O pe. Marcelo e os gatos traiçoeiros

Sério… o que há de errado com o mundo? Alguém comentou aqui no blog sobre o “escândalo” envolvendo o pe. Marcelo Rossi e os gatos, que depois eu fui procurar. Situação absurda levada a limites tão kafkianos que nem o escritor de Praga deve ter sido capaz de imaginar em seus maiores devaneios.

Pelo que eu entendi, houve uma Missa ao final da qual o pe. Marcelo disse (a despeito de não ter visto o vídeo, não tenho dúvida nenhuma de que isto foi dito entre risos, em tom jocoso) que não gostava de gatos porque os mesmos eram traiçoeiros. Acto contínuo, o mundo enlouquece.

A notícia acima (na qual já há quase 300 comentários) colheu os seguintes testemunhos (refiro-me ao corpo da notícia; nem estou falando dos comentários…):

  • “Foi um erro imperdoável. Como uma pessoa que fala das coisas de Deus rejeita uma criatura dele? O que me preocupa é o preconceito que ele incutiu em seus seguidores!”
  • “O padre deveria procurar conhecer melhor a natureza desses animais, antes de dizer um absurdo desse, que só vai condená-los ao abandono”.
  • “Da mesma maneira que não se pode ofender negros, religiosos, e outros segmentos sociais, também não se pode faltar com respeito aos animais. É preciso que ele faça uma retratação para que isso não fique na cabeça das pessoas”.

Na internet, os protestos se multiplicam. Este blog pergunta-se «[o] que teria dito São Francisco de Assis, sobre as declarações do pe. Marcelo Rossi?». Aqui é possível ler uma conclamação para que «os amigos de nossos parceiros de planeta escrevam e protestem contra essa atitude grosseira e anticristã do Padre Marcelo». Aqui, uma blogueira se queixa: «Sabemos da dificuldade que é mudar preconceitos, principalmente os relacionados aos felinos»…

No Facebook, uma comunidade ostenta por foto uma caricatura grosseira do sacerdote dançando e diz (em maiúsculas mesmo): EXIGIMOS RETRATAÇÃO DE PADRE MARCELO ROSSI. Até agora, 48 pessoas “like it”. Em um dado momento, transbordando caridade e coerência, alguém posta lá: «O CÉU ESTÁ CHEIO DE GATOS E EM COMPENSAÇÃO O INFERNO CHEIO DE PADRES….MAIS UM NÃO VAI FAZER DIFERENÇA!!!!!!!».

Um abaixo-assinado pede  «a retratação pública do Padre Marcelo Rossi sobre sua declaração de repúdio a gatos na última missa de S. Francisco de Assis e em programas de rádio». Até o presente momento, 4730 pessoas já assinaram.

E, no meio desta loucura, eu não sei se o pior é o padre ter feito uma brincadeira, as pessoas terem levado a brincadeira a sério ou a absurda e desproporcional reação que se seguiu. Sinceramente, é muita inversão de valores. É muito idealismo desordenado. É muita falta do que fazer.

O combate ao erro e também àquele que erra

[O texto apareceu recentemente na lista “Tradição Católica”; buscando-o na internet, descobri que ele já havia sido publicado aqui. Reproduzo-o na íntegra, por julgar as considerações do autor extremamente pertinentes. São palavras que fazem eco àquelas de São Francisco de Sales (aliás, o mesmo a dizer que é mais fácil capturar moscas com mel do que com vinagre): “os inimigos de Deus e da Igreja devem ser difamados tanto quanto se possa, contanto que não se falte com a verdade; porque é dever de caridade gritar “Eis o lobo!” quando ele está entre o rebanho, ou em qualquer lugar onde se encontre”.

No mesmo sentido, é extremamente recomendada a leitura deste “Capítulo II” do “Em defesa da Ação Católica”, de Plínio Corrêa de Oliveira.]

Capítulo XXIII

SE É CONVENIENTE AO COMBATER O ERRO COMBATER E DESAUTORIZAR A PERSONALIDADE DO QUE O SUSTENTA E PROPALA

Dir-se-á porém: “Conceda-se isso com respeito às doutrinas em abstrato. Mas será conveniente ao combater o erro, por maior que o seja, cevar-se e encarniçar-se contra a personalidade do que o sustenta?”

Responderemos que muitas vezes sim, é conveniente e não só conveniente, mas até indispensável, e meritório diante de Deus e da sociedade. E ainda que bem pudesse deduzir-se esta afirmação do que anteriormente havemos exposto, queremos, todavia, tratá-la aqui ex professo, pois é grande a sua importância.

Com efeito, não é pouco freqüente a acusação que se faz ao apologista católico de ocupar-se sempre das pessoas, e quando se lança em rosto a um dos nossos o atacar uma pessoa, parece aos liberais e aos contaminados de Liberalismo que já não há mais que dizer para condená-lo.

E, não obstante, não têm razão; não, não a têm. As idéias más hão de ser combatidas e desautorizadas; é preciso torná-las aborrecidas, desprezíveis e detestáveis à multidão, a essa que intentam embair e seduzir. Mas quer o acaso que as idéias não se sustentem por si mesmas no ar, nem por si mesmas fazem todo o dano à sociedade. São como as flechas ou balas, que a ninguém iriam ferir, se não houvesse quem as disparasse com o arco ou com a espingarda.

Ao atirador se devem, pois, dirigir primariamente os tiros do que deseje destruir a sua mortal pontaria; e qualquer outro modo de fazer a guerra será tão liberal como queiram, porém, não terá sentido comum. Soldados com armas de envenenados projéteis são os autores e propagandistas de doutrinas heréticas; suas armas são o livro, o jornal, o discurso público, a influência pessoal.

Não basta, pois, desviar-se para evitar o tiro, não; o principal e mais eficaz é deixar inabilitado o atirador. Assim, convém desautorizar e desacreditar o seu livro, periódico, ou discurso; e não só isso, senão desautorizar e desacreditar em alguns casos a pessoa. Sim, a pessoa, porque é este o elemento principal do combate, como o artilheiro é o elemento principal da artilharia, e não a bomba, a pólvora ou o canhão.

Pode-se, pois, em certos casos, trazer a publico suas infâmias, ridicularizar seus costumes, cobrir de ignomínia o seu nome e apelido. Sim, senhor; e pode-se fazer em prosa ou em verso, a sério ou brincando, em gravuras e por todas as artes e processos que no futuro possam inventar-se.

Somente se deve ter em conta que não se ponha a mentira ao serviço da justiça. Isso não; ninguém neste ponto se afaste um só ápice da verdade, porém, dentro dos limites desta, recorde-se aquele dito de Cretineau-Joly: – A verdade é a única caridade permitida à história; e poderia acrescentar: À defesa religiosa e social.

