Padre Euteneuer e Human Life International

Como foi noticiado na semana passada, o pe. Thomas Euteneuer está deixando a presidência da Human Life International para retornar à sua diocese de origem, como pároco. Segundo (tradução livre do) email que ele próprio enviou, “um padre é um soldado de Cristo e da Igreja, e obediência é a primeira virtude do seu estado de vida”.

Achei estranho o fato não ter tido tanta repercussão por aqui, bem como achei estranha a atitude do pe. Euteneuer que se me afigurou como um relâmpago em céu claro. É um sacerdote corajoso, que “não tem papas na língua”, que estava fazendo um excelente trabalho à frente daquela importantíssima organização internacional pró-vida. Disse o padre que, para ele, esta era a coisa certa a ser feita neste momento. Difícil, no entanto, imaginá-lo dizendo coisa diferente, após louvar a obediência sacerdotal como ele o fez.

Ele pede orações, e as merece e delas precisa. Rezemos por ele. De sua parte, prometeu-nos lembrar-se sempre de nós, todos os dias, no Sacrifício Eucarístico, “fonte de toda unidade e VIDA”. Pode ser que tenhamos perdido um general que estava à frente da batalha pró-vida; mas sem dúvidas não perdemos o sacerdote que, mesmo tendo que se afastar um pouco das primeiras fileiras na liça contra a Cultura da Morte, lembra-se de nós no Santíssimo Sacrifício do Altar. E isso importa.

O LifeSiteNews.com publicou um justíssimo tributo ao padre Euteneuer. Lamento não ter tempo de traduzi-lo agora, mas para quem entende inglês vale a pena uma leitura. São alguns comentários sobre os últimos anos em que o pe. Euteneuer dedicou-se com afinco à batalha pró-vida. Talvez o mais famoso de seus corajosos feitos públicos tenha sido esta entrevista com Sean Hannity, em 2007 – infelizmente está em inglês. Hannity possui um talk show conservador e se apresenta como católico. Certa feita, no entanto, defendeu publicamente o controle de natalidade. O padre Euteneuer protestou. Convidado para uma entrevista, aceitou, e respondeu com tranqüilidade à crescente exaltação de Hannity. A pergunta final foi a mais chocante, e também a mais bonita para quem tem visão sobrenatural: “-o senhor me negaria a comunhão? -Sim, eu negaria. -Uau”. Bravo, padre Thomas. Bravo!

Rezemos pelo padre Thomas Euteneuer. Rezemos pelo Human Life International. E rezemos por todos aqueles que, de uma maneira ou de outra, dedicam-se à defesa da vida.

A “retratação” de Fisichella

Existem dois comentários imediatos que podem ser feitos após a leitura desta notícia segundo a qual El Vaticano exige a ‘fieles y obispos’ que se pronuncien contra el aborto. Esta óbvia exigência veio… de mons. Rino Fisichella, presidente da Pontifícia Academia para a vida, que entrou para a história atual por ter prestado um enorme desserviço à causa pró-vida [“did incalculable harm to the pro-life cause”, como disse o pe. Lodi a LifeSiteNews] após escrever um infelicíssimo artigo sobre a “Bambina Brasiliana” no Osservatore Romano há quinze dias.

O primeiro comentário é “faça o que eu digo, não faça o que eu faço”. Não quero ser injusto com Sua Excelência [cujo trabalho, aliás, eu desconheço completamente] e, por isso, não vou me demorar neste ponto de vista; mas me incomoda profundamente que, na edição deste domingo do Osservatore, ainda não haja a mais remota sombra de retratação sobre o malfadado artigo do domingo 15 de março. Leiam esta tradução de um artigo do pe. Thomas Euteneuer, presidente da Human Life International; é impossível não concordar com as palavras do reverendíssimo sacerdote. O escândalo foi público, pública tem que ser a retratação, como exige a justiça. É profundamente doloroso que, passadas já duas semanas, não tenhamos recebido, de maneira clara e inequívoca, uma resposta oficial às barbaridades proferidas pelo presidente da Pontifícia Academia para a Vida.

O segundo comentário que pode ser feito vai exatamente na contramão do primeiro, e é “eis aí uma retratação de monsenhor Fisichella pelo seu péssimo artigo escrito no Osservatore”. Não é a “visão Poliana” do problema: é uma forma sem dúvidas válida de encarar as coisas. Afinal, não é nada improvável que Sua Excelência tenha levado um “puxão” de orelhas e, então, tenha sido obrigado a vir a público dizer o contrário do que disse há quinze dias. Não é improvável que esta – chamemo-la assim – “saída honrosa” lhe tenha sido proposta como alternativa a uma retratação explícita. Até porque a diferença entre o tom destas palavras atuais do monsenhor e o do artigo passado é gritante. Diz agora dom Fisichella:

O prelado romano assegura que a doutrina da Igreja sobre o aborto “não se pode modificar”. E tampouco sobre a excomunhão, dado que “quem procura um aborto direto, neste mesmo instante fica excomungado latae sententiae”.

