Documento sobre Reforma Agrária não virá da Assembléia Geral da CNBB

Após a tristeza e a decepção provocadas nos fiéis católicos pelo “Credo da Juventude” da CNBB, parece que os Céus ouviram as nossas queixas e, da mídia secular, vem-nos uma notícia alvissareira sobre o episcopado brasileiro.

O Estado de São Paulo nos informa que a Assembléia Geral da CNBB vetou ontem (15 de abril) um texto sobre Reforma Agrária. A razão? Os bispos vetaram o texto «por considerá-lo parcial e de inspiração socialista» (!). Para quem já viu a Conferência dos Bispos vergonhosamente apoiando vandalismos do MST, a notícia soa inacreditável. Que a Santíssima Virgem Maria, Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, possa sustentar os bispos brasileiros neste santo propósito demonstrado em Seu santuário.

Em tempo, a nota publicada no site da CNBB é muito menos comprometedora. Mas, de qualquer modo, ao menos confirma que o documento graças a Deus não vai sair.

Agradecemos a Deus pelo pequeno regalo, e suplicamo-Lhe que isso não seja apenas um fato isolado mas que, ao contrário, seja sinal de novos rumos – mais católicos, graças a Deus! – que os excelentíssimos bispos do Brasil querem dar à CNBB.

“Campanha de embolar o campo com ‘plebiscito’ popular” – Dom Cristiano Krapf

[Mais um bom artigo de um bispo (este, recebido por email): Dom Cristiano Krapf critica o plebiscito sobre o limite da propriedade da terra. Merece ampla divulgação. Deus seja louvado pelos bispos estarem rompendo a cortina de silêncio (às vezes, de criminosa cumplicidade…) imposta pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Cabe perguntar: afinal de contas, a CNBB apóia ou não este plebiscito esquerdista?]

Campanha de Embolar o Campo com “Plebiscito” Popular

Dom Cristiano Krapf, Bispo de Jequié, BA

Diante da pobreza de milhões de brasileiros nesta terra tão rica em recursos naturais, até pessoas bem intencionadas se deixam instrumentalizar por adeptos de uma ideologia anticapitalista e antineoliberal que ainda tem a ilusão de construir uma sociedade mais justa pelo atalho da luta de classes.

Já no último dia da Reunião dos Bispos em Brasília tivemos um breve tempo de estudo em grupos e apresentação de emendas para um texto de 55 páginas sobre a Questão Agrária, com a proposta de envolver a CNBB numa campanha para limitar por lei arbitrária o tamanho de propriedades rurais.

Faz muito tempo que tal projeto é tramado nos bastidores de setores que desejam radicalizar a reforma agrária. Ainda achei uma brecha para dizer que seria muito melhor insistir na exigência da função social de toda propriedade, em vez de perturbar o trabalho de pessoas que fazem a terra produzir. Tentei oferecer um texto crítico que fiz às pressas com argumentos razoáveis contra a tentativa de atacar e atrasar o desenvolvimento de uma agricultura moderna num país com a vocação de ser o celeiro do mundo neste século de perspectivas ameaçadoras de conflitos crescentes por alimento, por energia e por água.

Não conseguindo distribuir a todos o meu texto sobre o tal plebiscito, o mandei aos colegas pela internet, junto com outro mais elaborado sobre a Questão Agrária para Bispos, que ainda está guardado no meu Blog, porque se refere à primeira versão do texto da CNBB, do qual ainda não vi a versão final.

Quando questionei o envolvimento oficial da CNBB numa campanha contra grandes propriedades rurais que só servirá para agitar ainda mais o ambiente rural, recebi a resposta que não seria publicado um documento na coleção azul, mas apenas um texto para estudo na coleção verde. No entanto, já começou a campanha com a coleta de assinaturas e com a mobilização do povo para o grito dos excluídos. Quem não participar, será criticado como se não estivesse interessado na melhora de vida do homem do campo.

Na CNBB, quando um bispo assume posições muito definidas, os outros não gostam de apresentar opiniões divergentes. Isso ficou claro quando alguns queriam mobilizar a Igreja toda contra projetos de transposição de água do São Francisco e de hidroelétricas na Amazônia.

Pessoalmente, não vejo por que todos os bispos deviam marchar unidos contra projetos complicados que dividem as opiniões dos envolvidos e dos entendidos. Vejo que muitos fabricam argumentos para justificar seus objetivos, em vez de escolher seus objetivos de acordo com a verdade objetiva da razão.

Precisamos cuidar da unidade na doutrina, na liturgia, na solidariedade. Em questões de política econômica, não cabe à CNBB impor seus pontos de vista a ninguém. As opiniões de cada bispo valem de acordo com o peso dos seus conhecimentos manifestados nos seus argumentos. Viva a liberdade!

