Bento XVI e a camisinha I: a “mudança de opinião” da Igreja

Muito já foi dito acerca das declarações do Papa Bento XVI sobre os preservativos. Em particular, recomendo a leitura

1. do trecho do livro causador da polêmica;

2. deste texto do Voto Católico que me parece dar uma boa visão panorâmica sobre o assunto; e

3. destes comentários (parte 1 e parte 2) do rev. Pe. Demétrio sobre o assunto.

Infelizmente, a repercussão desta matéria foi incomparavelmente pior do que tudo o que se podia esperar. Vejo-me obrigado a levantar armas contra duas frentes opostas: por um lado, contra os mundanos que celebram este “avanço” da Igreja e, por outra, contra os católicos dito tradicionalistas que foram céleres em acusar o Papa de ter errado na emissão de uma opinião particular não-infalível.

Começo com os primeiros: é absurda a quantidade de má fé empregada! Ora, qualquer pessoa com um mínimo de conhecimento sobre a Igreja Católica sabe que as entrevistas papais publicadas por terceiros não fazem parte do corpo doutrinário católicos – ou seja, um livro de Peter Seewald não pode, sob nenhuma ótica, ser considerado um documento da Igreja. Portanto, ainda que o Papa estivesse apoiando campanhas de distribuição de preservativos (coisa que ele não está), seria descabido falar em “mudança de posição da Igreja”. A Igreja, como a história já deu incontáveis mostras e como os Seus inimigos não cansam de lamentar, simplesmente não muda. Esta é a segurança que nós, como católicos, possuímos.

Quanto ao que disse exatamente o Papa, ponho aqui uma tradução de um trecho bastante expressivo deste artigo do Catholic World Report:

Se alguém vai assaltar um banco e está decidido a usar uma pistola, melhor seria utilizar uma que não tivesse balas. Isto reduziria as chances de haver feridas mortais. Porém não é tarefa da Igreja ensinar aos potenciais ladrões de bancos como roubar bancos de maneira mais segura, e com certeza não é tarefa da Igreja apoiar programas que lhes proporcionem pistolas sem balas. Não obstante, a intenção de um ladrão de roubar um banco de maneira mais segura para os empregados e os clientes pode indicar um elemento de responsabilidade moral, que poderá ser um passo para uma eventual compreensão da imoralidade do ato de roubar um banco.

O mesmo se pode dizer da utilização do preservativo. O Papa não está falando sobre a sua mera utilização: está apenas enfatizando um aspecto subjetivo de quem o utiliza, que é em si positivo, e que pode servir para a sua eventual mudança de consciência e posterior conversão. Se um garoto de programa usa preservativos para proteger a si e ao seu parceiro de um eventual contágio com o vírus da AIDS, é esta preocupação com a integridade própria e a alheia que o Papa está chamando de positiva. Usar a camisinha é uma forma errada de salvaguardar a própria integridade; mas a intenção de se proteger, a consciência de que existem riscos associados ao uso desenfreado do sexo, é o que existe de positivo (embora, repita-se, os meios empregados estejam equivocados) no exemplo dado pelo Papa. Não significa “prostitutas, usem camisinha!”, mas simplesmente uma constatação: um garoto de programa que mantém a consciência dos limites do sexo, ainda que erre na maneira de “se proteger”, está melhor do que um entusiasta defensor do Barebacking.

A segunda parte deste texto – sobre os católicos dito tradicionalistas – vai ficar para depois.

Tratado da Virgindade Perpétua de Maria

[No dia de São Jerônimo, publico na íntegra o “Tratado da Virgindade Perpétua da Virgem Santíssima”, obra que o santo escreveu contra Helvídio, herege do seu tempo, que ousou negar que a Virgem Mãe de Deus fosse Sempre-Virgem. Já tive a oportunidade de citar outras vezes, cá no Deus lo Vult!, trechos desta obra; mas, hoje, no dia deste grande Padre da Igreja, julgo oportuno publicá-la completa.

Foi São Jerônimo quem disse jamais ter poupado os hereges, e se empenhado zelosamente em fazer dos inimigos da Igreja os seus inimigos pessoais. Aprendamos com o exemplo dos santos. Que o grande apologeta cristão e Doutor da Igreja possa nos inflamar sempre de um santo zelo pelas coisas sagradas.]

A Virgindade Perpétua de Maria

Tratado de São Jerônimo contra Helvídio
Trad.: José Fernandes Vidal
Carlos Martins Nabeto
Retirado de Ecclesia.com.br

Sumário

>> Parte I : Introdução
>> Capítulo 1
>> Capítulo 2
>> Capítulo 3
>> Parte II: José era o suposto marido de Maria; não era marido de fato
>> Capítulo 4
>> Capítulo 5
>> Capítulo 6
>> Capítulo 7
>> Capítulo 8
>> Parte III: Os “irmãos” do Senhor eram primos (parentes); não irmãos de fato
>> Capítulo 9
>> Capítulo 10
>> Capítulo 11
>> Capítulo 12
>> Capítulo 13
>> Capítulo 14
>> Capítulo 15
>> Capítulo 16
>> Capítulo 17
>> Capítulo 18
>> Parte IV: O estado virginal é superior ao estado matrimonial
>> Capítulo 19
>> Capítulo 20
>> Capítulo 21
>> Capítulo 22
>> Capítulo 23
>> Parte V: Conclusão
>> Capítulo 24

Continuar lendo Tratado da Virgindade Perpétua de Maria

Nota do Movimento Brasil sem Aborto [sobre Dilma Rousseff e os “boatos” de que ela seria abortista]

Fonte: Brasil Sem Aborto.