Sustentar esta doutrina não significa para Fisichella pecar por falta de misericórdia [de inmisericorde]. Ao contrário, “a misericórdia é a lei da Igreja”.

Como não ver a gritante diferença entre este Fisichella e aquele que, há quinze dias, dizia que a declaração da excomunhão latae sententiae dos médicos abortistas de  Recife por Dom José Sobrinho fazia com que o ensino da Igreja aparecesse “aos olhos de tantos como insensível, incompreensível e privado de misericórdia”? Como deixar de notar até mesmo a simetria das idéias entre um pronunciamento e outro, que nos leva a crer, sim, que se trata de uma retratação – diplomática… – do presidente da Pontifícia Academia para a Vida?

Falou bem Dom Rino Fisichella desta vez, sem dúvidas. Eu, no entanto, não estou lá muito satisfeito. Não há comparação entre o dano provocado pelo primeiro artigo e o bem causado por esta nova declaração: a desproporção é gritante. Permaneço com a firme convicção de que uma retratação expressa é necessária para que se possam amenizar os efeitos devastadores do infeliz artigo original do monsenhor. Não posso, no entanto, evitar o desconfortável temor de que se prefira a “diplomacia” e se julgue “suficiente” compensar o erro passado com pronunciamentos acertados em outros lugares e outros contextos… rezemos pela Santa Igreja.

Sobre o mesmo assunto, já comentaram o Gustavo e a Teresa.

“A cultura católica na América e a eleição de Barack Obama” – Pe. Thomas Euteneuer

[É com prazer que publico a continuação do “Não temos rei, a não ser César”, pelo pe. Thomas Euteneuer, cuja tradução foi-me gentilmente enviada por email pelo sr. Raymond de Souza. O original está aqui.

Seria necessário, immo, fazer alguns reparos quanto às evidentes figuras de linguagem hiperbólicas do revmo. pe. Euteneuer. Frases como “nenhum dos dois grupos recebeu qualquer orientação a respeito de como votar”, ou a “absoluta omissão de nossos líderes eclesiásticos para definir para nós o que a qualidade de membro da Igreja significa”, obviamente não podem ser tomadas ao pé da letra. Houve sim manifestações de sacerdotes bons e fiéis, como eu mesmo tive a oportunidade de publicar aqui no blog. É válida, no entanto, a reflexão sobre a importância de se criar uma cultura católica nos Estados Unidos, e eu me arriscaria a dizer que a mesma necessidade se impõe em nossas terras brasileiras.

Publico também a pequena introdução feita pelo sr. Raymond. Rezemos pelos Estados Unidos.]

Caros Amigos e co-defensores  da Cultura da Vida

É com prazer que partilho com todos a tradução do segundo artigo do Rev. Pe. Thomas Euteneuer, Presidente do Human Life International,  sobre as eleições americanas. O quadro é sem dúvida sombrio do ponto de vista da Cultura da Morte. O maior perigo, entretanto, não se encontra na força e no poder dos corifeus do aborto desbragado e neo-nazista: o maior perigo se encontra entre muitos dos que se dizem católicos, leigos e eclesiásticos, os quais, visceralmente corrompidos pela correção política e relativismo moral, euforicamente apóiam candidatos abortistas sem levar em conta as Leis de Deus e da Igreja.

O Pe. Thomas levanta uma bandeira de resistência e de luta que merece ser admirada e imitada. Juntemos-nos todos para reavivar a Ação Católica dos leigos, trabalhando juntos na Oração, no Estudo e na Ação.

Como dizia Santa Joana d’Arc, “Les soldats combattrons, mais Dieu donnera la victoire” – os soldados combaterão, mas Deus dará a vitória!

Raymond de Souza

A Cultura Católica na América e a eleição de Barack Obama

É impossivel continuar falando, por mais algum tempo, de uma “cultura católica” nos Estados Unidos. Um segmento inteiro da população que se autodenomina “católico” nao se sente vinculado a nenhum padrão de ortodoxia ou de sanidade católica.

De fato, é impossível falar de uma cultura católica na maioria das paróquias!

Em uma recente reunião das pastorais numa grande paróquia católica do sul da Flórida, um representante da pastoral do “Respeito à Vida” apresentou seu material pró-vida perto da mesa da pastoral da “Justiça Social” da mesma paróquia. A única coisa em comum entre as duas pastorais era que compartilhavam o mesmo espaço. Suas visões do mundo não poderiam ser mais separadas, mas ambas se autodenominavam católicas.

