Aborto, PT, PSDB

Recomendo a extraordinária profusão de artigos importantes sobre as atuais conjunturas políticas brasileiras que o Taiguara disponibilizou no seu blog neste final de semana. As eleições de outubro próximo provavelmente serão dramáticas. É possível (aliás, provável) que cheguemos a um segundo turno entre a cruz e a espada, Satanás contra Belzebu, ou – como genialmente disseram na lista do Carlos Ramalhete – Alien vs. Predador. Que a Virgem Aparecida, padroeira do Brasil, tenha misericórdia de nós.

1. Em questão de aborto, não há “meio termo”. “Com o uso destes estratagemas, o PT tem comprado apoio à sua guerra contra as crianças brasileiras, em prol do abortismo e da morte. Cúmplices de uma autêntica política de pão e circo, católicos brasileiros se contentam com migalhas de dinheiro para a venda e prostituição de sua consciência. A situação mostra a que ponto chegou o materialismo: um reajuste salarial é suficiente para dar apoio ao morticínio de milhares de crianças indefesas, como o PT quer que se realize no Brasil”.

2. A hipocrisia do PT em questão de aborto e os idiotas úteis. “Mais que burro e estúpido, quem acredita e vota no PT é cúmplice de suas práticas criminosas e  será cúmplice do assassínio de crianças se este Partido da Morte – que Deus nos livre – conseguir aprovar o aborto no Brasil. Pronto, falei”.

3. José Serra e a Norma Técnica do aborto. “Assim, pois, a promessa do Sr. José Serra de que não tomaria a iniciativa pelo aborto se estivesse no Executivo é a priori inválida, dado que Serra já está em dívida com a sociedade e com as crianças brasileiras pela edição da Norma Técnica do Aborto. A pergunta que deve ser feita ao Sr. José Serra não é se ele vai tomar a iniciativa pelo aborto. A pergunta que deve ser feita é: se a Lei do Aborto for aprovada no Congresso, o senhor veta? […] Mais que isso, Serra deveria se comprometer – além de vetar qualquer Lei do Aborto – a reformular a Norma Técnica que ele editou e que facilitou o aborto no país. Porque, até o momento, em questão de aborto, o Sr. José Serra não está num nível melhor que a Sr.a Dilma Rousseff…”.

“Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” – Dom Luiz Gonzaga Bergonzini

[Com um pouco de atraso, publico as palavras de S. E. R. Dom Luiz Gonzaga Bergonzini, Bispo de Guarulhos. Os grifos e sublinhados estão no original. Graças a Deus, um pastor não se furtou ao seu grave dever de zelar pelo rebanho que tem sob seu cuidado. Parabéns a Sua Excelência! Que a Virgem Santíssima o possa continuar conservando na Fé sem a qual é impossível agradar a Deus. E que as palavras dele sejam amplamente divulgadas.

Fonte: Diocese de Guarulhos.]

Com esta frase Jesus definiu bem a autonomia e o respeito, que deve haver entre a política (César) e a religião (Deus). Por isto a Igreja não se posiciona nem faz campanha a favor de nenhum partido ou candidato, mas faz parte da sua missão zelar para que o que é de “Deus” não seja manipulado ou usurpado por “César” e vice-versa.

Quando acontece essa usurpação ou manipulação é dever da Igreja intervir convidando a não votar em partido ou candidato que torne perigosa a liberdade religiosa e de consciência ou desrespeito à vida humana e aos valores da família, pois tudo isso é de Deus e não de César. Vice-versa extrapola da missão da Igreja querer dominar ou substituir- se ao estado, pois neste caso ela estaria usurpando o que é de César e não de Deus.

Já na campanha eleitoral de 1996, denunciei um candidato que ofendeu pública e comprovadamente a Igreja, pois esta atitude foi uma usurpação por parte de César daquilo que é de Deus, ou seja o respeito à liberdade religiosa.