Não quero impor as minhas opiniões. Quero apenas oferecer meus argumentos pessoais aos interessados no assunto, e deixar claro que nenhum católico é obrigado a participar de uma campanha promovida por uma entidade qualquer, mesmo que conte com o apoio de setores da CNBB. Ninguém pode exigir que todo católico venha embarcar na canoa furada desse “plebiscito”.  Tal campanha contra o tamanho das propriedades rurais só fará aumentar os conflitos no campo. Quem sobreviver verá.

Na proposta que surgiu na nossa Assembléia faltou definir coisas importantes:

1)   Qual deve ser o tamanho limite das propriedades?

2)   A desapropriação será com indenização ou por confisco sumário?

3)   Quem receberá a terra pronta e as benfeitorias de presente? O invasor que chegar primeiro? Os amigos dos donos do poder?

Agora, o Forum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo, FNRA, já diz qual deve ser o Limite da Propriedade: 35 módulos fiscais Um manual recente do FNRA explica que um módulo tem entre 5 e 110 hectares. Segundo o INCRA, em regiões de São Paulo boas para culturas permanentes um módulo tem dez hectares. Portanto, propriedades que ultrapassam 350 hectares serão desapropriadas.

Com as leis atuais que protegem fazendas produtivas, já acontecem invasões de áreas plantadas. Aqui na Bahia, invasores de terras alheias cortaram pés de eucaliptos com o argumento tolo que pobre não come madeira. Alguém imagina que grandes plantações de laranja, de café, de cana, de soja, de eucaliptos, seriam entregues sem resistência ao primeiro invasor que chegar? Ou será que ainda existem movimentos que sonham com revolução?

No sertão difícil, os módulos são bem maiores, mas o pessoal não dorme no ponto. Vão procurar as regiões melhores. Já existem assentamentos que produzem pouco, mas onde receberam casas perto de cidades. Outros procuram lugares de futuro turístico. Assentamentos no interior do sertão só sobrevivem enquanto continuam recebendo ajuda.

Resumindo, a proposta do FNRA é esta: Confiscar as grandes fazendas:

Áreas acima de 35 módulos sejam automaticamente incorporadas ao patrimônio público e destinadas à reforma agrária.

Jequié, 17 de Julho de 2010
+ Cristiano Krapf

CNBB apóia plebiscito sobre limite da propriedade da terra

A notícia não é tão nova (saiu no Fratres na semana passada), mas nem por isso se torna menos escandalosa. A CNBB divulgou uma carta de apoio a um plebiscito marxista “pelo limite de terra”. O original (no site da CNBB Sul 4) pode ser lido aqui.

Como bem notou um amigo meu, o símbolo do plebiscito, além de “uma pomba entregando uma mensagem”, lembra desconcertantemente a figura de uma foice e um martelo. E eu simplesmente não acredito que o meu amigo tenha sido a primeira pessoa na face da terra a notar a semelhança. Considerando, ainda, o viés fortemente esquerdista da própria proposta que está sendo colocada para apreciação popular no plebiscito, resta extremamente improvável que tudo isso seja somente uma grande coincidência.

Publiquei um comentário no site da CNBB onde foi originalmente divulgada a carta. Até o presente momento, encontra-se “aguardando moderação”. Para não correr o risco de que ele se perca na sanha persecutória da esquerda cnbbêica, publico-o aqui também:

Jorge Ferraz O seu comentário aguarda aprovação.

Publicado em 13 julho 2010 as 23:10

Mas que palhaçada!

O direito à propriedade é um direito natural, e o comunismo já foi incontáveis vezes condenado pela Igreja. Por que Sua Excelência Reverendíssima, ao invés de apóiar um plebiscito de cunho marxista que atenta contra um direito natural, não se preocupa em protestar contra o aborto, contra os jovens que não vivem a castidade, contra a banalização do Matrimônio e da Família, contra as perseguições que sofre a Igreja de Cristo, contra a proliferação das seitas e heresias, contra o relativismo, contra a falta de decoro na celebração da Liturgia da Igreja, e contra tantas outras coisas mais que ele deveria, como bispo católico, ter a coragem de combater?

O fato é que a Doutrina Social da Igreja sofre terrivelmente na mão de alguns de seus “interpretadores” tupiniquins. A despeito de reconhecer a reforma agrária como “além de uma necessidade política, uma obrigação moral” (Compêndio, n. 300), resta evidente para qualquer pessoa semi-alfabetizada que o Brasil não pode ser contado entre os países em que “o latifúndio improdutivo, condenado pela doutrina social da Igreja, representa [um impedimento] a um autêntico desenvolvimento econômico” (id. ibid.). Afinal, como consta no próprio texto oficial do abaixo-assinado, o seu “objetivo final é pressionar o Congresso Nacional para que seja incluído um novo inciso no artigo 186 da Constituição Brasileira, que trata da Função Social da terra, para limitar o tamanho máximo da propriedade em 35 módulos fiscais”. Nem uma palavra sobre “latifúndios improdutivos”. Simplesmente quer-se limitar o tamanho da propriedade privada, pouco importando se a mesma é produtiva ou não. Acaso está palhaçada está de acordo com a Doutrina da Igreja? Acaso a Conferência não tem outras coisas com as quais se preocupar?

