Hoje de manhã eu ouvia, na CBN, o Kennedy Alencar dizendo que o PT fora vitorioso em São Paulo, com o Fernando Haddad conquistando inclusive votos de quem era anti-petista. O engano é tão monstruoso que eu tenho dificuldades em mensurar o quanto ele é sincero. O petista do desastrado kit-gay não “ganhou” um voto de confiança dos paulistas e nem – muito menos! – o fato dele ter sido eleito nas atuais conjunturas significa alguma espécie de absolvição do PT, pelo povo de São Paulo (ou, pior ainda, do Brasil!), dos crimes do Mensalão – cujo julgamento já tem um veredicto de “culpado” no STF, estando agora em discussão as questões das penas aplicáveis. Ao contrário do que se disse na mídia, o que aconteceu em São Paulo não foi uma “vitória do PT” ou um “triunfo de Lula”, mas algo muito mais simples, patético e previsível: São Paulo foi palco de (mais) uma derrota ridícula de José Serra.
O fato, por vergonhoso que seja, é que o velho PSDBista não tem envergadura moral para se levantar acima nem mesmo de uma escória política como Fernando Haddad. O fato – ridículo, mas verdadeiro – é que os paulistas não se sentem motivados a votar em um banana como José Serra para impedir o PT de ganhar a maior cidade do Brasil. O fato, inacreditável, é que José Serra conseguiu perder, em São Paulo, uma eleição para o ex-ministro da Educação do Governo do PT. É impressionante, mas é verdade.
Eu já o dissera aqui, há dois anos, que a corrida presidencial entre Dilma Rousseff e José Serra era uma luta de Satanás contra Belzebu; este ano, em São Paulo, as coisas não foram diferentes. O tucano não pode fazer frente às imoralidades petistas: ele tem igualmente as mãos sujas do sangue de crianças abortadas, e também pariu um “kit-gay” para professores quando foi governador em São Paulo. Qual é mesmo a grande diferença? É claro que o PSDB é razoavelmente diferente do PT; mas o Serra não é, e este é o ponto. Quando todas as questões de consciência que podem ser levantadas para afastar o voto no PT aplicam-se também, com assustadora semelhança, ao candidato (dito) “da oposição”… o que se pode fazer? Até parece que o Serra é um petista infiltrado dentro do PSDB, tamanha a sua capacidade de fazer eleições importantes penderem para o lado do Partido dos Trabalhadores. Espero que, desta vez, este velho fantasma seja definitivamente exorcizado do cenário político nacional, pelo bem da Pátria.
A despeito de eu ter votado em José Serra em 2010, deixei claro que o fazia somente pela mais absoluta ausência de alternativas, já no apagar das luzes, em uma última tentativa (dir-se-ia desesperada) de impedir a perpetuação do petismo no governo do Brasil. Não consegui. E, como então, hoje eu continuo entendendo perfeitamente os católicos que, ontem, em São Paulo, preferiram não sacrificar duas teclas na Urna Eletrônica ao velho tucano. Quase um terço dos paulistas não votou nem em Serra nem em Haddad. A mensagem é eloqüente. Assim como a sra. Rousseff (que foi eleita Presidente do Brasil a despeito de dois em cada três brasileiros não terem votado nela), Fernando Haddad assume São Paulo não como um prefeito querido sob a égide da aclamação popular (como a mídia parece estar querendo vender), mas muito pelo contrário: é uma excrescência que os paulistas não querem no poder, mas que teve a “sorte” de competir com um derrotado do nível de José Serra e, entre os dois indesejados, por acaso calhou de a prefeitura de São Paulo cair no colo do petista. É somente isso. Que Deus ajude São Paulo, porque os políticos não estão dispostos a lhe ajudar.