O Natal por trás dos natais

Você vai ficando velho e os natais começam a se acumular sobre as suas costas com um peso ancestral. Chega mais uma vez dezembro e parece que tudo vira rotina mais uma vez: as mensagens enviadas, os presentes que precisam ser trocados, as ceias que temos que cear. E, conforme o tempo passa e as vivências vão se avolumando, é inevitável comparar o presente ano com os anteriores: houve natais passados junto aos amigos, em meio a bebedeiras, natais em que saíamos de casa em casa para tomar parte em diversas ceias, natais em que uma ceia só nos satisfazia e quem quisesse que nos viesse visitar. Já destruí um carro contra um muro em uma noite de Natal, já passei um Natal sozinho com meu irmão na Europa e, outro, no hospital, logo após me descobrir com câncer. Já lá se vão muitas experiências nos meus trinta e tantos natais!

E é bastante ruim quando as coisas se tornam rotina: quando perdemos a capacidade de perceber que esta Noite é diferente das outras noites, quando estamos tão preocupados com as coisas do mundo que nem enxergarmos a Estrela a brilhar no Céu bem acima de nossas cabeças, quando os nossos ouvidos não são mais capazes de discernir, entre os ruídos da noite, o Cântico dos Anjos e o louvor dos pastores. Não celebrar o Natal é uma coisa horrível — e, este ano, graças às restrições impostas pelos governantes por conta da pandemia, corremos um grave risco de não O poder celebrar! No entanto, há uma coisa ainda pior, que é celebrá-Lo como se fosse uma coisa qualquer, celebrá-Lo como se fosse qualquer festa, qualquer compromisso social entre dezenas de outros ao longo do ano, que cansa e desgasta, que é uma obrigação social reduzida à comida e à bebida e às fotos das redes sociais. Sim, deturpar o Natal é uma forma de não O celebrar. E nós, que nos escandalizamos tanto este ano com as tentativas dos governantes de limitar a realização das Missas e o tamanho das confraternizações… por que não nos escandalizamos antes, e em ainda maior medida, com o materialismo nos quais passaram submersos tantos dos nossos natais?

Ficamos velhos, talvez, como Herodes, ciosos do conforto de nossa posição, e nossos olhos já não brilham mais com a peregrinação dos Magos do Oriente em busca do Menino que há-de nascer. Tantos meninos já nasceram — nós já vimos tantos Natais…! — que não há razão para se alvoroçar tanto com mais Este. Cansados, não estamos dispostos a suportar os incômodos da noite apenas para encontrar um Menino com Sua Mãe, envolto em faixas e depositado em uma Manjedoura. Essas coisas se tornaram demasiado simples para nós com o passar do tempo. Nós já conhecemos a história; e, com tantas e tantas coisas que temos ainda para conhecer, por que gastar tempo revivendo essa História que desde a infância conhecemos de cor e salteado?

Ficamos velhos, talvez, como homens sérios, preocupados com os nossos negócios, em cujos cuidados não há tanto espaço assim para o serviço e a generosidade. Parece-nos inclusive desrespeitoso o comportamento dos pobres nesta época do ano, acumulando-se nas nossas ruas, batendo-nos à porta das casas, pedindo por algum dinheiro, por alguma esmola, atrapalhando o nosso Natal. E, daí a pouco, sem nem nos apercebermos, talvez já nos solidarizemos com aquele estalajadeiro que, certa vez, disse que não podia fazer nada por um pobre Casal de viajantes que não tinha onde passar a Noite. Sim, nós o entendemos porque nos acostumamos a agir como ele! O mais provável, aliás, é que, ao longo destes anos todos, já tenhamos fechados muito mais portas do que aquela estalagem censurada pelo Evangelho.

Ficamos velhos…! Mas para nós também há esperança nesta Noite, porque o Menino nasceu também para nós. Em meio às trevas escuras da nossa alma, à escuridão e ao negrume que é resultado da sujeira acumulada ao longo dos meses, dos anos, das décadas, nesta Noite santa uma Luz anseia por resplandecer. Sim, é preciso enxergar o Natal por trás dos natais. Se os nossos olhos cegos já não enxergam a Estrela e os nossos ouvidos moucos não ouvem os Anjos cantarem, então que ao menos estendamos as nossas mãos para tocar na palha santa do Cocho onde o Criador repousa o sono de Quem acabou de vir ao mundo. E, nos Seus suspiros de Recém-Nascido, reencontremos a alegria da vida, a alegria do Natal, aquele jubiloso anúncio primeiro que, de tão imenso, precisa ser repetido ano após ano até a consumação dos séculos:

Eis que vos anuncio uma Boa-Nova que será alegria para todo o povo: hoje vos nasceu na Cidade de Davi um Salvador, que é o Cristo Senhor.

Que este anúncio nos alcance o coração, nos converta e nos dê a paz. Feliz e Santo Natal a todos!