Na atual conjuntura política o Partido dos Trabalhadores (PT) através de seu IIIº e IVº Congressos Nacionais (2007 e 2010 respectivamente), ratificando o 3º Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH3) através da punição dos deputados Luiz Bassuma e Henrique Afonso, por serem defensores da vida, se posicionou pública e abertamente a favor da legalização do aborto, contra os valores da família e contra a liberdade de consciência.

Na condição de Bispo Diocesano, como responsável pela defesa da fé, da moral e dos princípios fundamentais da lei natural que – por serem naturais procedem do próprio Deus e por isso atingem a todos os homens -, denunciamos e condenamos como contrárias às leis de Deus todas as formas de atentado contra a vida, dom de Deus,como o suicídio, o homicídio assim como o aborto pelo qual, criminosa e covardemente, tira-se a vida de um ser humano, completamente incapaz de se defender. A liberação do aborto que vem sendo discutida e aprovada por alguns políticos não pode ser aceita por quem se diz cristão ou católico. Já afirmamos muitas vezes e agora repetimos: não temos partido político, mas não podemos deixar de condenar a legalização do aborto. (confira-se Ex. 20,13; MT 5,21).

Isto posto, recomendamos a todos verdadeiros cristãos e verdadeiros católicos a que não dêem seu voto à Senhora Dilma Rousseff e demais candidatos que aprovam tais “liberações”, independentemente do partido a que pertençam.

Evangelizar é nossa responsabilidade, o que implica anunciar a verdade e denunciar o erro, procurando, dentro desses princípios, o melhor para o Brasil e nossos irmãos brasileiros e não é contrariando o Evangelho que podemos contar com as bênçãos de Deus e proteção de nossa Mãe e Padroeira, a Imaculada Conceição.

D. Luiz Gonzaga Bergonzini
Bispo de Guarulhos

Votar no PT: filtrar um mosquito, engolir um camelo

Já que as eleições de outubro estão se aproximando e alguns comentários sobre o voto no PT surgiram recentemente em um post antigo do Deus lo Vult!, gostaria de aggiornar esta discussão. Confesso que me sinto frustrado quando alguém vem me dizer que é perfeitamente possível votar no Partido dos Trabalhadores e permanecer bom católico mesmo assim. Sinto muito, não é.

O bom católico não vota em partido abortista, porque sabe que a vida humana é o mais sagrado de todos os bens e, por isso, deve ser protegido antes de qualquer outra coisa. O bom católico sabe, como disse Madre Teresa de Calcutá, que o maior inimigo da paz é o aborto; porque, se dissermos às mães que elas podem matar os próprios filhos, não poderemos dizer às pessoas que elas não se matem umas às outras.

O bom católico não vota em partido gayzista, porque sabe que os atos homossexuais são intrinsecamente desordenados e não podem, em hipótese alguma, ser aprovados. O bom católico sabe que a família deve ser protegida e que existe, em curso no Brasil e no mundo, um movimento para amordaçar os valores tradicionais judaico-cristãos e impôr a depravação como única norma aceitável de comportamento social.

O bom católico não vota em partido socialista, porque sabe que o socialismo é intrinsecamente perverso e ninguém pode ser, ao mesmo tempo, bom católico e verdadeiro socialista. O bom católico sabe que existe atualmente, na América Latina, um movimento esquerdista revolucionário que tenciona recuperar aqui o que foi perdido no leste europeu, e sabe que não pode, de nenhuma maneira, colaborar com esta revolução.

Ora, o PT defende descaradamente o aborto, tendo já inclusive punido dois de seus deputados que ousaram – destoando da orientação partidária – defender a vida humana. Ora, o PT é um partido socialista, tendo sido o fundador do Foro de São Paulo, do qual fazem parte inclusive grupos terroristas e de guerrilha (como as FARCs e o MIR chileno). A conclusão é inevitável: o bom católico, que deseja permanecer bom católico, não pode dar o seu apoio a este partido que, em tantos e tão importantes pontos, adota posições frontalmente contrárias àquelas defendidas pela Igreja.

