En passant, mas mereciam mais

Justiça decide que símbolos religiosos podem permanecer em prédios públicos. “A juíza Maria Lúcia Lencastre Ursaia, da 3ª Vara Cível Federal de São Paulo, indeferiu nesta quinta-feira o pedido do Ministério Público Federal de retirada de símbolos religiosos de prédios públicos”. Uma lufada de bom senso no judiciário, graças a Deus. O Reinaldo Azevedo também comentou: segundo o articulista, a juíza escreveu

1 – que é natural a presença de símbolos religiosos cristãos num país de formação cristã — isso pertence à nossa história;
2  – que, “sem qualquer ofensa à liberdade de crença, garantia constitucional, eis que, para os agnósticos, ou que professam crença diferenciada, aquele símbolo nada representa, assemelhando-se a um quadro ou escultura, adereços decorativos”;
3 – que estado laico não quer dizer estado anti-religioso. Dando uma pequena aula de lógica e de história à boçalidade do CCC, escreveu: “O Estado laico foi a primeira organização política que garantiu a liberdade religiosa. A liberdade de crença, de culto, e a tolerância religiosa foram aceitas graças ao Estado laico, e não como oposição a ele. Assim sendo, a laicidade não pode se expressar na eliminação dos símbolos religiosos, mas na tolerância aos mesmos.”

Só um “detalhe”: o terceiro ponto, com loas exageradas e imprecisas ao Estado Laico, não pode ser subscrito sem ressalvas. E este mau entendimento pode comprometer tudo…

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Lei antifumo paulista é inconstitucional, diz AGU. “A Advocacia-Geral da União (AGU), órgão que defende e representa a União principalmente em ações no Supremo Tribunal Federal (STF), emitiu parecer anteontem que considera a lei antifumo paulista inconstitucional. O documento, assinado por José Antonio Dias Toffoli, enfatiza que a competência de legislar sobre o uso do cigarro em ambientes fechados é do governo federal e não de Estados ou municípios”.

Não me parece muito animador. Primeiro pelo fato do “posicionamento não ser definitivo” e, segundo e muito mais sério, porque o alegado motivo da inconstitucionalidade está equivocado. A AGU, na verdade, só faz “transferir” o poder ilegítimo dos municípios para o Estado Federal, ao invés de defender claramente o direito à propriedade e as liberdades individuais. E isto é preocupante.

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–  Padres afastados serão ouvidos por dom Saburido. Palavras de Sua Excelência Reverendíssima: “Todos serão bem-vindos na arquidiocese. Todos. Desde que estejam dispostos a trabalhar com amor. Vamos escutar a verdade do outro e perdoar os erros do passado, para reconstruir nossa unidade. […] Muita coisa da época de dom Helder morreu e precisa ser ressuscitada. A igreja precisa voltar a ter um semblante alegre”.

Que a Virgem Santíssima, Onipotência Suplicante, Aquela de quem jamais se ouviu dizer que tivesse desamparado quem se Lhe achegasse com confiança, ponha o Seu valor diante do Altíssimo em defesa de Olinda e Recife. E oremus pro Antistite nostro.

℣. Oremus pro antistite nostro Ferdinando.
℟. Stet et pascat, in fortitudine tua, Domine, in sublimitate nominis tui.
℣. Salvum fac servum tuum.
℟. Deus meus sperantem in te.

Dois pronunciamentos papais

Queridos jovens, vós sois o futuro da Europa. Imersos nestes anos de estudo no mundo do conhecimento, sois chamados a investir os vossos melhores recursos, não apenas intelectuais, para consolidar as vossas personalidades e contribuir para o bem comum. Trabalhar pelo desenvolvimento do conhecimento é a vocação específica da universidade, e exige qualidades morais e espirituais cada vez mais elevadas, diante da vastidão e da complexidade do saber que a humanidade tem à sua disposição. A nova síntese cultural, que nesta época está a ser elaborada na Europa e no mundo globalizado, tem necessidade da contribuição de intelectuais capazes de repropor nas aulas académicas o discurso sobre Deus, ou melhor, de fazer renascer aquele desejo do homem de se pôr à procura de Deus — quaerere Deum — ao qual me referi noutras ocasiões.

