O pe. Marcelo e os gatos traiçoeiros

Sério… o que há de errado com o mundo? Alguém comentou aqui no blog sobre o “escândalo” envolvendo o pe. Marcelo Rossi e os gatos, que depois eu fui procurar. Situação absurda levada a limites tão kafkianos que nem o escritor de Praga deve ter sido capaz de imaginar em seus maiores devaneios.

Pelo que eu entendi, houve uma Missa ao final da qual o pe. Marcelo disse (a despeito de não ter visto o vídeo, não tenho dúvida nenhuma de que isto foi dito entre risos, em tom jocoso) que não gostava de gatos porque os mesmos eram traiçoeiros. Acto contínuo, o mundo enlouquece.

A notícia acima (na qual já há quase 300 comentários) colheu os seguintes testemunhos (refiro-me ao corpo da notícia; nem estou falando dos comentários…):

  • “Foi um erro imperdoável. Como uma pessoa que fala das coisas de Deus rejeita uma criatura dele? O que me preocupa é o preconceito que ele incutiu em seus seguidores!”
  • “O padre deveria procurar conhecer melhor a natureza desses animais, antes de dizer um absurdo desse, que só vai condená-los ao abandono”.
  • “Da mesma maneira que não se pode ofender negros, religiosos, e outros segmentos sociais, também não se pode faltar com respeito aos animais. É preciso que ele faça uma retratação para que isso não fique na cabeça das pessoas”.

Na internet, os protestos se multiplicam. Este blog pergunta-se «[o] que teria dito São Francisco de Assis, sobre as declarações do pe. Marcelo Rossi?». Aqui é possível ler uma conclamação para que «os amigos de nossos parceiros de planeta escrevam e protestem contra essa atitude grosseira e anticristã do Padre Marcelo». Aqui, uma blogueira se queixa: «Sabemos da dificuldade que é mudar preconceitos, principalmente os relacionados aos felinos»…

No Facebook, uma comunidade ostenta por foto uma caricatura grosseira do sacerdote dançando e diz (em maiúsculas mesmo): EXIGIMOS RETRATAÇÃO DE PADRE MARCELO ROSSI. Até agora, 48 pessoas “like it”. Em um dado momento, transbordando caridade e coerência, alguém posta lá: «O CÉU ESTÁ CHEIO DE GATOS E EM COMPENSAÇÃO O INFERNO CHEIO DE PADRES….MAIS UM NÃO VAI FAZER DIFERENÇA!!!!!!!».

Um abaixo-assinado pede  «a retratação pública do Padre Marcelo Rossi sobre sua declaração de repúdio a gatos na última missa de S. Francisco de Assis e em programas de rádio». Até o presente momento, 4730 pessoas já assinaram.

E, no meio desta loucura, eu não sei se o pior é o padre ter feito uma brincadeira, as pessoas terem levado a brincadeira a sério ou a absurda e desproporcional reação que se seguiu. Sinceramente, é muita inversão de valores. É muito idealismo desordenado. É muita falta do que fazer.

Ligeiros comentários

– Foi publicado o já esperado motu proprio do Papa Bento XVI, que une a Comissão Ecclesia Dei à Congregação para a Doutrina da Fé. Ecclesiae Unitatem; em italiano no site do Vaticano e em português [tradução não-oficial] no Fratres in Unum. Merece melhores comentários, que faço depois.

– A bíblia mais antiga do mundo foi digitalizada. O Codex Sinaiticus está disponível na internet. Estranhamente, agora estou recebendo uma mensagem de erro que diz Der Objektverweis wurde nicht auf eine Objektinstanz festgelegt, o que deve ser algum problema de conexão com o banco de dados que espero estar resolvido em breve. Deu para perceber que o Codex contém apócrifos como o Pastor de Hermas.

Record quer estrear Gugu com padre e show em estádio. “Esta seria uma forma de mostrar que o apresentador, católico, terá liberdade dentro da emissora de Edir Macedo, líder da Igreja Universal”. Padre Marcelo na Record? O catolicismo de Augusto Liberato? Liberdade na emissora do Edir Macedo? É cada uma…!

Dilma, aborto e catolicismo

Vi hoje uma notícia sobre a sra. Dilma “ex-terrorista” Roussef – a mesma que injustificadamente fez uma leitura numa Missa na Canção Nova no final do ano passado e, depois, como se não fosse o bastante, repetiu a dose mais recentemente em uma missa celebrada pelo pe. Marcelo Rossi – segundo a qual a excelentíssima Ministra da Casa Civil “defende legalização do aborto e distribuição de renda”. Ao menos dois trechos da reportagem – duas frases da Ministra – são bem reveladores:

Abortar não é fácil para mulher alguma. Duvido que alguém se sinta confortável em fazer um aborto. Agora, isso não pode ser justificativa para que não haja a legalização.

Fui batizada na Igreja Católica, mas não pratico. Mas, olha, balançou o avião, a gente faz uma rezinha.

A primeira frase é de longe a mais escandalosa: a sra. Ministra defende a legalização do aborto! O que raios uma senhora abortista, portanto, estava fazendo – já por duas vezes! – junto ao Altar da Santa Missa, fazendo leituras da palavra de Deus? E, se a senhora Rousseff – como ela mesma diz – não pratica a religião católica, por qual escuso motivo ela se dispôs a fazer as leituras da Santa Missa na Canção Nova e na missa do Padre Marcelo Rossi?

E agora? Uma vez que a ministra não-católica e abortista pôs as garras de fora e disse claramente quem é, será que vamos receber alguma justificativa dos [ir]responsáveis pela sua presença como leitora na celebração da Santa Missa? E – mais importante! – será que agora as nossas missas ficarão enfim livres da presença escandalosa da ex-terrorista abortista declarada? Permita-o Deus: após o escândalo ter tomado tais proporções, repetições futuras do erro não poderão alegar ignorância dos fatos em sua defesa.

Leiam também, sobre o mesmo assunto, o blog do Veritatis.