NOTA DO MOVIMENTO NACIONAL DA CIDADANIA PELA VIDA – BRASIL SEM ABORTO
SOBRE AS ELEIÇÕES 2010 E A QUESTÃO DO ABORTO

O Movimento Nacional da Cidadania pela vida – Brasil Sem Aborto, de natureza supra-partidária e supra-religiosa, com sede nacional em Brasília, neste momento extremamente importante para o futuro do nosso país, vem a público manifestar sua preocupação com o oportunismo político com que está sendo tratada a questão do aborto, nestas eleições.

É estarrecedor que algo tão importante como a defesa da vida, desde a concepção, seja tratado sem a devida explicitação do posicionamento de cada candidato à Presidência da República, aos governos de Estado, ao Senado Federal e à Câmara dos Deputados.  Entendemos que a coerência e a clareza de posicionamento, não só nesta conjuntura eleitoral, deva prevalecer junto aos eleitores brasileiros. Não podemos aceitar que candidatos que  manifestaram publicamente, com palavras e ações, posicionamento pela descriminalização do aborto venham agora silenciar sobre suas posições ou declarar-se agora contra o aborto de maneira oportunista, ambígua e eleitoreira, visando confundir os eleitores. Quem efetivamente é contra o aborto não teme posicionar-se claramente contra a sua legalização ou descriminalização, por entender que o direito à vida é o mais fundamental de todos os direitos humanos.

Para contribuir para essa clareza de posicionamento, o Movimento Nacional da Cidadania pela Vida – Brasil Sem Aborto lançou desde o início desta campanha eleitoral a CAMPANHA NACIONAL GOVERNOS E PARLAMENTOS PELA VIDA com o slogan “A VIDA depende do seu VOTO” com o objetivo de identificar os candidatos e candidatas que tem posição contra a legalização do aborto em nosso país e que queiram assinar “Termo de Compromisso” com firma reconhecida em cartório tendo os seus nomes inscritos numa lista por Estado, no site www.brasilsemaborto.com.br

Entendemos que os eleitores brasileiros não podem ficar à mercê dos “lobos vestidos com pele de cordeiro” cuja intenção é GANHAR VOTOS para vencer as eleições e,depois de empossados, mostrar a sua verdadeira face no apoio à cultura de morte que tem como objetivo no governo federal, estadual ou no Congresso Nacional estabelecer políticas de incentivo à prática do aborto no SUS e na articulação para descriminalizá-lo e aprovar uma legislação que o legalize em nosso país, tal como consta no PNDH-3 e no recentemente acordo internacional assinado pelo governo brasileiro denominado de “consenso de Brasília”.

Por que LEGALIZAR a Morte quando queremos Vida?

Brasília, 30 de setembro de 2010.

“O motu proprio tem sentido transcendente à existência ou não de conflitos” – card. Cañizares

A notícia é antiga. A publicação no Oblatvs é de maio de 2009, mas – a julgar por alguns comentários que se ouvem por aí – creio que nem todo mundo a leu ainda. Vale a leitura. O cardeal Cañizares é prefeito da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos e, portanto, voz autorizada para dar a correta interpretação do Summorum Pontificum. Os destaques, s.m.j., são todos do pe. Clécio.

* * *

Prefácio do Cardeal Cañizares à edição espanhola de “A Reforma de Bento XVI”

Desde a publicação deste livro até a presente edição espanhola não passaram mais que uns poucos meses. Todavia, a transcendência de certos fatos ocorridos neste lapso de tempo modificou enormemente o “clima” em torno de sua temática, especialmente pelo ambiente de controvérsia que se criou em razão do levantamento das excomunhões dos quatro bispos ordenados há vinte anos por Dom Lefebvre. Este gesto de misericórdia gratuita do Santo Padre para tornar possível a sua plena inserção eclesial, que demonstra com fatos que a Igreja não renega sua tradição, fez com que a “Missa Tradicional” acabe ligada a um problema disciplinar e, pior ainda, político.

Como consequência, existe o risco de uma desfiguração do sentido profundo do Motu Proprio de 7 de julho de 2007; um gesto de extraordinário sentido comum eclesial pelo qual se reconheceu o valor pleno de um rito que nutriu espiritualmente a Igreja Ocidental durante séculos.

