Santo Antônio

Assistiu à canonização de São Francisco em 1228 e deslocou-se a Ferrara, Bolonha e Florença. Durante 1229 as suas pregações dividiram-se entre Vareza, Bréscia, Milão, Verona e Mântua. Esta actividade absorvia-o de tal maneira que a ela passou a dedicar-se exclusivamente. Em 1231, e após contactos com Gregório IX, regressou a Pádua, sendo a Quaresma do ano seguinte marcada por uma série de sermões da sua autoria.

Instalou-se depois em casa do Conde de Tiso, seu amigo pessoal, onde morreu em 1231 no Oratório de Arcela.

O facto de ter sido canonizado um ano após a sua morte, mostra-nos bem qual a importância que teve como Homem, para lhe ter sido atribuída tal honra. Este acto foi realizado pelo Papa Gregório IX, que lhe chamou “Arca do Testamento”.

Evangelho Quotidiano, Santo António de Lisboa

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Enquanto isso, leio que “até Santo Antônio foi mais twittado do que jogo da Copa”. Dividido entre a repulsa pelo tom de desprezo empregado na manchete e a alegria pela popularidade do grande santo lusitano, vou aos Trending Topics. A impressão é positiva; há pessoas dizendo que vão à Missa, biografias do santo, pedidos de intercessão, et cetera.

O que me entristece é a quantidade – também grande – de coisas referentes às simpatias para se arranjar namorado. Ver o Martelo dos Hereges reduzido ao “santo-corta-jaca” é sinceramente decepcionante. Santo Antônio de Pádua, rogai pelo Brasil.

P.S.: Encontrei por acaso e ainda não li: “Martelo dos Hereges – Militarização e Politização de Santo Antônio no Brasil Colonial”. O título me pareceu interessante; e, ademais, eu tendo a ser simpático por quem tem coragem de agradecer “a Deus (dos Exércitos)” em uma dissertação de mestrado.

Santo António de Pádua

[Excerto de sermão de Santo António de Pádua, “O Bom Cristão segue o exemplo das abelhas”]

Lê-se na história natural que as abelhas pequeninas trabalham sem descanso. Têm asas fininhas e são de cores mais escuras, como se fossem queimadas.

Abelhas pequenas são os bons cristãos sem pretensões que só se ocupam de boas e úteis obras, de forma que o diabo não os encontra nunca de mãos vazias ou desocupadas.

Têm asas finas, isto é, desprezam as vaidades e os prazeres do mundo e se inflamam de amor pelo Reino Celestial. Com essas asas sobem alto, voando livres no ar puro, com o coração fixo na Glória de Deus.

As abelhas trabalhadeiras são de cor escura, como se fossem queimadas. A respeito disto, a alma cristã exclama no Cântico dos Cânticos (1.5-6): “Sou morena, mas formosa, ó filhas de Jerusalém, sou como as tendas de Cedar, como os pavilhões de Salomão. Não repareis na minha tez morena, pois foi o sol que me queimou!” Oh! anjos do céu, oh! almas santas, sou morena porque as abstinências, os jejuns, as vigílias e outras penitências me tomaram assim. Porém, sou bela na alma pela pureza da mente e pela integridade da fé. Sou morena como as tendas de Cedar, que quer dizer nômade; habito de fato em tendas móveis que se transportam de um lugar para o outro, das quais os soldados atacam ou nas quais são atacados, “porque não temos aqui embaixo nenhuma cidade permanente, andamos em busca da que há de vir” (Hb 13,14).

Não deis importância ao fato de eu ser morena, pois sou morena porque o sol me queimou. O sol em eclipse descora todas as coisas. Assim Jesus Cristo, o verdadeiro sol, “que conheceu seu ocaso” (SI 103,19) quando na cruz padeceu o eclipse da morte, deixou a atração das vaidades, as falsas glórias, todas as honras mundanas.

