Papa Francisco: «Extra Ecclesiam Nulla Salus»

Foi na Radio Vaticana (via Fratres in Unum) que eu vi o Papa Francisco comparar a Igreja com uma viúva. A primeira impressão é a de perplexidade. A Igreja de Cristo, que é Mãe e Esposa, Ela, com quem o Seu Divino Esposo prometeu estar todos os dias, até a consumação dos séculos…! Como assim, «viúva»? Sim, sem dúvidas Ela e Mãe e Esposa; mas – diz o Papa – «também a Igreja, num certo sentido, é viúva». E a originalidade da exegese que eu nunca ouvira antes me cativou. Acompanhemos o Romano Pontífice:

O seu Esposo foi embora e Ela caminha na história, esperando encontrá-lo, de encontrar-se com Ele. E Ela será a esposa definitiva. Mas, enquanto isso, Ela – a Igreja – está sozinha! O Senhor não é visível. Há uma certa dimensão de viuvez… Isso me faz pensar na viuvez da Igreja. Esta Igreja corajosa, que defende os filhos, como a viúva que foi ao juiz corrupto para defendê-los, e acabou vencendo. A nossa mãe Igreja é corajosa! Tem a coragem de uma mulher que sabe que seus filhos são seus, e deve defendê-los e levá-los ao encontro com o seu Esposo.

Esta «viuvez da Igreja» manifesta-se no fato do Senhor ter ascendido aos Céus e confiado a Ela o encargo de continuar a Sua obra salvífica. Sim, o Senhor está com a Igreja, Ele está conosco, mas há diferentes modos de se dar a presença de Deus. Ele está presente em todos os lugares – afinal, Ele é Onipresente – enquanto Criador das coisas existentes e enquanto as sustenta no ser. Ele está presente nas palavras da Escritura Sagrada enquanto o autor está presente na sua obra. Está presente, por participação, nas almas dos fiéis que vivem em estado de graça. Está presente em Corpo, Sangue, Alma e Divindade, substancialmente presente, no Santíssimo Sacramento da Eucaristia. Mas Ele não está corporalmente presente, com o Seu Corpo humano nascido da Virgem Maria, pois este Corpo subiu aos Céu e está sentado à destra de Deus Pai Onipotente, como rezamos no Credo. E esta específica presença nos faz falta: tanto nos faz falta que a História do Cristianismo pode ser resumida nesta tensão entre a Ascensão de Cristo e a Sua Segunda Vinda gloriosa. Tanto nos faz falta que, neste sentido, pode-se dizer que a Igreja vive uma certa «viuvez».

Mas esta «viuvez» não é luto e miséria, não é vergonha e nem indigência: a Igreja, diz-nos o Papa, é uma viúva corajosa e zelosa pelos seus filhos! É uma Mãe que tem a certeza do reencontro definitivo, e portanto luta para levar os filhos d’Ela a encontrarem um dia o seu Pai. É uma viúva sempre preocupada com aqueles que o Seu Esposo lhe confiou, uma viúva que desafia os poderosos deste mundo em favor daqueles que Ela tem a missão de conduzir ao Esposo que partiu para lhes preparar um lugar. Uma viúva, enfim, que tem a sua riqueza nos filhos que possui neste mundo e no Esposo que a espera no seguinte. E que anseia por reunir a todos – Esposo e filhos – no seu seio materno.

E aqui vem a parte mais interessante da homilia pontifícia, pois o Vigário de Cristo repete – mais uma vez de improviso, mais uma vez sem arrodeios e sem dar muitas explicações, simplesmente como quem afirma uma verdade já por demais evidente – que extra Ecclesiam nulla salus, que fora da Igreja não há salvação. Pois ele sentencia assim, totalmente à vontade, sem medo de ferir susceptibilidades ou de provocar polêmicas, que «não existe caminho de vida, não existe perdão nem reconciliação fora da mãe Igreja».

Assim, com estas exatas palavras: fora da mãe Igreja não há caminho de vida, não há perdão e nem reconciliação. Ou como diríamos em outros tempos com outras palavras: fora da Igreja não há salvação e nem santidade, o que é a exata mesma coisa. O único «caminho de vida» que existe está na Igreja, e fora d’Ela portanto todos os caminhos conduzem à morte. A única dispensadora do «perdão» divino é a Santa Madre Igreja e, portanto, fora d’Ela, os pecados não são perdoados. Só n’Ela há «reconciliação», só Ela é capaz de reconciliar o homem pecador com o Deus três-vezes Santo, só no seio d’Ela é possível religar o homem decaído ao Criador e, portanto, só Ela é a Religião Verdadeira.

Assim falou o Santo Padre Francisco, assim sempre falaram os Papas em dois mil anos de Cristianismo. Porque é justamente esta a missão de Pedro: confirmar os cristãos na Fé. E é parte constituinte da Fé Apostólica que não pode ter Deus por Pai no Céu quem não tem a Igreja por Mãe na terra, que a Igreja é a única Arca da Salvação e, fora d’Ela, as pessoas perecem no Dilúvio do pecado. Esta é a nossa Fé, que da Igreja recebemos, que sinceramente professamos. Esta é uma verdade para sempre válida, e que muito nos alegra encontrar com tanta clareza nas homilias pontifícias destes tempos tão confusos em que vivemos. Ouçamos o Papa Francisco! Voltemos para a Mãe Igreja, fora da qual «não existe caminho de vida», fora da qual não se encontra a Cristo, fora da qual não se pode obter a salvação.

A «carta aos que não crêem» do Papa Francisco

O Papa Francisco escreveu uma curiosa «carta aos que não crêem», da qual é possível encontrar uma tradução em espanhol aqui. Não se trata de nenhum documento magisterial, mas simplesmente de uma carta pessoal do Papa Francisco ao Eugenio Scalfari, fundador do jornal La Repubblica, 89 anos, laicista ferrenho, promotor do aborto e do divórcio na Itália. É interessante a preocupação com os ateus que o Papa demonstra: não é a primeira vez que o Sumo Pontífice se refere diretamente a eles. Se não perdi as contas, é a terceira.

A primeira vez foi ainda em maio, e comentei sobre o assunto aqui. Na ocasião, o Papa falou que Cristo havia derramado o Seu Preciosíssimo Sangue também pelos ateus, e que também estes tinham o dever de fazer o bem. Foi numa de suas homilias improvisadas na capela da Domus Sanctae Marthae, cujo texto em italiano se encontra aqui.

