As piadas de Boff

Li com um misto de diversão, enfado e tristeza a (última) longa entrevista dada pelo sr. Leonardo Boff à IstoÉ.

Diversão, porque a quantidade de bobagens que o ex-franciscano é capaz de falar impressiona. Seriam excelentes piadas, se não estivéssemos convencidos de que Genésio fala sério. Os perfis fakes de Leonardo Boff criados no Twitter e no Formspring são tão parecidos com o próprio ex-frade que, se o colocássemos para responder às perguntas e para enviar tweets, aposto que quase ninguém notaria a diferença.

Leonardo Boff, o fake, responde que, se sua casa estivesse em chamas e ele só pudesse salvar três coisas, elas seriam “[a] foice, [o] martelo e a bíblia pastoral”. E diz que “o verdadeiro Cristo ressucitado, filiado ao PT, ainda está por vir do alto do céu, munido de foice e martelo”.

Leonardo Boff, o original, insiste no lenga-lenga de se ter sentado “na cadeira onde sentou Galileo Galilei”; fala que “[a] Igreja se engessou em suas doutrinas, em suas normas, em seus ritos que poucos entendem e num direito canônico escrito para legitimar desigualdades e conservadorismos”; fala que não há “nenhuma doutrina ou dogma que impeça as mulheres de serem ordenadas e até de serem bispos” e em “patriarcalismo intrínseco à instituição”; afirma-se “católico apostólico franciscano”. Oras, um sujeito capaz de falar este monte de asneiras em uma entrevista poderia, perfeitamente, subscrever tudo o que os seus perfis fakes dizem. O Boff é uma piada pronta.

No entanto, ainda tem gente que leva este sujeito a sério – e daí o motivo do enfado. Com certeza há gente estúpida o bastante para acreditar no ex-frei amasiado sobre a possibilidade de ordenação de mulheres – apesar da Igreja já ter reiteradas vezes dito o contrário. Com certeza há pessoas que achem que o Papa devesse renunciar. Com certeza há imbecis que irão subscrever a crítica de Genésio ao celibato eclesiástico e ao “patriarcalismo” da Igreja. Porque, se este sujeito fala, é porque tem quem o ouça.

E daí o motivo da tristeza. Porque há pessoas que preferem dar ouvidos a um velho hippie que julga ser, ele próprio, o único oásis de graça e salvação que ele nega ser a Igreja. Há pessoas que preferem seguir um ex-frei amasiado que provavelmente se acha o último digno sucessor de São Francisco de Assis – a quem ele chama de “último cristão verdadeiro e talvez o primeiro depois do Único, que foi Jesus Cristo” – a seguir o Papa, Doce Cristo na Terra e Pedra sobre a qual Nosso Senhor edificou a Sua Igreja.

Genésio Boff tem a petulância de mandar o Papa trancar-se em um convento, para “se preparar para o grande encontro com o Senhor da Igreja e da história. E pedir misericórdia divina”. E o Boff, acaso não precisa da misericórdia do Altíssimo? Infelizmente, o ex-frei não tem mais um convento onde possa ficar. Ele faria bem, no entanto, se se preocupasse mais em pedir a misericórdia divina do que em atacar publicamente a Igreja de Cristo. Genésio, Genésio, para o teu bem, ouve o teu próprio conselho.

Retrospectiva…

Comentando as notícias que me chegaram durante a Semana Santa e só agora pude ler:

– A IstoÉ (!) publicou uma reportagem em defesa do sacerdócio feminino – incrível! O que sabe a IstoÉ sobre o assunto para se prestar a fazer esta propaganda de baixíssimo nível contra a Igreja Católica? A julgar pela reportagem, bem pouca coisa. Limito-me a indicar os que já se deram ao trabalho de pôr a descoberto os erros grosseiros da revista: Marcio Antonio [“uma das piores coisas da matéria é ignorar completamente a existência do documento Ordinatio Sacerdotalis, de 1994, onde João Paulo II fecha a questão definitivamente”] e Marcelo Moura Coelho [“[n]enhuma mulher pode ser ordenada, mesmo participando numa ordenação. Só homens podem ser ordenados. Caso uma mulher esteja sendo “ordenada”, o máximo que acontece ali é uma encenação, um teatro”].

