A Noite de hoje celebra aquele portentoso Nascimento sem o Qual nada poderíamos esperar do mundo onde vivemos. A noite de hoje é aquela Noite que redime todas as outras noites do mundo desde o início dos tempos; é a Noite onde a separação do Gênesis entre luz e trevas encontra a sua plena significação: quando a Luz refulge nas Trevas. Sim, poderíamos talvez pensar que todas as noites foram criadas apenas para que pudesse existir uma única Noite verdadeiramente Feliz onde Deus entra em Sua Criação e, assumindo a nossa fraqueza, nasce para nós. À luz da Noite de Belém, todas as noites adquirem sentido.
A Noite de hoje apresenta o testemunho verdadeiro do Amor – que não é sentimento dos poetas românticos e nem conceito abstrato dos filósofos, mas sim um Menino que nos nasce. Em Belém nós celebramos muito mais do que o nascimento de um homem extraordinário e inigualável – coisa que por si só já seria portentosa -, nós celebramos o nascimento do Amor. Do Amor que move os céus e as estrelas, do Amor que é a Causa Primeira e o Fim Último de todas as coisas. Sabemos que Deus nos ama porque Ele vem nos visitar, e à luz desta Divina Visita nós podemos ter a esperança concreta de visitá-Lo um dia; ou melhor, de morar com Ele eternamente. A “plenitude dos tempos” não se diz em sentido cronológico, e sim em dignidade e em perfeição. Aqueles tempos eram plenos não porque eram os últimos e depois deles não haveria mais nada, mas sim porque contiveram o próprio Autor do Tempo. Diz-se “feliz” daquela Noite em Belém porque Ela abrigou a própria Felicidade e A viu vir ao mundo. Porque o Amor nasceu em Belém. E é o nascimento de Deus em Belém que dignifica os nossos próprios nascimentos, e a imperscrutável honra de compartilhar com o Deus Onipotente uma natureza humana é outra das provas do infinito Amor d’Ele por nós.
Nasceu de uma Virgem! Se Feliz foi aquela Noite que viu Deus vir ao mundo, quão mais Bem-Aventurada não é Aquela que O sentiu crescer no seio e Lhe deu a natureza humana? Se gloriosos foram aqueles tempos nos quais o Criador tocou a Criação, quão mais Gloriosa não é Aquela que foi a Porta do Céu através de Quem o Verbo desceu dos Céus à Terra? Se sublime foi aquela Manjedoura onde a Virgem Santíssima depositou o Seu Divino Filho, quão mais sublime não é esta Mulher cujo Ventre foi a primeira morada do Verbo Encarnado? A nossa Salvação nasceu em Belém, porque era em Belém que Se encontrava a Santíssima Mãe de Deus! É d’Ela que a humanidade recebe a Salvação do Mundo, e o Universo inteiro colocado aos Seus pés seria ainda muito pouco para Lhe agradecer.
E hoje, passados já vinte séculos d’Aquela Noite Gloriosa onde os Céus desceram à terra, a Sua força não esmoreceu. Aquela Noite dá sentido a todas as noites, e aqueles tempos estabelecem uma ponte permanente entre o Tempo e a Eternidade que alcança também a nós e aos homens de todos os tempos. Porque o Amor é Eterno e, se estivermos com Ele, estaremos também em Belém, aos pés do Deus-Menino que nasce para a nossa salvação. Se estivermos com Aquela Virgem Santíssima – e somente se estivermos com a Santíssima Mãe de Deus -, poderemos encontrar os Céus abertos para nós de par em par e poderemos receber dos braços d’Ela o Verbo feito Carne, o Amor nascido em Belém, o Deus-Menino que vem até nós a fim de nos levar para Ele.
O Amor nasceu. Os anjos cantam Glória. E n’Ele os homens podem ter Paz.
Um santo e feliz natal a todos os leitores do Deus lo Vult!.