Por isso, a alma cristã pode afirmar com razão: “Sim, sou morena, minha pele é escura, o sol me queimou”. Enquanto, com efeito, com os olhos da fé eu contemplo a meu Deus, meu esposo, meu Jesus, pregado na cruz, atravessado por cravos, alimentado com fel e vinagre, e coroado de espinhos, toda a beleza, toda a glória, toda a honra, toda a pompa mundana empalidece a meus olhos e perde todo o valor… Eis aqui, estas são as abelhas pequenas e escuras, como se fossem queimadas. Assim pensam e atuam os verdadeiros cristãos.

Abelhas de bela aparência são ao contrário todos os cristãos inautênticos e todos os que não sabem fazer outra coisa senão agitar aos quatro ventos as falsas credenciais de sua falsa honestidade e bondade, enquanto na realidade são somente sepulcros, de aparência bela e solene, porém cheios por dentro de podridão e ossos ressequidos…

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[Trecho de Biografia de Santo António de Pádua]

Na solidão do claustro, Santo Antônio entregou-se com empenho à oração e ao estudo. Aprofundou-se na doutrina do grande doutor da igreja, santo Agostinho, e começou a saborear a doçura e a suavidade do Senhor. Dedicou sua aguda inteligência a conhecer mais profundamente as Sagradas Escrituras, que, sendo livros inspirados por Deus, contêm, “a plenitude da sabedoria”- expressão muito usual entre os mestres de teologia da Idade Média. Vale destacar que, na leitura dos Santos Padres da Igreja, guardava na memória tudo o que lia, levantando a admiração dos monges que o cercavam. Os anos que permaneceu em Coimbra foram determinantes para o conhecimento das ciências sagradas. Entretanto, esses progressos eram mais frutos da graça de Deus e de seu esforço pessoal do que do ambiente monacal e do trabalho dos mestres competentes, pois naqueles anos os monges do mosteiros estavam envolvidos nas intrigas políticas de seu país, muito nefastas e cruéis. Foi chamado “arca do Testamento” pelo Papa Gregório IX e Tomás de Vercelli, por causa de seu método de exegese e também “Martelo dos hereges”. Foi considerado exímio teólogo, peritíssimo exegeta e perfeito frade menor, porque num tempo de grave crise da Ordem, fez da pregação como que uma cátedra itinerante, considerando-a como uma lição de teologia.

Passava muitos dias em meditação e oração e enquanto rezava em um desses eremitérios, recebeu a visita do Menino Jesus. Em razão dessa aparição, Santo Antônio é representado carregando o Menino Jesus nos braços. O lírio que aparece nos braços ou nos pés, é o símbolo da pureza. A sua mensagem de fé e de amor para com Deus e a sua caridade para com os pobres continuam atuais. Sal da terra e luz do mundo, Santo Antônio é tão procurado pelas pessoas que se tornou um dos santos mais populares do mundo.

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[Trecho de mais um texto sobre Santo António]

Segundo alguns de seus biógrafos, na adolescência Fernando foi acometido por violenta tentação contra a pureza. Para aplacá-la, estando na catedral, o jovem traçou uma cruz com os dedos, numa coluna de mármore, ficando nela impressa como em cera. Avaliando nessa ocasião os perigos que corria, o adolescente quis entrar para o mosteiro de São Vicente de Fora, dos Clérigos Regulares de Santo Agostinho, nos arredores da capital portuguesa, quando contava 19 anos de idade.

[…]

Um dos milagres mais conhecidos de Santo Antonio foi sua pregação aos peixes. Em Rimini, durante seu sermão, o povo se mantinha indiferente. Abandonando seus ouvintes, foi pregar à beira-mar. Milhares de peixes de vários tipos e tamanhos puseram a cabeça fora da água para ouvir o santo, que tinha sido seguido pela população da cidade, testemunha do milagre.

Santo Antonio foi cognominado “Martelo dos Hereges”, porque a heresia não teve inimigo mais formidável. Sua mais antiga biografia, conhecida pelo nome de Assídua, relata: “Dia e noite tinha discussões com os hereges; expunha-lhes com grande clareza o dogma católico; refutava vitoriosamente os preceitos deles, revelando em tudo ciência admirável e força suave de persuasão que penetrava a alma dos seus contrários”.