Feliz Páscoa!

 

wp-1459078700855.jpg

As amarras da morte não foram fortes o bastante para detê-Lo. A pedra do túmulo não foi demasiado pesada para O prender. Aquele que veio um dia até nós do Alto do Céu hoje nos vem novamente das profundezas dos Infernos.

Não satisfez-Se em perdoar os nossos pecados; venceu-nos a Morte, para que com Ele ressurjamos também. Mesmo Morto, cumpriu a promessa de abrir o sepulcro e ressurgir glorioso; agora, Vivo, não haverá porventura de cumprir a de nos levar ao Pai?

Cristo ressuscitou, e o mundo é um mundo novo. E a história é uma nova história. E a nossa nova vida, agora, é uma vida nova. Alegremo-nos e n’Ele exultemos.

Feliz Páscoa!

Enquanto houver pecadores

Estamos às vésperas do Natal, e estamos cansados. Não foi fácil este 2015; estamos cansados, esgotados até!, a ponto de se nos faltarem as forças mesmo para seguir em frente. Retrospectiva? Talvez o ano não tenha sido de tantas vitórias a celebrar, de tantas coisas positivas assim. Perspectivas? O próprio suor no rosto embota a visão e não permite enxergar longe, e os músculos tesos sob o fardo do ano que finda parecem incapazes nos conduzir à próxima esquina.

Estamos cansados, e na verdade importa pouco se tal cansaço é legítimo ou não. Tanto as trevas da noite quanto a cegueira nos impedem de ver o caminho que devemos trilhar, e diante do corpo que já não responde ao desejo de continuar andando não cabe perguntar se tal é fruto de desgaste ou de lassidão. A fadiga que a gente sente cansa do mesmo jeito.

Mas estamos às vésperas do Natal e isso importa. Porque não existe ano difícil que não possa ser consolado pelo nascimento de um Deus feito menino, e não existe cansaço que resista às ordens d’Aquele que prometeu aos fatigados que lhes daria descanso. Não existem trevas que não dêem lugar à luz verdadeira que ilumina todo homem! Enquanto houver pecadores Deus virá ao seu encontro. Hoje, como naquele dezembro distante, Ele vem para os Seus. E hoje, ao menos, importa que O recebamos.

Tem sido obviamente má compreendida a ênfase na misericórdia que o Papa Francisco por vezes impinge aos seus discursos. Ter misericórdia não significa o mesmo que condescender com o comportamento alheio, e em nenhum dicionário decente pode significar “chamar o mal de bem”. A misericórdia pressupõe o pecado; não o nega e nem o pode negar. A misericórdia, aliás, pressupõe os miseráveis: a eles — e só a eles! — se dirige. Haverá misericórdia enquanto houver pecadores. Retire-se o pecado, a misericórdia deixa de fazer sentido.

Mas também a misericórdia, para ser misericórdia verdadeira, precisa ser transformadora e não tem como ser diferente: ela transforma o homem pecador em virtuoso e não o pecado em virtude. É somente no coração dos homens que ela age e precisa produzir os seus efeitos. De outro modo é apenas oferta graciosa rejeitada pelos insensatos. De outra maneira é, mais uma vez, lux [quae] in tenebris lucet et tenebræ eam non conprehenderunt. Nada de novo, para vergonha nossa.

É Natal e é tempo — se assim se pode dizer — de atávicas ingratidões. Dois mil anos de Cristianismo não transformaram a Encarnação do Verbo no grande evento de conversões profundas que se poderia imaginar. Hoje, como naquele primeiro Natal, são poucos os que se reúnem em torno ao Deus feito Menino. Mas enquanto houver pecadores Ele nascerá. O nascimento de Jesus Cristo não exime ninguém de lutar pela própria perfeição: a voz de São João Batista clamando no deserto logo o dirá. Enquanto ainda houver pecadores, jamais se falará em misericórdia o suficiente. E enquanto continuar havendo pecadores, não se terá dado à Misericórdia a resposta que ela merece.

Estamos cansados, eu dizia, mas é Natal e temos duas opções. Podemos nos fechar no nosso próprio cansaço e, desanimados, acreditar que nada mais pode ser feito; mas podemos também deixar que o canto de Gloria dos anjos ecoe nos mais profundos recônditos de nossa alma e, abrindo-a de par em par ao Deus-Conosco, enxugar o suor e seguir em frente. Espera-se conversão daqueles a quem é oferecida misericórdia; aos que se oferece descanso, o que se exige — sem dúvidas — é a luta. Ad majorem Dei gloriam. Melhor do que vimos fazendo até então.

Que desta vez o Menino Jesus encontre ao menos mais uma alma disposta a velar-Lhe o sono infantil. Que Nosso Senhor seja recebido por pelo menos mais um daqueles para os quais Ele veio sofrer e morrer. Que desta vez as trevas cedam — um pouco mais! — à Luz que vem do Céu. Que não seja em vão.