Nada, portanto, justifica o voto no PT. Não adianta sair “pinçando” as coisas boas que porventura existam na gestão petista. Obviamente elas existem, porque quem quiser simplesmente encontrar coisas boas fazendo vistas grossas ao resto pode defender até mesmo o voto no Nazismo alemão – p.ex., louvando o avanço da medicina alemã sob Mengele. O PT afasta-se tanto e em tantos aspectos da Igreja que merece, sim, inclusive ser classificado como um partido anti-católico. E estas coisas são muito graves e importantes para não serem levadas em consideração na hora de dar o próprio voto: um bom católico não filtra um mosquito para engolir um camelo.

“Dinheiro de sangue”

Se soubéssemos realmente a verdade sobre o que o aborto faz nas mulheres, sem falar no bebê não nascido – nossos bebês mortos -… isto terminaria.

A frase em epígrafe está no – excelente! – trailer abaixo do documentário “Dinheiro de Sangue” (Bloodmoney), sobre a indústria do aborto, a ser lançado em breve. Vejam o trailer agora. Não deixem de ver o filme quando ele for lançado.

As revelações são impressionantes. “Nós tinhamos todo um plano para vender abortos, e se chamava ‘educação sexual’. Quebrar a inocência natural das meninas, separá-las de seus pais e dos valores, tornarmo-nos ‘experts’ de sexo para elas, assim elas se voltariam para nós. Quando nós então daríamos pílulas anticoncepcionais de baixa dosagem que as fariam ficar grávidas, ou camisinhas defeituosas. Nossa meta era 3 a 5 abortos em cada garota entre 13 e 18 anos”.

Tanto sangue derramado clama aos Céus vingança. Que o Altíssimo tenha misericórdia de nós.

* * *

Ver também:

Aborto não, PT não, site que tem por “simples” objetivo “listar uma coleção de notícias sobre a defesa do aborto promovida pelo Partido dos Trabalhadores (PT)”. Vida sim, aborto não, petismo não!

Bancada do PT contra o Estatuto do Nascituro

Mais um ligeiro comentário. No vídeo da sessão da CSSF de ontem, durante a votação do Estatuto do Nascituro, é possível ver a seguinte declaração do deputado Dr. Rosinha (grifos meus):

É importante dizer que o artigo 12 [do Estatuto do Nascituro] diz o seguinte: é vedado ao Estado ou a particulares causar dano ao nascituro em razão de ato cometido por qualquer de seus genitores. O dano é cometido pelos genitores, tendo ou não tendo dano (?), no caso do estupro; mas no caso de uma mulher que está em risco de vida, que ela pode morrer em função desta gestação, o artigo 12 veda ao Estado ou a particular qualquer tipo de intervenção e não faz nenhuma referência ao artigo 128 [do Código Penal]. Portanto o que nós estamos votando aqui é dizer o seguinte: que é proibido qualquer tipo de intervenção mesmo que tenha alguém correndo risco de vida, uma mulher (?). Por isso nós, da bancada do PT, nós votamos contra a este projeto de lei. Mais por esta razão também.

Está a partir dos 4:50. O vídeo está abaixo.

Isto é para os que ainda acham possível ser católico e petista ao mesmo tempo. Qual será o malabarismo que vão inventar desta vez?

Duas declarações sobre o PNDH-3 para comparar…

[Tomei conhecimento, hoje, das duas declarações abaixo. Vou me abster, por enquanto, de tecer comentários. Apenas leiam.]

