“Ó, que grandioso é o sacerdócio!”

O Santo Cura d’Ars sempre manifestou a mais alta consideração pelo dom recebido. Afirmava: “Ó, que grandioso é o sacerdócio! Só se compreende bem no Céu… mas se o compreendesse sobre a terra, morrer-se-ia, não de temor, mas de amor”

– Bento XVI, 05 de agosto de 2009

Hoje a Igreja celebra a festa de São João Maria Vianney, o santo cura d’Ars, patrono dos párocos, honra do clero francês. Um homem simples, mas que soube entregar-se desmedidamente ao serviço de Deus e, por isso, o Altíssimo fez maravilhas em sua vida.

Era filho de camponeses. Queria ser padre, mas quase não o consegue por conta dos sucessivos insucessos nos estudos necessários para tal. No entanto, não desistiu: contra todos os prognósticos, foi adiante, insistente, até conseguir levar a cabo os seus estudos e ordenar-se sacerdote do Deus Altíssimo.

A sua limitação intelectual chega a ser anedótica! Não sei a veracidade da história, mas conta-se que o santo, certa feita, confrontado com um seu superior que o tentava dissuadir do sacerdócio argumentando exatamente que a inteligência refinada (que tanto faltava ao santo!) era necessária ao ofício de pastoreio das almas, respondeu singelamente: “Davi, com uma atiradeira feita da mandíbula de um burro, derrubou o gigante Golias; imagine o que Deus não poderá fazer tendo nas mãos o burro inteiro?”. De onde se vê que, ao santo, embora talvez faltasse alguma habilidade mais específica exigida para os estudos acadêmicos, não lhe faltava sabedoria ou bom humor.

“Que grandioso dom é o sacerdócio”! Talvez o santo cura d’Ars percebesse-o melhor que os outros padres, porque para ele – devido à sua história – o aspecto do dom estava muito mais evidente do que o de mérito. Mas todo sacerdócio é um dom, ainda para o aluno laureado nos estudos do seminário, porque o sacerdócio é tão grandioso que ultrapassa infinitamente quaisquer méritos que os homens pudessem ter. Não, o sacerdócio não é a recompensa dos anos de estudos no seminário como um – digamos – diploma de medicina é a recompensa pelos anos de dedicação integral na faculdade. O sacerdócio é mais, muito mais: os efeitos são desproporcionais às (supostas) causas. De um médico pode-se dizer que é o que estudou na faculdade, e o mesmo de um engenheiro, um arquiteto, um jornalista; mas a santidade de um padre santo não encontra a sua causa nos estudos do seminário, por melhor aluno que ele tenha sido, por melhor o lugar onde ele tenha estudado. Olhe-se para o santo cura d’Ars! É de Deus que vem a santidade do sacerdócio. É um dom, um dom grandioso, com o qual Deus, pela Providência, agracia alguns dos Seus filhos.

Rezemos pelos sacerdotes! Para que sejam padres conforme São João Maria Vianney. Para que reconheçam quão grandioso é o dom do sacerdócio que do Altíssimo receberam e pelo qual terão um dia que prestar contas. Para que deixem a santidade vir de Deus, do alto, e não brotar dos próprios esforços humanos. Para que sejam santos, honrando a dignidade da vocação à qual foram elevados. Para que Deus nos conceda sempre sacerdotes bons e fiéis para cuidar do Seu povo.

Abaixo-assinado: Cura d’Ars, padroeiro dos sacerdotes

Esperava-se que o Papa Bento XVI, no fechamento do Ano Sacerdotal, proclamasse São João Maria Vianney como padroeiro dos sacerdotes. Para surpresa e decepção geral, no entanto, isso não aconteceu.

Nós, católicos apostólicos romanos, estamos sinceramente convencidos de que sacerdotes como o Santo Cura d’Ars são exatamente o tipo de sacerdotes dos quais a Igreja precisa nos tempos de hoje. Por este motivo, queremos divulgar o abaixo-assinado (a ser entregue a Sua Santidade) pedindo que São João Maria Vianney seja proclamado padroeiro de todos sacerdotes da Igreja Católica, como fora anunciado anteriormente e como é desejo do povo de Deus, a fim de produzir frutos de vida e santidade para a Igreja dos tempos de hoje.

O Presbíteros também já divulgou. Reproduzo abaixo o texto dele, com os textos para sacerdotes e leigos de língua portuguesa; para outros idiomas, visitem o site do abaixo assinado. Assinem, e divulguem!

* * *

Para sacerdotes:

Súplica dos sacerdotes a S.S. o Papa Bento XVI

Beatíssimo Padre,

desejamos manifestar a nossa gratidão pelo ano sacerdotal há pouco concluso, expressão da paterna solicitude de Vossa Santidade em relação a nós sacerdotes. Nessa ocasião, Vossa Santidade nos propôs como exemplo de ideal sacerdotal São João Maria Vianney, modelo do dom total a Jesus Cristo, sacerdote e vítima. Para melhor recolher os frutos deste ano sacerdotal, nestes tempos em que as vocações precisam ser encorajadas e os sacerdotes apoiados na fidelidade aos compromissos sacerdotais, vimos suplicar, Santo Padre, que haja por bem proclamar São João Maria Vianney Padroeiro de todos os sacerdotes da Igreja Católica, por ocasião da celebração da sua festa.

