Semana passada, no hotel, passando os canais da televisão, vi alguns filmes – melhor dizendo, trechos de filmes – que tive vontade de comentar. São, todos, uns mais, outros menos, imorais; mas revelavam algumas coisas verdadeiras de maneira tão nua e crua que merecem ser citados.
Na Globo, passava “Os Sonhadores”. Achei que seria um filme histórico sobre a Revolta Estudantil, mas me enganei: o filme era repleto de cenas explícitas de sexo explícito (a redundância é proposital e necessária), de uma maneira que não me recordo de ter visto no cinema ou na televisão. Escandaloso, mas tem uma cena muito interessante: é quando um dos personagens principais diz a outro (em cuja casa – abastada… – ele está hospedado) que, se ele realmente acreditasse nos livros que lê e nos discursos políticos que faz, estaria nas ruas de Paris e não trancado no apartamento, bebendo os vinhos caros do pai…
Há um outro filme que eu não sei o nome, mas lembro-me da cena. Dois adolescentes, um garoto e uma garota, conversando sobre o seu relacionamento. O rapaz reclama que gostaria de sair com a menina para o cinema, para uma sorveteria, para um baile. A menina, rapidamente, rebate: “isso deveria ter sido antes do sexo, não?”. O rapaz cala-se, pois não tem como contra-argumentar. E eu penso em quantos casos assim não existem nos dias de hoje…
Mas o melhor é um filme que eu assisti quase todo, embora não lembre o nome. A sacada é genial, talvez alguém conheça: trata-se de um “documentário” produzido por um extraterrestre sobre a reprodução humana. O filme mostra a voz do ET explicando todos os passos da vida afetiva de um casal do século XX: o encontro na boate, o telefone perdido, o reencontro, o sexo com contraceptivos, a gravidez acidental, a tentativa de aborto, o casamento. E o hilário é que o extraterrestre explica tudo isso sob uma ótica de reprodução da espécie e, portanto, não consegue entender nada: é impagável ver a narração explicar que, quando se encontram na boate, a mulher está tentando convencer o homem que é fértil e vai lhe dar muitos filhos, enquanto o homem tenta fazer a mulher acreditar que ele é forte e vai proteger e sustentar ela e a prole. Quando os dois viajam para um final de semana nas montanhas e esquecem os contraceptivos, ouvir o ET empolgado dizendo: “ahhh, conception! Finally” é indescritível. Muito provavelmente o roteirista não quis fazer uma crítica aos relacionamentos humanos modernos, mas terminou conseguindo. Ainda bem.