[Atenção! Contém spoilers!]
– Efeito borboleta 3, no cinema. Não assisti o segundo (e, também, me disseram que não era tão legal assim), mas gosto da idéia “fatalista” expressa na série: em resumo, “quanto mais mexe, mais fede”. Ou melhor: só adianta agir no presente porque, no passado, o que está feito, feito está. Esta “filosofia de vida” se aproveita do filme (que, a propósito, contém cenas de sexo e de violência bem desnecessárias).
Mas o final é um pouco perturbador. No início do filme, o protagonista conversa com o velho professor sobre se não impedir que alguém seja morto é a mesma coisa que matar este alguém. O professor diz que não, mas o personagem principal acrescenta que é parecido. No entanto, ao final do filme, voltando no tempo até o incêndio de onde ele havia salvo a sua irmã, desta vez ele não apenas não a salva como, positivamente, segura a porta para “garantir” que ela não se salve sozinha. Impediu o surgimento de uma Serial Killer com oito crimes nas costas, mas a que preço? Neste ponto, a moral católica distancia-se da de Hollywood: na verdade, os fins não justificam os meios.
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– Inimigos Públicos, no cinema. A história prende a atenção e Johnny Depp é um ator de talento, mas a quê se propõe o filme? Meu lado Poliana pode dizer que a “moral da história” é a célebre “o crime não compensa” (pois o bandido morre no final, jovem, deixando viúva a mulher amada, sem usufruir do seu enriquecimento ilícito, etc), mas alguma coisa sempre me incomodou em se fazer dos criminosos os protagonistas simpáticos das tramas. O estilo “Robin Hood” (aliás, também presente no – este, vale muito menos a pena – Bandidas que passou segunda-feira na Globo, no Catch me if you can, etc) sempre me pareceu ser expediente esquerdista de apologia à luta de classes.
Divago? Mas filmes assim, que pintam romanticamente o criminoso e fazem o espectador quase “torcer por ele” na cadeira do cinema, prestar-se-ão realmente a ensinar que o crime não compensa? Não valeria a pena morrer jovem, como o Johnny Depp, se for para ser herói? E este “Inimigos Públicos” tem um detalhe interessante, porque o gangster se tornou conhecido (e querido) por assaltar os bancos, mas não os clientes. Preserva os indivíduos e ataca a impessoal figura do “Banco”. E assim é muito mais fácil angariar a simpatia para o lado que tem um rosto e uma voz: é a inversão da moral utilizando-se de técnicas que pressupõem [corretamente] uma visão sensata da realidade, de individualidade e coletividade.
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– Ele não está tão a fim de você, em DVD. Um besteirol que pinta de maneira muito feia os relacionamentos humanos, tanto que chega a ser deprimente: as piadas não conseguem equilibrar.
Uma mulher casada, um marido adúltero; o indivíduo foi “forçado a casar” e tem um caso com outra garota. A mulher descobre, e perdoa; mas pede o divórcio quando descobre… que o marido estava fumando. Trair pode, fumar, não, é imperdoável. Qualquer futilidade serve para acabar com um casamento.
Muitos casamentos que de nada valem, e o “melhor marido” do filme é… um cara que esta amancebado com a garota há sete anos porque não acredita no casamento! Mesmo, no final, ele pedindo a sua mão (porque quer fazê-la feliz), a felicidade do único casamento feliz da história independe completamente do matrimônio. A instituição falida só “funciona” para quem não acredita nela. Terrível.
A outra garota, a dos “relacionamentos virtuais”, disse em meados do filme uma frase que me fez rir por ser verdadeira: “se eu quero ficar mais atraente para o sexo oposto, eu não corto o cabelo: eu atualizo o meu perfil”. É verdade, hoje em dia é verdade. E que espécie de mundo é possível construir se os relacionamentos “reais” são tão frustrantes e, os virtuais, tão… ausentes de realidade? Triste retrato dos dias modernos, onde a gente ri para não ter que chorar…