Os mesmos Santos Padres, que temos citado, provam esta tese. Até os títulos de suas obras dizem claramente que, ao combater as heresias, o primeiro tiro procuravam dirigi-lo contra os heresiarcas. Quase todos os títulos das obras de Santo Agostinho se dirigem ao nome do autor da heresia: Contra Fortunatum manichaeum; Adversus Adamancium; Contra Felicem; Contra Secundinum; Quis fuerit Petilianus; De gestis Pelagii; Quis furiet Julianus, etc. De sorte que quase toda polêmica do grande Agostinho foi pessoal, agressiva, biográfica, por assim dizer, tanto como doutrinal; corpo a corpo com o herege, como contra a heresia. E assim poderíamos dizer de todos os Santos Padres.

Onde foi, pois, o Liberalismo buscar a novidade de que ao combater os erros se deve prescindir das pessoas e até animá-las e acariciá-las? Firmem-se no que ensina neste ponto a tradição cristã, e deixem-nos a nós, os ultramontanos, defender a fé como se defendeu sempre a Igreja de Deus. Penetre, pois, a espada do polemista católico, fira e vá direto ao coração, que esta é a única maneira real e eficaz de combater!”.

O Liberalismo é Pecado, de D. Felix Sardá y Salvani, 1949.
Ed. Companhia Editora Nacional, pp. 89-91.

Carta aberta de Gustavo Souza ao Padre Fábio de Melo

[Vou reproduzir a carta aberta que o Gustavo Souza encaminhou ao pe. Fábio de Melo, por ocasião das suas (do padre) últimas infelizes declarações sobre o PLC 122 – a “lei da mordaça gay”. A carta foi originalmente publicada n’O Possível e O Extraordinário; a charge que a ilustra é da lavra do Emerson de Oliveira, grande artista católico.

É com muita tristeza que nós vemos o padre Fábio – que, graças ao carisma e à projeção midiática que possui, teria a possibilidade de prestar um inestimável serviço a Cristo e à Sua Igreja – resvalar nas suas próprias concepções equivocadas sobre o mundo e utilizar o seu prestígio e os meios de comunicação em massa que possui à sua disposição para semear a discórdia e a confusão entre os fiéis católicos. Não nos compete a nós exigir de ninguém um trabalho mais bem feito do que o próprio operário esteja disposto a realizar; não obstante, lutar contra aqueles que se portam como inimigos da Igreja é dever de todo católico e, se incomoda a alguém as duras palavras que dirigimos ao revmo. pe. Fábio de Melo, fique registrado que nos dói muito mais a nós vermos o padre na televisão desqualificar o trabalho de milhares de cristãos Brasil afora contra a Lei da Mordaça Gay e em defesa da família brasileira e das leis de Deus.

Como dissemos acima, não podemos exigir que ninguém venha conosco nesta batalha. No entanto, esperamos pelo menos não receber resistência dos que teoricamente compartilham conosco a Fé Católica e Apostólica – mas infelizmente, por algum motivo que nos é desconhecido, muitos destes preferem portar-se publicamente como se fossem sacerdotes de Baal e não de Cristo. Já são muitos os inimigos declarados que temos que combater; não deveríamos precisar guardar energias para nos voltarmos contra aqueles que teoricamente deveriam estar do nosso lado. A Igreja de Cristo não precisa de tanta traição; que o Sagrado Coração de Jesus – estamos em junho… – possa iluminar o padre Fábio de Melo e o levar a ter consciência do grande mal que ele está fazendo à Igreja Católica com este seu comportamento “humano demais” e nada sobrenatural. Que a Virgem da Conceição Aparecida interceda por ele e por todos os sacerdotes.]

 

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Carta aberta ao Pe. Fábio de Melo: diga não ao PL122!

Pe. Fábio,

Sua bênção!

Encaminho-lhe um artigo da lavra de um grande amigo meu, também blogueiro, chamado Jorge Ferraz. Julgo que o texto seja pertinente e coerente. É preciso refletir e mudar, caro padre: o seu trabalho tem sido, em grande medida, contraproducente. Suas recentes palavras (ditas no seu programa, na TV Canção Nova) não fizeram coro à luta que tantos cristãos (católicos ou não) tem travado contra a ideologia gayzista que busca se instalar na sociedade.

Segundo essa ideologia, a imoralidade não só seria normal, mas até natural. Não existe fundamentalismo entre os que defendem a família autêntica, baseada no matrimônio indissolúvel entre um homem e uma mulher. O que existe são princípios sólidos e o desejo de construir uma sociedade pautada em valores cristãos. O que existe, Pe. Fábio, é a luta entre as duas cidades (a de Deus e a dos homens, para usar os termos de Santo Agostinho). Nesta luta, cumpre escolher um lado; a ninguém é permitido ficar “em cima do muro”, porque o Altíssimo vomita os que são mornos (Ap. 3, 15-16). O que existe são cristãos querendo modelar a sociedade em que vivem segundo Deus, sem jamais se conformar à figura passageira deste mundo.

O que existe, por fim, são batizados querendo ser no mundo aquilo que devem ser: sal da terra. Infelizmente, parece-me que o senhor perdeu o seu sabor no afã de agradar a muitos. Mas, se falta ao senhor a fibra, a coragem, de um Padre Paulo Ricardo, ou de um Padre Luís Carlos Lodi da Cruz, ou de tantos outros – anônimos – que combatem conosco no esquadrão de Cristo, procure pelo menos não confundir os católicos com as suas posições “politicamente corretas”.

Como diz um velho ditado: “se não vai ajudar, pelo menos não atrapalhe”. Sem mais delongas, recomendo vivamente a leitura e reflexão do artigo abaixo. Se restar no senhor um mínimo de honestidade intelectual, por certo o texto lhe motivará a arrepender-se e a mudar, doravante, o seu discurso a este respeito.

In Caritas Christi,
*Gustavo Souza*

[segue-se o texto “É a vaidade, Fábio, nesta vida…”]

Os uivos dos revolucionários

Duas reações de entidades revolucionárias à recente polêmica envolvendo o kit-gay em particular e a “homofobia” em geral são dignas de serem mencionadas.

A primeira é esta cretina carta das auto-intituladas “Católicas pelo Direito de Decidir” à senhora presidente da República. Em um raro momento de sinceridade e de deposição das máscaras, as satanistas infiltradas dentro da Igreja Católica destilam todo o seu ódio religioso. Leiam-no; se eu fosse destacar o que é mais importante antes de comentar, terminaria por colocar metade do artigo aqui no post. Em particular, apenas registro que estas senhoras

  1. ficaram perplexas com o fato (divulgado pelos meios de comunicação) de que os materiais do Governo referentes a “costumes” vão precisar passar por uma consulta com “setores interessados” da sociedade;
  2. acham que vivemos sob uma “moral religiosa conservadora, patriarcal, misógina, racista e homofóbica”;
  3. acham que os “setores interessados”, no caso das consultas acima referidas, deveriam ser a “população LGBTT”;
  4. lembram que o Brasil “ratificou resoluções da ONU tomadas em grandes conferências internacionais, em Cairo (1994) e em Beijing (1995), comprometendo-se a trabalhar para que os direitos sexuais e os direitos reprodutivos sejam reconhecidos como direitos humanos”;
  5. aproveitam ainda para lembrar também que “[m]ulheres morrem pela criminalização do aborto”;
  6. dizem ter havido um “perverso uso da religião nas campanhas eleitorais de 2010”;
  7. aproveitam a oportunidade para levantar a sua voz “a favor do III PNDH”;
  8. vêm “exigir que os princípios do Estado laico sejam cumpridos”;
  9. repudiam “o uso das religiões neste contexto de manipulação política”; e
  10. [re]afirmam o seu compromisso “com a laicidade do Estado, com a dignidade humana e nosso apoio ao uso do kit educativo pelo fim da homofobia nas escolas brasileiras”.