Não há dúvida de que um aprofundamento e uma renovação da liturgia eram necessários. Porém, com frequência, está não foi uma realização perfeitamente alcançada. A primeira parte da constituição Sacrosanctum Concilium não entrou no coração do povo cristão. Houve uma mudança nas formas, uma reforma, não, porém uma verdadeira renovação, tal e como pediam os Padres conciliares. Às vezes, mudou-se pelo simples gosto de mudar um passado percebido como totalmente negativo e superado, concebendo a reforma como uma ruptura e não como um desenvolvimento orgânico da tradição. Isto criou reações e resistências desde o princípio, que em alguns casos se concretizaram em posições e atitudes que levaram a soluções extremas, inclusive a ações concretas que implicavam penas canônicas. É urgente, entretanto, distinguir o problema disciplinar surgido de atitudes de desobediência de um grupo, do problema doutrinal e litúrgico.

Se cremos de verdade que a Eucaristia é realmente a “fonte e o ápice da vida cristã” – como nos recorda o Concílio Vaticano II – não podemos admitir que seja celebrada de um modo indigno. Para muitos, aceitar a reforma conciliar significou celebrar uma Missa que de um modo ou de outro devia ser “dessacralizada”. Quantos sacerdotes vimos ser tratados como “retrógrados” ou “anticonciliares” pelo simples fato de celebrarem de maneira solene, piedosa ou simplesmente por obedecerem cabalmente às rubricas! É peremptório sair desta dialética.

A reforma foi aplicada e principalmente vivida como uma mudança absoluta, como se se devesse criar um abismo entre o pré e o pós Concílio, em um contexto em que o termo “pré-conciliar” era usado como um insulto. Aqui também se deu o fenômeno que o Papa observa em sua recente carta aos bispos de 10 de março de 2009: “Às vezes se tem a impressão de que nossa sociedade tenha necessidade de um grupo, ao menos, com o qual não tenha tolerância alguma, o qual se pode atacar com ódio”. Durante este ano foi o caso, em boa medida, dos sacerdotes e fiéis ligados à forma de Missa herdada através dos séculos, tratados muitas vezes como “leprosos”, como dizia de forma contundente o então cardeal Ratzinger.

Hoje em dia, graças ao Motu Proprio, esta situação está mudando notavelmente. E em grande medida está acontecendo porque a vontade do Papa não foi unicamente satisfazer aos seguidores de Dom Lefebvre, nem limitar-se a responder aos justos desejos dos fiéis que se sentem ligados, por diversos motivos, à herança litúrgica representada pelo rito romano, MAS TAMBÉM, E DE MANEIRA ESPECIAL, ABRIR A RIQUEZA LITÚRGICA DA IGREJA A TODOS OS FIÉIS, TORNANDO POSSÍVEL ASSIM A DESCOBERTA DOS TESOUROS DO PATRIMÔNIO LITÚRGICO DA IGREJA A QUEM AINDA O IGNORA. Quantas vezes a atitude dos que os menosprezam não é devida a outra coisa senão a este desconhecimento! Por isso, considerado a partir deste último aspecto, o Motu Proprio tem sentido transcendente à existência ou não de conflitos: ainda quando não houvesse nenhum “tradicionalista” a quem satisfazer, este “descobrimento” teria sido suficiente para justificar as disposições do Papa.

Foi dito também que tais prescrições seriam um “atentado” contra o Concílio, isto, porém mostra um desconhecimento do mesmo Concílio, cuja intenção de dar a todos os fiéis a ocasião de conhecer e apreciar os múltiplos tesouros da liturgia da Igreja é precisamente o que desejou ardentemente esta magna assembleia: “O Sacrossanto Concílio, apegando-se fielmente à tradição, declara que a Santa Mãe Igreja atribui igual direito e honra a todos os ritos legitimamente reconhecidos e quer que no futuro sejam conservados e fomentados por todos os meios” (SC 4).

Por outro lado, estas disposições não são uma novidade; a Igreja sempre as manteve, e quando ocasionalmente não foi assim, as consequências foram trágicas. Não apenas foram respeitados os ritos do Oriente, mas também no Ocidente dioceses como Milão, Lyon, Colônia, Braga e diversas ordens religiosas conservaram pacificamente seus diversos ritos através dos séculos. Porém, o antecedente mais claro da situação atual é, sem dúvida, a Arquidiocese de Toledo. O Cardeal Cisneros usou de todos os meios para conservar como “extraordinário” na arquidiocese o rito moçárabe que estava em vias de extinção; não somente fez imprimir o Missal e o Breviário, como criou uma capela especial na Igreja Catedral, onde se celebra ainda hoje cotidianamente neste rito.

Esta variedade ritual não significou nunca, nem pode significar, diferença doutrinal, mas pelo contrário, põe em relevo uma profunda identidade de fundo. Entre os ritos atualmente em uso é necessário que se dê também esta mesma unidade. A tarefa atual, tal e como nos indica o presente livro de don Nicola Bux, é pôr em evidência a identidade teológica entre a liturgia dos diversos ritos que foram celebrados através dos séculos e a nova liturgia fruto da reforma, ou ainda, se esta identidade se houvesse desfigurado, recuperá-la.

