Questões sobre o socialismo e a propriedade

Em defesa do socialismo, argumenta-se:

  1. Direitos trabalhistas como salário mínimo, limitação da jornada de trabalho e previdência pública — dentre outros — são conquistas que, historicamente, só foram possíveis graças às lutas dos socialistas. Ora, esses direitos são hoje unanimemente reconhecidos como devidos de fato. Logo, é possível dizer que o socialismo deu certo, ao menos nestes pontos que se incorporaram aos ordenamentos jurídicos ocidentais do pós-Revolução Industrial pra cá. Ainda: se estes pontos eram justos, então a luta por eles era necessária e justa também.
  2. Se «as coisas que possuímos com superabundância são devidas, pelo direito natural, ao sustento dos pobres» (Summa, IIa-IIae, q. 66, a. 7), então por que a lei positiva não poderia estabelecer mecanismos, por confiscatórios que fossem, capazes de coagir os abastados a sustentar os desvalidos? Não estaria ela, nisso, apenas aplicando a lei natural?

Responda-se brevemente.

Quanto ao primeiro, não é absolutamente a questão do salário mínimo (e suas assemelhadas) que define o socialista frente o não-socialista. Esta dicotomia é artificial e tem o único intuito de transformar a posição socialista na única aceitável, por meio da atribuição de um rótulo odioso a todas as outras: a redução do não-socialista ao capitalista explorador é simplesmente falsa.

O Magistério da Igreja trata, por exemplo, sobre o salário justo, entre outros lugares na Rerum Novarum (n. 10) e na Quadragesimo Anno (II. 4). Os economistas dirão que estes documentos só falam sensaborias e trivialidades; ora, não poderia ser diferente. São encíclicas e não tratados econômicos, e devem cuidar para que o seu ensino seja suficientemente geral a ponto de poder ser aplicável à natural diversidade dos tempos e dos lugares de que é composta a história humana. Trata-se de princípios e não de modelos políticos; qualquer sistema político que se pretenda válido deve concretizar aqueles princípios.

É por enunciar princípios universalmente válidos que a Rerum Novarum, publicada no séc. XIX, é atual ainda hoje, ao passo que as análises de conjuntura publicadas pela CNBB já saem com cheiro de mofo e ninguém lhes dá maior atenção.

O que define o socialista em face do não-socialista, como diz Pio IX, é uma determinada forma de concepção da sociedade; de fato, o socialismo afirma «que o consórcio humano foi instituído só pela vantagem material que oferece» e que o fim da sociedade humana deve ser «a abundância dos bens que, produzidos socialmente, serão distribuídos pelos indivíduos, e estes poderão livremente aplicar a uma vida mais cómoda e faustosa» (cf. QA, III., 2). Deste naturalismo e deste individualismo surgem, no atual estágio de degeneração da sociedade, bandeiras como o homossexualismo e o aborto, nas quais com muito mais propriedade se identifica o dito “progressismo social” do que na limitação da jornada de trabalho em 40h semanais.

Em resumo, ninguém é socialista unicamente por querer melhores condições de trabalho, e os bons frutos produzidos pela «questão social» dos quais hoje gozamos devem ser tributados antes aos influxos benéficos da Igreja na História que ao embate materialista entre liberalismo e socialismo.

Quanto ao segundo, o próprio Aquinate responde que «como são muitos os que padecem necessidades e não se pode socorrer a todos com as mesmas coisas, deixa-se ao arbítrio de cada um a distribuição das coisas próprias para socorrer os que passam necessidade» (Summa, ibidem, Resp.) — ou seja, é o particular e não o Estado que deve tomar sobre si o encargo de cuidar dos pobres. Este é um dever moral e não jurídico.

Ainda, se o destino dos bens exteriores é comum, o mesmo não se pode dizer da sua gestão: no que concerne a esta é lícito aos homens possuírem as coisas como próprias, porque os bens se cuidam melhor, mais ordenadamente e de modo mais pacífico se cada um possui o que é seu (Summa, IIa-IIae, q. 66, a. 2, Resp.).

E mais, se é evidentemente lícito que os poderes públicos assumam de alguma maneira e em alguma medida o cuidado dos desvalidos, tal no entanto não se pode dar de modo a impedir ao homem a posse dos bens exteriores, uma vez que esta lhe é natural (cf. Summa, IIa-IIae, q.66, a.1).