A segunda vez foi na Carta Encíclica Lumen Fidei, e quando eu li tive a clara impressão de que o Papa se referia à sua meditação de 22 de maio que provocara alguma perplexidade entre crentes e não crentes. Esclarecendo agora de modo sistemático o que dissera de improviso em uma missa ferial, o Papa afirmou o seguinte:

Configurando-se como caminho, a fé tem a ver também com a vida dos homens que, apesar de não acreditar, desejam-no fazer e não cessam de procurar. Na medida em que se abrem, de coração sincero, ao amor e se põem a caminho com a luz que conseguem captar, já vivem — sem o saber — no caminho para a fé: procuram agir como se Deus existisse, seja porque reconhecem a sua importância para encontrar directrizes firmes na vida comum, seja porque sentem o desejo de luz no meio da escuridão, seja ainda porque, notando como é grande e bela a vida, intuem que a presença de Deus ainda a tornaria maior. Santo Ireneu de Lião refere que Abraão, antes de ouvir a voz de Deus, já O procurava «com o desejo ardente do seu coração» e «percorria todo o mundo, perguntando-se onde pudesse estar Deus», até que «Deus teve piedade daquele que, sozinho, O procurava no silêncio». Quem se põe a caminho para praticar o bem, já se aproxima de Deus, já está sustentado pela sua ajuda, porque é próprio da dinâmica da luz divina iluminar os nossos olhos, quando caminhamos para a plenitude do amor [LF 35].

A terceira vez, por fim, foi nesta recente carta ao Scalfari, sobre a qual ZENIT publicou também um interessante artigo (em espanhol) aqui. Não obstante ela valha uma leitura na íntegra, há duas passagens dignas de menção nesta carta; primeiro, quando o Papa afirma que «[e]l pecado, aún para los que no tienen fe, existe cuando se va contra la conciencia»; segundo, quando ele diz que «no hablaría, ni siquiera para quien cree, de una verdad «absoluta», en el sentido de que absoluto es aquello que está desatado, es decir, que sin ningún tipo de relación».

Quanto à primeira, é importante salientar, sim, que é pecado agir contra a própria consciência, e este é o fundamento para a possibilidade de salvação dos não-católicos que, em estado de ignorância invencível, seguem aquilo que, em consciência, parece-lhes correto. É isso, em suma: peca quem age contra aquilo em que acredita, mesmo que acredite em mentiras.

Sempre tive sinceras dúvidas quanto à possibilidade de existir uma consciência inculpavelmente mal-formada a ponto de ser incapaz de reconhecer a Deus; no entanto, a existência de fato desta peculiaridade é bem pouco importante para o estabelecimento dos princípios. Estes dizem que todo mundo tem a obrigação de seguir os ditames da Lei Natural, nos quais está incluído o dever de buscar e servir a Deus. Agir contra a Lei Divina é sempre objetivamente pecaminoso, por óbvio, mas a responsabilidade moral subjetiva de quem viola um preceito específico desta Lei pode ser atenuada dependendo da sua capacidade de reconhecê-la como o que ela é. Portanto, a descrença é desculpável se e somente se o descrente não tiver condições de crer. Ela me parece claramente desculpável nos loucos que não possuem o uso da razão; e em pessoas inteligentes e supostamente instruídas, é possível que o seja? Não sei e isso, graças a Deus, cabe a Deus julgar e não a mim. Sobre isto, basta o que a Igreja já disse: «quem será tão arrogante que seja capaz de assinalar os limites desta ignorância, conforme a razão e a variedade de povos, regiões, caracteres e de tantas outras e tão numerosas circunstâncias? (Pio IX, Alocução Singulari Quadam, 1854, Denzinger, 1647, apud Montfort)».

Quanto à segunda, vale lembrar que «verdade», segundo a definição dada por Santo Tomás (Summa, Prima Pars, Q. 16, A. 1, resp.) é a adequação entre objeto e entendimento, ou seja, entre o que a coisa é de fato e o que eu considero que a coisa é. Portanto, a verdade é uma relação, exatamente como diz o Papa Francisco. Com isso ele certamente não quer advogar um relativismo no qual cada um possui a sua própria “verdade” – ao contrário, ele diz expressamente que «[e]sto no quiere decir que la verdad es subjetiva y variable, ni mucho menos» -, mas ao contrário: quer colocar a Verdade ao alcance do homem, quer pontuar o homem como “capaz” da Verdade. Porque, afinal de contas, se Ela fosse «sin ningún tipo de relación», o homem não poderia relacionar-se com Ela, não poderia encontrá-La. A Verdade é o Amor, «Deus é Amor» e portanto Deus é a Verdade, e assim a possibilidade do homem encontrar a Deus precisa ser estabelecida como um pré-requisito para qualquer diálogo com aqueles que não crêem. É isso o que o Papa Francisco procura fazer.

O Papa preocupa-se com os ateus sim, sem dúvidas, porque também eles são destinatários do amor de Deus, e a vida é difícil e sem sentido para aqueles que não crêem. É o amor ao Evangelho que move o Papa a aproximar-se dos que estão longe do redil do Senhor; oxalá ele consiga arrastar uns quantos incrédulos à liberdade da Fé! Por este santo propósito, nós rezamos com toda a Igreja: «Oremos pelos que não crêem em Deus, para que, pela rectidão e sinceridade da sua vida, cheguem ao conhecimento do verdadeiro Deus». Ou na antiga fórmula latina:

Orémus et pro iis qui Deum non agnóscunt,
ut, quæ recta sunt sincéro corde sectántes,
ad ipsum Deum perveníre mereántur.

Omnípotens sempitérne Deus, qui cunctos hómines condidísti, ut te semper desiderándo quærerent et inveniéndo quiéscerent, præsta, quæsumus, ut inter nóxia quæque obstácula omnes, tuæ signa pietátis et in te credéntium testimónium bonórum óperum percipiéntes, te solum verum Deum nostríque géneris Patrem gáudeant confitéri. Per Christum Dóminum nostrum.
R. Amen.

Amanhã, 07 de setembro, «dia de jejum e de oração pela paz na Síria»

O Santo Padre, o Papa Francisco, convocou no Angelus do último domingo toda a Igreja Católica para um dia de jejum e de oração pela paz na Síria e no mundo inteiro. As suas exatas palavras foram as seguintes:

Por isso, irmãos e irmãs, decidi convocar para toda a Igreja, no próximo dia 7 de setembro, véspera da Natividade de Maria, Rainha da Paz, um dia de jejum e de oração pela paz na Síria, no Oriente Médio, e no mundo inteiro, e convido também a unir-se a esta iniciativa, no modo que considerem mais oportuno, os irmãos cristãos não católicos, aqueles que pertencem a outras religiões e os homens de boa vontade.

A convocação suscitou algumas dúvidas. Duas delas me parecem as mais importantes.

Primeiro, importa esclarecer que o dia não é de jejum e abstinência, como a Sexta-Feira Santa e a Quarta-Feira de Cinzas. É uma dia de jejum e oração. A carne, portanto, está liberada, com a parcimônia que se exige de um dia de jejum, é lógico, mas ainda assim liberada.

