Se não fosse um católico…

Só comentando en passant: esta eu vi hoje no “Planeta Bizarro”. Estudante é suspenso em escola nos EUA por usar um terço. Procurei a fonte original e cheguei a esta reportagem da ksdk.com. À parte uma pequena imprecisão que deve ser creditada à minha ignorância no inglês (sempre achei que “High School” era uma coisa equivalente ao nosso “Ensino Médio”, e no entanto o Google Translator disse-me que “sophomore” era “estudante de segundo ano universitário”), a notícia americana é a mesma reproduzida aqui no portal do G1 – com a diferença de que a mídia tupiniquim apenas traduziu quatro linhas dela. A matéria americana é do dia 25 de fevereiro p.p.

Quatro linhas! Se o garoto que foi vítima deste preconceito não fosse católico – se fosse, digamos, um sujeito pertencente a alguma religião de matiz africana proibido de usar guias no pescoço, ou se fosse um homossexual proibido de vestir uma camisa com a foto dele e do seu “parceiro”, ou coisa que o valha -, a notícia ganharia as primeiras páginas dos grandes meios de comunicação. Fariam discursos e mais discursos inflamados contra a intolerância desse colégio (aliás, seriam capazes até de dar um jeito de associar o colégio à Igreja Católica). Fariam manifestações na frente da instituição e, no dia seguinte, convocariam os demais estudantes a sairem com guias no pescoço / camisetas com duplas homossexuais / qualquer-outra-coisa-que-fosse-cabível-dependendo-da-“minoria”-então-agredida em protesto contra este preconceito medieval.

No entanto, foi “só” um católico! Qual o problema em ele ser proibido de usar um terço? O que tem de mal equipará-lo a um membro de uma gangue? E daí se ele é suspenso do colégio pelo simples fato de usar um símbolo religioso? Neste caso a coisa parece ser perfeitamente natural, banal até, e a notícia só merece uma nota de curiosidade em uma seção de notícias estranhas de um jornal eletrônico. Tempos difíceis estes nos quais vivemos…