Já passou (há muito tempo!) da hora das autoridades religiosas desta Terra de Santa Cruz tomarem alguma providência com relação a estas senhoras, que estão – há muito tempo, repito – semeando a confusão entre os brasileiros enquanto se apresentam como “católicas” e, ao mesmo tempo, fazem radical e violenta oposição a tudo o que a Igreja ensina e defende.

A segunda entidade revolucionária que reagiu à “homofobia” contemporânea foi a ABGLT. E ela fez isso colocando no seu site… um convite para uma manifestação onde seria queimada uma Bíblia! Depois da repercussão negativa, a entidade tirou o chamado do ar e disse ter sido “hackeada”. Segundo a notícia de UOL:

Na primeira versão publicada [ontem à tarde] na seção de “eventos nacionais” da página virtual, o texto dizia que “em frente a Catedral [de Brasília], nós ativistas LGBTT iremos queimar um exemplar da ‘Bíblia Sagrada'”. Em seguida, a mensagem defendia que “um livro homofóbico como este não deve existir em um mundo onde a diversidade é respeitada.”

Por fim, o autor da postagem, que se indentificava como “João Henrique Boing, ativista GLSBTT”, conclamava o público para seu suposto ato: “Amanhã iremos queimar a homofobia. Compareça”.

Após o anúncio gerar comentários raivosos no Twitter, uma nova versão do aviso foi postado. O texto dizia: “Queimando a Homofobia: aglomeração as 14h na porta da catedral. Tragam livros religiosos, em prol da diversidade”.

Às 20h40, esse trecho continuava publicado no site da instituição, uma das mais atuantes no processo que culminou com a aprovação da união estável entre homossexuais pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 5 de maio.

E o interessante é que, depois, na maior cara de pau, os próceres da revolução sexual vêm se fazer de vítimas: “As pessoas que são homofóbicas não param de nos atacar”…

Hoje (01 de junho) acontece em Brasília, às 15h00, o protesto do Silas Malafaia contra o PLC 122. Quem puder estar em Brasília, não perca a oportunidade de ver nenhuma das duas coisas. Registrem os cidadãos de bem defronte ao Congresso! E aproveitem a oportunidade para verificar se não há gayzistas raivosos piromaníacos na frente da Catedral.

A mídia x os brasileiros: a reação dos internautas

Aconteceu ontem: o jornal “O Globo” havia publicado em seu site, logo na página principal e com destaque, esta notícia. É sobre a mais nova palhaçada do excelentíssimo sr. Governador do Estado do Rio de Janeiro (o mesmo que perguntou recentemente quem é que nunca teve uma namoradinha que precisou abortar): policiais militares gays participarem fardados da próxima Parada Gay carioca.

É claro que a idéia estúpida desagradou os policiais militares. Com muita propriedade eles questionaram: “acho estranho o governador liberar o carro, gastando gasolina do estado, para eles [os policiais homossexuais] participarem de algo de caráter particular. Além disso, se você usar a viatura para ir a um evento, deixará desguarnecidas áreas que precisam de segurança – diz Cordeiro, levantando ainda outro problema. – Se o policial for fardado, isso significa que irá armado. Quem usa fuzil, por exemplo, vai deixar na viatura ou levar para a passeata?”. Muito bem colocado. Mas o Sérgio Cabral é brasileiro e não desiste nunca. O show tinha que continuar.

Chegamos, enfim, à notícia à qual fiz referência na primeira frase deste post. Sob a palavra “polêmica”, a manchete diz: Parada Gay: Cabral nega mal-estar com comandante da PM, e Paes diz que participação de militares é ‘opinião do governador’. Como eu falei, estava logo na entrada do portal com destaque e rapidamente passou para os links mais modestos das notícias relacionadas – até desaparecer completamente da página principal.

Naturalmente, não dá para provar com certeza; mas eu acho – e não somente eu – que o motivo desta súbita perda de atenção d’O Globo na polêmica foi por conta dos comentários que estavam sendo feitos. Tratam-se de cidadãos brasileiros normais que se manifestaram descontentes com o espaço (absurdamente desproporcional) que a agenda gay está ocupando no governo e nos meios de comunicação. Ou seja: a manifestação dos leitores do jornal foi contra os interesses d’O Globo e, por isso, eles habilmente retiraram a matéria do centro das atenções.

O povo brasileiro não é partidário do espancamento de homossexuais, não acredita que eles devam receber pena de morte por seu comportamento imoral, acha natural que o patrimônio em comum construído possa pertencer àqueles que trabalharam para o construir e, contanto que se mantenham padrões mínimos de moralidade pública, está pouco interessado no que a dupla faz ou deixa de fazer na cama. No entanto, o povo brasileiro – o bom povo brasileiro – não aceita a imposição da cultura gay. Isto ficou claro nos comentários feitos à reportagem acima mencionada. Ontem à tarde (logo depois de “desaparecer” da página principal do site), havia pouco mais de 100 comentários em menos de quatro horas. Hoje, há 179. À guisa de exemplo, trago algumas manifestações dos leitores, das mais antigas às mais recentes:

TamoAi
18/05/2011 – 13h 52m

Esse re..tar..da..do do Cabral gosta de aparecer. Nao faz nada que presta.

* * *

QueissoZe18
18/05/2011 – 13h 55m

A demagogia de Cabral é ilimitada. è tão tosco e mal preparado que até sugere ato inconstitucional. Não tem cabimento pedir pra policial levar a viatura – que é do estado e deveria servir ao povo, gay ou não – pra sair do armário. O que o sujeito faz na cama não é da conta do governador, é da intimidade de cada um , logo, de aspecto privado.

O gov devia conclamar o prefeito do RJ a sair do armário.

* * *

JERICÓ
18/05/2011 – 13h 59m

Que desculpem os simpatizantes. Nunca vi uma família realizar um festa tipo debutante para o anúncio com gritos de satisfação da descoberta do homossexualismo de seus filhos ou filhas. Algo está errado com alguns simpatizantes que nunca festejam ou festejaram seus filhos homossexuais. A queda do império romano se deu em parte, justamente em função de sua promiscuidade inclusive com a participação de alguns imperadores. Parabéns coronel pela decisão técnica, legal e não política tomada.

