Nossa Senhora, Mãe de Deus.
Resumidamente, podemos dizer que Nossa Senhora é Mãe de Deus e não da divindade. Ou seja, Ela é Mãe de Deus por ser Mãe de Nosso Senhor, pois as duas naturezas (a divina e a humana) estão unidas em Nosso Senhor Jesus Cristo.
A heresia de negar a Maternidade Divina de Nossa Senhora é muito anterior aos protestantes. Ela nasceu com Nestório, então Bispo de Constantinopla. Os protestantes retomariam a heresia que havia sido sepultada pela Igreja de Cristo.
Mas, afinal, por que Nossa Senhora é Mãe de Deus?
(…)
A Pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Se perguntarmos a alguém se ele é filho de sua mãe, se esta verdadeiramente for a mãe dele, de certo nos lançará um olhar de espanto. E teria razão.
O homem, como sabemos, é composto de corpo e alma, sendo esta a parte principal do seu ser, pois comunica ao corpo a vida e o movimento.
A nossa mãe terrena, todavia, não nos comunica a alma, mas apenas o corpo. A alma é criada diretamente por Deus. A mãe gera apenas a parte material deste composto, que é seu ser. E como é que alguém pode, então, afirmar que a pessoa que nos dá à luz é nossa mãe?
Se fizéssemos essa pergunta a um protestante sincero e instruído, ele mesmo responderia com tranqüilidade: “é certo, a minha mãe gera apenas o meu corpo e não minha alma; mas a união da alma e do corpo forma este todo que é a minha pessoa; e a minha mãe é mãe de minha pessoa, composta de corpo e alma, é realmente minha mãe”.
Apliquemos, agora, estas noções de bom senso ao caso da Maternidade Divina de Maria Santíssima. Há em Jesus Cristo “duas naturezas”: a natureza divina e a natureza humana. Reunidas, constituem elas uma única pessoa, a Pessoa de Jesus Cristo.
Nossa Senhora é Mãe desta única Pessoa que possui ao mesmo tempo a natureza divina e a natureza humana, como a nossa mãe é mãe de nossa pessoa. Ela deu a Jesus Cristo a natureza humana; não lhe deu, porém, a natureza divina, que vem unicamente do Padre Eterno.
Maria deu, pois, à Pessoa de Jesus Cristo a parte inferior – a natureza humana – como a nossa mãe nos deu a parte inferior de nossa pessoa, o corpo. Apesar disso, nossa mãe é, certamente, mãe de nossa pessoa, e Maria é a Mãe da Pessoa de Jesus Cristo.
Notemos que em Jesus Cristo há uma só Pessoa, a Pessoa divina, infinita, eterna, a pessoa do Verbo, do Filho de Deus, em tudo igual ao Padre e ao Espírito Santo. E Maria Santíssima é a Mãe desta Pessoa divina. Logo, Ela é a Mãe de Jesus, a Mãe do Verbo Eterno, a Mãe do Filho de Deus, a Mãe da Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, a Mãe de Deus, pois tudo é a mesma e única Pessoa, nascida do Seu Seio Virginal.
A alma de Jesus Cristo, criada por Deus, é realmente a alma da Pessoa do Filho de Deus. A humanidade de Jesus Cristo, composta de corpo e alma, é realmente a humanidade do Filho de Deus. E a Virgem Maria é verdadeiramente a mãe deste Deus, revestido desta humanidade; é a Mãe de Deus feito Homem.
Ela é a Mãe de Deus – “Maria de qua natus est Jesus”: “Maria de quem nasceu Jesus” (Mt I, 16).
Note-se que Ela não é a Mãe da divindade, como nossa mãe não é mãe de nossa alma; mas é a Mãe da Pessoa de Jesus Cristo, como a nossa mãe é mãe de nossa pessoa.
A Pessoa de Nosso Senhor é divina, é a pessoa do Filho de Deus. Logo, por uma lógica irretorquível, Ela é a Mãe de Deus.
(Extraído, com alguns pequenos acréscimos, do Pe. Júlio Maria, “A Mulher Bendita”, editora “O Lutador”, 1949, Manhumirim, MG). O texto sobre a Mãe de Deus foi basicamente copiado, por se tratar de uma das mais belas páginas de defesa da Maternidade Divina de Nossa Senhora.
Anúncio (informativo da Diocese de Presidente Prudente/SP) – Ano XIII, nº 410, Outubro 2009