Por fim, se se quisesse estabelecer, em determinada sociedade humana, uma comunidade de bens de tal modo que somente a uma pessoa ou a um determinado grupo de pessoas coubesse a distribuição dos seus frutos por todos os membros da sociedade, tal seria legítimo; mas só se poderia fazer voluntariamente e não de modo compulsório, uma vez que a propriedade dos bens exteriores é lícita, como se mostrou, e ninguém pode ser coagido a deixar de fazer o que lhe é lícito.

O que existe de «comunismo» no Ocidente contemporâneo

Impressiona, por vezes, a dificuldade que têm as pessoas – mesmo as bem-intencionadas… – em entender o porquê de ser o comunismo uma doutrina condenada pela Igreja ou mesmo de identificar traços comunistas na sociedade em que hoje vivemos. São dois problemas: por um lado, muitos parecem incapazes de reconhecer o comunismo que se lhes antolha; por outro lado, do comunismo sobre o qual ouvem falar como de a uma coisa distante, muitos não conseguem emitir um juízo de reprovação.

Penso que os dois problemas estão intimamente relacionados: é porque pintam com cores muito carregadas o comunismo, a fim de incutir horror a respeito dele, que as pessoas não o conseguem enxergar na política contemporânea; e é porque mitigam-lhe o alcance em um sem-número de aspectos, a fim de o adequar à realidade contemporânea, que as pessoas não conseguem emitir sobre ele o juízo de reprovação que seria esperado…

Parece fundamental esclarecer algumas coisas. E a primeira coisa que precisa ficar clara parece ser a seguinte: o comunismo contemporâneo, de matriz gramsciana, não é imediatamente identificável com a doutrina fulminada pela Quadragesimo Anno. Isso – atenção! – não implica em dizer que o atual estado de coisas é catolicamente aceitável; mas, até mesmo para que consigamos conversar com os nossos interlocutores, é necessário reconhecer que há diferenças – e diferenças à primeira vista deveras relevantes – entre o passado e o presente.

Em 1931, Pio XI dedicou alguns parágrafos da sua encíclica para falar sobre a «evolução do socialismo». O horizonte histórico do Soberano Pontífice, naturalmente, abrangia o intervalo de tempo compreendido entre a publicação da Rerum Novarum – 1891 – e a data em que ele escrevia a Quadragesimo Anno. E, já então, o Papa se sentia autorizado a dizer que «[g]randes foram as transformações, que desde os tempos de Leão XIII sofreram tanto a economia, como o socialismo»…! Que se dirá, então, das transformações ocorridas nesses mais de oitenta anos que nos separam do Magistério de Pio XI? Ora, se num tempo em que as mudanças ocorriam com relativa lentidão um Papa julgou oportuno assinalar as «grandes (…) transformações» sofridas pelo socialismo, que metamorfoses não precisaríamos apontar, hoje, em pleno século XXI, quando tudo parece transmudar-se tão vertiginosamente que não se consegue sequer acompanhar?

O mesmo trabalho sistematizador de Pio XI, no entanto, o seu sucessor não julgou oportuno realizar. Na Centesimus Annus, escrita seis décadas depois, S. João Paulo II não traçou a evolução do socialismo até os seus dias. Ao invés de julgar o acerto ou o equívoco dessa escolha, contudo, parece (muito!) mais relevante atentar para aquilo que o documento traz de propositivo. E penso que um dos seus pontos-chaves encontra-se no número 13, quando o Papa vai falar do erro fundamental do socialismo, de onde peço licença para uma citação um pouco longa:

[O] erro fundamental do socialismo é de carácter antropológico. De facto, ele considera cada homem simplesmente como um elemento e uma molécula do organismo social, de tal modo que o bem do indivíduo aparece totalmente subordinado ao funcionamento do mecanismo económico-social, enquanto, por outro lado, defende que esse mesmo bem se pode realizar prescindindo da livre opção, da sua única e exclusiva decisão responsável em face do bem ou do mal. O homem é reduzido a uma série de relações sociais, e desaparece o conceito de pessoa como sujeito autónomo de decisão moral, que constrói, através dessa decisão, o ordenamento social. Desta errada concepção da pessoa, deriva a distorção do direito, que define o âmbito do exercício da liberdade, bem como a oposição à propriedade privada. O homem, de facto, privado de algo que possa «dizer seu» e da possibilidade de ganhar com que viver por sua iniciativa, acaba por depender da máquina social e daqueles que a controlam, o que lhe torna muito mais difícil reconhecer a sua dignidade de pessoa e impede o caminho para a constituição de uma autêntica comunidade humana.

