Frei Betto, São Luís e Santa Teresa

Não faz muito tempo que o Frei Betto escreveu um texto horroroso e blasfemo – até cheguei a comentar en passant aqui – no qual exaltava os filhos das núpcias de Santa Teresa com Che Guevara. Não são desconhecidas de ninguém as suas defesas escancaradas do comunismo ou as suas posições abortistas.

Não dá para ser católico e comunista ao mesmo tempo. Ninguém pode, ao mesmo tempo, ser católico e defender o aborto. As posições do frei Betto sobre estes temas são públicas e notórias. É, portanto, evidente que este senhor não pode ser considerado como um exemplo ou modelo de catolicismo.

Não obstante, a Comissão Arquidiocesana Justiça e Paz da Arquidiocese de São Luís está promovendo um evento no Maranhão com o frei abortista e comunista. A informação encontra-se no próprio site da Arquidiocese:

No próximo mês, a Comissão Arquidiocesana Justiça e Paz, que há três anos realiza o projeto “Quartas de Paz”, traz a São Luís Frei Betto, que participa, como assessor, de um seminário, nos dias 5 e 6 de abril, juntamente com o professor doutor Wagner Cabral, historiador e professor do Departamento de História da UFMA – Universidade Federal do Maranhão.

[…]

Um encontro do Frei Betto com o mundo universitário e as comunidades eclesiais está agendado para os dias 5 e 6 de abril, no Colégio Santa Tereza, às 19h.

A divulgação foi também feita em jornal arquidiocesano, como pode ser visto aqui e aqui.

O que justifica o convite, feito por uma Comissão Arquidiocesana, para que o frei Betto discurse em um evento (supostamente) católico? Por que a Comissão Justiça e Paz de São Luís trouxe o sujeito que recentemente proferiu blasfêmias contra Santa Teresa para falar, precisamente, em um colégio cujo nome homenageia a santa espanhola? Esta zombaria aos católicos, este desrespeito às coisas sagradas, esta ofensa à Igreja ficará por isso mesmo?

Peço a quem puder se manifestar, junto à Arquidiocese e ao colégio, que o faça. Recebi por email, de um católico maranhense, o protesto abaixo sobre o assunto, que me permito reproduzir aqui.

* * *

Nos dias 05 e 06 de abril o Colégio Santa Teresa sedia palestra de um homem que vislumbrou o sexo de Santa Teresa com o líder revolucionário Ernesto Che Guevera. Frei Betto, o palestrante, é um intelectual famoso, muito prestigiado, mas pode ser considerado um intelectual pronto a ser recebido num colégio dedicado a Santa Teresa?

A frase dele, sobre as núpcias de Santa Teresa com Che Gevara, está registrada num blog da Revista Veja:

http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/depois-do-bebe-de-rosemary-o-bebe-de-frei-betto/

Frei Betto é reconhecido pela sua atuação em defesa dos direitos humanos. Entretanto, o mesmo Frei Betto já declarou publicamente que é favorável à legalização do aborto em toda América Latina. A agência de notícias católicas internacional, ACI Digital, noticiou sobre essa controvérsia usando a seguinte manchete:

“Teólogo libertacionista propõe legalizar o aborto na AL”

A notícia completa pode ser lida em:

http://www.acidigital.com/noticia.php?id=10079

Como é possível que um frei que defende a legalização do aborto e que faz “poesia” sobre a transa de Santa Teresa com Che Guevera… Como é possível que um frei tão controverso possa ir palestrar dentro do Colégio Santa Teresa?

A Congregação das Irmãs Doroteias nunca, em toda sua história, tive qualquer ligação com a defesa da legalização do aborto e é composta por irmãs admiravelmente devotas de Santa Teresa. A Congregação não deve estar sabendo que o colégio pelo qual é responsável vai sediar encontro com uma figura tão avessa aos valores dessa Congregação.

Por gentileza, peço aos responsáveis por alugar o espaço para Frei Betto que repensem sua decisão ou que pelo menos informem os pais e alunos sobre a nova política de aluguel do teatro do Santa Teresa.

Obrigado.

O convento e o altar

Fundação Sarney aluga convento para festa sexy. A notícia é menos chocante do que parece à primeira vista, porque o convento em questão já não funciona como convento há anos; em 1990, ele foi doado pelo então governador do Maranhão à Fundação Sarney. É um prédio histórico no centro histórico de São Luís.

Sarney disse que não sabia nada sobre a festa. Li num comentário do Estadão que era, na verdade, uma festa à fantasia. O mais triste, no entanto, é a dessacralização, o que quer que tenha acontecido no Convento das Mercês.

