Ontem foi o Crisma da paróquia, em cujo Curso de Preparação para o Crisma eu tive o privilégio de trabalhar este ano. Na tradicional festa que todos os anos ocorre à noite, no mesmo dia da celebração, tive ainda a grata surpresa de receber – junto com toda a equipe – uma bonita homenagem feita pelos recém-crismados. E foi com profunda gratidão que os ouvi dizerem “muito obrigado”.
Mas, como, “obrigado”? Naturalmente, sou eu – e imagino falar também por toda a equipe – o primeiro que deve agradecer. Acompanhar estes jovens ao longo dos meses, esforçar-se por mostrar-lhes um pouco da Doutrina Católica (que, no mundo de hoje, aparece tão caricaturizada), ver-lhes passar com desenvoltura por todo o tempo de aprendizado para, enfim, ingressarem gloriosamente nas milícias do Senhor dos Exércitos! Isto, definitivamente, não é um favor que nós fazemos. É um privilégio, talvez dos mais importantes privilégios que se podem almejar nesta vida.
Há um adágio latino cuja origem eu confesso não saber, mas que é muito verdadeiro. Animam salvasti, animam tuam praedestinasti; “salvar uma alma é predestinar a tua [própria] alma”. E nós, miseráveis e pecadores catequistas, cheios de falhas e de imperfeições, não podemos pretender “salvar” propriamente ninguém. Mas ousamos – sim, isto nós ousamos! – fazer o que está ao nosso alcance a fim de encaminhá-los para Cristo, Salvador dos Homens. E, com isto que fazemos, esperamos ter contribuído (um pouco que seja!) para que eles possam viver bem esta vida a fim de que, um dia, gozem junto de Deus a Felicidade Eterna para a qual eles foram criados. E, então, talvez eles se lembrem dos seus antigos catequistas, que – talvez… é o que esperamos! – contribuíram para que eles chegassem até aí. E então – talvez! – Deus seja misericordioso com os nossos muitos pecados, em atenção àqueles que ajudamos (por pouco que seja!) a se aproximarem d’Ele. Animam salvasti, animam tuam praedestinasti. Repito, é um privilégio pelo qual nós é que temos que agradecer.
Acho que foi com o prof. Fedeli que ouvi, outra vez, uma comparação entre a raiz e a flor; é papel da raiz enfiar-se na terra e na lama para, no escuro, extrair os nutrientes necessários para que a flor desabrochasse perfumada ao sol. E, se a raiz pudesse ver a flor desabrochada, ficaria satisfeita com o resultado do seu trabalho; e se a flor pudesse ver a raiz que a possibilitava ser o que é, agradecer-lhe-ia pelos esforços feitos em atenção a ela. Eu consigo entender que vocês, crismandos – perdão, crismados -, olhem para a equipe e só vejam aqueles que trabalharam arduamente por vocês ao longo de todo o curso de preparação. Mas me permitam, meus caríssimos irmãos na Fé, mostrar-lhes o que nós vemos quando olhamos para vocês: um bonito jardim florido, repleto de flores recém-abertas, que nós ofertamos a Cristo Rei do Universo. E, da mesma forma que as flores são muito mais do que a terra onde as raízes trabalham, vocês – novos soldados de Cristo! – são muito mais do que todo o trabalho que pudéramos ter ao longo desses meses. Milagres da Graça de Deus: cada um de vocês, sozinho, vale infinitamente mais do que todo o trabalho de toda a equipe! Nós também temos que agradecer. A Deus, principalmente, que é o autor de toda a graça; mas também a vocês, por terem perseverado, e por terem permitido que o milagre acontecesse. O nosso mais sincero e efusivo “muito obrigado”. Vocês ultrapassam, de longe, tudo o que poderíamos merecer pelo que fizemos.
Enfim, sejam muito bem-vindos às fileiras dos exércitos do Altíssimo. Que vocês possam perseverar até o fim, é o que nós sinceramente desejamos. Colocamo-nos, desde já – aliás, desde o início -, à disposição para aquilo de que vocês precisarem. E que a Virgem Santíssima, Nossa Senhora das Graças, possa acompanhar-lhes sempre pelos caminhos deste Vale de Lágrimas que, no entanto, conduz ao Céu.