. O encontro com Jesus transformou radicalmente a vida de Saulo. Ele mesmo declara que foi conquistado (“fisgado”) por Cristo Jesus e que tudo o que antes para ele era lucro, agora ele o considera como perda, como lixo, como esterco, ao compará-lo com a excelência do conhecimento de Cristo Jesus… “meu Senhor, por Quem eu perdi tudo para ganhar a Cristo e ser achado nele…” (cf Fil 3, 4-12).

Durante aproximadamente trinta anos, São Paulo suportou uma vida humanamente duríssima sustentado e confortado unicamente pela sua união espiritual com Jesus, podendo dizer: “Para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro” (Fil 1, 21).

Temos certeza de que a celebração deste ANO PAULINO produzirá muitos frutos espirituais tanto para o nosso clero, religiosos e religiosas como para todos os fiéis da nossa Arquidiocese.

INDULGÊNCIA PLENÁRIA

Com a aprovação do Santo Padre, já foi publicado o DECRETO da Penitenciária Apostólica, concedendo indulgências plenárias durante a celebração do Ano Paulino.

Como estabelece o Código de Direito Canônico “indulgência é a remissão, diante de Deus, da pena temporal devida pelos pecados já perdoados quanto à culpa, que o fiel, devidamente disposto e em certas e determinadas condições, alcança por meio da Igreja, a qual, como dispensadora da redenção, distribui e aplica, com autoridade, o tesouro das satisfações de Cristo e dos santos”. “A indulgência plenária liberta totalmente da pena temporal devida pelos pecados” (Cân. 992-993).

As condições necessárias para lucrar a indulgência plenária são as seguintes: a) receber anteriormente e dignamente o sacramento da confissão e a comunhão eucarística; b) visitar uma igreja determinada pelo Bispo e participar numa cerimônia litúrgica em honra de São Paulo ou fazer uma visita ao Santíssimo Sacramento; c) rezar o CREDO e o PAI NOSSO na intenção do Santo Padre o Papa.

Esta indulgência plenária – que só pode ser lucrada uma vez por dia – pode ser aplicada tanto na própria intenção como por um determinado fiel falecido.

A abertura oficial do ANO PAULINO na Arquidiocese de Olinda e Recife será celebrada no dia 13 de julho de 2008 na Igreja Matriz da Paróquia de Jardim São Paulo, às 19:00h.

Seguindo as instruções do mesmo DECRETO da Penitenciária Apostólica, determinamos que os fiéis da nossa Arquidiocese poderão lucrar a indulgência plenária deste ANO PAULINO em todas as igrejas ou capelas intituladas a São Paulo e também na igreja matriz de cada Paróquia e nas Basílicas desta Arquidiocese de Olinda e Recife.

Dom José Cardoso Sobrinho
Arcebispo de Olinda e Recife

Jornada Mundial da Juventude 2008


[foto: Catholic Diocese of Sale]

Começou, desde a última terça-feira, a XXIII edição da Jornada Mundial da Juventude. O evento, que reúne (como o nome diz) jovens católicos do mundo inteiro com o Papa, aconteceu pela primeira vez em 1986, sendo um legado do papa João Paulo II.

O site oficial do evento é o http://www.wyd2008.org/; em português, a cobertura está sendo feita pelo http://jmjbrasil.com.br/. Neste último, aliás, há uma excelente cobertura de vídeos com atualizações constantes.

Para quem quiser acompanhar o evento, os sites acima – além, claro, do site da Santa Sé – são parada obrigatória. Não esperem para saber da Jornada pela mídia brasileira; vocês não vão saber.

Indulgência plenária, só quem recebe são os peregrinos; mas quem fica aqui longe também pode lucrar indulgência parcial, bastando para isso apenas elevar «ao menos com ânimo contrito suas orações a Deus Espírito Santo, para que impulsione os jovens à caridade e lhes dê força para anunciar o Evangelho com sua própria vida». Garantindo, então, a indulgência parcial (oração pessoal):

“Deus Espírito Santo, que transformastes os homens rudes da Galiléia em Apóstolos da Igreja após revestir-lhes com o Vosso Poder em Pentecostes, fazei com que os jovens católicos, de maneira especial os que estão unidos, em espírito ou em peregrinação, ao Santo Padre o Papa Bento XVI nesta XXIII Jornada Mundial da Juventude, sejam de tal maneira abrasados pela Vossa caridade que, à semelhança dos Doze Apóstolos, anunciem com a própria vida o Evangelho da Salvação. Por Cristo, Senhor Nosso, amém”.

Hoje, houve um encontro ecumênico na Cripta da Catedral de Sydney. Do discurso do Santo Padre:

Este sacramento [o Batismo], que é a porta de ingresso na Igreja e o «vínculo de unidade» para quantos renasceram por ele (cf. Unitatis redintegratio, 22), é consequentemente o ponto de partida de todo o movimento ecuménico. Mas não é o destino final. O caminho do Ecumenismo visa em definitivo chegar à celebração comum da Eucaristia (cf. Ut unum sint, 23-24.45), que Cristo confiou aos seus Apóstolos como o sacramento por excelência da unidade da Igreja.

Viva o Papa!