Perdoem-me a sinceridade, mas o “perfume” deste “canteiro de obras chamado teologia” apresentado pelo pe. Elias Souza tem cheiro é de esterco. O texto é um ultraje tanto à teologia quanto às próprias mulheres em cuja defesa alegadamente se levanta. A seguir, comento os pontos que são mais escandalosos:
– O assunto “ordenação de mulheres” não tem nada de “polêmico”. Na verdade este assunto está encerrado, porque a Igreja já se manifestou de forma definitiva sobre a questão dizendo que Lhe era impossível conferir o sacramento da Ordem para mulheres. Para quem não lembra, o texto da Ordinatio Sacerdotalis de S.S. João Paulo II é o seguinte:
Portanto, para que seja excluída qualquer dúvida em assunto da máxima importância, que pertence à própria constituição divina da Igreja, em virtude do meu ministério de confirmar os irmãos (cfr Lc 22,32), declaro que a Igreja não tem absolutamente a faculdade de conferir a ordenação sacerdotal às mulheres, e que esta sentença deve ser considerada como definitiva por todos os fiéis da Igreja.
Acrescente-se o fato de que a Igreja prevê excomunhão latae sententiae para quem tenta ordenar mulheres (bem como para as mulheres que tentam ser ordenadas). Mais claro do que isto é impossível.
– As idéias de “um inevitável tom machista” (!) na teologia clássica ou de uma “visão androcêntrica” (!!) do Cristianismo são um ultraje teológico, inconcebíveis na pena de um sacerdote católico. Além, é claro, de serem uma grosseira falsificação histórica. Bastaria ao pe. Elias abrir a Summa – este escrito escolástico machista! – para ver o que Santo Tomás diz sobre a origem da mulher; se ele cita a tese de Aristóteles de que a mulher é “um varão frustrado”, é justamente para precisar-lhe os limites de modo a não diminuir a dignidade feminina decorrente da Criação: com relação à totalidade da natureza, a mulher não é algo ocasional. Porque “a intenção de toda a natureza depende de Deus, Autor da mesma, o Qual ao produzi-la não fez somente o homem, mas também a mulher” (Ia, q.92, a.1, ad.1).
Aquela clássica exegese da passagem do Gênesis – segundo a qual a mulher é igual ao homem por ter sido feita de uma sua costela – encontra-se também nesta questão da Summa: “a mulher não deve dominar o varão (1 Tm 2, 12), motivo pelo qual não foi formada de sua cabeça. Tampouco deve o varão desprezá-la como se ela lhe estive submetida servilmente: por isso ela não lhe foi formada dos pés” (id. ibid., a.3, resp.). E, no último artigo (id. ibid., a.4), o Aquinate defende sem pestanejar que a mulher foi criada diretamente por Deus, contra os que tentavam diminuir-lhe a dignidade por ter sido ela feita a partir de uma costela do homem.
– O que o sacerdote quer dizer com “[é] tempo de (…) questionar a hierarquia da natureza humana sobre a não-humana”?! Por acaso desconhece o padre que a natureza humana é, sim, superior – e muito! – à natureza bruta, à vegetal ou mesmo à animal? Nunca leu o padre nas Escrituras Sagradas que Deus fez o homem quase igual aos anjos e o coroou de glória e de honras (Sl 8, 6), dando-lhe poder e submetendo-lhe “todo o universo, rebanhos e gados, e até os animais bravios, pássaros do céu e peixes do mar, tudo o que se move nas águas do oceano” (Sl 8, 7b – 9)? Como assim “questionar a hierarquia da natureza humana sobre a não-humana”, acaso o padre quer questionar o próprio Deus Altíssimo que fala através das Escrituras Sagradas? E é com este cabedal de fecundidade teológica que o sujeito abre a pouca para chamar de “machistas” os santos da Igreja de Deus?
– Por fim, é outro absurdo ignorante a idéia de que hoje “é tempo da mulher fazer teologia”. O Pe. Elias está profundamente atrasado. Afinal de contas, nas profundezas da Idade das Trevas – no ano de mil trezentos e tantos – Santa Catarina de Sena (doutora da Igreja!) já fazia teologia. E hoje, dois de janeiro, celebramos o aniversário natalício de outra mulher que também fez teologia: Teresa de Lisieux, nossa Santa Teresinha de Jesus, que inscreveu o seu nome entre os Doutores da Igreja justamente porque soube muito bem beber das fontes da Teologia Cristã (ao contrário do Pe. Elias, que prefere cuspir no passado da Igreja). Ao contrário das teólogas-eco-feministas-holísticas-revolucionárias-ultrajovens que o Pe. Elias apregoa – e que aliás nunca produziram absolutamente nada que fosse útil à Igreja de Cristo, mas enfim… -, são as santas católicas – estas insignes personalidades femininas – que verdadeiramente dignificam a mulher: e estas mulheres foram notáveis justamente por se esforçarem para estar em estreita comunhão com a Igreja Católica, fora da qual só existe confusão e onde todas as “teologias” sempre foram estéreis e vãs.