Segundo, algumas pessoas quiseram saber se elas estão obrigadas sob pena de pecado mortal a atenderem a este pedido do Papa. Vejam, existe a obrigação, sim, inclusive sub grave, de obedecer aos Mandamentos da Igreja. O Direito Canônico diz que «[t]odos os fiéis, cada qual a seu modo, por lei divina têm obrigação de fazer penitência», e que os «dias de penitência» são prescritos para que os fiéis possam vivê-los «cumprindo mais fielmente as próprias obrigações e sobretudo observando o jejum e a abstinência» (CIC, Cân. 1249). Isto, no entanto, vale, de acordo com o mesmo cânon, «segundo as normas dos cânones seguintes». E os cânones seguintes (1250-1253) tratam dos dias de jejum e penitência ordinários da Igreja: as sextas-feiras, a Quarta de Cinzas e a Sexta da Paixão. Não fala nada sobre um dia de penitência convocado extraordinariamente (como é o caso atual) e, portanto, não permite ser extrapolado para impôr a este as mesmas obrigações decorrentes daqueles.

O Papa fez um convite que exige séria consideração, sem dúvidas, uma vez que é um convite do próprio Romano Pontífice, mas que não tem a mesma natureza dos dias de penitência ordinariamente prescritos para toda a Igreja. Portanto, deixar de fazer jejum e oração amanhã não é de per si um pecado grave. Esta é opinião de alguns sacerdotes nos quais confio, e é a opinião do pe. Z. exposta em seu blog no início desta semana.

No entanto, é importante que nos unamos sim, cada qual na medida das suas capacidades, a esta louvável inciativa à qual nos chama o Vigário de Cristo. Se pudermos fazer jejum amanhã, não deixemos de fazer: não percamos esta oportunidade de unir as nossas penitências às de toda a Igreja, sob o convite expresso do Papa Francisco, pela paz na Síria e no mundo. E, se por alguma razão o jejum nos for muito penoso ou impossível (sei lá, se já havíamos marcado um churrasco de aniversário, ou coisa parecida), não descuidemos da oração: elevemos particulares súplicas ao Todo-Poderoso, em união com toda a Igreja, a fim de que Ele nos conceda a paz de que o mundo tanto precisa e não tem condições de a obter por conta própria.

Elevemos estas preces a Deus principalmente no momento em que o Papa estiver rezando especificamente para este fim. Segundo ele, no «dia 7 de setembro, na Praça de São Pedro, aqui, das 19h00min até as 24h00min, nos reuniremos em oração e em espírito de penitência para invocar de Deus este grande dom para a amada nação síria e para todas as situações de conflito e de violência no mundo». Daqui para Roma são cinco horas de fuso-horário; então, aqui no Brasil isso será das duas da tarde às sete da noite. Reservemos estas horas, ou ao menos alguma(s) destas horas, para nos unir ao Papa em oração. Que o Todo-Poderoso nos ouça. Que o Príncipe da Paz venha em nosso socorro. Que Ele nos consiga o que está para além do nosso alcance.

Partilha – Almoço com o Santo Padre

Um amigo, o Vinícius Andrade, foi um dos jovens escolhidos para almoçar um dia com o Papa Francisco durante a JMJ. Ele escreveu o bonito testemunho abaixo, que me autorizou publicar, pelo qual agradeço. Que as palavras do Vinícius possam nos inspirar a nós, jovens católicos nele representados junto ao Vigário de Cristo. Que ela nos levem a amar ainda mais ao Vigário de Cristo, ao Papa Francisco, a fim de que possamos junto a ele dar a nossa colaboração para a expansão da Igreja de Cristo no mundo.

* * *

Queridos amigos,

Durante a JMJ tive uma das graças mais especiais da minha vida: a de ser um dos doze jovens a almoçar com o Santo Padre, o Papa Francisco. Nunca imaginei que, na minha curta caminhada na Igreja (desde 2008), pudesse ter essa oportunidade. Não vejo como um prêmio, nem merecimento… Penso que foi uma oportunidade que Deus me deu para amá-Lo mais, amar mais a Sua Igreja e aumentar em meu coração este amor pelo Papa, o Vigário de Cristo na terra. Foi também uma oportunidade de conversão e espero que sirva de motivação para tantos jovens que estão afastados ou desmotivados na fé. O almoço foi um diálogo muito próximo e fraterno, compartilhamos testemunhos e vivências dentro da Igreja. É incrível ver como, independente do país, temos os mesmos desafios e dificuldades, talvez porque lutamos pelo mesmo ideal: a santidade.

Algo que me chamou a atenção durante o almoço foi a proximidade que ele tinha conosco: suas falas, seus gestos, tudo falava de amor ao próximo. Senti em mim mesmo o mandamento de Cristo: amai o próximo como a ti mesmo. Me senti muito amado por Deus naquele instante; cada palavra que dizia o Papa trazia uma paz e um conforto ao meu coração. Mas acredito que todos nós que fomos à JMJ Rio, em algum momento, nos sentimos assim, pois o coração do Papa Francisco é muito acolhedor. Como lição de vida e busca da santidade, levo o seu exemplo: olhar para todos com misericórdia, não viver em ilhas, segregando as pessoas ou no individualismo, mas sim em comunidade, sempre buscando amar mais o próximo, como ele mesmo disse durante o almoço.

O Papa nos falou um pouco da realidade do jovem, do alto índice de desemprego nessa faixa etária em alguns países da Europa. Disse que muitos deles, e também os idosos, são descartados pela sociedade e falou da importância do trabalho: “O trabalho traz dignidade para as pessoas, todos deveriam trabalhar”, mas que tudo se perde se nos falta a caridade. Para ilustrar, usou o exemplo da torre de Babel: “Era trabalhoso fazer um tijolo, era preciso preparar o barro, colocar para assar, transportar até o local onde iria ser colocado. O tijolo, para o povo que construía a torre, era um verdadeiro tesouro. Se algum tijolo caísse e se quebrasse, o trabalhador era muito castigado, mas se um operário caísse, todos continuavam como se nada tivesse acontecido”. Então juntos chegamos à conclusão que a crise não é somente econômica e não se restringe à Europa, temos outra crise que atinge todos os povos e nações e permanece pelos séculos: a crise do relacionamento entre as pessoas, a cultura do descartável.  Dizendo isso, acrescentou que a sociedade de hoje muitas vezes tira a esperança dos jovens, e nos encorajou: “Vocês devem ser portadores da esperança, não deixem que ninguém roube sua esperança”.