Sobre o mesmo assunto, vale a pena ler o artigo publicado pelo Instituto Plinio Corrêa de Oliveira. Destaco: “[h]á alguns dias Bento XVI disse em homilia no Vaticano que nenhum governo pode tentar “modificar” ou “destruir” os princípios da Lei Natural, sob pena de levar o país ao relativismo e ao totalitarismo. Ora, entre os princípios da Lei Natural está o direito de propriedade. (…) Infelizmente, correntes infectadas de comunismo e socialismo se infiltraram nos meios católicos, dando origem ao chamado progressismo. (…) Em nome da paz e da justiça, tal corrente propugna diversas medidas para cercear o direito de propriedade”.

CNBB e escândalos

Escândalo 1, via Fratres in Unum: CNBB apóia plebiscito sobre limitação da propriedade da terra no Brasil.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por meio da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz, divulgou esta semana a carta em apoio ao Plebiscito Popular pelo limite máximo da propriedade da terra no Brasil.

No documento, as coordenações regionais e nacionais das Pastorais Sociais e Organismos da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz da CNBB, assumem o compromisso de participar do 16º Grito dos Excluídos e da organização do Plebiscito Popular.

“Esta decisão tem como base a consciência de que a democratização da terra através da reforma agrária é uma luta histórica do povo e uma exigência ética afirmada pela CNBB há décadas. É também a realização de um gesto concreto proposto pela Campanha da Fraternidade Ecumênica 2010.”

Escândalo 2, via O Possível e o Extraordinário: Fundação Ford.

Pense rápido: qual é a organização que mais recebeu dinheiro da Fundação Ford (FF), em 2010, dentre as 34 organizações/instituições brasileiras apoiadas pela FF?

Se você pensou em uma ONG abortista… Errou! De acordo com o site Ford Foundation a organização que mais recebeu dinheiro deles foi a Comissão Pastoral da Terra (CPT), organismo ligado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O site registra que, só em 2010, a pastoral católica recebeu a bolada de US$450 mil dólares.

Além da católica CPT, a Cáritas Brasileira, outra organização ligada à CNBB, recebeu, em 2010, o montante de US$200 mil dólares. Juntas, essas duas organizações católicas recebem da Fundação Ford três vezes mais que a organização pró-aborto Centro Feminista de Estudos e Assessoria (CFEMEA).

Acho curioso que uma fundação comprometida com o financiamento de ações em prol da legalização do aborto no Brasil invista tanto dinheiro em organismos católicos ligados à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Realmente curioso… Não poderia passar em branco.

Alguém explica o que é que está acontecendo?

Plebiscito sobre limite de terras e Dom Gil Antônio Moreira

[No final da semana passada, foi divulgada uma nota no site da Arquidiocese de Juiz de Fora que levava por título “Evento capacita agentes para plebiscito sobre limite de terras”. Muita gente recebeu por email – o link, atualmente, não está mais funcionando.

Provavelmente algumas pessoas protestaram, e de tal maneira que o Arcebispo Metropolitano escreveu – e pediu a divulgação – da mensagem abaixo, respondendo a perguntas sobre o referido evento. Atendo ao pedido de Sua Excelência com muito gosto, divulgando a sua mensagem. Este episódio ilustra muito bem a maneira como agem algumas “pastorais” que se dizem católicas. E aproveito para agradecer publicamente a Dom Gil Moreira por ter tido a coragem de impôr limites às “pastorais sociais” de Juiz de Fora. Que a Virgem Santíssima o possa recompensar.]

From: Dom Gil
Sent:
Sunday, May 30, 2010 6:19 PM
Subject: Re: Um absurdo patrocinado pela Igreja

Prezados,

Informo que tal evento foi marcado sem nenhum conhecimento nem do Arcebispo, nem da Coordenação da Pastoral Arquidiocesana e tão logo tomei conhecimento, determinei o seu imediato cancelamento. Na verdade as pessoas que o convocaram usaram de má fé, aproveitando meu estado de saúde precário, estando eu em convalecença de um cirurgia de risco à qual fui submetido, parcialmente afastado de muitas atividades da Arquidiocese. Não consultaram, não pediram licença, não nos comunicaram que haviam tomado tal decisão. É de se lamentar!

Juntamente com um grande número de Bispos brasileiros não concordo com os métodos e nem com a introdução do tema de caráter muito polêmico e de cunho ideológico e partidarista, se não for eleitoreiro.

Peço que no mesmo espaço que vocês divulgaram a infausta nóticia abusadora do nome da Arquidoces e Juiz de Fora, divulguem também esta minha mensagem.

Dom Gil Antônio Moreira

Arcebispo Metropolitano

Juiz de Fora, 28 de maio de 2010.