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Santo António de Pádua,
rogai por nós!

Corpus Christi

ECCE PANIS ANGELORUM
FACTUS CIBUS VIATORUM
VERE PANIS FILIORUM
NON MITTENDUS CANIBUS

Hoje a Igreja celebra a festa do Santíssimo Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. É uma festa móvel, que sempre cai numa quinta-feira: a primeira quinta-feira após a Oitava de Pentecostes (i.e., após a Solenidade da Santíssima Trindade). Pentecostes também é móvel, porque é celebrado no 50º dia após a Páscoa. A festa de hoje, portanto, é celebrada 60 dias após o Domingo de Páscoa.

A solenidade de Corpus Christi remete à Idade Média, ao século XIII; vale a pena ler o texto escrito pelo pe. Elílio sobre o dia de hoje, é um excelente resumo. Foi Santo Tomás de Aquino quem compôs a liturgia do dia de hoje, em particular a seqüência – o Lauda Sion – de onde foi retirada a estrofe em epígrafe.

“Eis o Pão dos Anjos, feito alimento dos peregrinos”: de nós, degredados filhos de Eva, que estamos neste mundo em peregrinação rumo à Pátria Celeste. O Pão dos Anjos, a Santíssima Eucaristia, o Santíssimo Corpo de Nosso Senhor é alimento para a nossa alma, que tem absoluta necessidade de se fortalecer para que possa vencer o mundo, o demônio e a carne. O Catecismo de São Pio X elenca cinco efeitos da Eucaristia naqueles que A recebem dignamente (dos quais os dois primeiros são os principais – cf. Catecismo Maior de São Pio X, q. 623-624):

  1. conserva e aumenta a vida da alma, que é a graça, como o alimento material sustenta;
  2. perdoa os pecados veniais e preserva dos mortais; produz consolação espiritual;
  3. enfraquece as nossas paixões, e em especial amortece em nós o fogo da concupiscência;
  4. aumenta em nós o fervor e ajuda-nos a proceder em conformidade com os desejos de Jesus Cristo;
  5. dá-nos um penhor da glória futura e da ressurreição do nosso corpo.

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Há uma curiosa história de Santo Antônio de Pádua associada à Eucaristia. Um incrédulo daqueles tempo – porque incrédulos sempre houve – disse ao santo que só acreditaria que Cristo estava realmente presente na Eucaristia caso a sua mula se ajoelhasse diante dela. O santo aumentou o desafio: disse que deixasse a mula três dias sem comer e, ao cabo deles, colocasse diante dela um feixe de feno e a Hóstia Consagrada, que a mula iria deixar o feno para se prostrar diante do Deus escondido sob as espécies do pão. Dito e feito: diante do povo, a mula – após três dias de jejum – “fez genuflexão” quando foi apresentada à Santíssima Eucaristia, desprezando o alimento físico que lhe era oferecido. Até as mulas são menos teimosas do que alguns incrédulos; até uma mula reconheceu Deus no Santíssimo Sacramento!

Visitemos uma Igreja hoje [aliás, a missa é de preceito, como a dominical], e ofereçamos a Nosso Senhor um pouco do nosso tempo, “em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido”, como pediu o Anjo em Fátima. Nas condições habituais (confissão, comunhão e oração pelas intenções do Santo Padre), adoração eucarística de meia hora pelo menos é ação por meio da qual pode-se lucrar indulgência plenária (não só hoje; qualquer dia). Hoje é um dia propício para visitarmos Jesus Eucarístico. Que Ele tenha misericórdia de nós, e nos dê sempre forças para continuarmos na nossa peregrinação rumo ao Céu. Como canta a piedade popular:

Que o Santo Sacramento
que é o próprio Cristo Jesus
seja adorado e seja amado
nesta Terra de Santa Cruz!

Bendito seja Deus, no Santíssimo Sacramento do Altar.