Depois ele partilhou conosco a experiência que teve com jovens na Argentina. Grupos de 40 ou 50 jovens faziam uma reflexão do Evangelho e depois saiam para distribuir sopa. “Não eram todos católicos”, dizia. Mas disse que no período de um ou dois anos muitos conheciam a Fé. Frisava: “É importante para o jovem sair de si, para ir ao encontro dos mais necessitados”. Bem, nem preciso dizer que me comovi muito nesse momento, pois a experiência da minha conversão tinha sido exatamente esta: sair ao encontro do próximo. “Aí está a verdadeira experiência de Cristo”, dizia.

Em outro momento conversamos sobre a vocação do leigo. Ele nos falou que todos nós deveríamos entregar as nossas vidas a Deus, que como batizados temos este dever. Jesus irá nos mostrar o caminho de nossa vocação, mas independente de qual for, precisamos nos colocar a serviço. Nessa hora ficou claro, ao menos para mim, que a vocação leiga não pode ser uma desculpa para não se entregar para as coisas de Deus, afinal, não podemos ter dois senhores. Nesse momento ele também exortou: “Toda pessoa, desde que põe os pés na terra até morrer, precisa ter um orientador espiritual, eu mesmo tenho o meu”. Disse que a orientação espiritual é importante na caminhada espiritual de todo católico, pois deve nos ajudar a encontrar com Cristo e achar as respostas para as nossas inquietudes. Destacou também a importância de se ter um confessor.

O momento mais marcante certamente foi quando ele nos falou sobre o sofrimento, as misérias e a ausência de Deus no mundo. Ele falou que deveríamos nos questionar sobre essas situações e que nosso coração deveria chorar por isso: “Quando nosso coração chorar por isso, nós estaremos muito próximos de Jesus Cristo”. Lembrei-me muito de Santa Faustina, que dizia em seu diário: “Sinto uma tristeza profunda, quando observo os sofrimentos do próximo. Todas as dores do próximo se repercutem no meu coração; trago no meu coração as suas angústias, de tal modo que me abatem também fisicamente. Desejaria que todos os sofrimentos caíssem sobre mim, para dar alívio ao próximo.” Que amor é esse, que chora com o sofrimento do próximo, que se compadece das dores mais profundas da humanidade? É o amor quando o medimos a partir de Deus e não a partir do mundo. Acredito que muitos de nós descobrimos que não amamos como deveríamos, que somos egoístas e nos preocupamos somente conosco; e estamos ainda muito longe da santidade. Ali tive a certeza que não era um prêmio ou um mérito estar no almoço com o Papa, mas uma oportunidade para amar mais! Chorei (todos choraram), mas eu chorei por ver a realidade belíssima da caminhada espiritual de todo cristão: poder todos os dias lutar pela santidade, lutar por esse tesouro escondido em Deus. É uma caminhada que nos leva diariamente ao encontro com Jesus e com Maria. E que graça tão especial poder aprender do Santo Padre a ter compaixão, algo talvez tão esquecido, mas tão necessário para nossa santificação e de tantas outras almas que Deus nos entrega.

Mas a graça mais especial eu já tinha antes do almoço: a graça de pertencer à amada Igreja Católica, de ter conhecido a Igreja por meio do Movimento Regnum Christi, de poder, a partir dele, servir à Igreja e consequentemente aos meus irmãos. Graças ao Movimento também tenho minha orientação espiritual e meu apostolado, dicas tão preciosas que o Santo Padre deixou para nós e para todos. Que todos os jovens católicos do mundo consigam ter acesso a um orientador espiritual e a alguma oportunidade de servir a Cristo na Igreja. Como disse o Santo Padre, é preciso sair!

Não posso deixar de agradecer a Deus por esses grandes pais espirituais que são os Papas, que sempre nos lembraram do mandamento maior do amor; também por minha família e meus amigos (em especial meus companheiros de caminhada do Regnum Christi e da equipe dos Jovens Conectados). Meu carinho e agradecimento ao Padre Sávio, ao Padre Toninho e ao Dom Eduardo, por sempre acreditarem nos jovens e lutarem tanto por esta Juventude no Brasil! Agradeço aos meus diretores espirituais que me auxiliaram na caminhada e a todos os padres que passaram por minha vida, todos vocês me edificaram muito.

Que nosso querido Papa Francisco consiga continuar mostrando ao mundo, e principalmente a nós católicos, esse lado amoroso e misericordioso de Deus e que possamos acolher em nossas vidas o lema do Santo Padre: olhando-o com amor, o escolheu.

Obrigado por fazerem parte desta história! Contem com minhas orações por suas intenções.

Em Cristo,
Vinícius Andrade

JMJ: Encontro do Papa com os voluntários

No início desse mês, eu falei um pouco à Radio Maria sobre o encontro do Papa Francisco com os voluntários durante a JMJ. Coloco o áudio abaixo. Relevem, por favor, a terrível gripe com a qual eu estava na ocasião :)

[podcast]https://www.deuslovult.org//wp-content/uploads/podcast/encontro-voluntarios.mp3[/podcast]

Sobre a multiplicação dos pães

A respeito de um recente texto de propósito obscuro sobre uma interpretação que o Papa Francisco expôs [não tão] recentemente do episódio da multiplicação dos pães, vale muito a pena ler este texto hoje publicado no «Católico Porque…». Cito apenas um trecho:

Mas o milagre não estaria na multiplicação dos pães, isto é, Jesus não os multiplica antes da distribuição dos Apóstolos, senão que sua quantidade vai aumentando durante a mesma, é o que se depreende da fala do Papa. Os pedaços que alimentam a multidão são pedaços dos cinco (ou sete) pães iniciais.

Sinceramente, é difícil até imaginar como poderia ter sido diferente! Teria porventura Nosso Senhor criado ex nihil uma montanha de pães antes de iniciar a distribuição?! O texto bíblico fornece algum mínimo suporte a semelhante interpretação? É muita má vontade. Que Deus proteja o Papa! Que o faça feliz e não o entregue nas mãos dos seus inimigos, principalmente quando estes se dizem católicos zelosos pela pureza da Fé mas agem como demônios insurgindo-se contra o Cristo-na-Terra.

O Papa Francisco e o Ramadã

Somente uma curiosidade. Não sei desde quando a Santa Sé envia cumprimentos aos muçulmanos por ocasião de suas festividades; na página do «Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso», a mais antiga mensagem «por ocasião do fim do Ramadã» é de 1978. Trinta e cinco anos atrás. E ela se inicia dizendo – já em 1978 – que «[h]á muito (…) o Secretariado para os Não-Cristãos existente no Vaticano tomou o feliz hábito de manifestar aos seus amigos muçulmanos, por ocasião do encerramento do jejum do Ramadão, os seus votos mais sinceros e os seus mais ardentes desejos, rogando ao mesmo tempo a Deus que lhes conceda paz e prosperidade». O costume não é portanto muito recente.