Afinal, um Menino nos foi dado! Mostremo-nos agradecidos. Façamos — minimamente! — por onde O merecer.

Feliz Natal!

Ele é o dono e o sentido da festa – Feliz Natal!

É o Natal do Senhor, e Cristo é nascido para nós. No mais alto dos Céus os anjos entoam o cântico de Glória, e na terra os homens de boa vontade podem enfim gozar de paz. Foi-nos dado um Menino para a nossa salvação!

É Natal! Que as portas do Céu neste dia abertas de par em par possam derramar copiosas graças sobre nós. Que, após a peregrinação do Advento, possamos chegar jubilosos a Belém para adorar o Deus-Menino nos braços virginais de Sua Santíssima Mãe. Que o fulgor desta Luz que resplandece nas Trevas possa afastar as trevas dos nossos próprios corações, e que a vista de um Deus envolto em faixas por amor a nós possa comover-nos e nos converter.

Porque Ele é o dono e o sentido da festa. Se o Natal é a festa das famílias, é porque o Verbo nasceu no seio da Família de Nazaré. Se é uma festa alegre, é pelo fato desta alegria ser um eco daquele gloria in excelsis Deo que os os coros angelicais entoaram há dois mil anos. Se é uma festa de paz, é por conta da promessa aos pastores de que o Nascimento do Menino era causa de paz na terra aos homens de boa vontade. Se é uma festa de troca de presentes, é porque é uma festa de Aniversário. Se é uma festa de generosidade para com os mais pobres, é por conta da Estrebaria de Belém que foi a única a oferecer alguns cuidados à indigência de uma Mulher grávida com Seu Esposo. Se é uma festa de mudança de vida, é por causa do Verbo que Se fez carne um dia e, desde então, o mundo nunca mais foi o mesmo. Tudo no dia de hoje exige o Menino de Belém e aponta para Ele. Não nos esqueçamos desta verdade.

papai-noel

Cristo nasceu! Aleluia!

Um Santo e Feliz Natal a todos os leitores do Deus lo Vult!.

Ad multos annos, Santo Padre!

Hoje, 16 de abril de 2012, é aniversário de Sua Santidade o Papa Bento XVI. O Sumo Pontífice gloriosamente reinante completa 85 anos de vida. A ele, o nosso preito de gratidão e nossas mais efusivas felicitações pela augusta efeméride.

Lembro-me de um dia em 2005. Durante o conclave, no meio da comoção pela morte do Bem-Aventurado João Paulo II, alguns especialistas (acho que na rede Globo) apontavam como certo que o próximo Papa iria se chamar “João Paulo III”. Veio o Habemus Papam, e com ele a notícia de que o Eminentíssimo e Reverendíssimo Cardeal da Santa Igreja Romana Joseph Ratzinger, eleito vigário de Cristo, tomava sobre si o nome de Benedictus XVI.

Bento XVI! Logo depois, alguém lhe perguntou o porquê da escolha do nome. Recordo-me de que ele disse, meio brincalhão, que fora porque o último Bento tivera “um pontificado curto”. Bento XV foi Papa entre 1914 e 1922. Bento XVI já entra no seu oitavo ano de pontificado, para a maior glória de Deus, e permita a Divina Providência que ele ainda possa capitanear a grei de Deus por muitos anos.

Ad multos annos! O voto, por vezes repetido mecanicamente, reveste-se no dia de hoje de um desejo da mais pungente sinceridade; um desejo que brota ex imo cordis mei – e, penso, também do mais íntimo dos corações de todos os católicos fiéis – e que, se tal fosse possível, traduzir-se-ia infalivelmente em uma vida longa e próspera ao sucessor de Pedro. Se existe algum desejo que, por força de intensidade, é capaz de produzir eficazmente no mundo aquilo que ele significa, tal é o caso deste ad multos annos repetido com tanta freqüência no dia de hoje.

Felicidades, Santo Padre! Leio que Bento XVI já é o Papa mais longevo desde Leão XIIIque venham ainda muitos anos! Que se realizem os votos da Marcha Pontifícia; que o Santo Padre possa viver tanto ou mais que Pedro, para a maior glória de Deus e exaltação da Santa Madre Igreja, e que a Virgem Santíssima possa culminar-lhe com todas as graças necessárias para permanecer fiel à missão que a Divina Providência lhe confiou, são os meus mais sinceros votos. Auguri!