[Bento XVI aos universitários do primeiro encontro europeu de estudantes universitários]

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Para quem vem rezar nesta Capela, e em primeiro lugar para o Papa, Pedro e Paulo tornam-se mestres de fé. Com o seu testemunho, convidam a descer às profundezas, a meditar em silêncio o mistério da Cruz, que acompanha a Igreja até ao fim dos tempos, e a acolher a luz da fé, graças à qual a Comunidade apostólica pode estender até aos confins da terra a acção missionária e evangelizadora que Cristo ressuscitado lhe confiou. Aqui não se fazem solenes celebrações com o povo. Aqui, o Sucessor de Pedro e os seus colaboradores meditam em silêncio e adoram Cristo vivo, presente de maneira especial no Santíssimo Sacramento da Eucaristia.

A Eucaristia é o sacramento no qual se concentra toda a obra da Redenção: em Jesus-Eucaristia, podemos contemplar a transformação da morte em vida, da violência em amor.

[Bento XVI na reabertura da Capela Paulina]

Fumaça e Garoa

Vai entrar em vigor depois de amanhã, sexta-feira, em São Paulo, a nova lei anti-fumo. Não é novidade e eu quase não tenho mais o que comentar sobre o assunto. A esta altura do campeonato, toda insistência parece ser redundante e improfícua: quem ainda não entendeu, não acho que vai ser agora que vai entender.

Por uma dessas ironias do destino, sexta-feira (dia 07 de agosto) vai fazer três anos que o João Pereira Coutinho escreveu que a guerra acabou. O texto é interessante: “A guerra acabou e, de certa forma, vocês, fanáticos, venceram. A luta contra o tabaco nunca foi uma luta pela saúde dos ‘passivos’ (o que seria compreensível). Foi simplesmente uma luta contra a liberdade individual em nome de uma utopia sanitária: os fanáticos não desejam apenas que o fumo não os perturbe; desejam que a mera existência de um fumante também não. É a intolerância levada ao extremo e servida numa retórica simpática e humanista. E agora com cobertura legal”. Não foi a primeira vez que o articulista lusitano escreveu sobre o tabagismo; um ano e meio antes, na mesma Folha de São Paulo, foi publicado “Lauren Bacall, por favor”.

Navegando pelas últimas notícias paulistas sobre o assunto, encontrei uma que merece um comentário: Estabelecimento escapa da lei antifumo em São Paulo. Trata-se da “tabacaria, restaurante e bar Esch Café”, que conseguiu recentemente uma liminar para “continuar recebendo charuteiros, sem precisar cessar a venda de bebidas e comidas, o que não é permitido pela legislação antitabaco”. E o governo do Estado tenta reverter a decisão, e certamente há de conseguir, porque a sanha ditatorial dessa gente não tem limites.

É isto o que está em jogo. Não sei há quanto tempo existe o Esch Café nem nunca lá estive, mas os militantes antitabagistas não querem nem saber. Simplesmente não pode existir uma tabacaria onde se sirva comida e bebida, na cabeça dessa gente. Trata-se de uma intolerância doentia e injustificável. Não tem nada a ver com proteger a saúde dos não-fumantes; afinal de contas, alguém pode me explicar o que raios um não-fumante, preocupado o suficiente com sua saúde a ponto de não desejar passar tempo algum em um ambiente onde haja cigarros, iria fazer em uma tabacaria?! No entanto, um tal antro de perdição simplesmente não pode existir. Dura lex, sed lex, mesmo que não iuxta lex. É lastimável. Com este tipo de raciocínio, não dá para saber onde vamos parar.

Leitura suplementar: O cigarro, os fumantes e os direitos de propriedade.