Este fato, sozinho, mostra que a justificativa do sr. Magdi Cristiano Allam para abandonar a Igreja é completamente furada: a Igreja já se relacionava diplomaticamente com os muçulmanos três décadas antes dele ser batizado. Se ele depois decidiu romper com a Igreja, decerto não foi por conta de alguma mudança da parte d’Ela em suas relações com o Islã.

Também este ano o Papa Francisco enviou uma mensagem, na mesma ocasião, «aos muçulmanos no mundo inteiro». Coisa esperada. Protocolar. Vieram, como era esperado, os comentários maledicentes. Não faltou quem dissesse que São Francisco de Assis foi ter com o sultão maometano para instá-lo a aceitar o Evangelho, enquanto que o Papa Francisco escrevia aos muçulmanos para lhe desejar um bom Ramadã. No entanto, a mensagem deste ano contém o seguinte interessante período (grifos meus):

Obviamente, ao manifestar respeito pela religião do próximo ou ao transmitir-lhe os bons votos por ocasião de uma celebração religiosa, simplesmente procuramos compartilhar a sua alegria, sem fazer referência ao conteúdo das suas convicções religiosas.

Que me conste, é a primeira vez que um Papa “justifica” uma dessas mensagens diplomáticas da Santa Sé. Ele diz, com todas as letras, que não se pode inferir delas nenhuma espécie de juízo da Igreja sobre o conteúdo das convicções religiosas daqueles a quem se destinam. Portanto, elas não servem para “provar” que a Igreja passou a considerar o Islã uma religião verdadeira. Doravante, a desonestidade intelectual dos que as utilizarem como “evidências” de uma suposta mudança de posição doutrinária da Igreja Católica frente ao Islã estará manifesta.

Que me conste, João Paulo II e Bento XVI nunca fizeram esse tipo de esclarecimentos. Não que precisassem dizer o óbvio, pois não podem existir duas religiões verdadeiras. Mas é curioso que justamente o Papa Francisco, explicitamente preocupado com o «respeito pela religião do próximo», tenha feito questão de deixar claro que respeito é respeito, e indiferentismo é indiferentismo. Respeitar não é aceitar. E conviver pacificamente não é sinônimo de aprovar convicções religiosas de ninguém.

A Jornada da Juventude não-católica

Três milhões de peregrinos nas ruas é um contingente expressivo de pessoas, que por sua própria natureza não é passível de ser tratado com indiferença. Não dá para simplesmente fingir que aquela multidão de gente não está lá. Era natural que a JMJ, portanto, influenciasse também a vida de pessoas que não são católicas. O que elas têm a dizer sobre a Jornada?

Trago alguns exemplos. O site do Pe. Paulo Ricardo publicou um interessante texto sobre a «Jornada Mundial da Juventude que comoveu os evangélicos»; enquanto certos pastores xingavam muito no Twitter, outros filhos de Lutero munidos de um grau maior de boa vontade comoviam-se com esta gigantesca manifestação de Fé Católica e, em certo sentido, uniam-se aos que transformaram o Rio de Janeiro em um gigantesco campo da Fé. Por exemplo, a foto abaixo correu as redes sociais:

protestante-jmj

É claro que nem todos os protestantes estavam imbuídos destes santos desejos de unidade entre os cristãos; outros aproveitaram o encontro para fazer o seu proselitismo herético e inclusive atrapalhar os católicos (*) que queriam ver o vigário de Cristo. Mas a própria existência destes espíritos de porco serve para tornar mais admirável os gestos de apoio que recebíamos espontaneamente de muitos de nossos irmãos separados. Que o Deus Altíssimo leve em consideração a sua boa vontade e lhes conceda as graças necessárias para chegarem um dia à plena união com a Igreja de Cristo, pela qual as suas almas anseiam mesmo que – por vezes – sem o perceber.

[(*) Houve inclusive um deles que, portanto um bandeirão amarelo gigantesco, colocou-se rente à grade que demarcava o espaço de passagem do Papamóvel, impedindo muitos católicos que estavam atrás de verem a passagem do Sucessor de São Pedro. Na quinta-feira, o desgraçado estava bem à minha frente. Pensando que se tratava simplesmente de um católico sem noção que estava querendo ver o Papa, eu próprio (e muitos outros) nos esforçamos por conter os gritos de “baja la manta!” que ameaçavam evoluir para atitudes efetivas de desobstrução do espaço à nossa frente. Soubesse que o canalha era um herege que havia se colocado entre o Papamóvel e os católicos com o fito explícito e deliberado de impedi-los de ver a passagem do Romano Pontífice, tinha eu próprio “bajádole la manta” para que ele aprendesse a não aporrinhar de maneira tão cretina a manifestação pacífica da fé alheia.]

Durante a semana da Pré-Jornada, quando nós voluntários já estávamos no Rio, éramos parados amiúde nas ruas por pessoas que simplesmente nos parabenizavam pelo que estávamos fazendo, mesmo que não estivéssemos fazendo nada a não ser andar por aí com os sinais distintivos da JMJ. Nem todas eram católicas, e elas às vezes faziam questão de nos dizer. Eu particularmente não recebi nem presenciei um único sinal de hostilidade durante estes dias; muito pelo contrário até. Uma senhora, que se apresentou como evangélica, chegou inclusive a nos oferecer a casa dela para hospedar voluntários ou peregrinos que porventura estivessem precisando. Tinha acabado de nos conhecer na rua. Fez questão de nos dar o seu telefone e ainda pediu desculpas porque não ia poder ficar em casa, uma vez que tinha que trabalhar, mas disse que nós podíamos ficar à vontade porque ela, com muito gosto, colocava o que tinha à nossa disposição. Ora, tamanha hospitalidade é extremamente admirável! Dona Joelma, que Deus lhe retribua a generosidade. A senhora verdadeiramente nos comoveu com a simplicidade do seu exemplo de amor ao próximo, mesmo aos desconhecidos e diferentes.

Mas nem só os protestantes se permitiram admirar a Jornada. Outras pessoas a elogiavam até por razões não-espirituais. O testemunho abaixo, por exemplo, foi outro que correu a internet. O Dr. Rodolfo Hartmann é professor universitário e juiz federal; a julgar por sua página no Facebook, não parece católico, ao menos não católico praticante. Podia perfeitamente ser um ateu ou agnóstico. No entanto, escreveu o seguinte pequeno texto sobre a JMJ, que faço questão de copiar aqui na íntegra porque é bonito o bastante para merecer um pouco mais de durabilidade do que o Facebook é capaz de lhe proporcionar:

Moro em Copacabana. Fiquei praticamente 4 dias em prisão domiciliar. Grande parte do comércio estava fechada e o que funcionava tinha fila que não acabava. Era difícil sair de carro e era impossível correr ou caminhar na praia. Nem academia funcionou. Vi 5 filmes em 3 dias (a última vez que fiz isso devia ter uns 15 anos). Simplesmente ficou mais cheio do que no réveillon e por mais dias. Mas não escrevo para criticar, pelo contrário. Essa JMJ poderia repetir todo ano aqui em Copacabana. Nesses dias, não vislumbrei desrespeito, sujeira, sedução barata ou mesmo uso de substâncias ilícitas e abuso de álcool. Simplesmente, eu observava as filas e ninguém furava. Carros que eventualmente passavam não eram socados. Não vislumbrei agressões. Também não vi lata ou sujeira no chão. Não tinha gritos e sim cantorias. Peregrinos com as suas bandeiras. Ficou muito cheio, é verdade. Os sanitários disponibilizados eram poucos. Mas, independentemente da fé pessoal de cada um, o que eu vi foram jovens e adultos em uma celebração saudável. E vão embora daqui felizes. E deixaram muitos aqui felizes. Eu curti essa meninada. :)

E, é claro, os meios de comunicação social seculares não puderam ignorar um evento desta magnitude. Muita coisa se escreveu sobre aqueles dias; a maior parte delas eu não pude ler, ocupado que estava em acompanhar in loco o desenvolvimento da JMJ. Mas foi gratificante retornar para casa e ler no El País – no El País conhecido por seu anticlericalismo! – uma matéria procurando explicar por que o papa Francisco fascina tanto os jovens. E não pude conter um sorriso ao ler estas palavras:

Em tempos de descrença geral, enquanto grupos de adultos fazem ritos aqui na rua para “desbatizar-se” ou exibir seu ateísmo, uma boa surpresa é que centenas de milhares de jovens de tantos países e línguas diferentes se apaixonaram por um papa que lhes pede que se despojem da casca do supérfluo para sentir a vibração do que permanece e vale a pena saborear.

Sim, é impressionante como o Papa consegue (e com tanta facilidade) angariar a simpatia de tantos. Para mim, isto é um claro sinal da sede de transcendência – da sede de Deus! – da qual padece o mundo moderno, ainda que não tenha coragem de a admitir. Que não seja somente entusiasmo vazio. Que esta boa vontade concedida ao Vigário de Cristo possa fazer essas pessoas – ao menos algumas dessas pessoas – abrirem o seu coração à Doutrina Católica da qual o Sucessor de Pedro é porta-voz. Rezemos pelo Papa Francisco! A fim de que ele consiga se utilizar desta extraordinária popularidade da qual goza no mundo atual para confirmar na Fé estes tantos que o admiram mesmo sem entender ao certo o porquê.

As palavras do Papa Francisco no Brasil

O Papa falou um bocado quando esteve no Brasil; muito mais do que nós, ocupados que estávamos com a Jornada, podíamos acompanhar no turbilhão daqueles dias intensos. Nestes tempos de internet, contudo, é sempre possível recuperar depois as palavras que foram proferidas na Viagem Apostólica à Terra de Santa Cruz; é útil conhecermos o que o Papa Francisco julgou por bem falar enquanto esteve no Brasil.

aqui um .pdf que compila todos os discursos do Sumo Pontífice durante a JMJ. Abaixo, trago alguns excertos do que o Papa Francisco falou no Brasil. Não são os trechos mais importantes e nem talvez os mais representativos da Jornada, mas somente alguns recortes selecionados por mim que podem ser úteis à nossa meditação. E que, como em outras coisas que pus aqui no blog, faço votos de que possam servir para aguçar o interesse por conhecer mais profundamente o que o Vigário de Cristo disse quando visitou a nossa Pátria.

Ouçamos o Papa, ouçamos o Cristo-na-Terra, para que aqueles dias não sejam somente agradáveis lembranças das multidões reunidas. Para que possamos haurir deles o máximo que eles têm para nos dar. Para que, a partir deles, possamos verdadeiramente mudar a nossa vida. Para que eles possam dar os frutos que tantas pessoas se esforçaram por fazê-los dar.

* * *

– E atenção! A juventude é a janela pela qual o futuro entra no mundo. É a janela e, por isso, nos impõe grandes desafios. A nossa geração se demonstrará à altura da promessa contida em cada jovem quando souber abrir-lhe espaço. (Papa FranciscoCerimônia de boas-vindas no Jardim do Palácio Guanabara)

– Deus sempre surpreende, como o vinho novo, no Evangelho que ouvimos. Deus sempre nos reserva o melhor. Mas pede que nos deixemos surpreender pelo seu amor, que acolhamos as suas surpresas. Confiemos em Deus! Longe d’Ele, o vinho da alegria, o vinho da esperança, se esgota. Se nos aproximamos d’Ele, se permanecemos com Ele, aquilo que parece água fria, aquilo que é dificuldade, aquilo que é pecado, se transforma em vinho novo de amizade com Ele. (Papa Francisco, Santa Missa na Basílica do Santuário de Nossa Senhora da Conceição Aparecida)

– Eu penso que, neste momento, a civilização mundial ultrapassou os limites, ultrapassou os limites porque criou um tal culto do deus dinheiro, que estamos na presença de uma filosofia e uma prática de exclusão dos dois pólos da vida que constituem as promessas dos povos. A exclusão dos idosos, obviamente: alguém poderia ser levado a pensar que nisso exista, oculta, uma espécie de eutanásia, isto é, não se cuida dos idosos; mas há também uma eutanásia cultural, porque não se lhes deixa falar, não se lhes deixa agir. (Papa FranciscoEncontro com os jovens argentinos na Catedral Metropolitana)

– A fé em Jesus Cristo não é uma brincadeira; é uma coisa muito séria. É um escândalo que Deus tenha vindo fazer-se um de nós. É um escândalo que Ele tenha morrido numa cruz. É um escândalo: o escândalo da Cruz. A Cruz continua a escandalizar; mas é o único caminho seguro: o da Cruz, o de Jesus, o da Encarnação de Jesus. Por favor, não “espremam” a fé em Jesus Cristo. Há a espremedura de laranja, há a espremedura de maçã, há a espremedura de banana, mas, por favor, não bebam “espremedura” de fé. A fé é integral, não se espreme. (Papa FranciscoEncontro com os jovens argentinos na Catedral Metropolitana)

– Queridos amigos, certamente é necessário dar o pão a quem tem fome; é um ato de justiça. Mas existe também uma fome mais profunda, a fome de uma felicidade que só Deus pode saciar. Fome de dignidade. Não existe verdadeira promoção do bem-comum, nem verdadeiro desenvolvimento do homem, quando se ignoram os pilares fundamentais que sustentam uma nação, os seus bens imateriais: a vida, que é dom de Deus, um valor que deve ser sempre tutelado e promovido; a família, fundamento da convivência e remédio contra a desagregação social; a educação integral, que não se reduz a uma simples transmissão de informações com o fim de gerar lucro; a saúde, que deve buscar o bem-estar integral da pessoa, incluindo a dimensão espiritual, que é essencial para o equilíbrio humano e uma convivência saudável; a segurança, na convicção de que a violência só pode ser vencida a partir da mudança do coração humano. (Papa Francisco, Visita à Comunidade da Varginha em Manguinhos)