Pelo contrário, da concepção cristã da pessoa segue-se necessariamente uma justa visão da sociedade. Segundo a Rerum novarum e toda a doutrina social da Igreja, a sociabilidade do homem não se esgota no Estado, mas realiza-se em diversos aglomerados intermédios, desde a família até aos grupos económicos, sociais, políticos e culturais, os quais, provenientes da própria natureza humana, estão dotados — subordinando-se sempre ao bem comum — da sua própria autonomia. É o que designei de «subjectividade» da sociedade, que foi anulada pelo «socialismo real».

Ao invés de assinalar o «socialismo» historicamente existente, o Papa vai mais fundo e oferece uma definição do que existe de condenável no socialismo. A mudança de abordagem é notória. E ela nos autoriza algumas conclusões:

1. O fenômeno histórico «socialismo» é susceptível de profundas transformações no decurso da história, tendo se apresentado, ao longo do tempo, sob roupagens as mais diversas.

2. O seu «erro fundamental», no entanto, é de caráter antropológico. Significa que o que existe de comum entre os diversos “socialismos” historicamente existentes – e poderíamos até mesmo dizer, por que não?, teoricamente possíveis – é uma determinada concepção a respeito do homem: a de que ele não passa de uma «molécula do organismo social», a ele subordinada, somente em referência ao qual o homem pode se afirmar.

3. Isso significa também – é o mais importante! – que a identidade diacrônica do socialismo não advém de uma unidade política, de um concurso de atores, de uma continuidade de escola de pensamento à qual explicitamente se vinculam acadêmicos, nem nada do tipo. O que faz o socialismo ser socialismo é um determinado erro antropológico. Portanto, ainda na hipótese de que pessoas distintas, separadas no tempo e no espaço, chegassem, por meio distintos e totalmente independentes entre si, a conclusões antropológicas redutíveis àquela visão do homem enquanto “molécula do organismo social”, então a mesma censura que se aplica ao «socialismo» seria aplicável, igualmente, a todas essas pessoas, por mais que elas aparentemente nada tenham que ver umas com as outras.

Ora, é muito difícil demonstrar (v.g.) que o lulo-petismo obedece a instruções de Moscou, que Barack Obama é subserviente aos interesses da KGB ou que o neoconstitucionalismo latino-americano é controlado diretamente de Havana pelos herdeiros da família Castro. Tais elucubrações, no entanto, são totalmente desnecessárias para que se reconheça um determinado traço comum a todos esses fenômenos, que não é de ordem política e nem estratégica mas sim conceitual; e para que se possa, a partir dessa identificação, rejeitar essas concepções políticas como equivocadas e incompatíveis com a visão de «homem» esposada pelo Catolicismo. Nem todo erro exige uma enorme conspiração por trás. E não é por não haver conspiração que o erro fica afastado.

O que torna o comunismo condenável não é apenas a sua insistência em perpetrar genocídios, mas sim a sua visão utópica quer do homem, quer da realidade social. E o que existe de socialista nos regimes políticos latino-americanos hodiernos não é meramente uma gradativa concentração de poderes e correspondente cerceamento de liberdades individuais, mas sim certa concepção de «sociedade» somente em função da qual deve ser dado espaço ao homem para existir. Vistas as coisas dessa maneira, talvez nos seja possível, afinal!, contornar as dificuldades apresentadas no início deste texto. E se, retratada agora com estas características, talvez haja discordâncias a respeito da valoração que merece tal visão de mundo, quiçá consigamos nos pôr de acordo ao menos quanto à situação de fato da existência e predominância desta concepção social. Já será um grande avanço.

Cuba e os deveres para com a pátria

“O Estado controla tudo” e “a única esperança de vida para as pessoas é fugir da ilha”, explicou o núncio Musarò, descrevendo a situação de degradação, penúria e opressão dos cubanos. E concluiu dizendo que, inexplicavelmente, “até hoje, transcorrido mais de meio século, continua-se falando da Revolução e se louva-a, enquanto as pessoas não têm trabalho e não sabem como fazer para dar de comer a seus próprios filhos”.

Recebi por email a notícia sobre o núncio e a manchete jornalística. O artigo italiano original está aqui. Não faltou quem dissesse que o prelado devia ser expulso do paraíso caribenho. O fato pode ser novo, mas o drama é antigo; não nos surpreende mas, contudo, ainda nos choca e incomoda.