Fé adulta e obediência

Trecho da Homilia de Sua Santidade o Papa Bento XVI nas Primeiras Vésperas da Solenidade dos Apóstolos São Pedro e São Paulo, na tradução feita pelo Marcelo Moura Coelho em seu blog:

Nas últimas décadas a expressão “fé adulta” se tornou um slogan difundido. Na maioria [das vezes] é usado em relação à atitude daqueles que não prestam mais atenção ao que a Igreja e Seus Pastores dizem, em outras palavras, àqueles que escolhem por si mesmos em que crer e deixar de crer, numa espécie de “self-service da fé”. Expressar-se contra o Magistério da Igreja é mostrado como uma espécie de “coragem”, quando na verdade não é preciso muita coragem, porque quem faz isso pode estar certo [de] que receberá apoio público.

Ao contrário, é preciso coragem para aderir à fé da Igreja mesmo se ela contradiz a “ordem” do mundo contemporâneo. Paulo chama esse não-conformismo de “fé adulta”. Para ele, seguir os ventos do momento e as correntes do tempo é um comportamento infantil.

Excelente. Que Deus abençoe o Santo Padre!

Diversos

– Um pequeno – mas muito bom! – texto sobre a alma da Dicta & Contradicta: Apenas Letal. “Uma casa é uma pilha de tijolos, mas não é apenas uma pilha de tijolos. Não acredita em mim? Vá aos fundos de uma olaria; lá haverá muitas pilhas de tijolos, mas nenhuma casa. A definição dada responde à causa material, à pergunta ‘do que é feito?’, mas é apenas uma parte da resposta à pergunta mais ampla ‘o que é?’. Faltou o mais essencial: uma casa é definida, antes de tudo, não pelos materiais que a compõem (embora também por eles), mas por seu projeto: ela é dividida em cômodos, cada um com sua função no todo cujo fim último é abrigar e permitir a vida de uma pessoa ou grupo delas. E o que é esse projeto? Ele está desenhado num papel, na planta, mas ele não é o desenho. Tanto é assim que é possível desenhar o mesmo projeto em outro papel com outro lápis, e nem por isso a casa terá dois projetos. O projeto é aquilo que o desenho expressa: a estrutura lógica, racional, da construção: os tamanhos e localizações dos cômodos, onde cada material será usado, a função de cada cômodo, etc. […] Tijolos sem projeto, e projeto sem tijolos, não seriam uma casa”.

Número especial da revista “Brava Gente” sobre o príncipe Dom Pedro Luiz de Orleans e Bragança. Um compêndio de tudo o que aconteceu com a Família Imperial desde o desaparecimento do vôo 447 da Air France; de quebra, uma oportunidade de conhecer melhor a Casa Imperial.

Não há lugar no ministério sacerdotal para pedófilos, como diz Dom Cláudio Hummes. Sem dúvidas, Eminência, sem a menor sombra de dúvidas: eis o verdadeiro discurso do óbvio! No entanto, é de se lamentar que Sua Eminência prefira louvar os sacerdotes por serem homens que “se esforçam pela dignidade humana, pelos direitos humanos, a justiça social e a solidariedade com os pobres”. Data venia, Eminência, não é este o apanágio do sacerdote católico!

– Hoje é dia de San Josemaría Escrivá, e o santo espanhol fala sobre o sacerdócio muito melhor do que o cardeal brasileiro: “Através desse sacerdócio ministerial, que difere essencialmente – e não com uma simples diferença de grau do sacerdócio comum de todos os fiéis -, os ministros sagrados podem consagrar o Corpo e o Sangue de Cristo, oferecer a Deus o Santo Sacrifício, perdoar os pecados na confissão sacramental e exercer o ministério da doutrina in iis quae sunt ad Deum, em tudo e somente naquilo que se refere a Deus”. San Josemaría Escrivá de Balaguer, rogai por nós!

– Uma interessante decisão do juiz Valter Alexandre Mena, da 3ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, ao suspender parte da Lei Antifumo estadual. Vale a pena dar uma olhada na íntegra da decisão, da qual destaco:

Veja-se o paradoxo: o governo federal aumentou a alíquota para os cigarros e a reduziu para os carros, supostamente para reduzir o consumo daqueles em proteção da saúde. Na verdade, trata-se apenas de compensar a perda (1,5 bilhão) com a redução tributária de um setor, transferindo-a para o outro. Ora, os veículos (dada a péssima qualidade do combustível) poluem muito mais e prejudicam muito mais a saúde. E nada indica que haverá redução do consumo de cigarro, porque 40% não pagam impostos (contrabandeados ou produzidos por sonegadores), mas sim estimular a ilegalidade.