“O misterioso criador do mundo visitou a terra” – Chesterton

Faço coro à recomendação do blog Summae Theologiae: delicioso texto de Chesterton! Vale (e muito) a leitura. Destaco:

Exatamente no meio de tudo isso surge uma enorme exceção. Ela é totalmente diferente de qualquer outra coisa. É algo final como a trombeta do juízo, embora também seja uma boa-nova, ou então uma notícia que parece boa demais para ser verdadeira. É nada menos que a altissonante afirmação de que o misterioso criador do mundo visitou a terra pessoalmente. Declara-se que realmente e até bem pouco tempo atrás, ou bem no meio dos tempos históricos, de fato entrou no mundo esse ser invisível das origens, sobre o qual os pensadores criam teorias e os mitólogos transmitem seus mitos: o Homem que Criou o Mundo. A existência dessa personalidade superior por trás de todas as coisas fora de fato insinuada por todos os melhores pensadores, bem como por todas as mais belas lendas. Mas nada desse tipo fora insinuado por algum pensador ou alguma lenda. É simplesmente falso dizer que os outros sábios e heróis haviam alegado ser esse misterioso senhor e criador, com o qual o mundo havia sonhado e sobre o qual havia debatido. Nenhum deles havia jamais alegado ser algo desse tipo. Nenhuma de suas seitas ou escolas nem sequer reivindicou ter alegado algo desse tipo. O máximo que algum profeta religioso havia dito fora que ele era o verdadeiro servo desse ser. O máximo que algum visionário jamais havia dito fora que os homens talvez pudessem ter um vislumbre da glória daquele ser espiritual; ou, mais frequentemente, um vislumbre de seres espirituais inferiores. O máximo que qualquer mito primitivo jamais havia sugerido era que o Criador estava presente na Criação. Mas que o Criador estivesse presente em cenas que aconteceram logo depois dos festins de Horácio, que conversasse com coletores de impostos e oficiais do governo em detalhados momentos do dia a dia do Império Romano, que esses fatos continuassem a ser firmemente declarados por toda aquela grande civilização por mais de mil anos – eis aí algo absolutamente diferente de qualquer outra coisa da natureza. É a maior e mais chocante declaração feita pelo homem desde que ele articulou sua primeira palavra em vez de latir feito um cachorro. Seu caráter único pode ser usado como um argumento a seu favor ou contra ele. Seria fácil concentrar-se nisso e ver um caso de insanidade singular; mas essa opção reduz a religião comparada a nada mais que pó e absurdo.

O anúncio caiu sobre o mundo com uma ventania e um impetuoso avanço de mensageiros proclamando aquele portento apocalíptico; e não é nenhuma fantasia indevida dizer que eles ainda estão correndo. O que intriga o mundo, e seus sábios filósofos e imaginativos poetas, acerca dos sacerdotes e dos fiéis da Igreja Católica é que eles ainda se comportam como se fossem mensageiros. Um mensageiro não sonha com qual poderia ser sua mensagem, nem discute acerca do que ela provavelmente seria. Ele a entrega como é. Não é uma teoria nem uma fantasia, é um fato. Não é relevante para este esboço intencionalmente superficial provar em detalhes que a mensagem é um fato; só é relevante ressaltar que esses mensageiros a tratam como um fato. Tudo o que se condena na tradição católica, a autoridade, o dogmatismo e a recusa de retratar-se e modificar são apenas atributos humanos naturais de um homem com uma mensagem relacionada a um fato. Quero evitar neste último resumo todas as complexidades controversas que mais uma vez podem ofuscar as linhas simples dessa estranha história, que já chamei, em palavras que são demasiado fracas, de a mais estranha história do mundo. Simplesmente desejo sublinhar aquelas linhas principais e especialmente sublinhar onde se deve realmente traçar a grande linha. A religião do mundo, em suas proporções certas, não se divide em delicados matizes de misticismo ou de formas de mitologia mais ou menos racionais. Ela é dividida pela linha que separa os homens que levam aquela mensagem dos homens que ainda não a ouviram, ou que ainda não conseguem crer nela.

O Papa e a Campanha da Fraternidade 2010

Não achei no site da CNBB o texto base da Campanha da Fraternidade 2010. Estranho, uma vez que a maledetta já começou desde anteontem, Quarta-Feira de Cinzas, competindo com a Quaresma que a Igreja sempre propôs.

Mas li as duas mensagens do Papa Bento XVI, cuja leitura recomendo:

1. Mensagem do Papa Bento XVI para a Quaresma 2010

2. Mensagem do Papa aos Bispos Brasileiros por ocasião da CF 2010

Recomendo principalmente a segunda. Parece ser, de novo, um verdadeiro puxão de orelhas aos responsáveis pela palhaçada tupiniquim que, todo ano, conspurca o tempo santo da Quaresma. E o Papa já fez isso pelo menos uma outra vez, no ano passado. Desta mensagem do Papa aos Bispos, destaco as seguintes frases que – aposto! – não iremos encontrar (nem parecidas) nos textos da Conferência:

  • Com a quarta-feira de cinzas, volta aquele tempo favorável de salvação, que é a Quaresma, com seu apelo insistente: “Reconciliai-vos com Deus” (2Cor 6,2).
  • [R]ecordo que a escravidão ao dinheiro e a injustiça “tem origem no coração do homem, onde se encontram os germes de uma misteriosa convivência com o mal”.
  • Por isso, encorajo-vos a preservar no testemunho do amor de Deus, do Filho de Deus que se fez homem, do amor agraciado com a vida de Deus, do único bem que pode saciar o coração da gente, pois, “mais do que de pão, [o homem] de fato precisa de Deus”.
  • Nós existimos para mostrar Deus aos homens. E só onde se vê Deus, começa verdadeiramente a vida.
  • Se “a boca fala daquilo que o coração está cheio” (Mt 12, 34), podeis conhecer vosso coração a partir das vossas palavras. “Reconciliai-vos com Deus”, de modo que as vossas palavras sirvam sobretudo para falar de Deus e a Deus.

