Nada como o Google! Já tinha ouvido falar sobre o projeto Orvil – documento elaborado pelas Forças Armadas sobre o comunismo em geral e sobre as tentativas de implantação do regime assassino no Brasil em particular -, mas nunca havia tido acesso à documentação na íntegra e, para ser sincero, não sabia nem que ela era pública.
Qual não foi, então, a minha grata surpresa ao encontrar, procurando o livro “A Verdade Sufocada” do Coronel Carlos Brilhante Ustra, um artigo introdutório sobre o projeto Orvil seguido do link para o livro completo, digitalizado! Preciosa documentação! É uma pena que as fotos estejam completamente irreconhecíveis, mas o texto está todo lá (são 953 páginas) e permite busca textual no arquivo .pdf (embora com alguns erros de reconhecimento). “Folheando” o livro, encontrei coisas como as seguintes:
Em Goiás [em 1950], o movimento camponês, liderado por José Porfirio e infiltrado pelo PCB, chegou a formar um “território livre” de 10 mil km², com governo paralelo e milícias armadas, sob a égide de uma Constituição própria que definia o Estado como popular e socialista (p.57).
Na tarde do dia 2 de abril de 1964, mais de um milhão de pessoas lotavam as ruas e praças centrais do Rio de Janeiro. A população irmanada – operários,estudantes, senhores idosos e crianças, todas as profissões, todas as categorias sociais e todos os credos – reunia-se na maior manifestação popular que o Brasil jamais vira. Chuvas de papéis picados, jogados dos edifícios, atapetavam de branco as ruas e calçadas. Bandeiras brasileiras coloriam o espetáculo. Faixas repudiavam o comunismo. Em cima dos carros, pessoas carregavam flores, rejubilando-se pela vitória da democracia. Os jornais do dia saudaram a retomada da democracia. As rádios e canais de televisão cobriam a manifestação, transmitindo, para todo o país, os discursos inflamados.
Era a “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”, um movimento de cunho nacional em defesa do regime e da Constituição e que já se realizara, com êxito, em São Paulo, Belo Horizonte, Santos e Porto Alegre. Programada com antecedência, no Rio de Janeiro, transformara-se, de protesto contra o caos do governo anterior, em júbilo pela vitória da democracia (p. 111-112).
Nos meses subseqüentes [em 1969], a ALN realizou uma série de assaltos a bancos, supermercados e empresas de transporte coletivo e de atentados a bomba, dos quais se destacam o atentado ao Palácio Episcopal, em 6 de agosto, e o metralhamento, em 24 de agosto, da vitrina da loja “Mappin”, que expunha material alusivo à Semana do Exército (p. 329)
Nestes nossos dias em que a História é reescrita pelos derrotados de outrora, uma documentação como esta é fundamental para que possamos entender o que aconteceu no nosso país há poucas décadas, bem como sobre o que está acontecendo agora e o que pode vir a acontecer. Os criminosos perderam a guerra, mas não desistiram. E nós não podemos ficar passivos diante da desconstrução histórica à qual somos submetidos diuturnamente. Houve um dia em que o povo brasileiro lotou as ruas para se opôr aos criminosos comunistas; se for utópico demais desejar uma segunda Marcha da Família, ao menos respeitemos a memória dos nossos pais e avós, não colaborando com a reelaboração da História que nos é imposta pelos que hoje estão no poder.