Asseguramos a Vossa Santidade as nossas orações, segundo as intenções da Santa Igreja e rogamos filialmente que se digne abençoar o nosso ministério…

Assine aqui! (para sacerdotes).

Para leigos, religiosos e seminaristas:

Petiçao em apoio à súplica dos sacerdotes

Fiéis da Igreja Católica, nós somos os primeiros beneficiários do ministério dos sacerdotes, que dirigimos a Sua Santidade o Papa Bento XVI esta súplica, para obter a proclamação de São João Maria Vianney Padroeiro de todos los sacerdotes da Igreja Católica. Desejamos associar-nos à petição dos sacerdotes, convictos de que do seu amor ao ideal sacerdotal dependa a nossa santificação…

Assine aqui! (para os leigos, religiosos e seminaristas)

Te amo, ó meu Deus

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Sacré-Coeur, Paris. Clique para ampliar

Te amo, ó meu Deus, e meu único desejo
é amar-Te até o último suspiro de minha vida.
Te amo, ó Deus infinitamente amável,
e prefiro morrer amando-Te
a viver um só instante sem te amar.
Te amo, Senhor, e a única graça que Te peço
é a de amar-Te eternamente.
Meu Deus, se a minha língua
não puder dizer a todo instante que Te amo,
quero que o meu coração o repita a Ti
tantas vezes quantas vezes eu respirar.
Te amo, ó meu Divino Salvador,
porque sei que foste crucificado por mim
e me tens aqui embaixo [quaggiù] crucificado conTigo.
Meu Deus, concedei-me a graça de morrer amando-Te
e sabendo que Te amo. Amen.

[São João Maria Vianney, apud Bento XVI nas Segundas Vésperas da Solenidade do Santíssimo Coração de Jesus]

Sagrado Coração de Jesus e Ano Sacerdotal

Amanhã, sexta-feira, festa do Sagrado Coração de Jesus, será aberto o Ano Sacerdotal desejado por Sua Santidade, o Papa Bento XVI. Esta devoção – cujo “fundamento (…) é tão antigo como o próprio cristianismo” (cf. Bento XVI apud pe. Claudiomar) – teve como grande propagadora Santa Margarida Maria Alacoque, no século XVII. Há uma curiosa história sobre esta santa e esta devoção, narrada por Plinio Corrêa de Oliveira:

As revelações do Sagrado Coração de Jesus a Santa Margarida Maria Alacoque, ocorridas em Paray-le Monial, na França, se verificaram durante o reino de Luiz XIV, glorioso sob tantos títulos, mas maculado pela incorreção dos costumes privados do soberano. Incumbiu Nosso Senhor a Santa Margarida Maria de fazer saber ao soberano que se quisesse evitar para seu país as maiores catástrofes, o consagrasse ele em pessoa, ao Sacratíssimo Coração de Jesus. O rei não deu ouvidos ao aviso, e o fato passou desapercebido. É curioso notar, entretanto, que na família real talvez a negativa de Luiz XIV tenha deixado uma impressão penosa, porque Luiz XVI, preso durante a Revolução, consagrou no seu cárcere a França ao Sagrado Coração de Jesus, a fim de libertar sua Pátria dos horrores da perseguição que sobre ela se abatia. Mas era tarde demais. A recusa de Luiz XIV havia afastado a possibilidade de se evitarem para a França os males que sobre ela vieram a cair. Por aí se vê como pode ferir a Nosso Senhor a recusa de um ato público e solene de piedade. E, neste caso, tratava-se de uma recusa muito menos grave do que a dos Estados leigos que, ao contrário da França de Luiz XIV, não reconhecem a Religião oficialmente, e erigem em norma habitual de conduta para com Deus o não cumprimento de seus deveres religiosos.

E, hoje, em Paris, há a Basilique du Sacré Coeur. Com uma placa contendo uma declaração do Parlamento Francês, dizendo ser “de utilidade pública a construção de um Templo em honra ao Sagrado Coração de Jesus” – ou algo assim, pois cito de memória. Foram necessários os horrores da Revolução Francesa para que a Cidade das Luzes desse ouvidos a Santa Margarida Maria Alacoque. Que nós nos empenhemos em divulgar esta devoção sem que precisemos passar pela mesma terrível experiência.