Nas ações programáticas do 3º Programa Nacional de Direitos Humanos  (PNDH-3), conforme é afirmado na Nota da Presidência da CNBB, de 15 de janeiro de 2010, encontramos “elementos de consenso que podem e devem ser implementados imediatamente”. Entretanto, identificamos também determinadas ações programáticas que não podem ser aceitas. Reafirmamos nossa posição, já muitas vezes manifestada, em defesa da vida e da família, da dignidade da mulher, do direito dos pais à educação religiosa e ética de seus filhos, do respeito aos símbolos religiosos, e contrária à prática e à descriminalização do aborto, ao “casamento” entre pessoas do mesmo sexo, à adoção de crianças por casais homoafetivos e à profissionalização da prostituição.

A linha de continuidade que existe em torno desses pontos, entre os Programas de Direitos Humanos de 1996 (PNDH-1), de 2002 (PNDH-2) e de 2009 (PNDH-3), é reveladora de uma antropologia reducionista que está na base de certas formulações nas quais pretensos direitos são incluídos entre os Direitos Humanos, embora constituam a negação mesma de Direitos Fundamentais. Só uma visão integral de pessoa humana pode fundamentar corretamente os Direitos Humanos. Como afirmou o Papa Bento XVI, perante a ONU, em seu discurso por ocasião do 60º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em abril de 2008, “Tais direitos estão baseados na lei natural inscrita no coração do homem e presente nas diversas culturas e civilizações. (…) Contudo não se deve permitir que esta ampla variedade de pontos de vista obscureça o fato de que não só os direitos são universais, mas também o é a pessoa humana, sujeito destes direitos”.

Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
Declaração da 48ª Assembléia Geral sobre o PNDH-3

[Comparar com a seguinte]

O cerceamento da liberdade de pensamento e expressão pelo Estado compromete e condena a versão particularíssima de direitos humanos que o governo federal impingiu à Nação por meio do Decreto 7.037, de 21.12.2009.

[…]

Por sua abrangência e pretensa transversalidade, o referido Decreto equivale a uma mini-constituinte. Se outro mérito não tem, revela a verdadeira face ideológica de um governo que faz profissão de fé democrática, mas que, em conferências com sua militância (que pretende substituir a sociedade civil), conspira pelo obscurantismo.

DEM e PSDB
Nota do DEM e PSDB sobre decreto 7.037/09

[Domine, miserere nobis!]

Canção Nova e Dilma Rousseff?

Quem busca por “Dilma Rousseff” nos sites da Canção Nova obtém “aproximadamente 144 resultados”. Nas fontes as mais distintas.

O Pe. Joãozinho se pergunta “quem é Dilma Rousseff???”, e em 05 de abril p.p. abriu um espaço no blog dele “para comentários, links, informações, opiniões, debates”. Os comentários estão relativamente bons; no entanto, infelizmente, o pe. Joãozinho não parece estar disposto a dizer claramente aos seus leitores / ouvintes para que não votem em comunistas terroristas abortistas (como a sra. Rousseff). De lá para cá, não sei como as coisas andaram no blog do referido sacerdote.

Há uma notícia de dezembro de 2008 que mostra Dilma Rousseff e Gilberto Carvalho presentes no Hosana Brasil. Lembro-me da notícia; comentei aqui no Deus lo Vult! então. De lá para cá, salvo engano, não houve nenhuma justificativa ou explicação da Canção Nova para este fato lamentável. A única coisa que encontrei foi um comentário (isso mesmo, um comentário) de um sujeito chamado “Tiba” (que eu não faço idéia de quem seja) em seu blog (é o comentário nº 10 desta postagem):