* * *

Luiz Henrique Gineste Barroso
18/05/2011 – 14h 03m

COM O MEU ,ALIAS NOSSO DINHEIRO.QUEIMANDO GASOLINA E HORAS DE SERVIÇOS.GOVERNADOR PENSE ANTES DE FALAR TANTA BOBAGEM.AS URNAS VÃO FALAR NAS PRÓXIMAS ELEIÇÕES.

* * *

Jair José de Almeida
18/05/2011 – 14h 10m

O tal do Jean Willes que venceu o BBB escreveu um livro, trabalhou na tev globo com ana maria braga, e na radio globo caiu no esquecimento, mas derrepente de candidata a deputado fica de suplente consegue uma vaga e agora se notabiliza por fazer campanha a favor do mundo gay. Será que nesse país não tem coisa mais importante pra se discutir? sou contar a homofobia mas também sou contara viada.gem, ô atraso

* * *

Rodrigo Herrera
18/05/2011 – 14h 19m

Cada um na sua. Mas esta exaltação da opção sexual é patética. Todo mundo tem direito a fazer o que quiser se for entre adultos, agora parece que querer tornar o homosexualismo em obrigatório. Não tenho nada contra gays, mas tenho contra políticos que usam esta bandeira para bancarem moderninhos e os que defendem para bancarem os que defendem a família. Que coisa sem graça.

* * *

Aluizio jorge
18/05/2011 – 14h 41m

Quanta palhaçada.

Que saco esta de parada gay, falta do que fazer dos politicos para aparecer na midia.

Enquanto o roubo o assistencialismo e a falta de educação escolar correm soltos neguinho da atenção a parada gay.

Cada povo tem o governo que merece

* * *

Celso Machado
18/05/2011 – 15h 46m

Sergio cabral deveria ser governador do circo, com todo o respeito aos queridos palhaços…
Trabalhar que é bom. Saúde, um lixo. Educação nota zero. Segurança, só para ingles ver…
Agora essa questão de homofobia tratada de forma ridícula e criando preconceito. homo ou hetero, tanto faz cada um sabe da sua vida. O problema que no Brasil tudo acaba em palhaçada.

* * *

Atlan
18/05/2011 – 16h 21m

Não sou homofóbico. Sou uma pessoa tolerante e que respeita a liberdade dos outros. Entretanto, a presença massiva da questão gay nos jornais, na internet e na tv é desproporcional. O assunto é tratado como se fosse a questão principal nas nossas vidas. Não é. Eu não conheço nenhum gay assumido. Em resumo, não é um assunto que me interesse. Entretanto, sou bombardeado com o assunto o tempo todo. Está passando do limite de forma que eu, que sou tolerante, estou incomodado.

* * *

Carlos Erich Kramer
18/05/2011 – 17h 39m

Senhor Domingos de Santana Junior, os senhores JÁ tem direitos plenos, já têm mais que isso, já têm até financiamento estatal. Nenhum outro membro da PM ou dos Bombeiros tem direito a ir para o carnaval usando uniforme, seja heterossexual ou não. Por que teriam os gays direito de participar de passeatas usando o uniforme? Esse é o problema: vocês querem direitos especiais, querem privilégios, querem empurrar o gayzismo goela abaixo da população.

* * *

Francisco Oliveira de Medeiros
18/05/2011 – 19h 32m

O Governador Sergio Cabral quer é mesmo avacalhar com a instituição policia militar, porque se ele não tem pelo menos uma pequena noção do estatudo dos policiais de seu estado, avalia outras coisas enerente ao estado como ele conhece.

E há muitos outros exemplos que poderiam ser citados. Todos eles a reafirmar, de modo insofismável, esta verdade que os meios de comunicação esforçam-se por esconder: os brasileiros não engoliram e nem vão engolir esta história de que o homossexualismo seja uma coisa natural, virtuosa até, que possa ser publicamente ostentada e estimulada e da qual se deva até mesmo ter orgulho.

Já antevejo o resultado de manifestações assim: o Governo vai usá-las como prova de que a população ainda é terrivelmente homofóbica, para então redobrar os esforços na implantação da Ideologia Gay. Porque o que está em curso não é um movimento legítimo de reivindicações dos direitos legítimos: o que está em curso é um processo de engenharia social no qual se deseja moldar a maioria de uma população em conformidade com os “valores” de uma minoria. Até quando os brasileiros vão engolir isto calados? Que cada um tenha em conta que eles começam roubando uma flor. Aqueles que precisam urgentemente sair do anonimato para manifestarem as suas opiniões são os cidadãos brasileiros descontentes com a campanha pró-homossexualismo que está em curso no Brasil. Antes que seja tarde demais.

Parada Gay: Cabral nega mal-estar com comandante da PM, e Paes diz que participação de militares é ‘opinião do governador’

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/mat/2011/05/18/parada-gay-cabral-nega-mal-estar-com-comandante-da-pm-paes-diz-que-participacao-de-militares-opiniao-do-governador-924488681.asp#ixzz1MnCdcmDp
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Verba volant, scripta manent

O título deste post é um antigo provérbio latino. Significa “as palavras voam, [mas] os escritos permanecem”. O reverendíssimo padre Alex Cordeiro, que publicara na semana passada um artigo em seu blog no qual atacava violenta e injustamente o padre Paulo Ricardo, resolveu “dar sumiço” no seu post após eu ter respondido aqui aos seus impropérios. Mesmo dizendo expressamente que não retira o que disse (como pode ser visto no tweet acima), quis apagar os registros do que dissera contra um seu irmão no sacerdócio. Quis eliminar os escritos (que permanecem), para deixar as palavras voarem e se perderem – após terem provocado todo o mal-estar que provocaram. O padre falou, falou, falou… e agora parece não querer escutar.

E isto não é justo. O estrago feito pelo péssimo artigo do pe. Alex foi público, e não pode simplesmente ser “apagado”, assim, como se nunca houvesse acontecido. As pessoas precisam assumir a responsabilidade por aquilo que dizem e fazem. Outrossim, se o sacerdote mantém tudo o que disse, não existe razão para esconder o artigo que deu origem à polêmica.

Mas, na internet, verba non volant. O cache do Google ainda mantém a página que foi tirada do ar. E, mesmo após a sua remoção, foi possível recuperar o artigo do pe. Alex que respondi anteriormente. Se a palavra proferida não tem volta, como diz o adágio, muito menos o tem o post publicado. Abaixo, segue um printscreen do artigo da forma como ele estava ainda hoje pela manhã, antes do sacerdote resolver fazê-lo desaparecer. O registro é necessário por questões de justiça e transparência. Segue, na íntegra:

Para terminar, a pequena galeria abaixo é um ligeiro apanhado do Twitter do padre (agora protegido), ao longo do dia de hoje, em sucessivas crises de caridade, de bom trato e de diálogo fraterno com as pessoas que cometeram o único crime de discordar das suas palavras agressivas contra um zeloso sacerdote católico – palavras nas quais ele, felizmente, não conseguiu dar o sumiço que desejara.