Será que os responsáveis pela infâmia que atende pelo nome de “CF” entenderam, ou vai ser preciso desenhar? A Quaresma é tempo de salvação, de reconciliação com Deus, e não de doutrinação ideológica de baixa qualidade. A injustiça nasce do coração do homem, e não do sistema econômico atualmente vigente, do neoliberalismo ou da globalização. O homem precisa de Deus, mais do que de comida. A Igreja existe para mostrar Deus aos homens, e não há vida verdadeira sem Ele. E as palavras dos homens da Igreja devem falar de Deus e a Deus, e não de Marx aos “oprimidos”.

“Podeis conhecer vosso coração a partir das vossas palavras” – é Pedro quem fala. Aos bispos brasileiros. Não estamos abandonados. De longe, da Cidade Eterna, de Roma, temos um ancião que olha por nós. Mesmo no deserto materialista ao qual todo ano nos lançam os nossos reverendíssimos pastores, recebemos de Roma palavras que nos falam de Deus.

Esforcemo-nos por viver santamente a Quaresma, apesar do lixo que nos empurram. Que a Virgem Dolorosa tenha misericórdia dos fiéis brasileiros. E que as palavras o Vigário de Cristo nos sirvam de alento: a Igreja é maior do que a CF. Apesar da Campanha, graças a Deus, ainda é Quaresma.

Internet: pátio dos gentios, ágora moderna

Na mídia secular: por Deus, tenham um blog!, diz Papa aos padres.

No site do Vaticano, na mensagem para o 44º dia mundial das comunicações sociais:

Contudo, a divulgação dos «multimédia» e o diversificado «espectro de funções» da própria comunicação podem comportar o risco de uma utilização determinada principalmente pela mera exigência de marcar presença e de considerar erroneamente a internet apenas como um espaço a ser ocupado. Ora, aos presbíteros é pedida a capacidade de estarem presentes no mundo digital em constante fidelidade à mensagem evangélica, para desempenharem o próprio papel de animadores de comunidades, que hoje se exprimem cada vez mais frequentemente através das muitas «vozes» que surgem do mundo digital, e anunciar o Evangelho recorrendo não só aos media tradicionais, mas também ao contributo da nova geração de audiovisuais (fotografia, vídeo, animações, blogues, páginas internet) que representam ocasiões inéditas de diálogo e meios úteis inclusive para a evangelização e a catequese.

Através dos meios modernos de comunicação, o sacerdote poderá dar a conhecer a vida da Igreja e ajudar os homens de hoje a descobrirem o rosto de Cristo, conjugando o uso oportuno e competente de tais meios – adquirido já no período de formação – com uma sólida preparação teológica e uma espiritualidade sacerdotal forte, alimentada pelo diálogo contínuo com o Senhor. No impacto com o mundo digital, mais do que a mão do operador dos media, o presbítero deve fazer transparecer o seu coração de consagrado, para dar uma alma não só ao seu serviço pastoral, mas também ao fluxo comunicativo ininterrupto da «rede».

[…]

Do mesmo modo que o profeta Isaías chegou a imaginar uma casa de oração para todos os povos (cf. Is 56,7), não se poderá porventura prever que a internet possa dar espaço – como o «pátio dos gentios» do Templo de Jerusalém – também àqueles para quem Deus é ainda um desconhecido?

[…]

Que o Senhor vos torne apaixonados anunciadores da Boa Nova na «ágora» moderna criada pelos meios actuais de comunicação.

Duas expressões interessantíssimas, uma das quais eu inclusive vi um amigo usar recentemente: “pátio dos gentios” e “ágora moderna”. Que a Virgem Santíssima abençoe os apostolados virtuais. Que a internet possa dar bons frutos. Que, em todo lugar, Deus seja glorificado.

Mensagem de Quaresma – Bento XVI

[Quarta-Feira de Cinzas, abrindo a Quaresma. Para fins de registro, trago a – já deve ter sido lida por vocês – mensagem de Sua Santidade o Papa Bento XVI para a Quaresma de 2009. Nestes dias em que caminhamos para as comemorações da Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor, que a Virgem Santíssima nos conceda a graça de nos prepararmos bem para a Semana Santa.