Lembro-me de um fato curioso da minha adolescência. Eu devia ter lá os meus dezesseis anos; conversava com alguns amigos sobre Cuba, e o assunto versava sobre os cubanos que se lançavam, mar afora, em fuga desesperada da ilha de Castro – sim, já naquela época os cubanos fugiam de Cuba. Um amigo defendeu que, de fato, Cuba não devia permitir que os seus cidadãos abandonassem o país. A justificativa: o governo cubano investia pesadamente na formação dos cubanos, suprindo-lhes as necessidades e (principalmente) dando-lhes educação de qualidade, e simplesmente não era justo que, depois de quinze ou vinte anos recebendo tudo do Estado, os cubanos dessem-lhe as costas e fossem embora, privando-o do retorno que ele esperava e merecia receber.

Não vou entrar no mérito das necessidades supridas ou da qualidade da educação cubana. Vou assumir, para argumentar, que lá na Ilha todos vivam no mais perfeito conforto material e, além disso, recebam, efetivamente, uma educação de ponta. Isso posto, a justificativa procede? Veja-se bem, o dinheiro do Estado é dinheiro público. Teoricamente, foi todo o povo cubano que sacrificou uma parte das suas economias para que um indivíduo recebesse a mais elevada formação científica. Não existe nenhuma dívida desse sujeito para com o povo que o financiou ao longo de sua vida inteira? É correto você tornar-se um profissional altamente qualificado às custas de seus conterrâneos e, depois, deixá-los à própria sorte? Não é justo que as pessoas recebam os benefícios do profissional por cuja formação pagaram?

Não lembro que objeção levantei à época, ou mesmo se levantei alguma. Se a conversa fosse hoje, no entanto, eu perguntaria ao meu amigo se ele estaria disposto a aplicar o mesmo raciocínio para o caso – banal e prosaico – da formação profissional do sujeito ter sido paga não pelo Estado, mas por papai e mamãe. Não têm direito os pais de se beneficiarem, de algum modo, do sucesso dos seus filhos, cuja possibilidade foi por eles proporcionada? Ou quando o Estado exige algo para si é um férreo dever de justiça, mas quando são os pais a reclamarem um quinhão dos haveres dos seus filhos, aí então passa a ser uma opressão medieval do patriarcado que se deve combater a todo custo, uma anacrônica ingerência na livre-determinação dos indivíduos que não pode mais encontrar lugar no nosso século XXI? Alguém seria capaz de defender que um pai proibisse seu filho de deixar a sua cidade natal? Por que, então, há quem defenda com tanto ardor que um país proíba os seus cidadãos de emigrarem?

Reconheço, em suma, certo fundamento no arrazoado; mas não ao ponto de justificar as violações ao direito de ir e vir que as autoridades cubanas praticam há décadas – violações de que desde a minha adolescência, a propósito, eu ouço falar. Sim, há deveres do homem para com a sua pátria; mas não um dever tal cujo cumprimento exija o sacrifício das liberdades individuais mais básicas. A pátria não se confunde com a configuração política da ocasião; patriotismo não é subserviência ao Estado.

É por motivos como esse, aliás, que não vejo com bons olhos que o Estado tome para si, de ordinário, a responsabilidade (quase) integral pelo sustento e formação dos cidadãos: a quem não foi financiado pela ditadura Castro, esta não pode – nem com aparência de propriedade! – exigir os sacrifícios que impõe aos que, de outra sorte, lhe devem algo. O mesmo raciocínio se aplica, guardadas as devidas proporções, para qualquer estrutura política cuja hipertrofia enseje certa desconfiança: que cada um tome cuidado para não depender em excesso dos poderosos do mundo! Mais sábio é, para usar os versos do Rostand, ser responsável por si próprio a ponto de «se acaso a glória entrar pela janela, / a César não dever a mínima parcela».

Documento sobre Reforma Agrária não virá da Assembléia Geral da CNBB

Após a tristeza e a decepção provocadas nos fiéis católicos pelo “Credo da Juventude” da CNBB, parece que os Céus ouviram as nossas queixas e, da mídia secular, vem-nos uma notícia alvissareira sobre o episcopado brasileiro.

O Estado de São Paulo nos informa que a Assembléia Geral da CNBB vetou ontem (15 de abril) um texto sobre Reforma Agrária. A razão? Os bispos vetaram o texto «por considerá-lo parcial e de inspiração socialista» (!). Para quem já viu a Conferência dos Bispos vergonhosamente apoiando vandalismos do MST, a notícia soa inacreditável. Que a Santíssima Virgem Maria, Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, possa sustentar os bispos brasileiros neste santo propósito demonstrado em Seu santuário.

