O custo da Arca

Um amigo mostrou-me este post do controle remoto. No início, achei que era somente mais uma das falcatruas envolvendo a Igreja Universal do Reino de Deus, daquelas sobre as quais nem adianta mais falar porque todos já estão cansados de saber. E, talvez, seja mesmo; não conheço a IURD para além das piadas feitas entre amigos e das manchetes que acompanho com vívido desinteresse, de modo que talvez isso que eu li agora seja expediente corriqueiro por aquelas bandas. Mas vamos ao que interessa.

O sr. Edir Macedo está pedindo ajuda para manter o site da Arcauniversal, baseado na seguinte prestação de contas apresentada no seu blog:

Aqui vão as despesas mensais com o site do Arca Universal:

  • – Hospedagem de Servidores
  • – Salário dos Funcionários
  • – Serviço de Imagens
  • – Luz/Água/Telefone + Gastos Administrativos

Em um Total de Custos de: R$ 107.622,00

E o sr. Felipe Neto está indignado com as despesas superfaturadas. Eu não sei o que são “serviços de imagens” nem o quê exatamente entra em “gastos administrativos”; mas me parece evidente que esta quantia empregada mensalmente para manter um site, se é que é realmente empregada, é um desperdício. Por quê? Simplesmente porque as coisas básicas para deixar o site funcionando – a hospedagem e [vá lá!] luz/água/telefone -, somadas a um salário justo para uma quantidade razoável de funcionários, fica muito aquém disso. Agora, se este “serviço de imagens” inclui processamento pela NASA, se os “gastos administrativos” cobrem as despesas com os processos que a IURD sofre, e se entre os funcionários estão especialistas em futilidades pagos a peso de ouro, aí sim a conta, talvez, atinja o valor estipulado pelo sr. Macedo.

É óbvio que é indecente gastar cem mil reais por mês para deixar um site funcionando. Este primeiro ponto é incontestável; no entanto, há dois outros pontos periféricos na história toda que eu não quero deixar de abordar.

Primeiro: o sr. Felipe disse no seu blog, logo no início do texto sobre o Edir Macedo: “Seu poder [de Edir Macedo] de mentiras e lucro através da fé só perde para a Igreja Católica pré-Reforma, por meados do século XV e XVI, com suas indulgências, venda de um pedaço no céu, venda de salvação das almas dos mortos, venda de pedaços da cruz de Cristo e ossos dos apóstolos”. Alto lá, sr. Felipe Neto, alto lá! Não aceito que a Igreja de Nosso Senhor seja comparada, sob nenhuma ótica, com esta ante-sala do inferno chamada Igreja Universal do Reino de Deus. É engraçado: até mesmo para falar mal do Edir Macedo, é necessário atacar a Igreja Católica! Nunca houve “mentiras e lucro através da fé” na Igreja de Nosso Senhor, nem na “pré-Reforma” e nem em nenhum outro momento da História. Os abusos cometidos por alguns membros do clero sempre foram combatidos pela instituição. Para sustentar a sua calúnia, deve o sr. Felipe Neto mostrar a bula papal que contém a contabilidade devidamente documentada dos gastos com os terrenos do Céu e relíquias dos santos, anexadas às tabelas de indulgências e do pedido formal de doações. Acaso ele pode fazer isso? Nós, católicos, no entanto, podemos provar que a simonia [comércio de coisas sagradas] era proibida muito antes de Lutero

Segundo: muito mais grave do que o dano provocado ao corpo é o dano provocado à alma; muito mais sério do que roubar dinheiro, é roubar das almas a Fé Católica e Apostólica sem a qual é impossível agradar a Deus. As irregularidades cometidas pela Igreja Universal não são a raiz do seu problema; são conseqüência de um problema de fundo muito mais sério, que é a tentativa de se colocar – por conta própria – uma outra igreja no lugar d’Aquela que foi estabelecida por Nosso Senhor. O problema radical do sr. Macedo et caterva não é financeiro, é teológico e, deste, decorrem todos os outros. Enquanto isso não for levado em consideração, podem denunciar mil e uma irregularidades, podem fazer provérbios e contar anedotas, podem conduzir investigações e abrir processos, que as cabeças do monstro vão renascer uma a uma por mais que se as cortem.