tiba said on novembro 3rd, 2009 at 09:36: OLÁ JULIANA;
É SEMPRE EDIFICANTE RECEBER COMENTÁRIOS COMO O SEU.
A RESPEITO DO EPISÓDIO DA DILMA ROUSEFF FAZENDO A LEITURA NA MISSA NA CN, FOI REALMENTE UM ERRO, A CN ENCAROU COMO UMA FALHA QUE NÃO MAIS SE REPETIRÁ; MAS POSSO AFIRMAR QUE NÃO FOI UM EPISÓDIO COM PRETENSÕES POLÍTICAS POR PARTE DA CN, COMETEMOS UM ERRO E LOGO PERCEBEMOS ESSE ERRO; DILMA DEFENDE UMA POLÍTICA QUE NÃO VAI AO ENCONTRO DOS IDEAIS CRISTÃOS E CONSEGUINTE DOS IDEAIS CN.
TAMBÉM É BOM ESCLARECER QUE O CHALITA NÃO É MEMBRO DA COMUNIDADE CANÇÃO NOVA, POR ISSO, A CN NÃO TEM RESPONSABILIDADE OU INFLUENCIA SOBRE SUAS FILIAÇÕES PARTIDÁRIAS.
SUA PERGUNTA FOI MUITO PERTINENTE, POIS MUITOS POSSUEM AS MESMAS DÚVIDAS.
UM ABRAÇO
TIBA CAMARGOS

E o Tiba foi no ponto nevrálgico da questão: muitos possuem as mesmas dúvidas. Que, no entanto, de forma alguma foram já esclarecidas. Qual a relação da Canção Nova com o socialismo do partido do Gabriel Chalita? Qual é a relação da Canção Nova com o petismo abortista da Dilma Rousseff? A infra-estrutura da Canção Nova poderá ser utilizada pelo Chalita para que ele faça propaganda política? Os programas e/ou eventos da Canção Nova poderão ser utilizados para se fazer propaganda política? Dilma Rousseff continuará aparecendo ao lado da Canção Nova (por exemplo, na inauguração “das novas instalações do Sistema Canção Nova de Comunicação”) sem nenhuma ressalva? E, mais importante: a Canção Nova não vai dizer pública e claramente que, no pleito de outubro, os católicos não podem votar em uma candidata socialista e abortista como a Dilma Rousseff?

Isso precisa ser feito com urgência, porque a proximidade da Dilma à Canção Nova poderá (e será) interpretada como um apoio (ao menos) tácito da CN à candidata petista, ou no mínimo como um “nada obsta” à sua candidatura. E é uma questão de justiça dizer que há muita coisa que obsta, sim. Se a Canção Nova não disser em público que os católicos não podem votar na Dilma, será perfeitamente razoável assumir que a está apoiando, porque meio termo aqui não pode haver. E então, Canção Nova? É Cristo ou Barrabás?

A análise de conjuntura da CNBB

Alegrei-me nas últimas semanas com a CNBB, devido às tomadas públicas de posição contra o PNDH-3 do Governo Federal. No entanto, como “esmola demais o santo desconfia”, fiquei sabendo (via Blog do Saraiva) de um texto escandaloso – publicado no site da Conferência – que praticamente desdiz tudo o que foi dito contra o programa antes.

Faço questão de transcrever a parte referente ao PNDH-3:

Polêmica sobre o 3º PNDH

Nesse cenário explica-se a celeuma em torno do III Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3). Mesmo sem perder de vista os pontos controvertidos e a necessária crítica a alguns dos seus aspectos. Principalmente no que diz respeito a reducionismos que consideram apenas algumas dimensões do ser humano, fruto da cultura relativista que atinge setores sociais e da mídia. Entretanto, a maioria do PNDH-3 e dos temas nele contidos dialogam com a trajetória de muitos movimentos e pastorais que há décadas lutam pela implementação.

Ademais, este se configura como continuidade do PNDH I e o PNDH II – respectivamente publicados em 1996 e em 2002. Aliás, o PNDH foi uma idéia do Brasil e da Austrália em 93, na Conferência Mundial de Direitos Humanos de Viena, Áustria. O 3º PNDH representa o acúmulo de debates realizado em dezesseis anos continuidade na construção da política de Direitos Humanos, representada pelos 1º e 2º PNDH, ultrapassando assim o atual governo federal. Foi construído com ampla participação da sociedade civil em Conferências Municipais, Estaduais e Nacional de Direitos Humanos.