A Reforma de Bento XVI é, pois, um livro rico em dados, reflexões e ideias, e dentre os múltiplos assuntos nele tratados gostaria de ressaltar alguns pontos:

O primeiro é acerca do nome com o qual chamar a esta Missa. O autor propões chamá-la, ao estilo oriental, “liturgia de São Gregório Magno”. É talvez melhor que dizer simplesmente “gregoriana”, pois pode prestar-se a um duplo equívoco (que poderia em todo caso evitar-se com a denominação “dâmaso-gregoriana”). Também é mais conveniente que “Missa tradicional”, onde o adjetivo corre o perigo de contaminar-se com uma carga ou bem polêmica ou bem “folclórica”; ou que “modo extraordinário”, que é uma denominação demasiadamente extrínseca. “Usus antiquior” tem o defeito de ser uma referência meramente cronológica.

Por outro lado, “usus receptus” seria muito técnico. “Missal de São Pio V” ou “do Beato João XXIII” são termos demasiadamente limitados. O único inconveniente é que no rito bizantino já há uma liturgia de São Gregório, Papa de Roma; a dos dons pré-santificados usado na quaresma.

Em segundo lugar, o fato de que o uso seja “extraordinário” não deve significar que deva ser usado somente por sacerdotes e fiéis que se ligam ao modo extraordinário. Como propõe o padre Bux, seria muito positivo que quem celebra habitualmente no modo “ordinário”, o faça também, extraordinariamente, no “extraordinário”. Trata-se de um tesouro que é herança de todos e ao qual, de uma maneira ou de outra, todos deveriam ter acesso. Por isso, poder-se-ia propor especialmente para ocasiões em que há alguma riqueza peculiar do antigo missal que se pode aproveitar (sobretudo se no outro calendário não há nada especialmente previsto): por exemplo, para o tempo da Septuagésima, para as quatro Têmporas ou para a Vigília de Pentecostes e, talvez, até no caso de certas comunidades especiais, tanto de vida consagrada como confrarias ou irmandades. A celebração “extraordinária” também seria de grande utilidade para os ofícios da Semana Santa, ao menos em alguns deles, pois todos os ritos conservam no Tríduo Sagrado cerimônias e orações que remontam a épocas mais antigas da Igreja.

Outro ponto que é necessário destacar é a atitude de Bento XVI; não constitui tanto uma novidade nem câmbio de rumo de governo, mas sim leva à sua concretização o que já João Paulo II havia empreendido como iniciativas tais como o documento papal Quattuor abhinc annos, a consulta à comissão de Cardeais, o Motu Proprio Ecclesia Dei e a criação da Comissão de mesmo nome, ou as palavras dirigidas à Congregação do Culto Divino (2003).

Algo que se deve urgentemente ter em conta é a repercussão ecumênica destas discussões; as críticas dirigidas ao rito recebido da tradição romana alcançam também a outras tradições e sobretudo a dos irmãos ortodoxos. Quase todos os ataques dos que se opõem à reintrodução do missal antigo são precisamente ataque aos lugares que temos em comum com os orientais! Um sinal que confirma este fato são as expressões positivas do recentemente falecido Patriarca de Moscou ao publicar-se o Motu Proprio.

Não é um dos aspectos menos importantes deste livro o fato de que nos ajude a tomar consciência dos diversos aspectos da situação em que nos encontramos atualmente. Nossa geração enfrenta grandes desafios em matéria litúrgica: ajudar toda a Igreja a seguir plenamente o que indicou o Concílio Vaticano II na constituição Sacrosanctum Concilium e o que o Catecismo da Igreja Católica diz sobre a liturgia, aproveitar o que o Santo Padre – quando ainda era o cardeal Joseph Ratzinger – escreveu sobre o tema, especialmente em seu belíssimo livro Introdução ao Espírito da Liturgia, enriquecer-se com o modo com que o Santo Padre – assistido pela Oficina das celebrações litúrgicas presidida pelo Mons. Guido Marini, e da qual é consultor o autor deste livro – celebra a liturgia. Estas liturgias pontifícias são exemplares para todo o orbe católico.

Por último, acrescento que seria de grande importância que tudo isto se expusesse com profundidade nos seminários como parte integrante da formação para o sacerdócio, para proporcionar um conhecimento teórico-prático das riquezas litúrgicas, não somente do rito romano, mas também, na medida do possível, dos diversos ritos do Oriente e do Ocidente, e assim criar uma nova geração de sacerdotes livres de preconceitos dialéticos.

Oxalá este valioso livro de don Nicola Bux sirva para conhecer melhor as intenções do Santo Padre e descobrir as riquezas da herança recebida e, desse modo, para iluminar-nos em nossa ação. Para isto, peçamos ao Senhor saber interpretar, como dizia Paulo VI, os “sinais dos tempos”.