IURD abortista

Como se não fosse suficiente que os protestantes rompessem a unidade da Igreja e debochassem da Verdade Revelada, retalhando-A ao seu bel prazer, a sanha diabólica da Igreja Universal do Reino de Deus (melhor seria nomeada “do Reino de Satanás”, pois é blasfêmia usar o nome de Deus para propagar idéias tão contrárias às Suas Santas Leis) atingiu já há algum tempo o fundo do poço quando o Edir Macedo resolveu fazer campanha pública a favor do assassinato de crianças no ventre de suas mães. Não cheguei a ver, mas me foi dito que a Record veiculou algumas vezes propagandas em favor do aborto. Entretanto, vi e li a seguinte reportagem da Folha Universal do última dia 31 de agosto, assinada pelo próprio Edir Macedo:


[Clique para ampliar]

Faltam-me palavras para responder a tão blasfemas colocações. Satanás aqui se apresenta não mais transvestido de anjo de luz, mas de rosto descoberto mesmo, deleitando-se com a subserviência de seus sequazes. Se o aborto já é, em si, inadmissível para a mais bárbara das sociedades, muito mais revoltante é que seitas auto-intituladas “cristãs” defendam este crime abominável.

E a matemática tacanha do líder da IURD chega a ser ridícula. Primeiro, pergunta ele qual a chance de um bebê abortado perder a salvação, e responde: “nenhuma” (esquece-se ele, como todo protestante, que o Batismo é necessário para a salvação e, portanto, da sorte eterna dos bebês abortados, nós não podemos garantir nada); em seguida, afirma que a chance de uma pessoa que “nasça” ser salva vai estar condicionada à aceitação de Jesus e, por conseguinte, o céu ganha probabilisticamente mais almas com o aborto do que com o nascimento.

A mera tentativa de se fazer esta espécie de conta é o supra-sumo da estupidez e da desumanidade (afinal, sob a ótica meramente quantitativa, vamos matar não só as crianças não-nascidas como também as nascidas, pois também estas correm o risco de se danarem ao atingirem a idade da razão); no entanto, o que consegue ser ainda mais impressionante é a ignorância dos aspectos mais básicos relacionados à salvação dos homens! É evidente que, se Deus criou os homens com inteligência e vontade dando-lhes a possibilidade de se salvarem ou se perderem, foi porque Ele quis assim; caso contrário, se quisesse apenas estatísticas estratosféricas no Céu, era só criar os homens sem vontade livre. Deus não é matemático, e Edir Macedo – que tem experiência em inflacionar os lucros da sua empresa que ele diz ser uma igreja – pretende ensinar ao Altíssimo como incrementar o superávit de almas que ingressam na Bem-Aventurança Eterna. Seria cômico, se não fosse ridículo.

Por fim, entre um monte de lixo que não vale nem a pena comentar, pergunta o estúpido pastor: “O que é mais pecaminoso, a relação sexual ilícita ou o aborto?”. Em primeiro lugar, é óbvio que o aborto é mais pecaminoso (embora ambos sejam pecados graves que levam ao inferno), pois é assassinato de um inocente. E, em segundo lugar, concedendo somente para fins argumentativos que ambos os pecados fossem de igual magnitude… o que é que o Edir Macedo está insinuando? Que, uma vez já cometido o pecado grave do adultério ou da fornicação, “tudo bem” que se cometa em seguida a este o pecado do aborto? “Tá no inferno, abraça o capeta” – é esta a teologia deste excremento religioso?!

Escândalo, vergonha, blasfêmia. É nisto que consiste esta porcaria que o auto-intitulado “pastor” faz circular entre os seus “fiéis”. É melhor ler besteira do que ser analfabeto, diz o velho ditado; mas tenho cá as minhas dúvidas se o autor deste aforismo popular seria da mesma opinião se tivesse lido a Folha Universal. É fundamental que as baboseiras do Edir Macedo sejam refutadas, afinal, o escândalo já está de bom tamanho. E as almas envenenadas pela peçonha do desgraçado merecem conhecer a Verdade que liberta – e não serem escravas das mentiras de Satanás apresentadas por quem se diz “pastor”, mas na verdade é lobo por debaixo da pele. Graças a Deus que a pele, de tão rota, já deixa ver claramente os cascos, o rabo, os chifres e sentir o cheiro de enxofre. Que a Virgem Santíssima livre as almas ignorantes das garras da Universal. E que Deus tenha misericórdia do charlatão que é líder desta seita diabólica.