Aliás, ela começou bem antes. O convento é de 1654. Não sei quando foi que ele fechou as portas; mas um convento vazio é um prédio triste. Mutatis mutandis, aqui em Recife temos muitas igrejas antigas com altares laterais belíssimos que não são mais utilizados: um altar sobre o qual não é oferecido o Santo Sacrifício da Missa é uma coisa muito triste.

Porque trata-se de algo que perdeu a sua finalidade. Se o sal perde o sabor, para mais nada serve senão para ser lançado fora. Se o convento perde as vocações, só serve para prédio histórico estéril (ou, pior ainda, para festas mundanas). Se o altar perde a Santa Missa, só serve para apoiar vasos de flores ou castiçais.

A perda de vocações é algo sintomático e preocupante. Não se dá de repente – como também não é do dia para a noite que o prédio se transforma, de convento, em salão de festas. O sal perde o sabor aos poucos… e, se não percebemos a tempo, o futuro é a festa realizada no prédio histórico.

Tarde demais…? Com o quê será restituído o sabor ao sal? Um sacerdote meu amigo disse-me outra vez que o seu sonho era “ressuscitar altares”, celebrando a Santa Missa nos altares das igrejas onde ela não é celebrada há muitos anos. É um belo sonho. Desejo-lhe muitas ressurreições. Porque, se aos homens é impossível reverter a crise que atravessa a Igreja, a Deus não é impossível. A Deus, nada é impossível.

Por meio da Santa Missa, nada é impossível. O convento e o altar têm muito em comum, ordenados que são ambos a Deus. Ressuscitar os altares é ressuscitar os conventos. Pedir ao Senhor da messe que mande operários é já antecipar os campos repletos de trabalhadores. Deus é fiel. A despeito de nossas infidelidades.

Rezemos ao Altíssimo. Peçamos vocações. Ofereçamos as nossas vidas em desagravo pelas dessacralizações, pelas festas nos antigos celeiros de almas consagradas, pelas flores murchas esquecidas nos altares onde Cristo era imolado. Ele é fiel. E não Se esquecerá do Seu povo. O sal há de recuperar o sabor. O convento e o altar voltarão a servir a Deus. Para a Sua maior glória.

Enchentes e camisinhas

Alguém sabe explicar qual a relação entre tragédias naturais e controle populacional? Perguntem aos médicos e enfermeiros do Exército que estavam distribuindo camisinhas às famílias vítimas das enchentes no Maranhão. É isso mesmo: a ajuda da Defesa Civil às vítimas dos alagamentos compreende, “além de medicamentos e cestas básicas, anticoncepcionais e preservativos”.

Caberia perguntar sob qual misteriosa lógica os anticoncepcionais seriam a  principal necessidade de pessoas que vivem em localidades alagadas, onde “[n]ão há eletricidade, ninguém no local sabe ler, e algumas das crianças não têm registro nem nome”. Eletricidade? Saneamento básico? Alfabetização? Nada disso. O Governo prefere distribuir camisinhas!

A nova religião do látex desenvolve-se a cada dia: ela não é mais somente infalível contra a AIDS e as demais DSTs, como também resolve os problemas de alagamentos, de falta de energia elétrica, de analfabetismo. Afinal, se esta gente tivesse usado camisinha, não teríamos registros de crianças mas também não teríamos bebês a serem registrados e, então, estaria tudo certo. Não teríamos escolas mas também não teríamos crianças a serem alfabetizadas e, aí então, estaria tudo bem. E, não havendo crianças, não seriam tão críticos os efeitos das enchentes porque, afinal, todos nós sabemos que as crianças são mais frágeis e, portanto, são mais prejudicadas com os alagamentos. Sem crianças, também, haveria menor necessidade de cestas básicas a serem distribuídas. Viram só como todos os problemas do Maranhão podem ser resolvidos por meio dos anticoncepcionais? Viram só como as autoridades públicas estão preocupadas com o bem dos cidadãos?

Qual o nome da comunidade? A reportagem diz chamar-se “comunidade de Santa Rosa”, localizada “às margens do Rio Mearim”. Alguém sabe o que as autoridades públicas fizeram até hoje pela comunidade? Talvez não tenham feito nada; mas, agora, estão compensando oferecendo-lhe o que a modernidade tem de melhor: o maravilhoso látex que, numa pequena embalagem, contém a solução definitiva para todos os problemas enfrentados pelos moradores do interior do Maranhão.

Afinal, o Brasil é o país de todos, não? E o povo de Santa Rosa também tem o direito de usufruir das grandes conquistas modernas, não? Que orgulho do meu país!