Tolerância moderna I: repórter católico é demitido após discordar do “casamento” gay. Resumindo a história: o “casamento” gay foi derrubado no Maine, uma associação pró-gay enviou um email em massa se lamentando pelo ocorrido, o repórter Larry Grard respondeu – de sua conta de email pessoal – desaforadamente à mensagem, o porta-voz da associação reclamou ao chefe do repórter, o repórter foi demitido, e a sua esposa teve a sua coluna quinzenal cancelada.
Tolerância moderna II: menino é afastado de escola após fazer desenho de Nosso Senhor (!). “O pai do aluno disse ter sido chamado pela direção da escola depois de o seu filho ter feito um ‘desenho violento’ atendendo ao pedido da professora para que as crianças da sala fizessem uma composição que tivesse o Natal como tema”. O desenho violento em questão é uma Cruz como Nosso Senhor Crucificado.
Tolerância moderna III: cartaz blasfemo gera polêmica na Nova Zelândia. “Segundo o vigário da igreja [Anglicana] St. Matthew-in-the-City, Glynn Cardy, a ideia do cartaz era questionar estereótipos e promover o debate entre os fieis sobre o nascimento de Jesus Cristo”. Ele disse ainda “que o objetivo do cartaz era satirizar a interpretação literal da concepção de Cristo”. Ao que me conste, o vigário continua lá e o cartaz continua lá.
Tudo isso seria uma grande piada, se as pessoas que vivem neste mundo enlouquecido não o levassem completamente a sério. É muito difícil argumentar contra o óbvio: se o homem moderno não consegue – e eu até acho que ele não consegue – enxergar a enorme disparidade de tratamento ilustrada nas notícias acima, é muito difícil fazê-lo enxergar, pois o caso é praticamente patológico.
As pessoas parecem realmente achar normal que a religião seja vítima de toda espécie de ofensa e vitupério, que seja debochada, que escarneçam dela, e que ela não tenha nenhum espaço na vida pública ou nenhum direito aos tratamentos reservados a outros – na falta de nome melhor – “grupos sociais”. É perfeitamente normal demitir o repórter que ousou “agredir” os gays. É lógico que uma criança capaz de desenhar uma Cruz precisa de tratamento psicológico. No entanto, reclamar da blasfêmia pública é uma censura intolerável e, se o cartaz que debocha do Cristianismo ofende, só pode ser porque os cristãos são melindrosos demais.
Vivemos em tempos difíceis. Os que exigem respeito não nos respeitam. Os que não aceitam a censura fazem de tudo para nos censurar. A via de mão única é claramente cínica e hipócrita e, no entanto, é traquilamente apresentada como se fosse um perfeito modelo de civilidade e modernidade. Esperam que a aceitemos como se fosse a coisa mais natural do mundo?
Não podemos. Isto não é normal. Não é nem mesmo lógico dentro das próprias premissas aceitas pelos que discordam de nós. É absurdo. A ideologia que querem nos empurrar carece até mesmo de coerência interna. Bom seria se os hipócritas de plantão lançassem logo fora as máscaras que ostentam, e assumissem logo serem os anti-religiosos que suas atitudes demonstram. Ao menos, a decência da sinceridade. Mas, pelo visto, parece que isso é esperar demais.