Quanto ao tabaco, existem alternativas, há medida intermediária à proibição: de um lado, áreas reservadas ou fumódromos; de outro, a livre escolha dos não-fumantes em frequentar tais ambientes.

As discotecas (danceterias) são ambientes de marcante poluição sonora (também prejudicial à saúde, inclusive dos empregados) e freqüentadas voluntariamente pelos que gostam de barulho, sem qualquer proibição em respeito à liberdade individual. Quem não aprecia, não é obrigado a nelas ingressar. Se o faz, pratica ato de opção (alguém dirá que o freqüentador está viciado por dependência química? Ou está apenas ficando surdo?).

Mais de dez anos depois de a lei federal obrigar os empresários a despender recursos na instalação de fumódromos, vem a norma estadual dizer que eles são inúteis e devem deixar de existir em 90 dias.

Mais curtas

– Segunda parte da Entrevista com Dom José Cardoso, publicada pelo Gustavo. Esta entrevista – feita, recordo, em 1990 – é muito útil para esclarecer algumas atitudes de Dom José tomadas ao longo dos anos em que S.E.R. esteve à frente da Arquidiocese de Olinda e Recife. Por exemplo:

JC: O senhor poderia citar um exemplo de versões que foram passadas aos jornais e que não correspondem à verdade?

Dom José: O caso mais clamoroso é o da invasão do Palácio dos Manguinhos. Uma típica invasão de domicílio. Veja você que, na hora do almoço, eu sou surpreendido por um grupo de pessoas arrogantes, que chegaram de surpresa e foram logo avisando que chegaram para ficar. Iam acampar no Palácio. Em cada uma das portas do prédio, sentaram três homens ao chão. Eu tentei dialogar e não consegui. O pessoal da casa, que trabalha comigo, foi insultado e agredido com palavrões. O objetivo dos invasores, que usavam a mesma arma de chantagem usada por terroristas e seqüestradores, era coagir o Arcebispo a revogar uma decisão tomada (a transferência de um padre). Como a minha casa, o meu domicílio foi ocupado pela força, eu tive que pedir à polícia que retirasse os invasores. A versão da então diretoria da Comissão de Justiça e Paz, passada para o mundo inteiro, é falsa e caluniosa. Diz que “um grupo de humildes camponeses que desejava apenas falar com o Arcebispo foi repelido pela Polícia”. Essa versão – infamante, falsa, caluniosa – foi mandada, através de circular, para várias partes do mundo, acrescentando que “o Arcebispo não gosta de pobres”. Isso é uma mentira, uma indignidade. Tenho recebido cartas de religiosos, de leigos do mundo inteiro, protestando contra a minha suposta atitude, baseando-se na informação mentirosa e distorcida que a antiga diretoria da Comissão de Justiça e Paz se encarregou de divulgar pelo mundo.

Gay Google: se você digitar “gay” na conhecida ferramenta de buscas, a barra que separa os termos da pesquisa dos resultados mostrados fica colorida, formando uma espécie de “bandeira gay”! Outros termos, até onde me constem, não têm esta gentileza feita pelo Google: “Sport” não faz a barra ficar rubro-negra, “Brazil” não a faz ficar verde e amarela. Qual o motivo do privilégio concedido aos homossexuais? Talvez seja fruto da Corporate Equality Effort

Falando um pouco de Religião: bela carta-resposta do professor Felipe Aquino ao artigo da Danuza Leão ao qual fiz menção aqui. “Como você eu também estudei em colégio católico, salesiano, graças a Deus; e assistia a missa todos os dias, graças a Deus, e ainda hoje a assisto todos os dias, graças a Deus; é a grande alegria do meu dia (o Sacrifício do Calvário) que nos salva. Você despreza o seu Batismo e a sua Crisma; eu quero lhe dizer que o único diploma que eu tenho coragem de expor na parede do meu escritório, é a minha certidão de Batismo; ele me abriu as portas do céu, me deu a graça de ser membro de Cristo, da Igreja, herdeiro do céu. O resto… vai ficar na terra”.