Em tempo, a nota publicada no site da CNBB é muito menos comprometedora. Mas, de qualquer modo, ao menos confirma que o documento graças a Deus não vai sair.

Agradecemos a Deus pelo pequeno regalo, e suplicamo-Lhe que isso não seja apenas um fato isolado mas que, ao contrário, seja sinal de novos rumos – mais católicos, graças a Deus! – que os excelentíssimos bispos do Brasil querem dar à CNBB.

Kit Left Revolution & Direito de Resposta

O @vanguardapop retwittou recentemente. O vídeo é antigo, mas para quem não viu, vale muito a pena ver, porque é hilário.

E, ainda falando em Vanguarda Popular, os caras já divulgaram o direito de resposta petista concedido pelo TSE:

Convite – Curso de Doutrina Social da Igreja

[Reproduzo, conforme recebi por email. O curso é bastante oportuno, e tanto os organizadores quanto os palestrantes são pessoas sérias e comprometidas com a Doutrina Católica. Recomendo a todos os que puderem participar.]

Venha a nós o Vosso Reino!

Estimados em Cristo,

Gostaria de fazer-lhes um convite.

O período eleitoral se aproxima e, como católicos que somos, recai sobre nossos ombros uma imensa responsabilidade. Responsabilidade não apenas na escolha daqueles que nos representarão nas casas legislativas e no governo, mas, principalmente, na formação de nossas consciências para uma autêntica ação social cristã.

Alguns católicos, seja por ignorância ou seja por apego a alguma ideologia, infelizmente preferem separar o âmbito da Fé do âmbito da política. Todavia, tal comportamento revela-se um enorme equívoco, uma vez que o católico verdadeiro deve saber colocar em primeiro plano a sua Fé, orientando suas decisões de acordo com à Vontade de Deus expressa na Revelação Sagrada cuja Fiel Depositária é a Santa Igreja Católica, Coluna e Sustentáculo da Verdade (cf. 1Tm 3, 15), afinal, assim nos ensina Nosso Senhor: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão dadas em acréscimo” (Mt 6,33).

Isto posto, diante do quadro político atual é natural que surjam dúvidas acerca de qual deve ser a escolha correta – ou, no mínimo, a menos nociva – para o eleitor católico. Sabemos bem que a Igreja não apóia partidos e nem candidatos, antes, ela nos aponta princípios pelos quais devemos guiar tanto as nossas escolhas políticas quanto a nossa atuação social. Tais princípios encontram-se sintetizados naquilo que chamamos de Doutrina Social da Igreja.

Por quais motivos a Igreja condena o socialismo? Por quais motivos a Igreja não apóia todas as práticas ditas “liberais“? O que falar do capitalismo? No intuito de dar respostas satisfatórias a estas e a muitas outras perguntas, o Movimento Regnum Christi promoverá em Recife um Curso de Doutrina Social da Igreja, voltado para a conscientização do autêntico cidadão católico. Todos vocês estão convidados a tomarem parte deste importante evento, que ocorrerá nos dias 30/07, 31/07 e 01/08 conforme planejamento abaixo:

Sexta, 30/07:
Missa de abertura na Paróquia das Graças, às 19h00 . Após a Missa, seguiremos para o salão paroquial da igreja, onde teremos uma breve introdução ao assunto que será estudado durante o curso.

Sábado, 31/07, no auditório do Círculo Católico de Pernambuco: Palestras das 8h30 às 12h00, com Coffee Break; Almoço (não incluso) até as 14h00; Palestras das 14h00 às 17h00.

Domingo, 01/07, no auditório do Círculo Católico de Pernambuco: Palestras das 8h30 às 12h00, com Coffee Break;

O palestrante será o Pe. Deomar Guedes, LC, Reitor do Seminário Maria Mater Ecclesiae do Brasil (São Paulo) e um grande conhecedor da Doutrina Social da Igreja. Ele fundamentará sua palestra na obra “As Três Cidades: O Conteúdo da Mensagem Social Cristã”, de Patrick de Laubier, que aborda os princípios e as fases do desenvolvimento da mensagem social cristã na história.

O investimento será de apenas R$ 15,00 por pessoa.

Espero poder contar com a presença de todos vocês neste importantíssimo evento em nossa cidade. E, se não for pedir demais, peço que divulguem o convite entre os seus amigos e conhecidos.