“Memento, homo, quia pulvis es…” – lembra-te, ó homem, de que és pó… – Se és pó, por que te há de incomodar que te pisem? (Sulco, 281)]

* * *

MENSAGEM DE SUA SANTIDADE
O PAPA BENTO XVI
PARA A QUARESMA DE 2009

“Jejuou durante quarenta dias e quarenta noites e,
por fim, teve fome”
(Mt
4, 1-2)

Queridos irmãos e irmãs!

No início da Quaresma, que constitui um caminho de treino espiritual mais intenso, a Liturgia propõe-nos três práticas penitenciais muito queridas à tradição bíblica e cristã – a oração, a esmola, o jejum – a fim de nos predispormos para celebrar melhor a Páscoa e deste modo fazer experiência do poder de Deus que, como ouviremos na Vigília pascal, «derrota o mal, lava as culpas, restitui a inocência aos pecadores, a alegria aos aflitos. Dissipa o ódio, domina a insensibilidade dos poderosos, promove a concórdia e a paz» (Hino pascal). Na habitual Mensagem quaresmal, gostaria de reflectir este ano em particular sobre o valor e o sentido do jejum. De facto a Quaresma traz à mente os quarenta dias de jejum vividos pelo Senhor no deserto antes de empreender a sua missão pública. Lemos no Evangelho: «O Espírito conduziu Jesus ao deserto a fim de ser tentado pelo demónio. Jejuou durante quarenta dias e quarenta noites e, por fim, teve fome» (Mt 4, 1-2). Como Moisés antes de receber as Tábuas da Lei (cf. Êx 34, 28), como Elias antes de encontrar o Senhor no monte Oreb (cf. 1 Rs 19, 8), assim Jesus rezando e jejuando se preparou para a sua missão, cujo início foi um duro confronto com o tentador.

Podemos perguntar que valor e que sentido tem para nós, cristãos, privar-nos de algo que seria em si bom e útil para o nosso sustento. As Sagradas Escrituras e toda a tradição cristã ensinam que o jejum é de grande ajuda para evitar o pecado e tudo o que a ele induz. Por isto, na história da salvação é frequente o convite a jejuar. Já nas primeiras páginas da Sagrada Escritura o Senhor comanda que o homem se abstenha de comer o fruto proibido: «Podes comer o fruto de todas as árvores do jardim; mas não comas o da árvore da ciência do bem e do mal, porque, no dia em que o comeres, certamente morrerás» (Gn 2, 16-17). Comentando a ordem divina, São Basílio observa que «o jejum foi ordenado no Paraíso», e «o primeiro mandamento neste sentido foi dado a Adão». Portanto, ele conclui: «O “não comas” e, portanto, a lei do jejum e da abstinência» (cf. Sermo de jejunio: PG 31, 163, 98). Dado que todos estamos estorpecidos pelo pecado e pelas suas consequências, o jejum é-nos oferecido como um meio para restabelecer a amizade com o Senhor. Assim fez Esdras antes da viagem de regresso do exílio à Terra Prometida, convidando o povo reunido a jejuar «para nos humilhar – diz – diante do nosso Deus» (8, 21). O Omnipotente ouviu a sua prece e garantiu os seus favores e a sua protecção. O mesmo fizeram os habitantes de Ninive que, sensíveis ao apelo de Jonas ao arrependimento, proclamaram, como testemunho da sua sinceridade, um jejum dizendo: «Quem sabe se Deus não Se arrependerá, e acalmará o ardor da Sua ira, de modo que não pereçamos?» (3, 9). Também então Deus viu as suas obras e os poupou.

No Novo Testamento, Jesus ressalta a razão profunda do jejum, condenando a atitude dos fariseus, os quais observaram escrupulosamente as prescrições impostas pela lei, mas o seu coração estava distante de Deus. O verdadeiro jejum, repete também noutras partes o Mestre divino, é antes cumprir a vontade do Pai celeste, o qual «vê no oculto, recompensar-te-á» (Mt 6, 18). Ele próprio dá o exemplo respondendo a satanás, no final dos 40 dias transcorridos no deserto, que «nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus» (Mt 4, 4). O verdadeiro jejum finaliza-se portanto a comer o «verdadeiro alimento», que é fazer a vontade do Pai (cf. Jo 4, 34). Portanto, se Adão desobedeceu ao mandamento do Senhor «de não comer o fruto da árvore da ciência do bem e do mal», com o jejum o crente deseja submeter-se humildemente a Deus, confiando na sua bondade e misericórdia.

