Ontem (na verdade hoje, porque acabei de chegar da recepção), Pacheco e Poli uniram-se em Matrimônio, diante da Igreja de Deus. Com certeza, existem alguns dos meus leitores que não sabe quem são Pacheco e Poliana; não faz muita diferença. São amigos meus, que se casaram no sábado 08 de novembro, e basta; escrevo, porque estive na cerimônia, e chorei quando a noiva entrou na igreja.
Por que chorei? Oras, porque não era simplesmente “a noiva”. Era Poli. Era uma amiga minha, que estava casando, iniciando a grande aventura da formação de uma família, deixando o lar paterno para se aventurar no “mundo dos casados” junto com um amigo meu, desatracando o barco da própria vida e disposta sinceramente a fazê-lo navegar pelas águas mais profundas da resposta generosa à vocação matrimonial. Nunca me senti “tão próximo” assim de um casamento, porque nunca dois amigos meus tão próximos assim haviam tomado esta tão séria decisão de se unirem em Matrimônio.
Já fui a várias festas de quinze anos, nas quais – de acordo com as antigas tradições – a debutante era então apresentada à sociedade como sendo já adulta, capaz de seguir a própria vida e apta a arcar com as próprias responsabilidades. Hoje sei que não são lá muita coisa. Nada se compara a um casamento; ver a noiva entrando na igreja, dando os passos sem dúvidas mais importantes da vida dela – os passos que vão traçar definitivamente os caminhos que ela pode seguir de agora em diante – em direção ao noivo que a espera no altar… a cena, eu já havia visto mil vezes, mas nada se compara a colocar dois amigos seus nestes papéis genéricos de “o noivo” e “a noiva”. Já não são figuras distantes que repetem o mesmo ritual de séculos; são amigos seus que você conhece, recebendo-se mutuamente por esposo e esposa, e isso faz toda a diferença.
Quando eu era pequeno, eu não percebia o drama de um Matrimônio; ele sempre se me afigurou como sendo uma decisão madura, tomada por “pessoas grandes” que têm plena convicção daquilo que querem e podem facilmente realizar aquilo que se propõem a fazer. Hoje [talvez pela primeira vez na vida] eu vi as coisas sob uma nova ótica, porque foram dois amigos que se casaram. Eles não são “pessoas grandes”, são amigos da minha idade, sujeitos às mesmas dúvidas e limitações que eu, deslumbrados como eu com o futuro de uma vida que se descortina diante de seus olhos; poder-se-ia até dizer “começando a viver”. E decidindo começar a viver juntos.
É muito bonito ver duas pessoas decidirem começar a viver juntas. Antes, a imagem que eu tinha – até inconscientemente – de um casamento era a de pessoas que já sabiam o que era viver, em cujas vidas a única mudança seria “fazer as mesmas coisas” (que já faziam antes) em conjunto, ao invés de sozinhas. Hoje, eu vi que não tem nada a ver com isso e, ao contrário, o Matrimônio é uma grande aventura: não são pessoas que vão fazer “as mesmas coisas” de uma maneira somente acidentalmente nova, são pessoas que vão fazer todas as coisas de uma maneira nova. Não é simplesmente uma fase da vida adulta, é a fase da vida adulta (que, outra, eles não tiveram) decidida em comum acordo. Decidiram viver juntos a única vida que eles têm para viver! Talvez eu seja meio insensível mas, para mim, essas coisas só são perceptíveis quando nos tocam diretamente: quando são duas pessoas próximas a você que decidem se casar.
Uma decisão de uma vida, que não tem volta, tomada por jovens que vão começar a viver uma vida completamente diferente do que viviam até então: eis o que eu enxerguei nos passos de Poli adentrando a igreja, com rosto choroso. Ela era a noiva e não podia chorar muito; então chorava eu em quem, embora padrinho, ninguém prestava muita atenção. Passos chorosos, mas corajosos; tíbios e, ao mesmo tempo, decididos. Pacheco a esperava, sem dúvidas nervoso, mas também resoluto. Recebeu-a por legítima esposa, e ela a ele, e agora são uma só carne a quem Deus uniu.
A quem Deus uniu! O Senhor – e isso talvez seja uma das partes mais bonitas da história toda, que eu percebia entre uma lágrima e outra que teimava em descer – vem em auxílio daqueles que invocam o Seu Santo Nome com humildade. Deus é Aquele que “alegra a minha juventude” – que lhe dá forças e lhe faz viver melhor. Não posso deixar de ver a ação de Deus neste Matrimônio, e poderia sem dúvidas me arriscar a dizer que, não fosse ela, não haveria sequer Matrimônio. Os dois não casariam, se não fosse por terem ouvido o chamado do Altíssimo. Os dois não se entregariam mutuamente diante da Igreja, se não fosse a íntima convicção de estarem respondendo a uma vocação divina. São jovens, são inexperientes, têm dúvidas, têm medos, têm anseios, mas têm Deus – e Ele supera todo o resto.
Os passos que Poli dava em direção a Pacheco, eram também em direção ao Altar – em direção a Deus. O Matrimônio é uma vocação, e a decisão do casamento é também – e principalmente – uma decisão de se fazer a vontade de Deus. Mesmo que se seja jovem; mesmo que não se tenha lá muita certeza de como serão resolvidos todos os pormenores da vida conjugal. Deus chama, e importa ir em direção a Ele.
Estão casados! Parabéns, Pacheco e Poli! Que o Espírito Santo esteja sempre presente nesta família. Que o Deus Onipotente possa cuidar de vós, e que São José seja exemplo para o marido, e a Virgem Maria seja exemplo para a esposa, e que esta nova família que hoje se iniciou possa em tudo imitar Aquela Família de Nazaré. E que, aproveitando todas as graças que terão na vida matrimonial, possam ambos os meus amigos crescerem em santidade a cada dia, a fim de chegarem – juntos, permita-o Deus! – à Bem-Aventurança Eterna um dia, por terem vivido bem esta vida que, hoje, diante da Igreja e na presença dos amigos, começaram a viver.