De fato, o pessoal da “justiça social” estava realmente radiante com a eleição de seu novo messias, Barack Obama. Muitos deles estavam falando de seus planos de assistirem a tomada de posse presidencial, mas estavam desconhecendo totalmente que haveria cem mil pessoas em uma marcha no Capitólio dois dias depois, em defesa do direito à vida dos nascituros, os quais ele tinham justamente destinado à irrelevância quando elegeram Obama para o mais alto posto no governo da nação.

Um deles chegou até a manifestar surpresa diante da previsão da entrada em vigor da “Lei do Direito de Escolha” [FOCA] abortista, quando confrontado com o desagradável fato de que seu ‘messias’ foi um patrocinador desse projeto de lei na última legislatura do Congresso. Como era de esperar, de modo imperturbável recusou-se a permitir que a verdade tivesse qualquer efeito sobre a sua euforia. Sua opinião já estava formada, e ele não permitiria a si mesmo ficar confuso diante da evidência dos fatos.

Não é preciso dizer, o católico praticante e de boa doutrina, o convicto pró-vida, este não comparecerá à comemoração da posse de Obama.

Como podem esses dois grupos estar colocados lado a lado no mesmo recinto, e apresentarem suas atividades no mesmo espaço dentro da mesma paróquia católica?

Simplesmente porque a contradição há anos tem sido tolerada por aqueles que estão no governo de nossa Igreja. Nesta última eleição nenhum dos dois grupos recebeu qualquer orientação a respeito de como votar segundo os princípios católicos, porque, como de costume, houve silêncio nos púlpitos sobre essa matéria.

A absoluta omissão de nossos líderes eclesiásticos para definir para nós o que a qualidade de membro da Igreja significa – e, portanto, para agir em conseqüência – conduziu à degradação da cultura católica e à perda do significado de coisas que são sagradas.

Quando Cristo e Belial são considerados parceiros equivalentes no santuário, então nada nele significa mais nada, e nenhum critério significativo distingue o verdadeiro católico de um falso.

A degradação da cultura católica se deve – em larga medida, mas não exclusivamente – à culpa do clero. Por quatro décadas na Igreja católica norte-americana nós temos visto:

– Abusos litúrgicos numa corrida desenfreada, favorecidos por aqueles que estão no governo de nossa Igreja;

– Duas ou três gerações de católicos de esquerda não catequizados ou ensinados de modo precário, educados como protestantes e não como católicos;

– Abusos sexuais tolerados e não denunciados pela hierarquia católica;

– Cegueira em relacao aos hereges e dissidentes da alta política;

– Ataques sistemáticos ao magistério sagrado que virtualmente não receberam resposta de nossos pastores. E se não fosse pelas Respostas Católicas (Catholic Answers), EWTN (maior canal de TV catolica nos EUA) e pela Liga Católica (Catholic League), nós não teríamos sequer uma defesa.

– A derrota de nossas instituições católicas de ensino superior diante do ataque do “politicamente correto”; e a lista continua…

Diante disto, ficaríamos surpresos se 54% dos católicos votassem em Barack?

Dificilmente.

A batalha pela cultura católica começa conosco mesmo, e não há ocasião mais propícia do que a atual, para vestir a armadura da guerra espiritual.

Ou nós acreditamos e praticamos o que a Igreja ensina, ou vivemos como parte da igreja das trevas, falsamente fazendo uso do nome de católico para o seu benefício, sem ao mesmo tempo carregar as cruzes que isto requer.

Há, entretanto, uma grande esperança para o futuro, porque a batalha já começou: novos colégios católicos estão nascendo para substituir as velhas e decrépitas escolas de heresia, novas ordens religiosas com abundantes vocações e boa doutrina têm surgido, escolas nos lares e fortes   movimentos leigos agora são abundantes.

Só quando nós recuperarmos nossa amada Igreja das mãos dos falsos católicos e clérigos, nossa Igreja estará pronta para levantar-se e repreender os ventos tempestuosos do paganismo que estão soprando mais rápido do que nós queremos admitir. Este projeto, entretanto, não se realiza sem um custo.

O custo de ser um verdadeiro fiel será, sem dúvida, muito mais alto do que foi antes em nossa vida. Começando agora, até a próxima geração, nós como católicos mostraremos ao mundo não apenas no que acreditamos, mas mostraremos que estamos dispostos a sacrificar nossas vidas como testemunhas da verdade.