+ Antonio, cardeal Cañizares

Prefeito da Sagrada Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos

Administrador Apostólico de Toledo

8 de abril de 2009

Fonte: Subsídios Litúrgicos Summorum Pontificum

Tradução: OBLATVS

Dom Luiz Bergonzini vs. CNBB – a repercussão

Alguns exemplos, entre muitos, da enorme repercussão que teve o artigo do bispo de Guarulhos censurado pela CNBB. Louvado seja Deus, porque os verdadeiros católicos não estão mais se deixando enganar pelos descalabros da Conferência Episcopal. A máscara está caindo. Está ficando cada vez mais evidente quem é que serve à Igreja de Cristo e quem é que serve, no fundo, à Sinagoga de Satanás. O conluio promíscuo entre os sucessores dos Apóstolos e os inimigos da Cruz de Cristo precisa ser desfeito, ad majorem Dei Gloriam. Rezemos pelo Brasil, rezemos pelos senhores bispos, rezemos pela Conferência Episcopal.

1. Dilma vs. Dom Luiz Bergonzini (En Garde!): “O fato de não ser a posição da CNBB não importa patavina nenhuma, porque a CNBB não faz parte da Hierarquia da Igreja, não é sujeito do poder magisterial, de ensinar a verdade e advertir sobre o erro. A CNBB, como toda Conferência Episcopal, é tão-somente uma estrutura jurídico-canônica, que não goza de poderes magisteriais. Um Bispo, ao invés, é parte da Hierarquia da Igreja, composta pelo Papa, os Bispos, os presbíteros e os diáconos. A Ordem do Episcopado – Papa e Bispos, sendo o Papa o Chefe dos Bispos – é sujeito do poder magisterial na Igreja, do poder de ensinar. Então, D. Luís Gonzaga Bergonzini tem, sim, o poder de ensinar para sua Diocese, em virtude de ser detenter do terceiro grau do Sacramento da Ordem, o Episcopado”.

2. O apagão da CNBB (O Possível e o Extraordinário): “O apagão da CNBB custou caro. Antes restrita à leitura dos fiéis mais assíduos aos blogs, sites e listas de discussão católicas, a mensagem de Dom Luiz Gonzaga Bergonzini ganhou ampla repercussão ao ser divulgada nos noticiários de grandes portais brasileiros como O Globo, Terra, Estadão, G1. No artigo o bispo recomenda “a todos verdadeiros cristãos e verdadeiros católicos que não dêem seu voto à Senhora Dilma Rousseff e demais candidatos que aprovam tais “liberações” [legalização do aborto, casamento gay…], independentemente do partido a que pertençam”. Artigo apagado, iluminou-se o debate entre todos que são contrários à legalização do aborto no Brasil: pode-se votar, para presidente do Brasil, em um candidato(a) comprometido com a legalização do aborto? É claro que não. E a razão é simples! O voto em um abortista legalizará o aborto em nosso país, tornará o crime um direito e abrirá as portas para que os verdadeiros direitos de cada ser humano possam ser cerceados por questões políticas, pressões de lobbies de grupos ideológicos, ou por mero capricho de autoritarismo. Afinal, quando o ser humano não tem seu principal direito respeitado, o direito de nascer, que outros direitos podem lhes ser garantidos?”

3. Mitras em conflito (Fratres in Unum): “Dom Bergonzini ainda declarou ao G1: “vou mandar uma circular para os padres da diocese pedindo que eles façam o pedido na missa, para que os nossos fiéis não votem na candidata do PT e em nenhum outro candidato que defenda o aborto. Desde o Antigo Testamento, temos que é proibido matar. Uma pessoa que defende o aborto não pode ser eleita. Eu tenho obrigação de orientar meus fiéis pelo que está certo e o que está errado”, disse o bispo, a um ano de atingir 75 anos, a idade limite para apresentar sua renúncia ao Papa. É certo: a CNBB e o senhor Núncio Apostólico já estão providenciando um sucessor digno da herança dos infelizes antístites vermelhos idolatrados pela corja modernista da CNBB”.

O fato de não ser a posição da CNBB não importa patavina nenhuma, porque a CNBB não faz parte da Hierarquia da Igreja, não é sujeito do poder magisterial, de ensinar a verdade e advertir sobre o erro. A CNBB, como toda Conferência Episcopal, é tão-somente uma estrutura jurídico-canônica, que não goza de poderes magisteriais.
Um Bispo, ao invés, é parte da Hierarquia da Igreja, composta pelo Papa, os Bispos, os presbíteros e os diáconos. A Ordem do Episcopado – Papa e Bispos, sendo o Papa o Chefe dos Bispos – é sujeito do poder magisterial na Igreja, do poder de ensinar. Então, D. Luís Gonzaga Bergonzini tem, sim, o poder de ensinar para sua Diocese, em virtude de ser detenter do terceiro grau do Sacramento da Ordem, o Episcopado.