A atitude de diálogo manifestada pela CNBB em sua nota de janeiro abriu canais para a conversa com o Ministro Paulo Vanucchi, titular da Secretaria Especial de Direitos Humanos e contribuiu para o aprofundamento do debate para que se avance na efetivação dos direitos humanos já consagrados na história brasileira e com amplo consenso social, e a identificação de mecanismos de revisão dos temas sobre os quais é preciso haver maior debate e, quiçá, um arbitramento das diferenças existentes.

A má redação do texto é essa mesma. E as más idéias subjacentes, idem: mesmo com todos os problemas – gravíssimos e inaceitáveis, absolutamente inegociáveis – que tem o Plano Nacional de Direitos Humanos, segundo a análise de conjuntura disponível no site da CNBB, “a maioria dele está de acordo com os movimentos e as pastorais”, “ele foi construído por meio de uma ampla participação social”, “é necessário debater para superar as diferenças existentes”, e outra infinidade de arrodeios satânicos, de subterfúgios infernais, de tergiversações diabólicas, que pretendem relativizar a condenação firme a este Programa anti-católico – exigida por justiça a quem deseje permanecer católico.

Não exagero. Não dá para ser católico e socialista ao mesmo tempo. Não dá para ser católico e apoiar a instauração do Ateísmo como religião oficial do Estado ao mesmo tempo. Não dá para ser católico e, ao mesmo tempo, ser gayzista. Não dá para ser católico e apoiar o aborto ao mesmo tempo. Ora, todas essas coisas são expressamente defendidas pelo PNDH-3; logo, não dá para ser católico e apoiar este maldito programa ao mesmo tempo.

Esta análise de conjuntura, publicada no site da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, não é católica. Mesmo não sendo um documento oficial e não contendo a assinatura da presidência ou do secretariado geral, não importa: é escandaloso que esteja publicado no site da Conferência, que contenha o logotipo da CNBB, que seja assinado por pessoas que pertencem à entidade.

O texto possui doze páginas das quais nada se aproveita. E chega até a fazer uma propaganda política cretina, ao citar pesquisas de opinião segundo as quais a maior parte dos entrevistados considera o presidente Lula “confiável”, ao mesmo tempo em que apresenta Dilma como aquela que “representa a continuidade do Governo Lula, que prosseguirá com o modelo desenvolvimentista, com sensibilidade para a questão social” e, José Serra, encarnando “o retorno da política neoliberal anteriormente efetivada por Fernando Henrique Cardoso, dialogando com os interesses do empresariado nacional e do capital internacional”. Francamente! Não que Serra seja um candidato aceitável para os católicos. Mas, certamente, o motivo disso não é o “retorno da política neoliberal”.

Sobre os assuntos importantes, como o PLC 122/2006 (a lei da Mordaça Gay), o texto é profundamente lacônico: apenas quatro linhas dizendo que ele existe e que está aguardando a realização de uma audiência pública. Sem o menor juízo de valor, sem críticas, sem nenhuma referência à posição católica sobre o tema, sem nada. Deplorável.

É esta a “análise de conjuntura” que os os bispos do Brasil têm a apresentar aos católicos brasileiros? Uma defesa mal disfarçada do PNDH-3, propaganda política descarada a favor da candidata petista, omissões e lacunas imperdoáveis nos assuntos graves que merecem esclarecimentos, tudo isso escrito no intragável palavrório esquerdista que ninguém suporta mais? A CNBB vai mesmo endossar esta picaratagem?