Sinceramente vosso em Cristo,

assinaturapadrethomaseuteneuer
Presidente, Human Life International

“Não temos rei, a não ser César” – Pe. Thomas Euteneuer

[Publico a tradução de um artigo do rev. Pe. Thomas Euteneuer, presidente da Human Life International, que recebi por email, e fala sobre a vitória do presidente abortista nas eleições americanas deste ano. O original se encontra aqui.

Que Deus salve os Estados Unidos.]

Não temos rei, a não ser César!

Agora que as eleições terminaram, já podemos separar os católicos verdadeiros daqueles que apenas se dizem católicos. Os que estão perplexos com o resultado das eleições, podem estar certos de que estão em boa companhia, junto com os santos.

Mas os que assinalaram seu voto na opção que em ultima analise representa o sangue dos abortados, e tomaram a decisão de ficar com a cultura da morte, necessitam fazer um sério exame de consciência. Vejamos agora o que fizemos para nos mesmos.

Os Estados Unidos fizeram a escolha de seu líder máximo, que não foi boa.  Na realidade, foi um dos golpes mais devastadores contra a civilização cristã em toda a historia americana, e não estou usando linguagem figurada.

Madre Teresa de Calcutá disse uma vez que “a nação que mata seus filhos não tem futuro”.  Do mesmo modo, o padre Benedict Groeschel comentou recentemente que entramos no “começo do crepúsculo” de nosso país. São palavras terríveis, mas que descrevem a realidade da eleição do mais extremado candidato pró-aborto, que infelizmente os norte-americanos elegeram para ocupar o mais alto cargo público da nação.

Mas isso já aconteceu no passado. Quando o profeta Samuel se queixou de que o povo hebreu estava pedindo um rei, o Senhor lhe respondeu que eles não estavam rejeitando o profeta, mas o próprio Deus, Sua soberania e autoridade sobre eles (1 Sam. 8).  Mais de mil anos depois, o mesmo povo rejeitou seu Deus mais uma vez, quando, diante de Pilatos, gritou “Não temos rei, a não ser César!”

No fundo, agora novamente escolhemos Barrabás, em vez de Cristo. E escolhas têm conseqüências.  As conseqüências dessa eleição ficarão impressas na consciência da nação por muitos anos. E uma delas é que, ao eleger abortistas radicais para nos governar, tanto na Presidência quanto no Congresso, perdemos a bênção prometida no Salmo 41:1-4:

“Bem-aventurado é aquele que dá atenção ao necessitado e ao pobre para os socorrer; o Senhor o salvará no dia mau. O Senhor o guardará, e lhe conservará a vida; e o fará feliz aqui na terra, e não o entregará ao desejo de seus inimigos. O Senhor lhe dará auxílio no leito da dor; na sua enfermidade, aliviá-lo-á de todo o incômodo”.

É difícil para os norte-americanos imaginarem que uma terra tão abençoada possa ser privada de tal bênção. Entretanto, fizemos nossa cama e devemos deitar-nos nela.

Isto não aconteceu sem antes ter havido sérios e prolongados avisos sobre a institucionalização do mal. Não podemos dizer que não fomos alertados.

Quando a persuasão moral sobre a matança de inocentes não funcionou, a ciência e a razão foram nossas testemunhas. Quando a ciência foi ignorada e depois cooptada para as obras da morte, a AIDS e as doenças venéreas vieram despertar as consciências das pessoas. Mas não obtiveram grande resultado.

Deus teve então, nos últimos dez anos, que permitir o ataque violento do terrorismo, furacões, tornados, enchentes, incêndios florestais, terremotos e tsunamis. Ele certamente pensou que iríamos nos dar conta da cruel realidade da Cultura da Morte, e que nos arrependeríamos.

Como isso não aconteceu, Ele nos atingiu no ponto mais sensível do corpo humano: nosso bolso. Ele pensou que o enorme aumento dos preços da gasolina e a recente crise financeira certamente trariam o resultado desejado.

Mas, aparentemente, isso não funcionou tampouco, porque nosso povo com dureza de coração recusou ser dissuadido de sua luxúria pelo aborto, e elegeu todos aqueles que servirão a essa agenda malsã nos próximos anos.

Devemos cair de joelhos e nos arrepender do fundo dos nossos corações, pela praga que acabamos de trazer para o nosso querido pais.

Ao mesmo tempo, meus amigos, apesar desse panorama sombrio, é hora de agradecermos a Deus Nosso Senhor pelos dons da vida, do amor e da familia, que temos recebido. É também hora de nos engajarmos com seriedade em obras para resgatar nossa cultura. Então, eventualmente, os políticos acompanharão o crescimento de uma nova cultura pró-vida, a partir das sementes que hoje estamos plantando.

Sinceramente vosso em Cristo,

assinaturapadrethomaseuteneuer

Rev. Padre Thomas Euteneuer,

Presidente da Human Life International