– Excelente artigo do pe. Lodi publicado no blog da Julie Maria: Onde estão os gêmeos? Verdadeiramente, “a pergunta que incomoda os abortistas”. Destaco o seguinte trecho, que traz dados relevantes: “Em 2006 (último ano sobre o qual o SUS dispõe de estatísticas sobre nascidos vivos), 27.610 meninas da faixa etária de 10 a 14 anos deram à luz. Desse total, 260 deram à luz gêmeos”. Portanto [e mais uma vez], é mentira que a menina de Alagoinha simplesmente “ia morrer” se continuasse a gravidez.

– O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, bispo católico que recebeu dispensa para assumir o cargo político para o qual foi eleito, admitiu ter tido um filho “quando ele ainda era bispo da Igreja Católica”. A Reuters chama isso de “surpreendente revelação”. Eu não vejo nada de surpreendente nisso, vindo de um bispo traidor do episcopado, mancomunado com política e adepto da Teologia da Libertação. Não há nenhuma surpresa aqui: surpresa seria se ele recebesse os estigmas de Cristo.

– O Rio de Janeiro criou o “conselho para defesa de direitos de homossexuais”, por determinação do Governador Sérgio Cabral. Segundo a notícia, servirá para “elaborar, monitorar, fiscalizar e avaliar a execução de políticas públicas para o chamado público LGBT, destinadas a assegurar a esta parcela da população o pleno exercício de sua cidadania”. Todos nós sabemos o que isso significa: mais perseguição contra os que não concordam com o gay way-of-life. Rezemos.

Bebê morre sem receber alimento porque não dizia “amém” – só registro a minha profunda irritação com os comentários feitos à notícia: “as religiões, de um modo geral, só servem para alienar as pessoas”, “todo dia existem atos ligados a todos tipos de religião q matam crianças”, “religião envenena tudo”, etc., etc. Como se a Religião Verdadeira tivesse alguma coisa a ver, ainda que de longe, com este tipo de sandice. Fizeram um comentário muito oportuno na lista de emails onde foi veiculada a notícia: “Chamem o Torquemada”…

– ONGs abortistas não querem ser investigadas: é o que diz esta carta pela não instalação da CPI do aborto. Sem nenhuma surpresa, publicada no site das “Católicas pelo Direito de Decidir”. Aborto é crime; no entanto, estas ONGs não querem que ele seja investigado e nem muito menos punido, e têm a pachorra de pedir ao “Líder” [da Câmara dos Deputados] “que não indique membro para compor a CPI do Aborto” – dá para acreditar nisso?! Um tal pedido, em qualquer país sério, levantaria suspeitas e provocaria a imediata investigação destas organizações que ousam pedir que os crimes não sejam investigados. No Brasil, no entanto, é bem capaz que elas sejam aplaudidas. Que Nossa Senhora da Conceição Aparecida livre o Brasil da maldição do aborto.

– A Folha de São Paulo publicou esta maravilha de reportagem sobre a Administração Apostólica São João Maria Vianney. “[O] material divulgado na igreja [DVD ensinando a celebrar a missa tridentina] contraria o próprio papa e classifica judeus como assassinos de Deus” – não dá para não ver má fé nesta reportagem irresponsável e caluniosa. Em primeiro lugar (e mais evidente), é óbvio que as mudanças do Papa às orações da Sexta-Feira Santa não mudam a doutrina nelas contida; em segundo lugar, o material em questão foi editado antes das mudanças feitas por Bento XVI. Não há, portanto, sombra de discórdia doutrinária ou de desobediência litúrgica em Campos. Há a má vontade – pra variar… – da Folha.

Mensagem de Páscoa do Papa Bento XVI: “[A] ressurreição não é uma teoria, mas uma realidade histórica revelada pelo Homem Jesus Cristo por meio da sua «páscoa», da sua «passagem», que abriu um «caminho novo» entre a terra e o Céu (cf. Heb 10, 20). Não é um mito nem um sonho, não é uma visão nem uma utopia, não é uma fábula, mas um acontecimento único e irrepetível: Jesus de Nazaré, filho de Maria, que ao pôr do sol de Sexta-feira foi descido da cruz e sepultado, deixou vitorioso o túmulo. De facto, ao alvorecer do primeiro dia depois do Sábado, Pedro e João encontraram o túmulo vazio. Madalena e as outras mulheres encontraram Jesus ressuscitado; reconheceram-No também os dois discípulos de Emaús ao partir o pão; o Ressuscitado apareceu aos Apóstolos à noite no Cenáculo e depois a muitos outros discípulos na Galileia”. Que a alegria do  Ressuscitado seja a nossa força.