Encontramos a prática do jejum muito presente na primeira comunidade cristã (cf. Act 13, 3; 14, 22; 27, 21; 2 Cor 6, 5). Também os Padres da Igreja falam da força do jejum, capaz de impedir o pecado, de reprimir os desejos do «velho Adão», e de abrir no coração do crente o caminho para Deus. O jejum é também uma prática frequente e recomendada pelos santos de todas as épocas. Escreve São Pedro Crisólogo: «O jejum é a alma da oração e a misericórdia é a vida do jejum, portanto quem reza jejue. Quem jejua tenha misericórdia. Quem, ao pedir, deseja ser atendido, atenda quem a ele se dirige. Quem quer encontrar aberto em seu benefício o coração de Deus não feche o seu a quem o suplica» (Sermo 43; PL 52, 320.332).

Nos nossos dias, a prática do jejum  parece ter perdido um pouco do seu valor espiritual e ter adquirido antes, numa cultura marcada pela busca da satisfação material, o valor de uma medida terapêutica para a cura do próprio corpo. Jejuar sem dúvida é bom para o bem-estar, mas para os crentes é em primeiro lugar uma «terapia» para curar tudo o que os impede de se conformarem com a vontade de Deus. Na Constituição apostólica Paenitemini de 1966, o Servo de Deus Paulo VI reconhecia a necessidade de colocar o jejum no contexto da chamada de cada cristão a «não viver mais para si mesmo, mas para aquele que o amou e se entregou a si por ele, e… também a viver pelos irmãos» (Cf. Cap. I). A Quaresma poderia ser uma ocasião oportuna para retomar as normas contidas na citada Constituição apostólica, valorizando o significado autêntico e perene desta antiga prática penitencial, que pode ajudar-nos a mortificar o nosso egoísmo e a abrir o coração ao amor de Deus e do próximo, primeiro e máximo mandamento da nova Lei e compêndio de todo o Evangelho (cf. Mt 22, 34-40).

A prática fiel do jejum contribui ainda para conferir unidade à pessoa, corpo e alma, ajudando-a a evitar o pecado e a crescer na intimidade com o Senhor. Santo Agostinho, que conhecia bem as próprias inclinações negativas e as definia «nó complicado e emaranhado» (Confissões, II, 10.18), no seu tratado A utilidade do jejum, escrevia: «Certamente é um suplício que me inflijo, mas para que Ele me perdoe; castigo-me por mim mesmo para que Ele me ajude, para aprazer aos seus olhos, para alcançar o agrado da sua doçura» (Sermo 400, 3, 3: PL 40, 708). Privar-se do sustento material que alimenta o corpo facilita uma ulterior disposição para ouvir Cristo e para se alimentar da sua palavra de salvação. Com o jejum e com a oração permitimos que Ele venha saciar a fome mais profunda que vivemos no nosso íntimo: a fome e a sede de Deus.

Ao mesmo tempo, o jejum ajuda-nos a tomar consciência da situação na qual vivem tantos irmãos nossos. Na sua Primeira Carta São João admoesta: «Aquele que tiver bens deste mundo e vir o seu irmão sofrer necessidade, mas lhe fechar o seu coração, como estará nele o amor de Deus?» (3, 17). Jejuar voluntariamente ajuda-nos a cultivar o estilo do Bom Samaritano, que se inclina e socorre o irmão que sofre (cf. Enc. Deus caritas est, 15). Escolhendo livremente privar-nos de algo para ajudar os outros, mostramos concretamente que o próximo em dificuldade não nos é indiferente. Precisamente para manter viva esta atitude de acolhimento e de atenção para com os irmãos, encorajo as paróquias e todas as outras comunidades a intensificar na Quaresma a prática do jejum pessoal e comunitário, cultivando de igual modo a escuta da Palavra de Deus, a oração e a esmola. Foi este, desde o início o estilo da comunidade cristã, na qual eram feitas colectas especiais (cf. 2 Cor 8-9; Rm 15, 25-27), e os irmãos eram convidados a dar aos pobres quanto, graças ao jejum, tinham poupado (cf. Didascalia Ap., V, 20, 18). Também hoje esta prática deve ser redescoberta e encorajada, sobretudo durante o tempo litúrgico quaresmal.

De quanto disse sobressai com grande clareza que o jejum representa uma prática ascética importante, uma arma espiritual para lutar contra qualquer eventual apego desordenado a nós mesmos. Privar-se voluntariamente do prazer dos alimentos e de outros bens materiais, ajuda o discípulo de Cristo a controlar os apetites da natureza fragilizada pela culpa da origem, cujos efeitos negativos atingem toda a personalidade humana. Exorta oportunamente um antigo hino litúrgico quaresmal: «Utamur ergo parcius, / verbis, cibis et potibus, / somno, iocis et arcitius / perstemus in custodia – Usemos de modo mais sóbrio palavras, alimentos, bebidas, sono e jogos, e permaneçamos mais atentamente vigilantes».