– Vejam, queridos amigos, a fé realiza na nossa vida uma revolução que podíamos chamar copernicana, porque nos tira do centro e o restitui a Deus; a fé nos imerge no seu amor que nos dá segurança, força, esperança. Aparentemente não muda nada, mas, no mais íntimo de nós mesmos, tudo muda. (Papa Francisco, Festa de Acolhida dos jovens na Praia de Copacabana)

– Deus é pura misericórdia! «Bote Cristo»: Ele lhe espera no encontro com a sua Carne na Eucaristia, Sacramento da sua presença, do seu sacrifício de amor, e na humanidade de tantos jovens que vão lhe enriquecer com a sua amizade, lhe encorajar com o seu testemunho de fé, lhe ensinar a linguagem da caridade, da bondade, do serviço. Você também, querido jovem, pode ser uma testemunha jubilosa do seu amor, uma testemunha corajosa do seu Evangelho para levar a este nosso mundo um pouco de luz. (Papa FranciscoFesta de Acolhida dos jovens na Praia de Copacabana)

– Queridos jovens, confiemos em Jesus, abandonemo-nos totalmente a Ele! Só em Cristo morto e ressuscitado encontramos salvação e redenção. Com Ele, o mal, o sofrimento e a morte não têm a última palavra, porque Ele nos dá a esperança e a vida. (Papa FranciscoVia-Sacra com os jovens na Praia de Copacabana)

–  Com a mesma parresia –coragem, ousadia– de Paulo e Barnabé, anunciemos o Evangelho aos nossos jovens para que encontrem Cristo, luz para o caminho, e se tornem construtores de um mundo mais fraterno. (Papa Francisco, Santa Missa com os Bispos da XXVIII JMJ e com os Sacerdotes, os Religiosos e os Seminaristas na Catedral de São Sebastião).

– Não é a criatividade pastoral, não são as reuniões ou planejamentos que garantem os frutos, mas ser fiel a Jesus, que nos diz com insistência: “Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós” (Jo 15, 4). (Papa FranciscoSanta Missa com os Bispos da XXVIII JMJ e com os Sacerdotes, os Religiosos e os Seminaristas na Catedral de São Sebastião)

– Jesus fez assim com os seus discípulos: não os manteve colados a si, como uma galinha com os seus pintinhos; Ele os enviou! Não podemos ficar encerrados na paróquia, nas nossas comunidades, quando há tanta gente esperando o Evangelho! (Papa FranciscoSanta Missa com os Bispos da XXVIII JMJ e com os Sacerdotes, os Religiosos e os Seminaristas na Catedral de São Sebastião)

– Não queremos ser presunçosos, impondo as “nossas verdades”. O que nos guia é a certeza humilde e feliz de quem foi encontrado, alcançado e transformado pela Verdade que é Cristo, e não pode deixar de anunciá-la (cf. Lc 24, 13-35). (Papa FranciscoSanta Missa com os Bispos da XXVIII JMJ e com os Sacerdotes, os Religiosos e os Seminaristas na Catedral de São Sebastião)

– Quem atua responsavelmente, submete a própria ação aos direitos dos outros e ao juízo de Deus. Este sentido ético aparece, nos nossos dias, como um desafio histórico sem precedentes. Além da racionalidade científica e técnica, na atual situação, impõe-se o vínculo moral com uma responsabilidade social e profundamente solidária. (Papa FranciscoEncontro com os Representantes da Sociedade brasileira no Teatro Municipal)

– Jesus nos oferece algo muito superior que a Copa do Mundo! Algo maior que a Copa do Mundo! Oferece-nos a possibilidade de uma vida fecunda e feliz. E nos oferece também um futuro com Ele que não terá fim: a vida eterna. É o que Jesus oferece. Mas ele pede que paguemos a ingresso. Jesus pede que treinemos para estar ‘em forma’, para enfrentar, sem medo, todas as situações da vida, dando testemunhos de fé. Como? Através do diálogo com Ele: a oração, que é um diálogo diário com Deus que sempre nos escuta. (Papa Francisco, Vigília de oração com os jovens em Copacabana)

– Vocês têm o futuro nas mãos. Por vocês, é que o futuro chegará. Peço que vocês também sejam protagonistas, superando a apatia e oferecendo uma resposta cristã às inquietações sociais políticas que se colocam em diversas questões do mundo. Peço que sejam construtores do mundo. Envolvam-se num mundo melhor. Por favor, jovens, não sejam covardes, metam-se, saiam para a vida. (Papa FranciscoVigília de oração com os jovens em Copacabana)

– Mas, atenção! Jesus não disse: se vocês quiserem, se tiverem tempo, mas: «Ide e fazei discípulos entre todas as nações». Partilhar a experiência da fé, testemunhar a fé, anunciar o Evangelho é o mandato que o Senhor confia a toda a Igreja, também a você. É uma ordem sim; mas não nasce da vontade de domínio ou de poder, nasce da força do amor. (Papa FranciscoSanta Missa pela XXVIII Jornada Mundial da Juventude em Copacabana)

– O Brasil, a América Latina, o mundo precisa de Cristo! Paulo exclama: «Ai de mim se eu não pregar o evangelho!» (1Co 9,16). Este Continente recebeu o anúncio do Evangelho, que marcou o seu caminho e produziu muito fruto. Agora este anúncio é confiado também a vocês, para que ressoe com uma força renovada. A Igreja precisa de vocês, do entusiasmo, da criatividade e da alegria que lhes caracterizam! Um grande apóstolo do Brasil, o Bem-aventurado José de Anchieta, partiu em missão quando tinha apenas dezenove anos! Sabem qual é o melhor instrumento para evangelizar os jovens? Outro jovem! Este é o caminho a ser percorrido! (Papa FranciscoSanta Missa pela XXVIII Jornada Mundial da Juventude em Copacabana)

– Além disso, Jesus não disse: «Vai», mas «Ide»: somos enviados em grupo. Queridos jovens, sintam a companhia de toda a Igreja e também a comunhão dos Santos nesta missão.  (Papa FranciscoSanta Missa pela XXVIII Jornada Mundial da Juventude em Copacabana)

– Eis aqui, queridos amigos o nosso modelo. Aquela que recebeu o dom mais precioso de Deus, como primeiro gesto de resposta, põe-se a caminho para servir e levar Jesus. Peçamos a Nossa Senhora que também nos ajude a transmitir a alegria de Cristo aos nossos familiares, aos nossos companheiros, aos nossos amigos, a todas as pessoas. Nunca tenham medo de ser generosos com Cristo! Vale a pena! (Papa FranciscoOração do Angelus Domini em Copacabana)