“Ratos”, “fariseus”, “doentes” e “raça de víboras” são alguns dos caridosos epítetos que o pe. Alex Cordeiro reserva para aqueles que ousam contrariá-lo e oferecer a resposta devida ao seu artigo mesquinho que tanta confusão e perplexidade provocou entre os fiéis católicos nos últimos dias. Não é uma atitude cristã atacar violenta e publicamente um sacerdote católico e, depois, não aceitar críticas. Não é uma atitude cristã despejar tantos xingamentos contra aqueles que discordam de suas atitudes e que jamais fizeram manifestações públicas que justificassem esta reação histérica. Não é uma atitude cristã jogar coisas na internet e, depois, procurar escondê-las, fazendo-se de vítima e buscando deixar o dito pelo não dito. Após tudo isso, que cada um possa julgar por si próprio se o lobo é mesmo o pe. Paulo Ricardo ou se, ao contrário, o lobo não está disfarçado de Cordeiro.

Sobre lobos e cordeiros

Foi recentemente publicada no seu blog pelo revmo. pe. Alex Cordeiro, diretor espiritual do Ministério Jovem da RCC, uma dura (e profundamente injusta) crítica ao padre Paulo Ricardo [p.s.: o padre fechou o blog; ver aqui]. Sob o título «Defensor de que “DOUTRINA”?» (assim, em maiúsculas e entre aspas mesmo), o pe. Alex tece ácidas críticas à postura do padre Paulo Ricardo no cenário católico nacional. É uma questão de justiça defender o zeloso sacerdote das insinuações maléficas lançadas pelo diretor espiritual do MJ; nas próximas linhas, tecerei alguns comentários sobre o artigo do pe. Alex Cordeiro. Serão um pouco longas, mas isto é necessário porque estão em jogo tanto a honra de um sacerdote que procura ser fiel à Igreja quanto a própria integridade da Fé Católica e Apostólica.

Já começa o revmo. pe. Alex a denegrir a imagem do pe. Paulo Ricardo por meio do próprio título do seu artigo. Afinal, colocando o termo “doutrina” entre aspas e perguntando-se retoricamente “qual” seria a doutrina defendida pelo pe. Paulo Ricardo, o pe. Alex insinua que o seu irmão no sacerdócio estaria defendendo uma “doutrina” que não a Doutrina Católica. Insinuação grave cuja demonstração, no entanto, o pe. Alex crê-se escusado de fazer: depois de lançar a insinuação maledicente, começa o seu artigo dizendo que responderá “não às questões levantadas” pelo pe. Paulo, mas sim à sua “postura”. Chega a afirmar taxativamente: “[n]ão entrarei no mérito da questão do conteúdo”.

Mas como assim, padre Alex? Doutrina é conteúdo, por óbvio. Como o senhor é capaz de insinuar levianamente que o pe. Paulo Ricardo defenderia uma “doutrina” diferente da Católica e Apostólica e, acto contínuo, dizer que não vai entrar no mérito do que ele defende? A insinuação é grave. Quem defende uma doutrina diferente da católica é herege. Colocar em dúvida a doutrina defendida pelo padre Paulo Ricardo é colocar em dúvida a sua ortodoxia e, portanto, é duvidar de que ele seja realmente católico, é insinuar que ele possa ser herege. Uma insinuação de tamanha gravidade não pode ser feita por quem se exime de entrar “no mérito da questão do conteúdo” do que o acusado defende. Agindo assim, quem é mesmo que está dividindo a Igreja?

As acusações não param por aí. “Pe. Paulo Ricardo me cheira mais a um lobo em pele de cordeiro, que tem difundido confusões sérias em meio aos nossos jovens e adultos”. Esqueceu-se somente o pe. Alex de… apontar quais seriam estas “confusões sérias” que o padre Paulo Ricardo estaria difundindo! Mas isso o reverendíssimo sacerdote não vai fazer porque, como ele disse no começo, não vai entrar “no mérito da questão do conteúdo”…

Acusar um irmão no sacerdócio de ser “lobo em pele de cordeiro” e de “difundir confusões sérias” sem, no entanto, mostrá-las! Quem é que está dividindo a Igreja? Se há “confusões sérias” sendo difundidas, é dever de todo católico – principalmente dos sacerdotes – clarificá-las. Mas isso o pe. Alex não faz. Limita-se a insinuar que o padre Paulo seja herege, acusa-lhe taxativamente de ser lobo em pele de cordeiro e se recusa a “entrar no mérito” das “confusões sérias” que, supostamente, o padre Paulo Ricardo estaria difundindo. Cabe perguntar: isso porventura é atitude de pastor ou de lobo voraz?

Toda a sibilina argumentação do pe. Alex baseia-se em uma obviedade e em uma falácia. A obviedade: o pe. Paulo Ricardo não é sucessor dos Apóstolos. A falácia parte de um ponto básico da Doutrina da Igreja: “os PRIMEIROS RESPONSÁVEIS PELO MAGISTÉRIO OFICIAL SÃO OS BISPOS EM COMUNHÃO COM O SUCESSOR DE PEDRO” (gritos da lavra do reverendíssimo pe. Alex Cordeiro). Ora, isto é algo que nenhum bom católico pode negar e que nem tampouco o próprio pe. Paulo Ricardo nega.

O argumento torna-se falacioso quando o pe. Alex, lupinamente, faz uma extrapolação grosseira da Doutrina Católica e afirma: “Logo, ao criticar os Bispos do Brasil e a estrutura de comunhão criada por eles, este digníssimo senhor critica a Igreja como tal, legitimamente constituída em nosso país”. Ora, semelhante conclusão é um grandíssimo absurdo – mesmo que tenha sido introduzida por um ergo supostamente silogístico. Não senhor, pe. Alex, não senhor! Os bispos detêm o munus docendi na Igreja de Cristo, sem dúvidas, mas isso não os torna ipso facto perfeitos e incapazes de errar. Os bispos não exercitam sempre o seu munus docendi. Os bispos – é um doloroso dever dizê-lo, mas é necessário – não necessariamente estão sempre em comunhão com o sucessor de Pedro.

O Pe. Paulo Ricardo não nega, absolutamente, que devamos estar em comunhão com os bispos que estão em comunhão com o Papa! Isso seria um grande absurdo. O que o pe. Paulo Ricardo faz é afirmar – ou, melhor, é constatar – que algumas atitudes de alguns prelados não estão em comunhão com o que ensina Romano Pontífice. Ousará o pe. Alex negar isso?

