Eu não achei que fosse viver para ler isto na Folha de São Paulo: «Rodrigo Guerra, diretor do Cisav (Centro de Pesquisa Social Avançada do México), concordou que não existe evidência científica possível para sustentar que um zigoto, ou um óvulo recém-fecundado, não tenha direitos». E ainda: «o embrião tem capacidades humanas, embora limitadas, e portanto toda a normalidade existente internacionalmente para proteger seres humanos com capacidades diferentes deve se aplicar nestes casos».
Na mídia nacional! Na Folha de São Paulo! É nestes momentos que a evidência é tão evidente que se impõe por si mesma: «Sabemos por experiência empírica contundente que as estruturas precursoras do sistema nervoso central existem desde o momento da fecundação. Desde aí o genoma humano é completo e funcional, e seu metabolismo é autônomo, ou seja, processa energia por si mesmo, embora continue sendo dependente nutricionalmente da mãe».
Respeito à vida humana desde a concepção até a morte natural: exatamente o que pede a Igreja. É praticamente a mesma conclusão a que chegaram os cientistas liderados por John Haas. E o mais importante é que tal assunto é tratado com a inegociabilidade que merece: o grupo de cientistas «rejeitou a abertura de um debate sobre o tema». Bravo! Certas coisas não se discutem. A certas posições irracionais não é lícito conceder a gentileza de um debate, como se ela fosse algo a priori aceitável.
Enquanto isso, os comentários dos bárbaros inimigos da civilização destilam o mesmo irracionalismo raivoso de sempre. Por exemplo, houve quem dissesse que «John Haas é presidente de um grupo católico anti-aborto (National Catholic Bioethics Center)! Ele está falando como religioso e não como cientista». E (como comentou um amigo) o Dawkins et caterva, militantes anti-religiosos raivosos, porventura falam como cientistas? Honestidade intelectual passa longe dessa gente…