Aos que pretendem comparecer, peço que me retornem este e-mail confirmado a presença com os seguintes dados: Nome, Paróquia, Endereço e Telefone.

Para os que puderem pagar antecipadamente para ajudar na organização do evento, deixo a conta poupança abaixo:

Banco do Brasil
Ag: 3504-1
Conta Poupança: 19.393-3 Var: 01
Titular: Francisco Alves Sobrinho

O convite segue em anexo.

Me coloco à disposição para quaisquer esclarecimentos.

Em Cristo e Maria Santíssima,

José Claudemir Pacheco Júnior
Assistente da Seção de Senhores do Regnum Christi – Recife

Votar no PT: filtrar um mosquito, engolir um camelo

Já que as eleições de outubro estão se aproximando e alguns comentários sobre o voto no PT surgiram recentemente em um post antigo do Deus lo Vult!, gostaria de aggiornar esta discussão. Confesso que me sinto frustrado quando alguém vem me dizer que é perfeitamente possível votar no Partido dos Trabalhadores e permanecer bom católico mesmo assim. Sinto muito, não é.

O bom católico não vota em partido abortista, porque sabe que a vida humana é o mais sagrado de todos os bens e, por isso, deve ser protegido antes de qualquer outra coisa. O bom católico sabe, como disse Madre Teresa de Calcutá, que o maior inimigo da paz é o aborto; porque, se dissermos às mães que elas podem matar os próprios filhos, não poderemos dizer às pessoas que elas não se matem umas às outras.

O bom católico não vota em partido gayzista, porque sabe que os atos homossexuais são intrinsecamente desordenados e não podem, em hipótese alguma, ser aprovados. O bom católico sabe que a família deve ser protegida e que existe, em curso no Brasil e no mundo, um movimento para amordaçar os valores tradicionais judaico-cristãos e impôr a depravação como única norma aceitável de comportamento social.

O bom católico não vota em partido socialista, porque sabe que o socialismo é intrinsecamente perverso e ninguém pode ser, ao mesmo tempo, bom católico e verdadeiro socialista. O bom católico sabe que existe atualmente, na América Latina, um movimento esquerdista revolucionário que tenciona recuperar aqui o que foi perdido no leste europeu, e sabe que não pode, de nenhuma maneira, colaborar com esta revolução.

Ora, o PT defende descaradamente o aborto, tendo já inclusive punido dois de seus deputados que ousaram – destoando da orientação partidária – defender a vida humana. Ora, o PT é um partido socialista, tendo sido o fundador do Foro de São Paulo, do qual fazem parte inclusive grupos terroristas e de guerrilha (como as FARCs e o MIR chileno). A conclusão é inevitável: o bom católico, que deseja permanecer bom católico, não pode dar o seu apoio a este partido que, em tantos e tão importantes pontos, adota posições frontalmente contrárias àquelas defendidas pela Igreja.

Nada, portanto, justifica o voto no PT. Não adianta sair “pinçando” as coisas boas que porventura existam na gestão petista. Obviamente elas existem, porque quem quiser simplesmente encontrar coisas boas fazendo vistas grossas ao resto pode defender até mesmo o voto no Nazismo alemão – p.ex., louvando o avanço da medicina alemã sob Mengele. O PT afasta-se tanto e em tantos aspectos da Igreja que merece, sim, inclusive ser classificado como um partido anti-católico. E estas coisas são muito graves e importantes para não serem levadas em consideração na hora de dar o próprio voto: um bom católico não filtra um mosquito para engolir um camelo.

Duas declarações sobre o PNDH-3 para comparar…

[Tomei conhecimento, hoje, das duas declarações abaixo. Vou me abster, por enquanto, de tecer comentários. Apenas leiam.]

Nas ações programáticas do 3º Programa Nacional de Direitos Humanos  (PNDH-3), conforme é afirmado na Nota da Presidência da CNBB, de 15 de janeiro de 2010, encontramos “elementos de consenso que podem e devem ser implementados imediatamente”. Entretanto, identificamos também determinadas ações programáticas que não podem ser aceitas. Reafirmamos nossa posição, já muitas vezes manifestada, em defesa da vida e da família, da dignidade da mulher, do direito dos pais à educação religiosa e ética de seus filhos, do respeito aos símbolos religiosos, e contrária à prática e à descriminalização do aborto, ao “casamento” entre pessoas do mesmo sexo, à adoção de crianças por casais homoafetivos e à profissionalização da prostituição.