No mundo perfeito do pe. Alex, aparentemente os bispos não erram nunca, os bispos nunca tomam atitudes contrárias à Fé e à Moral da Igreja, os bispos nunca pecam… será possível que tal visão seja fruto de uma enorme ingenuidade, ou será que é simplesmente má fé? Eis então que a “doutrina” (agora, sim, com aspas muito bem colocadas!) uivada pelo pe. Alex estendeu a infalibilidade papal para todos os bispos do mundo inteiro, em quaisquer circunstâncias, e de tal modo que quem discordar deles em qualquer coisa que seja passa, ipso facto, a discordar “da Igreja como tal”!

Acaso um bispo nunca erra, pe. Alex? E, quando um bispo erra, acaso não é dever de caridade apontar-lhe o erro e impedir que outras pessoas o sigam neste engano, pe. Alex?

Ora, ou os bispos nunca erram, ou eles erram pelo menos às vezes, e tertium non datur. Se eles nunca erram então eles são infalíveis o tempo inteiro – o que pode até ser uma nova “doutrina” alexiana, mas não é a Doutrina Católica. Se, ao contrário, eles erram às vezes, acaso está “critica[ndo] a Igreja como tal” quem lhes aponta o erro? A regra da Fé porventura deixa de ser a Doutrina para ser a estrutura eclesiástica, qualquer que seja ela, independente do que façam ou deixem de fazer os sucessores dos Apóstolos? Isto, sim, é uma “doutrina” bem estranha! Quem é mesmo que está provocando divisão na Igreja e disseminando “confusões sérias”, pe. Alex?

[E, ao contrário do reverendíssimo sacerdote, eu faço questão de entrar “no mérito do conteúdo” e de apontar, exatamente, quais são as “confusões sérias” que põem em risco a Fé do povo de Deus. Prossigamos.]

Pergunta o pe. Alex: “se os bispos nos apresentam um tema para refletir na Quaresma (que nos faz pensar e muito sobre nossos apegos e responsabilidades de nosso egoísmo frente às futuras e presentes gerações) porque não podemos fazê-lo?”. Ora, pe. Alex, a resposta é bastante óbvia: porque este “tema” não é adequado para o Tempo Quaresmal e, muito pelo contrário, está imbuído de graves erros contra a Doutrina Católica (agora, sim, sem aspas) que todo mundo tem obrigação de guardar. A resposta a esta pergunta está, exatamente, no “conteúdo” dos discursos do pe. Paulo Ricardo em cujo “mérito”, no entanto, o senhor não quer entrar! Por que o senhor uiva perguntas cujas respostas se recusa a priori a ouvir, pe. Alex?

Vamos entrar no mérito, sim senhor. Vamos ao hino da Campanha da Fraternidade (que tem inclusive um trecho no próprio blog do pe. Alex): esta malfadada música canta que a terra é “das criaturas todas a mais linda”. O planeta terra é “a mais linda” das criaturas, pe. Alex? Em que “doutrina”? Não na Católica! Vamos ao Catecismo:

§356 De todas as criaturas visíveis, só o homem é “capaz de conhecer e amar seu Criador”; ele é “a única criatura na terra que Deus quis por si mesma”; só ele é chamado a compartilhar, pelo conhecimento e pelo amor, a vida de Deus. Foi para este fim que o homem foi criado, e aí reside a razão fundamental de sua dignidade:

Que motivo vos fez constituir o homem em dignidade tão grande? O amor inestimável pelo qual enxergastes em vós mesmo vossa criatura, e vos apaixonastes por ela; pois foi por amor que a criastes, foi por amor que lhe destes um ser capaz de degustar vosso Bem eterno.

É o homem, padre Alex, que é “das criaturas todas a mais linda”, e não o planeta terra. E o senhor ainda pergunta por que é que nós não podemos aderir à Campanha da Fraternidade? Ora, acaso pode um católico meditar, durante a Quaresma, em coisas que contrariam de maneira tão explícita pontos elementares da Fé Católica?

Mas o senhor não quer entrar “no mérito da questão do conteúdo”…

Temos obrigação sim, pe. Alex, de obedecer aos nossos bispos, isso é óbvio e incontestável. Mas não temos obrigação nenhuma de professar doutrinas heterodoxas. Não temos obrigação nenhuma de afirmar – p.ex. – que o planeta terra é a mais linda das criaturas de Deus. E é contra estas coisas, pe. Alex, e não contra a obediência aos bispos em si, que se levanta o pe. Paulo Ricardo. O senhor saberia disso, padre, se tivesse se dado ao trabalho de entrar no mérito da questão.

E, no circo armado pelo pe. Alex diante de toda a alcatéia, quem causa divisão é quem protesta contra estes absurdos. Quem está contra a Igreja é quem se recusa a defender a “doutrina” expressa no hino da Campanha da Fraternidade. Quem semeia a divisão é quem afirma com clareza que a mais bela das criaturas de toda a Criação é o homem, e não o “planeta terra”. Quem só quer ser católico está provocando divisão na Igreja e, quem critica um ponto específico do cenário católico nacional – p.ex., a Campanha da Fraternidade -, está ipso facto atacando todos os bispos do Brasil e a própria “Igreja como tal”. Brilhante lógica a do pe. Alex!

E prossegue, com ares de canis lupus, o reverendíssimo sacerdote: “Peço o cuidado de sempre buscarmos a comunhão da Igreja, peço a obediência aos nossos bispos, nossos VERDADEIROS pastores, peço a obediência ao Santo Padre, o Papa, que nomeia estes bispos”. O pedido é, em si, muito justo. Mas no que consiste, pe. Alex, a “comunhão da Igreja”?

Consiste em uma tríplice comunhão: de Fé, de Sacramentos e de Governo. E, faltando uma dessas, não se pode falar em comunhão. Ora, como é possível manter a comunhão de Fé negando, ao mesmo tempo, pontos básicos da Fé? Na “doutrina” canhestra do pe. Alex, a “comunhão” é uma só: de Governo. Pede o pe. Alex obediência aos bispos antes mesmo da obediência à Fé ou, pior, ainda que de modo contrário à Fé! Só que esta, padre Alex, não é “a comunhão da Igreja”. A comunhão da Igreja é um tripé, e ela se perde quando qualquer uma das suas três sustentações é comprometida. O problema nunca foi de Governo, pe. Alex. Se o senhor tivesse se dado ao trabalho de entrar “no mérito do conteúdo da questão”, teria percebido isso e não viria a público fazer as graves acusações ao pe. Paulo Ricardo que o senhor fez. Não viria a público alardear a “doutrina” lupina segundo a qual quem defende a Fé está agindo contra a Igreja.

E o revmo. pe. Alex Cordeiro termina o seu texto desfilando uma longa ladainha de diatribes contra o pe. Paulo Ricardo: “[i]gnorância total deste padre”, “TOTALMENTE FUNDAMENTALISTA”, “quer desorientar os cristãos”, “divisor, sismático (sic!!!), incitador da desobediência, perseguidor de nossos pastores”, “totalmente IRRESPONSÁVEL”. Tudo isso assim, gratuita e violentamente, e ainda – repitamos! – sem que o padre tenha se dado ao trabalho de entrar “no mérito do conteúdo da questão”!