Queridos irmãos e irmãos, considerando bem, o jejum tem como sua finalidade última ajudar cada um de nós, como escrevia o Servo de Deus Papa João Paulo II, a fazer dom total de si a Deus (cf. Enc. Veritatis splendor, 21). A Quaresma seja portanto valorizada em cada família e em cada comunidade cristã para afastar tudo o que distrai o espírito e para intensificar o que alimenta a alma abrindo-a ao amor de Deus e do próximo. Penso em particular num maior compromisso na oração, na lectio divina, no recurso ao Sacramento da Reconciliação e na participação activa na Eucaristia, sobretudo na Santa Missa dominical. Com esta disposição interior entremos no clima penitencial da Quaresma. Acompanhe-nos a Bem-Aventurada Virgem Maria, Causa nostrae laetitiae, e ampare-nos no esforço de libertar o nosso coração da escravidão do pecado para o tornar cada vez mais «tabernáculo vivo de Deus». Com estes votos, ao garantir a minha oração para que cada crente e comunidade eclesial percorra um proveitoso itinerário quaresmal, concedo de coração a todos a Bênção Apostólica.

Vaticano, 11 de Dezembro de 2008.

BENEDICTUS PP. XVI

Mensagem de Natal

[Publicação original: Deus lo Vult! v. 1.0]

E deu à luz seu filho primogênito, e, envolvendo-o em faixas, reclinou-o num presépio; porque não havia lugar para eles na hospedaria“. (Lc 2,7)

hoje vos nasceu na Cidade de Davi um Salvador, que é o Cristo Senhor“. (Lc 2,11)

É noite de alegria. Porque, no meio da escuridão, uma Luz resplandeceu. No meio das Trevas, uma Luz brilhou, e todos A vieram contemplar.

O Menino Deus nasceu à noite, porque é na noite que precisamos da luz. Nasceu à noite, para ensinar que era noite na humanidade; uma noite longa que se arrastava por séculos. Era noite desde o pecado de Adão. Todo o mundo jazia no maligno.

Mas uma Luz resplandeceu em meio às Trevas. Na noite de Belém, nos nasceu um Salvador. E aquela Luz brilhou tão forte nas trevas do pecado, que todos A perceberam. Os Reis Magos A perceberam, e vieram adorá-La. Herodes A percebeu, e tentou apagá-La. Porque, em meio às Trevas, é impossível não notar uma Luz resplandecente. Os filhos da Luz buscam-Na e sentem-se à vontade junto a Ela; os filhos das Trevas d’Ela fogem horrorizados, pois têm vergonha das suas obras ímpias, que realizam na escuridão. A Luz atrai os bons e afugenta os maus. Por isso, o Deus Menino nascido em Belém estava destinado a ser um sinal de contradição, como profetizou o velho Simeão.

Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua mãe: Eis que este menino está destinado a ser uma causa de queda e de soerguimento para muitos homens em Israel, e a ser um sinal que provocará contradições (Lc 2,34)

O Cristo Deus, Unigênito do Pai, Deus de Deus, Luz da Luz, Deus Verdadeiro do Deus Verdadeiro, veio ao mundo destinado a ser uma causa de queda para muitos. Causa de queda para os que preferissem as Trevas à Luz. Causa de queda para os que, como Herodes, quisessem apagar essa Luz para continuar a viver nas Trevas.

E, neste Natal, somos como os Reis Magos, ou somos como Herodes? Procuramos ao Deus Menino para oferecer-Lhe o melhor que temos, ou fugimos d’Ele e O queremos matar, justamente para que não nos desfaçamos de nossos vícios que nos são tão caros? Desejamos que o Cristo nasça? Ou queremos que Ele não venha, para que possamos viver ainda um pouco mais nas Trevas, ainda um pouco mais no pecado, sem que nossas torpezas sejam postas a descoberto?

Se eu tivesse que escolher, diria que estamos muito mais para Herodes do que para os Reis Magos. Mas eu proponho uma terceira opção: neste Natal, nós somos como as construções, a cujas portas bateram Santa Maria e São José. Construções suntuosas como palácios, ricas demais para perceberem que lhes falta a maior das riquezas. Aconchegantes como hospedarias, animadas demais para perceberem Alguém que precisa de um pouco de atenção. Familiares, como casas, mas fechadas demais sobre si próprias para abrirem a porta a uma Mulher grávida e Seu marido. Ou indignas demais, como estrebarias, inadequadas para receber um Rei.

Mas não importa que construção nós sejamos, não importa se somos palácios ou hospedarias, casas ou estrebarias. Importa que estejamos com Maria. Porque, em Belém, de todas aquelas construções, somente uma teve a honra de abrigar o Filho de Deus feito Homem: aquela na qual se encontrava a Virgem Santa. Que assim seja também conosco. Neste Natal, como naquele primeiro, o Menino Deus só nasce naquelas almas que não negam hospedagem a Maria Santíssima. Procuremos, pois, abrir as portas de nossa alma a essa Boa Senhora, e Ela, em troca, abrirá para nós as portas do Céu e nos trará Jesus Menino, Luz que resplandece nas trevas, Senhor Nosso e Nosso Salvador.

Um feliz e santo Natal a todos.