A linha de continuidade que existe em torno desses pontos, entre os Programas de Direitos Humanos de 1996 (PNDH-1), de 2002 (PNDH-2) e de 2009 (PNDH-3), é reveladora de uma antropologia reducionista que está na base de certas formulações nas quais pretensos direitos são incluídos entre os Direitos Humanos, embora constituam a negação mesma de Direitos Fundamentais. Só uma visão integral de pessoa humana pode fundamentar corretamente os Direitos Humanos. Como afirmou o Papa Bento XVI, perante a ONU, em seu discurso por ocasião do 60º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em abril de 2008, “Tais direitos estão baseados na lei natural inscrita no coração do homem e presente nas diversas culturas e civilizações. (…) Contudo não se deve permitir que esta ampla variedade de pontos de vista obscureça o fato de que não só os direitos são universais, mas também o é a pessoa humana, sujeito destes direitos”.

Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
Declaração da 48ª Assembléia Geral sobre o PNDH-3

[Comparar com a seguinte]

O cerceamento da liberdade de pensamento e expressão pelo Estado compromete e condena a versão particularíssima de direitos humanos que o governo federal impingiu à Nação por meio do Decreto 7.037, de 21.12.2009.

[…]

Por sua abrangência e pretensa transversalidade, o referido Decreto equivale a uma mini-constituinte. Se outro mérito não tem, revela a verdadeira face ideológica de um governo que faz profissão de fé democrática, mas que, em conferências com sua militância (que pretende substituir a sociedade civil), conspira pelo obscurantismo.

DEM e PSDB
Nota do DEM e PSDB sobre decreto 7.037/09

[Domine, miserere nobis!]

Canção Nova e Dilma Rousseff?

Quem busca por “Dilma Rousseff” nos sites da Canção Nova obtém “aproximadamente 144 resultados”. Nas fontes as mais distintas.

O Pe. Joãozinho se pergunta “quem é Dilma Rousseff???”, e em 05 de abril p.p. abriu um espaço no blog dele “para comentários, links, informações, opiniões, debates”. Os comentários estão relativamente bons; no entanto, infelizmente, o pe. Joãozinho não parece estar disposto a dizer claramente aos seus leitores / ouvintes para que não votem em comunistas terroristas abortistas (como a sra. Rousseff). De lá para cá, não sei como as coisas andaram no blog do referido sacerdote.

Há uma notícia de dezembro de 2008 que mostra Dilma Rousseff e Gilberto Carvalho presentes no Hosana Brasil. Lembro-me da notícia; comentei aqui no Deus lo Vult! então. De lá para cá, salvo engano, não houve nenhuma justificativa ou explicação da Canção Nova para este fato lamentável. A única coisa que encontrei foi um comentário (isso mesmo, um comentário) de um sujeito chamado “Tiba” (que eu não faço idéia de quem seja) em seu blog (é o comentário nº 10 desta postagem):

tiba said on novembro 3rd, 2009 at 09:36: OLÁ JULIANA;
É SEMPRE EDIFICANTE RECEBER COMENTÁRIOS COMO O SEU.
A RESPEITO DO EPISÓDIO DA DILMA ROUSEFF FAZENDO A LEITURA NA MISSA NA CN, FOI REALMENTE UM ERRO, A CN ENCAROU COMO UMA FALHA QUE NÃO MAIS SE REPETIRÁ; MAS POSSO AFIRMAR QUE NÃO FOI UM EPISÓDIO COM PRETENSÕES POLÍTICAS POR PARTE DA CN, COMETEMOS UM ERRO E LOGO PERCEBEMOS ESSE ERRO; DILMA DEFENDE UMA POLÍTICA QUE NÃO VAI AO ENCONTRO DOS IDEAIS CRISTÃOS E CONSEGUINTE DOS IDEAIS CN.
TAMBÉM É BOM ESCLARECER QUE O CHALITA NÃO É MEMBRO DA COMUNIDADE CANÇÃO NOVA, POR ISSO, A CN NÃO TEM RESPONSABILIDADE OU INFLUENCIA SOBRE SUAS FILIAÇÕES PARTIDÁRIAS.
SUA PERGUNTA FOI MUITO PERTINENTE, POIS MUITOS POSSUEM AS MESMAS DÚVIDAS.
UM ABRAÇO
TIBA CAMARGOS