Ad populum na argumentação sobre o aborto? É o modus operandi corriqueiro abortista: manipular tragédias alheias para fazer valer os seus distorcidos pontos de vista. No Peru, a trágica história de uma adolescente de treze anos é o novo cavalo de guerra dos pró-morte. “As representantes do Promsex, a peruana Susana Chávez, e da transnacional Center for Reproductive Rights, a lobista chilena Lilian Sepúlveda, anunciaram que se apresentará uma demanda contra o Estado Peruano ante o Comitê para a Eliminação da Discriminação contra a Mulher das Nações Unidas (CEDAW, por suas siglas em inglês). O drama da adolescente, identificada apenas como L.C., começou ano final do ano 2006, quando tinha 13 anos. A menor foi violada e dois meses depois tentou suicidar-se lançando do teto de sua casa, em um dos bairros mais pobres de Lima”.

Qual a diferença disso para as fotos aqui mostradas? Toda a diferença. O caso da menor peruana é um caso e que poderia ter acabado de forma diferente. Os fetos assassinados estão sempre presentes nos abortos, e não existe aborto sem o assassinato deles. Não há engano algum na exibição dos cadáveres que os abortistas se empenham em ocultar. Ao contrário do lobby baseado em tragédias de outrem.

– O saldo da Parada da Vergonha Gay, que foi ocultado sob a cortina de fumaça da bomba lançada após o desfile: “agressões, atropelamentos, garrafadas, facadas, 68 pessoas feridas, bêbados caídos pelas calçadas, gente se drogando ostensivamente, prática pública de atos libidinosos, mais de 100 casos de roubo e furto (…), 412 atendimentos médicos, muita sujeira e mau cheiro”, como diz o Blog da Família. E mais: “[h]ouve até uma morte, por traumatismo craniano, decorrente de uma briga entre os próprios homossexuais” (quanto a esta última informação, carece de fontes; encontrei na internet que “[a] Polícia Civil trabalha com duas possibilidades: ataque por um grupo de intolerância com motivações homofóbicas ou então assalto, pois o seu celular foi levado”…). Tudo financiado com dinheiro público.

– Royalties ao Wagner Moura: para acabar com a exigência do diploma para o exercício da profissão de jornalista, foi lembrado pelo STJ que o Brasil é signatário do Pacto de São José da Costa Rica:

O art. 4º, inciso V, do Decreto-Lei n° 972 [que exige “diploma do curso superior de jornalismo”], de 1969, foi revogado pelo art. 13 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica). Segundo o MPF, “qualquer posição que se adote – que o tratado tenha força de lei ordinária ou de norma constitucional – leva à mesma conclusão: de que o art. 4º, inciso V, do Decreto-Lei n° 972/69, foi revogado pelo Pacto de San José da Costa Rica” (fl. 1669).

[Relatório do Sr. Ministro Gilmar Mendes (sem revisão), p. 11]

Acontece que o mesmo Pacto de San José da Costa Rica impede o aborto, a pesquisa com CTEH’s e outras barbaridades legalizadas pelo mesmíssimo Supremo Tribunal Federalvejam o Pró-Vida de Anápolis. O STF cita o que quer, quando quer, e a mesma coisa coisa ora vale e ora não vale, dependendo dos interesses dos senhores ministros, é isso? Esta é a última instância da Justiça brasileira? Patético.

Três curtas

Metade do Brasil será evangélica? É a pergunta feita por ÉPOCA. “Em 1960, os evangélicos eram apenas 4% da população. Hoje, na falta de estatísticas recentes, estima-se que sejam quase 24%. Agora os estudiosos do Sepal preveem que em 12 anos essa proporção poderá dobrar”. Sinceramente, eu não acho que isso seja uma novidade preocupante. O Brasil não é um país de maioria católica, é um país onde a maioria das pessoas é batizada; são duas coisas muito diferentes.

