[Estas são dicas genéricas. Qualquer semelhança com pessoas ou fatos recentes é mera coincidência.]
1. Cuide-se para que o lugar da celebração assemelhe-se o mais possível a um templo sagrado, ainda que por razões de espaço a cerimônia tenha que se realizar fora do templo, ao ar livre. O altar seja visível e facilmente identificável como tal. Evitem-se construções arquitetônicas estranhas à tradição litúrgica da Igreja.
2. O centro de qualquer solenidade, por festiva que seja, é e tem que ser a Santa Missa. Haja parcimônia na colocação de outros eventos periféricos antes ou depois da celebração – como shows ou queima de fogos, por exemplo. Evite-se que os fiéis sejam instados a chegarem muito tempo antes da celebração para “prestigiar” os eventos precedentes ou, ao contrário, a permanecerem depois da Missa concluída para acompanhar a programação que porventura ainda haja. Principalmente, o momento da Comunhão não seja usado para pedir aos fiéis que fiquem depois da Missa para a queima de fogos.
3. A figura do comentarista é interessante e pode ser utilizada, mas que isso seja feito com parcimônia. O comentarista sirva para esclarecer sucintamente cada aspecto da celebração, e não para fazer as vezes de um animador incitando o povo a tal ou qual comportamento. Principalmente, que as suas intervenções sejam sucintas a ponto de não atrapalhar a celebração: comentários tão ou mais longos do que as próprias leituras da missa não são adequados.
4. A música tem uma função litúrgica insubstituível. Preze-se por cantos – ainda que populares – que sejam piedosos e adequados ao momento, tanto quanto à letra como quanto ao ritmo. Baterias sufocando as próprias vozes do coral de forma alguma são bem-vindas, e mais ainda se elas se mantiverem em uma batida que lembra “vamos brincar de índio” ou “ilari-lari-ê”.
5. A homilia do sacerdote é um importante momento de catequese dentro da cerimônia. Cuide-se para que ela seja audível pelos fiéis presentes, com as palavras claras e distintas, por meio de uma correta configuração do sistema de som. Se o sacerdote fala mais baixo, é imperativo que o microfone seja colocado mais alto, a fim de que não haja empecilhos a esta importante formação espiritual.
6. Dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço, e as coisas tornam-se tão mais indistinguíveis quanto mais distantes elas estão do observador. Em uma multidão, é impossível que todos estejam próximos o suficiente do altar para que sejam capazes de ver a celebração – os sinais externos da Liturgia – da maneira como eles devem ser vistos. Neste caso, telões podem ser utilizados.
7. Em hipótese alguma seja tocado o Hino Nacional após a Consagração. Se isto for difícil de se entender, seja considerado ao menos que a posição adequada diante de Cristo Eucarístico é de joelhos e, diante da execução do Hino Nacional, é de pé. Como não é possível estar simultaneamente de pé e de joelhos, o Hino Nacional não seja tocado no meio da Oração Eucarística.
8. O patriotismo é um valor a ser protegido, mas que se evitem excessos. Avalie-se criteriosamente a conveniência de se colocar uma grande bandeira do Brasil nas costas do crucifixo que entra em procissão. Se o mesmo for estritamente necessário, que a bandeira seja retirada quando o crucifixo chegar ao presbitério, para evitar a flâmula tremeluzente por trás do altar durante toda a Missa.
9. Os chamados “ministros extraordinários da comunhão eucarística” – leigos – devem ser usados na ausência de sacerdotes. Em uma celebração com dezenas de bispos e centenas de padres, o uso de leigos para distribuir a Sagrada Comunhão não é aceitável. Evite-se.
10. Uma solenidade não é medida pela sua duração. Uma missa pode ser extremamente solene sem que precise ser desnecessariamente longa. Seja levado em consideração o fato de que os fiéis também se cansam, geralmente estão em posição desconfortável, sujeitos às intempéries da natureza e, talvez, tenham horários inegociáveis (de viagens, por exemplo) a cumprir após a cerimônia. Dependendo da Liturgia, uma missa de uma hora e meia ou até duas horas está de bom tamanho. Duas horas e meia ou três horas é geralmente um exagero desnecessário.