Poucas coisas me deixaram tão chocados nos últimos tempos quanto a notícia que eu li ontem, segundo a qual um casal paranaense – que fizera tratamento de fertilidade – rejeitou um bebê dos trigêmeos que nasceram e quis sair do hospital levando apenas duas crianças. A notícia no Estadão traz detalhes ainda mais chocantes:
“No momento do parto o pai já disse que levaria somente duas, que a direção fizesse o que bem entendesse”, disse um dos funcionários da maternidade, em entrevista à Rádio Band News Curitiba. “No nascimento, ele escolheu duas, mas elas eram prematuras e uma das que ele escolheu teve um probleminha respiratório no início, o pulmãozinho não estava totalmente formado e, de imediato, disse que não iria levá-la porque só queria quem estivesse saudável, porque aquela criança ia dar muito trabalho”.
A história é tão absurda que eu pensei, a princípio, que fosse uma brincadeira (de péssimo gosto) de Primeiro de Abril. Não consigo entender o passa pela cabeça dessas pessoas! Acham acaso que filhos são como produtos de um supermercado, que você pode pegar ou deixar conforme a sua conveniência? Que absurdo utilitarismo é esse, segundo o qual é perfeitamente normal deixar um dos filhos na maternidade e voltar pra casa apenas com os outros dois? Que tão profundo egoísmo é este – beirando o demoníaco -, capaz de fazer com que os pais tratem os próprios filhos como uma encomenda indesejável que se pode simplesmente descartar…?
Como muito bem se perguntou um amigo ao ler esta notícia: até que ponto vai o egoísmo humano? Quando pensamos que já vimos de tudo, uma notícia dessas é ainda capaz de nos surpreender. Triste, muito triste. Que Deus tenha piedade de nós.