A pobreza teológica do protestantismo faz com que seja impossível que o número de protestantes “cresça”. O que pode acontecer – e, a meu ver, é exatamente o que está acontecendo – é que haja um “inchaço”, digamos assim, no número de protestantes. A reportagem fala no surgimento de “evangélicos não praticantes”; juntando-se a estes os “mal praticantes” [i.e., adeptos de teologias da prosperidade et caterva], o que temos é um grande número de “religiosidade de superfície”, sem raízes, sem profundidade, sem efeito algum. São agnósticos de paletó, que vivem como se Deus não existisse. “Os evangélicos adotaram regras menos rígidas e passaram a buscar a religião não só como forma de subir aos céus, mas também de alcançar a prosperidade”, diz ÉPOCA. Ora, isso não é propriamente um maior número de protestantes, e sim um igual número de “self-servicers” [aquelas pessoas que escolhem, dentre os preceitos de cada religião, o que lhe apraz] usando chapéu de protestante. Na verdade, de um católico self-service para um protestante self-service, a mudança é mínima. Mudar de um para outro é não mudar praticamente nada.

Professora é acusada de aliciar alunas em escola na zona leste de SP, diz a Folha de São Paulo. “Segundo a polícia, dez alunas de uma mesma sala, entre 14 e 16 anos, confirmaram em depoimento que participavam de festas e passeios com as duas [uma professora e uma estagiária] e que normalmente “ficavam” entre si. O grupo tinha até uma comunidade em um site de relacionamentos”. Alguma surpresa? Se a política do Governo é a de impôr o gayzismo nas escolas, como podem as pessoas se espantar quando as professoras desejam fazer uma, digamos, aula prática extra-curricular da política oficial do ensino público? Hoje em dia, quando ser “bi” está na moda – João do Morro diria que hoje em dia o mundo é gay – e o “gay-way-of-life” é envolto em glamour, poderíamos esperar alguma coisa diferente? Aliás, no caso noticiado pela Folha, não houve violência: as menores foram por livre e espontânea vontade. Em perfeita consonância, portanto, com o Gayzismo, não?

Enquanto isso, alguns irresponsáveis levam crianças de colo para o meio das brigas da Parada Gay de São Paulo (o “supervisor de atendimento médico da Parada” disse que “houve um aumento no número de brigas e ocorrências similares neste ano”…). Estes pais e mães poderão acaso se escandalizar quando, aos quinze anos, as suas filhas – criadas no meio da imoralidade gay desde a mais tenra idade – resolverem “ficar” entre si?

A Igreja e os padres, artigo do pe. Ivanor Macieski. Publicado n’O Povo, jornal de Fortaleza, o público do artigo é bem amplo, e certamente passa longe do católico bem-formado. Achei, no entanto, interessante a menção da seguinte estatística na mídia laica: “Algumas questões que tocam a realidade dos padres. Primeiramente o fato da diminuição do número de padres, diante do crescimento da população. Somos em torno de 407 mil padres no mundo todo. Outro dado é o envelhecimento dos padres. A idade média está mais alta, principalmente na Europa. Outra questão é uma certa campanha feita na mídia para desmoralizar os padres. Os dados dizem totalmente o contrário: 96% dos padres cumprem com zelo e dignidade sua missão”. É coisa rara ver um artigo desses [não é excelente, mas, nas atuais conjunturas…] publicado na mídia secular. Aproveitemos.

Padre Fernando Cardoso sobre a fidelidade à Doutrina

[Publico transcrição do pe. Fernando Cardoso, de São Paulo, em programa que foi ao ar pela Rede Vida, onde Sua Reverendíssima fala sobre a missão do sacerdote católico.

O programa original está aqui; os créditos pela transcrição são do Francisco Dockhorn, a quem agradeço.]

TRANSCRIÇÃO DO PROGRAMA O PÃO NOSSO DE CADA DIA, EXIBIDO PELA REDE VIDA DE TELEVISÃO DIA 27/05/09.

Padre Fernando J. C. Cardoso
Arquidiocese de São Paulo

Ontem eu iniciei uma meditação sobre o perfil do verdadeiro Pastor de almas, aproveitando-me do testamento espiritual de Paulo.