O Santo Padre escreveu uma carta aos sacerdotes para a proclamação do Ano Sacerdotal. Destaco:

Todos nós, sacerdotes, deveríamos sentir que nos tocam pessoalmente estas palavras que ele [São João Maria Vianney] colocava na boca de Cristo: «Encarregarei os meus ministros de anunciar aos pecadores que estou sempre pronto a recebê-los, que a minha misericórdia é infinita». Do Santo Cura d’Ars, nós, sacerdotes, podemos aprender não só uma inexaurível confiança no sacramento da Penitência que nos instigue a colocá-lo no centro das nossas preocupações pastorais, mas também o método do «diálogo de salvação» que nele se deve realizar. O Cura d’Ars tinha maneiras diversas de comportar-se segundo os vários penitentes. Quem vinha ao seu confessionário atraído por uma íntima e humilde necessidade do perdão de Deus, encontrava nele o encorajamento para mergulhar na «torrente da misericórdia divina» que, no seu ímpeto, tudo arrasta e depura. E se aparecia alguém angustiado com o pensamento da sua debilidade e inconstância, temeroso por futuras quedas, o Cura d’Ars revelava-lhe o segredo de Deus com um discurso de comovente beleza: «O bom Deus sabe tudo. Ainda antes de vos confessardes, já sabe que voltareis a pecar e todavia perdoa-vos. Como é grande o amor do nosso Deus, que vai até ao ponto de esquecer voluntariamente o futuro, só para poder perdoar-nos!». Diversamente, a quem se acusava de forma tíbia e quase indiferente, expunha, através das suas próprias lágrimas, a séria e dolorosa evidência de quão «abominável» fosse aquele comportamento. «Choro, porque vós não chorais»: exclamava ele. «Se ao menos o Senhor não fosse assim tão bom! Mas é assim bom! Só um bárbaro poderia comportar-se assim diante de um Pai tão bom!». Fazia brotar o arrependimento no coração dos tíbios, forçando-os a verem com os próprios olhos o sofrimento de Deus, causado pelos pecados, quase «encarnado» no rosto do padre que os atendia de confissão. Entretanto a quem se apresentava já desejoso e capaz de uma vida espiritual mais profunda, abria-lhe de par em par as profundidades do amor, explicando a inexprimível beleza de poder viver unidos a Deus e na sua presença: «Tudo sob o olhar de Deus, tudo com Deus, tudo para agradar a Deus. (…) Como é belo!». E ensinava-lhes a rezar assim: «Meu Deus, dai-me a graça de Vos amar tanto quanto é possível que eu Vos ame!».

Cor Iesu Sacratissimum,
miserere nobis!

Pelas almas do Purgatório

Aproveitando a “oitava de Finados”, reforço o convite feito pela Igreja, na Liturgia dos Defuntos, a fim de que façamos penitência pelos nossos próprios pecados e pelas almas que padecem no Purgatório. À missa que assisti Domingo, o padre lembrou-nos de que o costume cristão de fazer orações pelos mortos estava escasseando – mesmo pelos nosso entes queridos! -, como se todos (e principalmente os mortos) já fossem “bons o suficiente” para não precisarem de nossos sufrágios. E, com isso, corríamos o risco de deixar de fazer um grande bem àqueles que padecem no fogo da purificação final.

Este texto não tem o autor no site onde está publicado; quando o recebi por email, constava a autoria de São João Maria Vianney. Não sei se é verdade, mas a meditação vale a pena, bastante proveitosa para o tempo no qual estamos vivendo e – por que não? – para qualquer tempo de nossa vida. Importa sempre pensar na própria morte, fazer penitência pelos próprios pecados e pelos alheios, como nos diz a oração do anjo de Fátima: (…) e peço-Vos perdão por aqueles que não crêem, não adoram, não esperam e não Vos amam.

Talvez valesse uma visita ao Museu das Almas do Purgatório, que fica em Roma e eu não sabia que existia até bem pouco tempo atrás. Sites em português, só encontrei espíritas, com explicações para o fenômeno obviamente incompatíveis com a Doutrina Católica, “denunciando” a “comunicação com os mortos” que a Igreja Católica “ocultava” (forma bem curiosa de “esconder” alguma coisa, criando um museu para ela). Na verdade, a Doutrina Católica não nega que Deus possa permitir que uma alma do Purgatório apareça para pedir orações; o que a Doutrina Católica condena é a evocação das (supostas) almas dos defuntos.

“Em virtude da comunhão dos santos, os fiéis ainda peregrinos na terra podem ajudar as almas do purgatório oferecendo as suas orações de sufrágio, em particular o Sacrifício eucarístico, mas também esmolas, indulgências e obras de penitência” (Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, q. 211). Vai-se ao purgatório por causa dos pecados veniais (que não levam ao inferno) e por causa das penas temporais devidas pelos pecados, mesmo os já perdoados. É a coisa mais fácil do mundo acumular ambas; ninguém se pode considerar com “passagem direta” para o Céu (nem a passagem “com escalas” é garantida, cabendo a nós ter esperança dela!). Certamente ninguém quer passar muito tempo no Purgatório; é, portanto, natural oferecer às almas dos nossos irmãos que estão no Purgatório as nossas orações e boas obras. Nosso dia há-de chegar: preparemo-nos para ele o melhor possível. E que as almas dos fiéis defuntos que padecem no Purgatório possam ser, o quanto antes, purificadas de suas faltas, a fim de chegarem o mais breve possível à visão de Deus e à Bem-Aventurança Eterna. Amen.