– A resposta às questões existenciais do homem de hoje, especialmente das novas gerações, atendendo à sua linguagem, entranha uma mudança fecunda que devemos realizar com a ajuda do Evangelho, do Magistério e da Doutrina Social da Igreja. (Papa Francisco, Encontro com a Comissão de Coordenação do CELAM no Centro de Estudos do Sumaré)

– É uma tentação que se verificou na Igreja desde o início: procurar uma hermenêutica de interpretação evangélica fora da própria mensagem do Evangelho e fora da Igreja. (Papa Francisco, Encontro com a Comissão de Coordenação do CELAM no Centro de Estudos do Sumaré)

– Deus é real e se manifesta no “hoje”. A sua presença, no passado, se nos oferece como “memória” da saga de salvação realizada quer em seu povo quer em cada um de nós; no futuro, se nos oferece como “promessa” e esperança. No passado, Deus esteve lá e deixou sua marca: a memória nos ajuda encontrá-lo; no futuro, é apenas promessa… e não está nos mil e um “futuríveis”. O “hoje” é o que mais se parece com a eternidade; mais ainda: o “hoje” é uma centelha de eternidade. No “hoje”, se joga a vida eterna. (Papa Francisco, Encontro com a Comissão de Coordenação do CELAM no Centro de Estudos do Sumaré)

– Alguns são chamados a se santificar constituindo uma família através do sacramento do Matrimônio. Há quem diga que hoje o casamento está “fora de moda”; está fora de moda? na cultura do provisório, do relativo, muitos pregam que o importante é “curtir” o momento, que não vale a pena comprometer-se por toda a vida, fazer escolhas definitivas, “para sempre”, uma vez que não se sabe o que reserva o amanhã. (Papa FranciscoEncontro com os Voluntários da XXVIII JMJ no Pavilhão 5 do Rio Centro)

– Em vista disso eu peço que vocês sejam revolucionários, que vão contra a corrente; sim, nisto peço que se rebelem: que se rebelem contra esta cultura do provisório que, no fundo, crê que vocês não são capazes de assumir responsabilidades, que não são capazes de amar de verdade. (Papa FranciscoEncontro com os Voluntários da XXVIII JMJ no Pavilhão 5 do Rio Centro)

– Continuarei a nutrir uma esperança imensa nos jovens do Brasil e do mundo inteiro: através deles, Cristo está preparando uma nova primavera em todo o mundo. Eu vi os primeiros resultados desta sementeira; outros rejubilarão com a rica colheita! (Papa FranciscoCerimônia de despedida no Aeroporto Internacional Galeão/Antônio Carlos Jobim)

– Uma última coisa: rezem por mim.

(Papa FranciscoEncontro com os Voluntários da XXVIII JMJ
no Pavilhão 5 do Rio Centro
)

Indulgências para a Jornada Mundial da Juventude

[Foi publicado o decreto com o qual o Papa Francisco concede indulgências para os que participarão – mesmo espiritualmente – da Jornada Mundial da Juventude que acontecerá nas próximas semanas no Rio de Janeiro. O texto latino encontra-se no site da Santa Sé; a tradução para o português abaixo eu encontrei no site da JMJ. Rezemos e aproveitemos estes dons que a Igreja de Cristo nos concede; unamo-nos ao Sucessor de Pedro e ofereçamos a nossa contribuição para o bom êxito deste evento da nossa juventude que tem tanta necessidade de Cristo.]

PAENITENTIARIA APOSTOLICA

D E C R E T U M

quo, occasione “XXVIII Mundialis Iuvenum Diei”
Indulgentiarum conceditur donum

Concede-se o dom das Indulgências por ocasião da “XXVIII” Jornada Mundial das Juventude”, que será celebrada no Rio de Janeiro durante o corrente Ano da Fé.

O Santo Padre Francisco, desejando que os jovens, em união com os fins espirituais do Ano da Fé, convocado pelo Papa Bento XVI, possam obter os frutos esperados de santificação da “XXVIII Jornada Mundial da Juventude, que se celebrará de 22 a 29 do próximo mês de Julho, no Rio de Janeiro, e que terá por tema: “Ide e fazei discípulos por todas as nações (cfr Mt 28, 19)”, na Audiência concedida no passado 3 de Junho ao subscrito Cardeal Penitenciário-mor, manifestando o coração materno da Igreja, do Tesouro das satisfações de Nosso Senhor Jesus Cristo, da Beatíssima Virgem Maria e de todos os Santos, estabeleceu que todos os jovens e todos os fiéis devidamente preparados pudessem usufruir do dom das Indulgências como determinado:

a.- concede-se a Indulgência plenária, obtenível uma vez por dia mediante as seguintes condições (confissão sacramental, comunhão eucarística e oração segundo as intenções do Sumo Pontífice) e ainda aplicável a modo de sufrágio pela almas dos fiéis defuntos, pelos fiéis verdadeiramente arrependidos e contritos, que devotamente participem nos ritos sagrados e exercícios de piedade que terão lugar no Rio de Janeiro.

Os fiéis legitimamente impedidos, poderão obter a Indulgência plenária desde que, cumprindo as comuns condições espirituais, sacramentais e de oração, com o propósito de filial submissão ao Romano Pontífice, participem espiritualmente nas sagradas funções nos dias determinados, desde que sigam estes ritos e exercícios piedosos enquanto se desenrolam, através da televisão e da rádio ou, sempre que com a devida devoção, através dos novos meios de comunicação social;

b.- concede-se a Indulgência parcial aos fiéis, onde quer que se encontrem durante o mencionado encontro, sempre que, pelo menos com alma contrita, elevem fervorosamente orações a Deus, concluindo com a oração oficial da Jornada Mundial da Juventude, e devotas invocações à Santa Virgem Maria, Rainha do Brasil, sob o título de “Nossa Senhora da Conceição Aparecida”, bem como aos outros Patronos e Intercessores do mesmo encontro, de modo a que estimulem os jovens a se fortalecerem na fé e a caminharem na santidade.

Para que os fiéis possam mais facilmente participarem destes dons celestes, os sacerdotes, legitimamente aprovados para ouvir confissões sacramentais, com ânimo pronto e generoso se prestem a acolhê-las e proponham aos fiéis orações públicas, pelo bom êxito desta “Jornada Mundial da Juventude”.

O presente Decreto tem validade para este encontro. Não obstante qualquer disposição contrária.

Datum Romae, ex aedibus Paenitentiariae Apostolicae, die XXIV mensis Iunii, anno Incarnationis Dominicae MMXIII, in sollemnitate Sancti Ioannis Baptistae.

Emmanuel S. R. E. Card. Monteiro de Castro
Paenitentiarius Maior

Christophorus Nykiel
Regens