Em todo esse tempo de caminhada dentro da Igreja Católica, nunca antes precisei enfrentar tantos embates tão sérios quanto os de agora. Considero os de agora mais sérios porque antes as divergências com outras pessoas eram até normais, pois não eram da mesma fé que eu; mas, agora, os embates são mais desgastantes, pois são com irmãos de fé, são pessoas católicas que criticam, “alfinetam” e vêem com maus olhos as práticas pelas quais tenho simpatia. Práticas que aprendi com meu bisavô materno, com minha avó, com amigos fiéis à Igreja…
Para ilustrar bem, vou relatar o que houve no último domingo, 27 de janeiro, quando fui à missa na minha cidade natal, Campina Grande, onde vim passar as férias.
Como de costume, levei à missa meu Tratado da Verdadeira Devoção à Ssma. Virgem, o terço e minha mantilha. A missa não era tridentina, mas ainda assim usei a mantilha. Ao meu lado estava uma tia freira e a minha avó.
A celebração não era assim de uma liturgia perfeita, mas ainda assim permaneci serena, pois aprendi a suportar os abusos litúrgicos com o mesmo silêncio de Maria, ao ver Cristo ser abusado na Sua Paixão. Foquei no principal e suportei os erros.
Pois bem… eis que chega a hora da homilia. Foi quando comecei a ouvir comentários do tipo:
“Querem que às missas voltem a ser em latim, com aqueles incensos!”
“Querem que a mulher vá à missa ‘cheia de pano’!”
“Querem que os padres usem batinas, aquelas batinas pretas… essas pessoas não sabem o que é usar isso aqui no nordeste”
Na mesma hora olhei bem para o padre, e ele me olhou. Pode até ser que esses comentários não tenham sido alfinetadas; mas, com toda sinceridade, entendi como indiretas a mim, pois eu era a única que estava de véu, o que remete ao passado, às missas em latim, às comunhões na boca, etc. De qualquer modo, ainda que não tenham sido comentários direcionados a mim, os mesmos estão equivocados da mesma forma. Como pode uma assembléia ser educada desta maneira? Como pode um padre “demonizar” o rito tridentino e as práticas piedosas de tantas pessoas? É realmente muito difícil de compreender.
Minhas observações:
Com relação à crítica nº1: Qual é o problema em ter fiéis querendo que tenham missas tridentinas? Acaso ele está desconsiderando o Motu Proprio Summorum Pontificum? Desde que não se condene o rito novo como inválido, que mal faz querer uma missa bem celebrada na forma extraordinária?
Com relação à crítica nº2: “Cheia de Pano”? Existe pecado em usar um véu na missa? Por que ele não se volta contra as mulheres que vão semi-nuas às celebrações?
Com relação à crítica nº3: Queremos que os padres usem batinas, sim! Se querem andar igual a boyzinhos, por que decidiram seguir a Cristo na Ordem? Cristo nos pede tudo e não metade, portanto, um consagrado deve andar como um consagrado. E, com relação ao calor do nordeste, tinha uma freira ao meu lado, de hábito, NO NORDESTE! E eu nem vou levar em consideração o fato de que, no interior, o calor é muito mais ameno que nas capitais.
Não tive raiva deste padre, ao contrário, tive piedade, mas fico muito triste ao perceber o comportamento de alguns líderes da nossa amada Igreja. Líderes que se comportam mais como leigos ou políticos engajados em uma luta terrena.
Por fim, quero deixar claro que este depoimento não tem intenção alguma de escandalizar este padre cujo nome não foi e não será citado, tampouco a paróquia em que isso ocorreu. Também não tem a intenção de desmerecer qualquer trabalho de boa fé que o mesmo faz. É apenas um desabafo de uma senhorita que busca ser cada vez mais fiel aos olhos do Senhor e que tem encontrado obstáculos diversos dentro da igreja local, onde deveria ser o refúgio dos cristãos.
Nossa Senhora, Auxílio dos Cristãos, rogai por nós!
Lívia Melo é paraibana,
Gestora Financeira e aderida ao Movimento Regnum Christi