Dom Fernando acolhe e apóia católicos que assistem à Missa Tridentina

Jorge Ferraz, Claudemir Júnior, Emílio Filho, Hugo Siqueira, Simone Montfort, Dom Fernando Saburido, Gustavo Souza, Família Gonçalves (Glauco, Daniele e João Lucas ao colo), Coronel Heráclito

 

Profundamente abalados com o fim da celebração da Missa Tridentina em Recife, alguns católicos – uma comissão representativa dos fiéis que há anos assistem esta missa – tiveram uma audiência esta manhã, perto das dez horas, com Sua Excelência Reverendíssima Dom Fernando Saburido, na Cúria Metropolitana. Enquanto alguns entraram para a audiência episcopal, outros ficaram do lado de fora aguardando o seu desfecho.

 

Das mais diversas faixas etárias (de crianças de colo a senhores de mais de cinqüenta anos), de diversas paróquias da Arquidiocese, estes fiéis foram respeitosamente apresentar a Sua Excelência a sua perplexidade com o fim da celebração da Santa Missa na Forma Extraordinária do Rito Romano.

 

Levamos testemunhos dos frutos que têm sido alcançados por meio desta Missa. Famílias foram formadas em torno a ela; crianças, neste rito, foram batizadas. Pessoas afastadas da Igreja há décadas encontraram-se, finalmente, na celebração do Santo Sacrifício do Altar segundo as rubricas antigas, e voltaram à prática da Religião Verdadeira ao verem a piedade deste rito e ao serem nutridas pelas homilias do reverendíssimo padre que a celebrava.

 

Manifestamos todo o nosso amor e a nossa solidariedade para com o sacerdote, pe. Nildo, “diretor espiritual de alguns, confessor permanente de muitos e pai espiritual de todos”. Testemunhamos a sua fidelidade ao sacerdócio, o seu amor à Igreja, a sua dedicação àqueles que a Divina Providência lhe confiou. Um exemplo de sacerdote, sem sombra de dúvidas, pelo qual sempre agradecemos a Deus em privado e em favor do qual, hoje, falamos abertamente diante do Metropolita.

 

Queixamo-nos das incompreensões com as quais nós, católicos ditos “tradicionalistas” desta Arquidiocese, somos tratados. Das insinuações de que provocamos divisão no rebanho, passando pelas acusações de sermos fechados e avessos ao diálogo, e chegando até a calúnias gratuitas como a de ensinarmos que “a Sé de Pedro está vacante”. Queixamo-nos, de tudo isso, ao Arcebispo Metropolitano, que nos ouviu amável e paternalmente.

 

Reafirmamos o nosso mais ardente amor à Igreja e o nosso desejo sincero de estarmos em comunhão incondicional com o Santo Padre, o Vigário de Cristo na Terra, e com o nosso bispo em comunhão com o Papa. Rejeitamos todas e cada uma das acusações injustas que nos eram feitas. Afirmamos que os excessos, se os há, devem ser tratados como casos particulares que são – e não aplicados por meio de generalizações absurdas a todos os fiéis que se nutrem da espiritualidade tradicional da Igreja.

 

Somos provavelmente – como foi colocado para o senhor Arcebispo – o mais heterogêneo grupo de católicos desta Arquidiocese. De paróquias distantes (alguns inclusive de outras cidades e municípios), de atividades pastorais diversificadas (há pessoas que são catequistas, que fazem pastoral com drogados, que realizam missões, etc.), tendo em comum o amor à Santa Missa celebrada em Sua Forma Extraordinária. Não queremos senão ser católicos.

 

Sua Excelência nos concedeu a sua compreensão e a sua solicitude de Pastor. Disse que tínhamos o seu apoio. Garantiu-nos que iria intervir para que a Santa Missa na Forma Extraordinária continuasse a ser celebradaDeo Gratias. Solidarizou-se com as nossas queixas, e prometeu-nos tomar providências a fim de que cessem as perseguições e animosidades. Despedimo-nos, rogando a sua bênção e reafirmando a nossa filial submissão àquele que foi designado pelo Santo Padre para nos pastorear.

Obrigado, Dom Fernando Saburido, pelo apoio dado aos católicos  tradicionais desta Arquidiocese. Obrigado, Dom Fernando Saburido, pelo apoio concedido à Santa Missa na Forma Extraordinária do Rito Romano.

Padre Joãozinho mexendo em vespeiro…

Fico pensando em qual é a do pe. Joãozinho. Quando do falecimento do professor Orlando Fedeli, na semana passada, ele publicou (como virtualmente a totalidade da internet católica, graças a Deus) uma nota no seu blog, pedindo orações pelo fundador da Associação Cultural Montfort.

Eu ainda não tinha lido os comentários. Hoje, estão em número de 112, alguns dos quais – de ambos os lados – absurdamente desnecessários, até mesmo para os meus padrões.

E ainda, agora há pouco, foi publicada uma “carteirada”: a visão de um canonista sobre a Associação Cultural Montfort. Neste “comentário muito bem redigido”, após ser dito que “o sítio Montfort deveria ser tirado do ar”, é feita a seguinte interpelação aos membros da Montfort:

Admoesto os queridos internautas integrantes da Associação Montfort a retornarem ao grêmio da Igreja católica, submetendo-se totalmente a Bento XVI, que aceita e ajudou a forjar as linhas mestras do Concílio, e ao seu respectivo bispo diocesano.