Resumindo, portanto, o texto do pe. Alex é formado

a) por um lado, de uma “doutrina” totalmente estranha segundo a qual ou os bispos são infalíveis o tempo inteiro ou, quando eles erram, quem os corrige está cometendo não um ato de caridade cristã mas, ao contrário, está agindo contra a própria Igreja (!); e

b) por outro lado, de um rosário – melhor dizer “abrolhário” – de invectivas violentas e venenosas lançadas contra um sacerdote da Igreja, ao mesmo tempo em que se recusa peremptoriamente a analisar “o mérito do conteúdo da questão” – i.e., a única coisa que poderia dar sustentação às suas graves acusações.

E um texto desses ainda é publicado na internet! Oras, quem é que está sendo o irresponsável e o leviano? Quem é que está sendo o lobo em pele de cordeiro? Quem é, afinal de contas, que está dividindo a Igreja?

Termino essas linhas afirmando claramente que só o que eu quero – e, comigo, muitos outros que são atingidos, ainda que indiretamente, pelos impropérios do pe. Alex – é ser católico. E sei que, para ser católico, é mister guardar a Fé da Igreja. Se existe “desorientação” e “divisão”, elas não se originam nestas minhas linhas (nem nas outras do Deus lo Vult!), nem nos textos e pregações do pe. Paulo Ricardo, nem em nenhum de nós outros, católicos que nos recusamos a uivar na mesma alcatéia de onde o pe. Alex Cordeiro ataca covardemente um seu irmão no sacerdócio pelo terrível “crime”  de anunciar a Verdade Católica. Ao padre que gosta de acusar sem entrar “no mérito da questão do conteúdo”, cabem muito bem as palavras de Nosso Senhor que iremos meditar nos próximos dias: “Se falei mal, prova-o, mas se falei bem, por que me bates?” (Jo 18, 23). E, antes de acusar os outros de promoverem divisões, que o padre olhe para si mesmo e veja o que ele próprio está fazendo. Que examine a si com honestidade para ver se o “cheiro” de lobo que ele sente nos outros não está saindo do seu próprio pelo molhado, ou se os focinhos lupinos que ele julga ver adiante não vêm do seu próprio reflexo n’algum espelho.

Nota sobre a banalização da sexualidade

[Publico na íntegra a nota da Congregação para a Doutrina da  Fé que foi tornada pública hoje, esclarecendo alguns aspectos sobre as palavras do Papa no livro “Luz do Mundo” – assunto que eu inclusive já comentei aqui. Faço notar que este documento descarta tanto a possibilidade de uma “extrapolação” das palavras papais para que os preservativos sejam usados com finalidade contraceptiva quanto a idéia de que se estaria expondo a doutrina do “mal menor” no caso citado. Portanto, nem contracepção, nem prostituição, nem preservativos – ao contrário do que alguns setores midiáticos animaram-se a noticiar.

A nota foi publicada em diversos idiomas no press.catholica.]

Nota da Congregação para a Doutrina da Fé

Sobre a banalização da sexualidade

A propósito de algumas leituras de «Luz do mundo»

Por ocasião da publicação do livro-entrevista de Bento XVI, «Luz do Mundo», foram difundidas diversas interpretações não correctas, que geraram confusão sobre a posição da Igreja Católica quanto a algumas questões de moral sexual. Não raro, o pensamento do Papa foi instrumentalizado para fins e interesses alheios ao sentido das suas palavras, que aparece evidente se se lerem inteiramente os capítulos onde se alude à sexualidade humana. O interesse do Santo Padre é claro: reencontrar a grandeza do projecto de Deus sobre a sexualidade, evitando a banalização hoje generalizada da mesma.

Algumas interpretações apresentaram as palavras do Papa como afirmações em contraste com a tradição moral da Igreja; hipótese esta, que alguns saudaram como uma viragem positiva, e outros receberam com preocupação, como se se tratasse de uma ruptura com a doutrina sobre a contracepção e com a atitude eclesial na luta contra o HIV-SIDA. Na realidade, as palavras do Papa, que aludem de modo particular a um comportamento gravemente desordenado como é a prostituição (cf. «Luce del mondo», 1.ª reimpressão, Novembro de 2010, p. 170-171), não constituem uma alteração da doutrina moral nem da praxis pastoral da Igreja.

Como resulta da leitura da página em questão, o Santo Padre não fala da moral conjugal, nem sequer da norma moral sobre a contracepção. Esta norma, tradicional na Igreja, foi retomada em termos bem precisos por Paulo VI no n.º 14 da Encíclica Humanae vitae, quando escreveu que «se exclui qualquer acção que, quer em previsão do acto conjugal, quer durante a sua realização, quer no desenrolar das suas consequências naturais, se proponha, como fim ou como meio, tornar impossível a procriação». A ideia de que se possa deduzir das palavras de Bento XVI que seja lícito, em alguns casos, recorrer ao uso do preservativo para evitar uma gravidez não desejada é totalmente arbitrária e não corresponde às suas palavras nem ao seu pensamento. Pelo contrário, a este respeito, o Papa propõe caminhos que se podem, humana e eticamente, percorrer e em favor dos quais os pastores são chamados a fazer «mais e melhor» («Luce del mondo», p. 206), ou seja, aqueles que respeitam integralmente o nexo indivisível dos dois significados – união e procriação – inerentes a cada acto conjugal, por meio do eventual recurso aos métodos de regulação natural da fecundidade tendo em vista uma procriação responsável.

Passando à página em questão, nela o Santo Padre refere-se ao caso completamente diverso da prostituição, comportamento que a moral cristã desde sempre considerou gravemente imoral (cf. Concílio Vaticano II, Constituição pastoral Gaudium et spes, n.º 27; Catecismo da Igreja Católica, n.º 2355). A recomendação de toda a tradição cristã – e não só dela – relativamente à prostituição pode resumir-se nas palavras de São Paulo: «Fugi da imoralidade» (1 Cor 6, 18). Por isso a prostituição há-de ser combatida, e os entes assistenciais da Igreja, da sociedade civil e do Estado devem trabalhar por libertar as pessoas envolvidas.