Polêmica sobre o 3º PNDH
Nesse cenário explica-se a celeuma em torno do III Plano Nacional de Direitos Humanos
(PNDH-3). Mesmo sem perder de vista os pontos controvertidos e a necessária crítica a alguns dos
seus aspectos. Principalmente no que diz respeito a reducionismos que consideram apenas algumas
dimensões do ser humano, fruto da cultura relativista que atinge setores sociais e da mídia.
Entretanto, a maioria do PNDH-3 e dos temas nele contidos dialogam com a trajetória de muitos
movimentos e pastorais que há décadas lutam pela implementação.
Ademais, este se configura como continuidade do PNDH I e o PNDH II – respectivamente
publicados em 1996 e em 2002. Aliás, o PNDH foi uma idéia do Brasil e da Austrália em 93, na
Conferência Mundial de Direitos Humanos de Viena, Áustria. O 3º PNDH representa o acúmulo de
debates realizado em dezesseis anos continuidade na construção da política de Direitos Humanos,
representada pelos 1º e 2º PNDH, ultrapassando assim o atual governo federal. Foi construído com
ampla participação da sociedade civil em Conferências Municipais, Estaduais e Nacional de
Direitos Humanos.
A atitude de diálogo manifestada pela CNBB em sua nota de janeiro abriu canais para a
conversa com o Ministro Paulo Vanucchi, titular da Secretaria Especial de Direitos Humanos e
contribuiu para o aprofundamento do debate para que se avance na efetivação dos direitos humanos
já consagrados na história brasileira e com amplo consenso social, e a identificação de mecanismos
de revisão dos temas sobre os quais é preciso haver maior debate e, quiçá, um arbitramento das
diferenças existentes.

Curtas

‘O Papa vai contra o Vaticano II’, afirma Hans Küng. Piada. O teólogo suíço rasga as vestes porque – segundo ele – Bento XVI vai contra um Concílio Ecumênico e isso não pode ser feito. No entanto, Küng pode perfeitamente ir contra o Papa, e com isto está tudo muito bem. A entrevista contém uma quantidade tão colossal de besteiras que eu não sei se o caso de Hans Küng é de senilidade, esquizofrenia intelectual ou alguma outra patologia rara ainda não devidamente catalogada. Sei, no entanto, que é grave. E é sintomático que este senhor seja levado a sério pelos meios de comunicação.

* * *

Tolices beato-marxistas, pelo Percival Puggina, sobre a Campanha da Fraternidade. “Perdoem-me os mais benevolentes que eu. Mas ano após ano, servindo-nos sempre um pouco mais do mesmo lero-lero beato-marxista e um pouco menos da palavra de Deus, a CNBB já foi bem além da minha capacidade de tolerância. Ao longo dos anos, foi perfeitamente possível encontrar impressões digitais e carimbos das suas pastorais sociais em documentos que deixavam claro que o Reino de Deus tinha partido político na Terra. Ou não?”

* * *

PT decide apoiar PNDH-3. Entenderam? O Partido dos Trabalhadores apóia o Programa Nacional de Direitos Humanos, aquele que é a favor do aborto e do “casamento” gay, entre outras sandices. “Os petistas também mantiveram na resolução apoio do partido ao Programa Nacional de Direitos Humanos editado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no final de 2009. Depois da polêmica em torno do programa, os delegados do PT entenderam que o partido deve manifestar ‘apoio incondicional ao programa’ por considerar que ele é ‘fruto de intenso processo de participação social'”. E o que os “católicos petistas” vão dizer agora?

* * *

– Notícias do fim do mundo: Ele virou mulher. Ela não quer deixá-lo. “A britânica Andrea Fletcher sempre foi a feliz companheira do respeitado escritor e jornalista John Ozimek e mãe de Rafe, 5 anos. […] Após o último Natal, porém, John apareceu com uma novidade: nunca foi feliz sendo homem. Quer ser uma mulher. E já tem um nome: Jane Fae. Andrea foi pega de surpresa. Ficou confusa. Mas, com o tempo, (…) simplesmente aceitou a mudança”. Nem sei o que comentar. Domine, miserere.