Essa singela admoestação está em um texto que não possui quinze linhas. Alguém com um mínimo de senso de realidade acha que isso vai surtir algum efeito, que não seja provocar a ira dos “monfortianos” Brasil afora? E acaso o padre Joãozinho pretende levar a cabo a polêmica que porventura nasça desta sua provocação?

“Sou mesmo escrava e obrigada a sorrir” – Miriene Fernandes

[Este artigo está circulando por emails e, incrivelmente, ainda não o tinha visto publicado na net. Trago-o à apreciação; é uma resposta à matéria da VEJA da semana passada intitulada “Os Legionários do Anticristo”.]

SOU MESMO ESCRAVA E OBRIGADA A SORRIR

[Artigo removido (em 23/11/2011) a pedido da autora, que entrou em contacto por email e solicitou a sua retirada. Ela foi consagrada do Regnum Christi de fevereiro de 1998 a setembro de 2010, mas hoje sente-se chamada por Deus para servi-Lo de outra maneira e teme que o artigo possa (principalmente entre pessoas que ela conhece) gerar algum tipo confusão. Não obstante, o seu amor por Cristo permanece firme e, se ela é hoje chamada a uma vida vida secular, isto em nada muda suas posições em defesa da legitimidade da opção radical por Cristo e da vida consagrada.]

Os dois chifres do Diabo

Devido ao emprego de um humor por vezes grosseiro demais, não posso recomendar sem restrições o (não obstante, genial) blog do Frei Clemente Rojão. Mas este post sobre o padre à moda antiga merece ser lido e divulgado. Descontem as grosserias. Em particular, o seguinte trecho foi muito bem dito:

O Diabo tem dois chifres. Com um chifre, ele ataca a Igreja pelas novidades. Com o outro, ele ataca pelas velharias. Satã não tem preferência, desde que te atire no inferno… Para uns, ele deseja a desobediência pela novidade. Para outros, ele deseja a desobediência pela resistência às ordens de mudança.

E as alfinetadas, ao longo de todo o texto, são muito boas. O bom frei se refere a “quem se acha no direito de declarar estado de necessidade por conta própria”, ao “[p]aradoxo supremo da obediência, tão obedientes que desobedecem”, à “desobediência luciferina [que] renega a bela teologia que trazem nos lábios”.

Lembro-me de ter escrito, há algum tempo, algo sobre a desobediência de Lúcifer aqui. E, o que eu disse então, repito-o tranqüilamente agora:

O pecado de Satanás, seguido por Adão e Eva, apresenta-se sob muitas formas nos nossos dias. “Obediência co-responsável” é desculpa furada de quem não quer obedecer; condenar a “obediência cega” é a semente do orgulho começando a desabrochar. Sempre é possível inventar exemplos e mais exemplos de situações hipotéticas nas quais o homem estaria realmente dispensado da obediência e ainda nas quais obedecer cegamente seria um pecado; mas quando esta hipótese é aplicada amiúde em situações concretas que não guardam com os exemplos aventados senão uma vaga e forçada semelhança, então nós temos um sério problema: nós temos a repetição do non serviam primordial sob uma nova roupagem. Afinal, aquele que é capaz de “se transfigura[r] em anjo de luz” (IICor 11, 14) também é capaz de dar ao seu brado rebelde uma aparência de virtude.

E é muito fácil perceber que não há sombra de legalismo nisso – ao contrário, rejeitar a rebeldia dos que se arvoram “mais católicos do que o Papa” é uma mera questão de bom senso. Vejamos: todos concordam que a obediência é uma virtude e, para ser quebrada, é necessário haver graves motivos. Ora, para justificar uma desobediência pública, explícita e reiterada à Suprema Autoridade de Governo da Igreja, para que haja a supressão do munus regendi eclesiástico, para que seja lícito recusar-se à jurisdição da Igreja, o único motivo grave a este ponto seria algum “estado de necessidade” em que a salvação da própria alma estivesse em risco. Por menos do que isso, não há justificativa para se desobedecer. Até aqui, imagino que também todos concordem.

Mas, ora, se a desobediência fosse a única solução (afinal, para ela ser lícita, ter-se-iam que haver esgotados os outros meios…) para salvar a própria alma, seguir-se-ia necessariamente daí que, quem obedecesse à Igreja, estaria a caminho do Inferno. Ou seja, a Igreja visível de Nosso Senhor, a Cidade situada sobre o monte, o Farol que ilumina os homens e lhes ensina o caminho da Salvação, ter-se-ia convertido em seu perfeito contrário: em um vórtex negro que atrai as almas para o Inferno e do qual precisa fugir quem desejar ser salvo. Não creio ser preciso demonstrar que esta posição é blasfema. Portanto, não há justificativa para a desobediência.