STF – A grande farsa continua

Após o escandaloso jogo de cartas marcadas de três meses atrás, o Supremo Tribunal Federal deu início ontem a mais uma farsa grotesca na qual a vítima é a vida humana indefesa. A primeira audiência pública (de três que estão agendadas) sobre se deve ou não o Estado permitir o assassinato covarde e brutal de crianças deficientes foi bem reveladora.

Primeiro fato: os delinqüentes que fazem parte do STF não estão nem aí para essas audiências públicas, pois têm já bem formados os seus preconceitos e opiniões estúpidas: apenas cumprem uma agenda para enganar a população e parecer que o assunto está sendo realmente discutido com a seriedade que deveria. A prova disso é que, dos onze retardados que fazem parte do STF, apenas um deles – o ministro Marco Aurélio Mello, relator do processo – esteve presente à audiência pública de ontem. E o único ministro presente, sendo precisamente o relator do processo que autoriza a chacina eugênica, tem as suas próprias convicções que independem de quantas audiências públicas aconteçam nesta Terra de Santa Cruz.

Pois é o mesmo Marco Mello a dizer (TERRA):

O Supremo está atento às diversas óticas, mas decidirá acima de tudo sob o ângulo constitucional, tornando prevalecente a Constituição Federal, que a todos, indistintamente, submete.

E todo mundo já sabe que decidir “sob o ângulo constitucional” é um código que significa terem os semi-deuses do STF poder (auto-atribuído) para decidir o que é constitucional e o que não é, e o cretino viés da Casa da Mãe Joana Federal já foi exaustivamente demonstrado no primeiro capítulo da farsa [a questão das CTEHs] à qual foi submetido o povo brasileiro.

Segundo fato: a convocação de representantes religiosos (quando o assunto não é religioso) tem o objetivo de lançar a infamante pecha de “obscurantista” à questão da defesa da vida das crianças deficientes, como eu já disse aqui, e tem também o objetivo de “minar” a força da posição religiosa através de manifestações contraditórias de religiões distintas, como eu também já disse aqui.

Para ilustrar como o resultado foi bem atingido, veja-se esta manchete do YAHOO: “Religiosos divergem no STF sobre aborto de anencéfalos”. É um prato cheio para os ministros! Agora, além de dizerem que a proibição de se assassinar crianças deficientes indefesas é “obscurantismo religioso”, eles vão poder dizer que, ainda mais, os próprios religiosos divergem entre si! E, como exemplo desta divergência, poderão citar o seguinte “religioso”:

O bispo Carlos Macedo de Oliveira, da Igreja Universal, disse que deveria ser liberada a realização dos abortos. Depois de afirmar que a sociedade é tradicionalmente machista, o bispo defendeu que as mulheres têm o direito de decidir se querem ou não abortar um feto.

Vergonha e escândalo para o cristianismo ter o seu nome utilizado por esta laia de gente!

Terceiro fato: Marcela de Jesus é, definitivamente, a chave da questão. A criança realmente incomoda. A pequena guerreira – anencéfala – que viveu providencialmente durante um ano e oito meses (e, estou convencido, só não viveu mais propter peccata nostra) é o verdadeiro flagelo dos abortistas, o argumento factual, do qual todos os defensores do assassinato sistemático de crianças fogem como o diabo foge da cruz.

Os parentes de Marcela não foram convidados, mas dona Cacilda – a mãe da menina – estava lá:

A mãe da menina, Cacilda Ferreira, estava no STF, assistiu a toda a audiência e tirou fotografias com religiosos favoráveis à manutenção da gravidez nesses casos. [YAHOO]

Isso mostra quem realmente se importa com a questão. Não são os ministros do Supremo que nem sequer estavam lá, mas sim a mãe de uma menina com anencefalia que, sem ser convidada, apresentou-se. Salomão descobriu certa vez quem era a mãe verdadeira de uma criança ao mandar cortar o bebê no meio e identificar qual das duas pretendentes se importava realmente com ele (cf. 1Rs 3, 16-28). Quem verdadeiramente se importa com esta questão não são os ministros ausentes, e sim uma mãe que estava lá. Olhemos para isto, a fim de que possamos julgar com clareza qual das duas partes litigantes está do lado da verdade.

Sugestão de leituras:

André Petry, o ardiloso
Direitos dos fetos anencéfalos [FOLHA de ontem – versão para não assinantes]