* * *

Rainha da Espanha se diz contra casamento gay – há bom senso na monarquia. “Posso compreender, aceitar e respeitar que haja pessoas com outra tendência sexual, mas que essas pessoas se sentem orgulhosas por serem gays? Que subam em trios e saiam em manifestações? Se todos os gays saíssem em manifestações… o trânsito entraria em colapso. Se essas pessoas querem viver juntas, vestirem-se de noivos e casarem-se, podem estar em seu direito, ou não, segundo as leis de seu país: mas que não chamem isso de casamento, porque não é. Há muitos nomes possíveis: contrato social, contrato de união”.

* * *

Imagem de Jesus fumando e bebendo causa indignação na Índia. A mim, também causa. Não por causa do fumo ou da bebida; que Nosso Senhor bebia é um dado que se encontra nos Evangelhos, e é perfeitamente possível imaginá-Lo fumando junto com os Seus amigos. O problema é o que foi feito com o ícone sacro, a caricatura que raia à  blasfêmia. Só gostaria de saber em que contexto do livro educativo para o primário se encontra esta imagem. Porque não consigo imaginar um que não seja simplesmente provocativo.

O aborto, a CNBB e o Planalto

Ainda não havia tido tempo de comentar aqui sobre o Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3) aprovado pelo presidente Lula no final do ano passado. Leiam o DECRETO Nº 7.037, DE 21 DE DEZEMBRO DE 2009; neste link, consta o decreto do sr. Presidente da República e, em anexo, o PNDH-3.

Com este decreto, “[a]poiar a aprovação do projeto de lei que descriminaliza o aborto, considerando a autonomia das mulheres para decidir sobre seus corpos” passa a ser, oficialmente, um objetivo estratégico do Governo. Não se trata mais somente nem da posição particular de um político concreto, nem da orientação de um partido político que admite a pluralidade de opiniões, e nem da imposição de um determinado partido que expulsa do seu grêmio os que pensam diferente. Não; com o Programa Nacional de “Direitos Humanos”, apoiar a descriminalização do aborto é uma diretriz de governo que inclusive transcende os partidos políticos.

Fica cada vez mais evidente aquilo que outras pessoas vivem dizendo: o estrago que o PT vem fazendo nas instituições brasileiras agiganta-se a olhos vistos, e torna-se difícil vislumbrar, no horizonte, a possibilidade de um cenário político onde as seqüelas da gestão atual não se façam dolorosamente presentes.

Vi hoje, no entanto, uma notícia interessante na Folha: Igreja também critica plano de direitos humanos de Lula. Os movimentos pró-vida brasileiros estão levando a sério esta nova investida do PT. Duas coisas chamam a atenção (os itálicos são citações):

  1. O problema do PNDH-3 não se resume à questão do aborto. Os itens propõem ações coordenadas de governo para apoiar “a aprovação do projeto de lei que descriminaliza o aborto”, “mecanismos para impedir a ostentação de símbolos religiosos em estabelecimentos públicos”, “a união civil entre pessoas do mesmo sexo” e “o direito de adoção por casais homoafetivos”.
  2. O objetivo de d. José [responsável pelo Comitê de Defesa da Vida do Regional Sul-1 da CNBB] é conseguir uma declaração da CNBB sobre o tema, mas há bispos, mesmo entre aqueles que compartilham de sua indignação, que preferem não bater de frente com o Planalto. Vários religiosos e setores da igreja são aliados tradicionais da esquerda e do PT em outras causas defendidas no documento.

Ou seja: existe um decreto do presidente da república que transforma em política oficial do Governo desvios morais gravíssimos, frontalmente contrários à Lei Natural, e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil prefere não bater de frente com o Planalto! Prefere, então, a CNBB bater de frente com Nosso Senhor? Prefere cruzar os braços e deixar o Planalto promover o assassinato de inocentes?

É isto mesmo, senhores bispos do Brasil?