Em suma: a desobediência à Igreja só se justificaria se ela – a desobediência – fosse necessária à salvação. Mas aqui chegamos a uma situação irredutível: porque afirmar que tal obediência é necessária é transformar a Igreja na Sinagoga de Satanás (onde se condenam todos os que A seguem), e negar a necessidade dessa obediência é reconhecer que não é lícito desobedecer. Et tertium non datur.

É difícil obedecer. Às vezes, é particularmente doloroso. É extremamente tentador fazer as coisas por conta própria, “do nosso jeito” – isto é tão tentador que derrubou até mesmo Lúcifer do alto dos Céus, quando o pecado nem havia entrado no mundo ainda e não havia ninguém rondando por aí “para perder as almas”! Acaso a tentação que fez cair Lúcifer não poderá também derrubar a mim?

Afastemo-nos com vigor de tão diabólica tentação. Que a Virgem Santíssima seja em nosso favor, e nos ajude, e não nos deixe jamais entregues a nós mesmos – pois, por nós mesmos, fatalmente iremos cair miseravelmente. Que o factus oboediens de Nosso Senhor possa ser sempre imitado por nós. E que São Miguel Arcanjo nos defenda do combate, precipitando no Inferno a Satanás e aos outros espíritos malignos que andam pelo mundo para perder as almas.

http://freirojao.blogspot.com/2010/05/um-padre-moda-antiga-obediencia-e-muito.html

A CNBB e Dom Dadeus Grings

Ah, aí já é palhaçada. Dom Dadeus disse que a sociedade atual era pedófila. E aí choveram as reações: 1. Opinião de arcebispo da Capital sobre pedofilia não reflete posição da Igreja; 2. Reação: Declaração de que a ‘sociedade é pedófila’ não é opinião da CNBB; 3. Opinião de arcebispo sobre pedofilia não reflete posição da Igreja, diz CNBB.

É claro que qualquer pessoa de bom senso faz coro ao que disse Dom Dadeus, certamente usando uma figura de linguagem para se referir à erotização da sociedade moderna, inclusive da infância – que é pública e notória. É lógico para qualquer pessoa que tenha dois neurônios funcionais que o bispo não quis dizer que “a sociedade” molestasse, literalmente, crianças – seja lá o que isso signifique. Aliás, isso está explícito na própria fala do bispo que foi veiculada na imprensa:

Dom Dadeus, de 73 anos, criticou a liberalização da sexualidade por “gerar desvios de comportamento”, entre os quais a pedofilia.

Qual é, portanto, a razão das supostas “reações”? A sociedade onde vivemos por acaso não é absurdamente erotizada? Por acaso isto não é uma coisa condenável? Em quê, exatamente, a opinão de Dom Dadeus “não reflete [a] posição da Igreja”?

Vamos às três reportagens acimas. Na primeira e na terceira, que dizem essencialmente a mesma coisa, ao contrário do que é dito no título, não existe nenhuma sombra de crítica à declaração de Dom Dadeus por parte do porta-voz da Assembléia da CNBB, Dom Orani Tempesta. Vejamos (em G1). No título:

Nesta terça, arcebispo de Porto Alegre disse que ‘sociedade atual é pedófila’.

‘Não é doutrina da Igreja esse comportamento’, disse porta-voz da entidade.

E no corpo:

Dom Orani Tempesta, porta-voz da assembleia da CNBB, disse que aos bispos são livres para dar opiniões, mas que as declarações de Dom Dadeus foram mal interpretadas. Ele afirmou que a Igreja condena qualquer tipo de abuso sexual.

“Não é doutrina da Igreja esse tipo de comportamento. Aqueles que fizeram e cometeram algum crime devem ser julgados segundo a legislação de cada país, do Brasil e tudo mais”, afirmou.

Ou seja: o que “[n]ão é doutrina da Igreja” é o abuso sexual, óbvio. Não a declaração de Dom Dadeus de que a sociedade é pedófila (até porque isso, por definição, não é “doutrina”, mas deixa esse “detalhe” para lá). Qual é, portanto, a razão das manchetes, que nada têm a ver com o texto sob elas apresentado?

Na segunda reportagem, d’O Globo, embora ligeiramente diferente, também não há a declaração expressa de Dom Orani de que a CNBB discorda do que foi dito pelo Arcebispo de Porto Alegre. Portanto, aqui o que interessa são duas (de três) perguntas:

(1) Afinal de contas, a CNBB discorda ou não da opinião expressa por Dom Dadeus Grings?

(2a) Se não discorda, por que foi amplamente noticiado que discordava?

(2b) Se discorda, em quê, exatamente, o senhor Arcebispo afastou-se da posição da Igreja?

Nós gostamos dos pingos nos i’s. Sem isso, fica muito difícil saber quando a mídia está distorcendo as falas dos entrevistados ou quando são estes que não estão falando mesmo o que deveriam. Nós gostamos do “sim, sim, não, não”. Será que é difícil dar declarações claras e objetivas?

Nesta terça, arcebispo de Porto Alegre disse que ‘sociedade atual é pedófila’.
‘Não é doutrina da Igreja esse comportamento, disse porta-voz da entidade.