A este respeito, é preciso assinalar que a situação que se criou por causa da actual difusão do HIV-SIDA em muitas áreas do mundo tornou o problema da prostituição ainda mais dramático. Quem sabe que está infectado pelo HIV e, por conseguinte, pode transmitir a infecção, para além do pecado grave contra o sexto mandamento comete um também contra o quinto, porque conscientemente põe em sério risco a vida de outra pessoa, com repercussões ainda na saúde pública. A propósito, o Santo Padre afirma claramente que os preservativos não constituem «a solução autêntica e moral» do problema do HIV-SIDA e afirma também que «concentrar-se só no preservativo significa banalizar a sexualidade», porque não se quer enfrentar o desregramento humano que está na base da transmissão da pandemia. Além disso é inegável que quem recorre ao preservativo para diminuir o risco na vida de outra pessoa pretende reduzir o mal inerente ao seu agir errado. Neste sentido, o Santo Padre assinala que o recurso ao preservativo, «com a intenção de diminuir o perigo de contágio, pode entretanto representar um primeiro passo na estrada que leva a uma sexualidade vivida diversamente, uma sexualidade mais humana». Trata-se de uma observação totalmente compatível com a outra afirmação do Papa: «Este não é o modo verdadeiro e próprio de enfrentar o mal do HIV».

Alguns interpretaram as palavras de Bento XVI, recorrendo à teoria do chamado «mal menor». Todavia esta teoria é susceptível de interpretações desorientadoras de matriz proporcionalista (cf. João Paulo II, Encíclica Veritatis splendor, nn.os 75-77). Toda a acção que pelo seu objecto seja um mal, ainda que um mal menor, não pode ser licitamente querida. O Santo Padre não disse que a prostituição valendo-se do preservativo pode ser licitamente escolhida como mal menor, como alguém sustentou. A Igreja ensina que a prostituição é imoral e deve ser combatida. Se alguém, apesar disso, pratica a prostituição mas, porque se encontra também infectado pelo HIV, esforça-se por diminuir o perigo de contágio inclusive mediante o recurso ao preservativo, isto pode constituir um primeiro passo no respeito pela vida dos outros, embora a malícia da prostituição permaneça em toda a sua gravidade. Estas ponderações estão na linha de quanto a tradição teológico-moral da Igreja defendeu mesmo no passado.

Em conclusão, na luta contra o HIV-SIDA, os membros e as instituições da Igreja Católica saibam que é preciso acompanhar as pessoas, curando os doentes e formando a todos para que possam viver a abstinência antes do matrimónio e a fidelidade dentro do pacto conjugal. A este respeito, é preciso também denunciar os comportamentos que banalizam a sexualidade, porque – como diz o Papa – são eles precisamente que representam a perigosa razão pela qual muitas pessoas deixaram de ver na sexualidade a expressão do seu amor. «Por isso, também a luta contra a banalização da sexualidade é parte do grande esforço a fazer para que a sexualidade seja avaliada positivamente e possa exercer o seu efeito positivo sobre o ser humano na sua totalidade» («Luce del mondo», p. 170).

“A verdade sobre os preservativos”

[Reproduzo trechos de um artigo (de 2004) do pe. Martin Rhonheimer, porque é bastante esclarecedor sobre as atuais polêmicas envolvendo o Papa e os preservativos. O texto na íntegra está disponível no Oblatvs. Todos os grifos são meus.]

A verdade sobre os preservativos

Martin Rhonheimer

Mas o que dizer das pessoas promíscuas, dos homossexuais sexualmente ativos e das prostitutas? O que a Igreja Católica lhes ensina é que simplesmente não deviam ser promíscuos, mas fiéis ao único parceiro sexual; que a prostituição é um comportamento que viola gravemente a dignidade humana, principalmente a dignidade da mulher e, portanto, não devia ser praticada; e que os homossexuais, como todas as outras pessoas, são filhos de Deus e amados por Ele como todos são, mas que eles deveriam viver me continência como toda e qualquer pessoa solteira.

Mas e se eles ignoram este ensinamento e correm o risco de contrair o HIV, deveriam eles usar preservativos para impedir a infecção? A norma moral que condena a contracepção como intrinsecamente má não se aplica a estes casos. Nem pode haver um ensinamento da Igreja sobre isto; é simplesmente um non-senso estabelecer normas morais para tipos de comportamento intrinsecamente imorais. Deveria a Igreja ensinar que um estuprador nunca deve usar preservativo porque ao fazer isto, além do pecado de violência sexual, ele estaria desrespeitando “o recíproco e completo dom pessoal de si e, portanto, viola o Sexto Mandamento”? Por certo que não.

O que devo dizer, como padre católico, a pessoas promíscuas ou homossexuais soropositivos que usam preservativos? Procurarei ajudá-los a viver uma vida sexual moral e bem ordenada. Mas eu não lhes direi que não usem preservativos. Simplesmente não falarei disto com eles e presumirei que se eles escolheram fazer sexo, manterão ao menos um senso de responsabilidade. Com tal atitude, respeito plenamente o ensinamento da Igreja Católica sobre contracepção.

Bento XVI e a camisinha II: a cretinice dos meios de comunicação

Sou surpreendido por uma matéria do Gazeta Online que tem o seguinte singelo título: “Vaticano: todos podem usar preservativos para evitar HIV”. A chamada: “Usar preservativos é um mal menor que transmitir o vírus HIV para um parceiro sexual – mesmo que isso signifique que uma mulher evitou uma possível gravidez, disse o Vaticano”. Manchetes análogas podem ser encontradas mundo afora. Como é possível tão universal desinformação?

Recapitulemos. O Papa disse ser possível haver alguns casos em que “a utilização do preservativo [por um garoto de programa] possa ser um primeiro passo para a moralização”. O Papa não disse nem mesmo que estes “podem” usá-los! Daí me vem um jornal dizer que “todos podem usar preservativos”, e ainda afirma ser isto “segundo o Vaticano”?

O Papa não falou sobre o que os garotos de programa podem ou não fazer. Apenas constatou um fato: o prostituto que usa preservativos impõe, de algum modo, limites à sexualidade desregrada. Como o Taiguara escreveu na lista “Tradição Católica”:

O que entendi é que, no caso da prostituta que utiliza camisinha, a significação real do uso da camisinha é completamente diversa do “sexo livre” apregoado: o uso da camisinha pela prostituta tem para ela a finalidade de evitar o contágio da doença venérea ao parceiro; para isso, ela mesma se impõe um limite (que ela pensa ser um limite válido, pois acredita que a camisinha realmente barra o contágio) e, desta feita, o próprio condom, símbolo da liberação sexual, ganha no caso concreto a conotação de um limite, contraria o próprio sexo livre.

Isto não é uma autorização para se usar preservativos. A proposição “garotos de programa podem usar preservativos” simplesmente não se encontra no texto do Papa – este é um fato objetivo contra o qual é impossível tergiversar. De onde tirou então o jornal que “todos podem usar preservativos”?

O impressionante fenômeno só revela uma gigantesca contradição dos inimigos da Igreja. Se, por um lado, postulam que Ela deva ser ostracizada e banida da vida pública das sociedades civilizadas, por outro lado saúdam com ânimo e júbilo esta – alegada! – “mudança de posição” da Igreja sobre os preservativos. Aliás, desejam tanto que a Igreja “mude” de opinião que passam a projetar isso na maneira como fazem jornalismo, por meio de um wishful thinking tão forçado, mas tão forçado, que se transforma em falsificação intelectual pura e simples.