Hoje gostaria de aprofundar ainda mais no tema e encerrá-lo; dois são os traços característicos do Apóstolo que nos são legados por Lucas no texto que se lê como primeira leitura.

Em primeiro lugar, o pastor de almas deve ser capaz e estar pronto, para ensinar a verdadeira doutrina. Hoje, como nos tempos de Paulo, a Igreja possui um único Evangelho, e ela não tem o direito de adulterá-lo, de aguá-lo, de diminuir as suas exigências para torná-lo mais atraente ao mundo moderno.

Atenção: o Evangelho não está em liquidação, e a Igreja de Cristo tem a promessa de seu fundador de estar presente na humanidade até o final dos tempos. Ela também não está em estado de término, liquidando o pouco que tem.

Nós possuímos um corpo de doutrinas que deve ser solidamente conhecido por um Sacerdote, e não é à toa que ele estuda filosofia e teologia durante cinco, seis ou sete anos, e deve ser esta doutrina transmitida na sua inteireza e na sua clareza a todos os fiéis que lhe são confiados.

Um bom Sacerdote faz isto na catequese, nos círculos bíblicos, na pregação, no aconselhamento espiritual e até mesmo dentro de um confessionário.

Ai do pastor de almas que não pregar Jesus Cristo, ou não pregar Cristo, como quer a Igreja católica que Ele seja apresentado, porque nenhum de vocês nos buscam por aquilo que nós somos pessoalmente. Quando nos procuram, buscam em nós um ministro da Igreja católica e deseja dele receber uma palavra autorizada e clara da Igreja católica.

Se nós nos desvinculássemos da Igreja católica, ninguém nos procuraria por aquilo simplesmente que somos.

Paulo nos deixa um último exemplo antes de se despedir dos cristãos e dos presbíteros de Éfeso, ele não foi um dinheirista, ele não foi uma pessoa ávida de bens materiais; “Estas mãos – diz ele no texto – proveram o meu sustento e o sustento daqueles que estavam comigo e em tudo vos demos o exemplo de como deveis proceder”.

Uma vez mais o óbolo, a esmola, o pedido que faço: uma oração profunda sentida, que parta do intimo do coração para que o povo católico desta nação tenha a presença de sacerdotes à sua altura, tenha a presença de Santos Sacerdotes, que não meçam esforços para apresentar na inteireza, Jesus Cristo à sua comunidade.

Palavrões em escolas públicas – agora oficialmente

Diante de tantos escândalos na educação do nosso Brasil, esta notícia que comento aqui – sobre uns gibis cheios de palavrões distribuídos em escolas públicas de São Paulo (link de segunda mão porque a matéria original da Folha é só para assinantes) – pode parecer banal. Mas tem algumas particularidades cínicas.

1. O Governo do Estado afirmou ter havido um equívoco e determinou o recolhimento da obra. Oras, depois da depravação institucionalizada que existe nas escolas públicas, qual é o motivo deste excesso de pudores da Secretaria da Educação?!

Se eu fosse adepto de teorias da conspiração, diria que estes gibis foram enviados propositalmente, para serem propositalmente recolhidos e passar a imagem de que o Governo está preocupado com a educação moral dos estudantes, “compensando” assim de alguma maneira – aos olhos da opinião pública – os estragos feitos pelo “kit pornografia” e congêneres.

2. Para o recolhimento, foi alegado que o gibi seria “inadequado para alunos desta idade” (média de nove anos). A reportagem diz que os quadrinhos são recheados de palavrões tão chulos que eu não ouso reproduzir aqui. Acho pertinente perguntar se existe alguma faixa etária para a qual seria “adequado” ler, em escolas públicas, obras de tão baixo nível – porque dizer que é “inadequado para alunos desta idade” é a mesma coisa que dizer que há alunos de alguma idade para os quais os livros são adequados.

Outrossim, o simples fato da Secretaria da Educação ter comprado esses livros já mostra que o Governo acredita, sim, que eles tenham alguma serventia pedagógica. Não consigo imaginar qual seja.

