No dia de hoje – lembrava-nos pela manhã o sacerdote – não há nada na Igreja. Nada, nem missa matinal ou vespertina, nem nenhuma celebração litúrgica (como a de ontem), nem nada. A única cerimônia do Sábado Santo é a que ocorre mais tarde, nesta noite: a gloriosa Vigília Pascal. Antes disso, a Igreja vive da santa expectativa da Ressurreição do Salvador.
Vivemos hoje desta bendita esperança! Eu já disse algures que, no dia de hoje, o Altíssimo não deixou o mundo desamparado: deixou-nos a Virgem Santíssima, Sua gloriosa Mãe. Hoje invocada sob o título de Nossa Senhora da Soledad, mas também – por que não? – como Nossa Senhora da Esperança. A Esperança certa de que o Sol da Justiça ressurgirá; a Esperança confiante de que a Morte não tem a última palavra e, afinal de contas, o Amor não foi derrotado na Cruz da Sexta-Feira. Deus vencerá: esta verdade resplandece n’Ela – que é, por Si só, evidência incontestável da vitória de Cristo – com uma clareza capaz de sobrepujar os nossos medos e incertezas.
A Virgem Santíssima é verdadeiramente, hoje mais do nunca, penhor da nossa esperança! A garantia de que Cristo voltaria ao mundo é Maria Santíssima ter ficado por aqui; se Ele A deixou, voltará certamente, nem que seja apenas por conta de Sua Divina Mãe. Voltará com certeza, e nós podemos nos convencer desta verdade se olharmos nos olhos desta Mulher que permaneceu de pé diante do Calvário, se nos segurarmos com confiança nas barras da saia desta que Cristo, do Alto da Cruz, nos deixou por Mãe.
Cristo, mais tarde, irá irromper glorioso das trevas do Túmulo. Esperemos com confiança a Sua Vitória; mas esperemo-la ao lado da Virgem Santíssima, ao lado deste resquício de Graça – ou melhor, deste Mar de Graças – que permaneceu no mundo e é capaz de santificar o mundo inteiro. É capaz de fazer o mundo valer a pena, e de nos dar a certeza de que Deus não desistiu de nós. Ele ressurgirá. E nós, esta noite, iremos esperá-Lo.