3. Caco Galhardo, cartunista “autor da história mais criticada do livro por professores”, disse que a sua obra “[é] uma HQ [história em quadrinhos] justamente para não ir para escola”. Justificou a escolha do livro pela Secretaria da Educação por meio da seguinte sentença lacônica: “[o] cara que escolheu não leu o livro”.

É bem sabido por qualquer um que tenha um mínimo contato com a rede pública de educação que palavrões são “bom dia” na maior parte das escolas, sendo as mais das vezes – com honrosas exceções – impossível aos professores controlarem as crianças e adolescentes. Talvez tenha sido esse o critério utilizado pela Secretaria da Educação na escolha da obra de baixo calão, porque sinceramente não consigo imaginar outro. Se for esta a “educação para todos” com a qual o Governo quer “presentear” os brasileiros, livre-nos Deus dela! A educação deveria pretender tornar as pessoas melhores. E não se compreende como a institucionalização da linguagem chula possa ajudar nesse processo.

Miscelânea de assuntos ligeiros

– Iconoclastia no Ceará: uma senhora invadiu uma igreja e, munida de um paralelepípedo, “destruiu 18 imagens sacras, sendo três delas do século XVIII, além de sete quadros da Via-Sacra”. Curiosidade da notícia: a mulher “afirmou para os PMs que havia feito uma promessa” de destruir os santos. E eu que sempre achei que fazer promessas era coisa de católicos idólatras…

– O Reinaldo Azevedo fez, na última sexta-feira, um bom comentário sobre a loucura da política de cotas desgraçadamente adotada pelo governo brasileiro. E ele foi a um dos [na minha opinião] pontos mais críticos do problema:

Nenhum deputado quis propor recurso para que a proposta tivesse de passar pelo plenário da Câmara. A razão é simples e óbvia: algum jornal se lembraria de brindar a vítima com um título mais ou menos assim: “Fulano recorre contra cota para deficientes”. Ninguém quer passar por inimigo de deficientes.

E é assim que a vaca vai para o brejo: é o politicamente correto que impede as pessoas de agirem de acordo com as suas convicções. Não existe nenhuma relação entre ser inimigo de deficientes e achar que o acesso aos níveis superiores de educação deve ser obtido por mérito, e não por outra característica qualquer que, em si, não traz méritos nem deméritos, como a cor da pele, a renda da família ou a posse de deficiências. Mas ai de quem precisar se explicar frente à opinião pública raivosa quanto a isso…

– A dupla de homossexuais que, na semana passada, deu à luz gêmeos em São Paulo [p.s.: quero dizer, a mulher que foi inseminada artificialmente com um óvulo da companheira fecundado pelo esperma de sabe-se lá quem e deu à luz – obrigado, anonimo], quer registrar o casal de crianças com duas mães na certidão de nascimento. Volto a perguntar: esta sandice é juridicamente possível? Outra coisa: o reconhecimento da tutela dessas duas crianças pela dupla não abre precedentes para que duplas de homossexuais possam adotar crianças? E será que não é exatamente isso que se está tentando obter com todo este estardalhaço feito em torno do caso? O outro lado da moeda: o Conselho Tutelar não pode retirar a guarda do casal de crianças da dupla de homossexuais, argumentando que o ambiente no qual estas crianças vão se desenvolver é inadequado e, aliás, seria determinante para negar uma autorização de adoção?

– Papa na ordenação de 19 sacerdotes: mundo contamina também a Igreja. Os grifos são meus:

«O mundo não quer conhecer Deus e escutar seus ministros, pois isto o poria em crise», declarou [o Papa].

O mundo, disse, insistindo no sentido evangélico deste termo, «insidia também à Igreja, contagiando seus membros e os próprios ministros ordenados».

[…]

Para poder tender à entrega total a Deus, à santidade, o Papa recomendou aos novos sacerdotes vida de oração, «antes de tudo, na santa missa cotidiana».

Que o Deus Altíssimo nos conceda sempre santos sacerdotes, inimigos do mundo, amigos da Cruz de Cristo – amigos da Santa Missa.