E o Tiba foi no ponto nevrálgico da questão: muitos possuem as mesmas dúvidas. Que, no entanto, de forma alguma foram já esclarecidas. Qual a relação da Canção Nova com o socialismo do partido do Gabriel Chalita? Qual é a relação da Canção Nova com o petismo abortista da Dilma Rousseff? A infra-estrutura da Canção Nova poderá ser utilizada pelo Chalita para que ele faça propaganda política? Os programas e/ou eventos da Canção Nova poderão ser utilizados para se fazer propaganda política? Dilma Rousseff continuará aparecendo ao lado da Canção Nova (por exemplo, na inauguração “das novas instalações do Sistema Canção Nova de Comunicação”) sem nenhuma ressalva? E, mais importante: a Canção Nova não vai dizer pública e claramente que, no pleito de outubro, os católicos não podem votar em uma candidata socialista e abortista como a Dilma Rousseff?

Isso precisa ser feito com urgência, porque a proximidade da Dilma à Canção Nova poderá (e será) interpretada como um apoio (ao menos) tácito da CN à candidata petista, ou no mínimo como um “nada obsta” à sua candidatura. E é uma questão de justiça dizer que há muita coisa que obsta, sim. Se a Canção Nova não disser em público que os católicos não podem votar na Dilma, será perfeitamente razoável assumir que a está apoiando, porque meio termo aqui não pode haver. E então, Canção Nova? É Cristo ou Barrabás?

Nota da Pastoral de Católicos na Política – sobre o PNDH-3

[Recebi por email de um amigo; bom saber que, graças a Deus, muitos bispos estão vindo a público para protestar contra as barbaridades do PNDH-3. E vindo de uma “pastoral de católicos na política” que eu não conhecia e da qual – a julgar pelo nome – eu só poderia esperar barbaridades! Grata surpresa. Que a Virgem Santíssima abençoe Dom Filippo Santoro.

Fonte: O Dia online.]

Nota da Pastoral de Católicos na Política da Arquidiocese do Rio de Janeiro e do Leste 1

A Pastoral de Católicos na Política da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro e do Leste 1 se manifesta por meio desta Nota sobre a proposta de implementação do Programa Nacional de Direitos Humanos 3  proposta pelo Governo.

1. O Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3) suscita graves preocupações não apenas pela questão do aborto, do casamento de homossexuais, das adoções de crianças por casais do mesmo sexo, pela proibição de símbolos religiosos nos lugares públicos, pela transformação do ensino religioso em história das religiões, pelo controle da imprensa,  a lei da anistia, etc, mas, sobretudo, por uma visão reduzida da pessoa humana. A questão em jogo é principalmente antropológica: que tipo de pessoa e de sociedade é proposto para o nosso país.

2. No programa se apresenta uma antropologia reduzida que sufoca o horizonte da vida humana limitando-o ao puro campo social. Dimensões essenciais são negadas ou ignoradas: como a dignidade transcendente da pessoa humana e a sua liberdade; o valor da vida, da família e o significado pleno da educação e da convivência. A pessoa e os grupos sociais são vistos como uma engrenagem do Estado e totalmente dependentes de sua ideologia.

3. Os aspectos positivos, que também existem, e que constituíram  grandes batalhas da CNBB e de outras importantes organizações da sociedade civil, são englobados dentro de um sistema ideológico que não respeita a concepção de vida humana da grande maioria do povo brasileiro. Por isso,  são de grande valia os pronunciamentos de tantos setores da sociedade, que mostraram profunda preocupação com as consequências da aplicação desse Programa.

4. Nesta 3ª edição do PNDH, estamos diante de uma cartilha de estilo radical-socialista, que esta sendo implantada na Venezuela, no Equador e na Bolívia, e que tem em Cuba o seu ponto de referência.

5. Trata-se de um projeto reduzido de humanidade destinado a mudar profundamente a nossa sociedade.

6. Vida, família, educação, liberdade de consciência, de religião e de culto não podem ser definidos pelo poder do Estado ou de uma minoria. O Estado reconhece e estrutura estes valores que dizem respeito à dignidade última da pessoa humana, que é relação com o infinito e que nunca pode ser usada como meio, mas é um fim em si mesma. A fonte dos direitos humanos é a pessoa e não o Estado e os poderes públicos.

7. O programa do Governo é um claro ato de autoritarismo que enquadra os direitos humanos num projeto ideológico, intolerante, que fez retroceder o país aos tempos de ditadura.

8. Diante desse instrumento de radicalização, somos todos interpelados face às ameaças que dele derivam à eficácia de valores vitais, como os da vida, da família, da pessoa, do trabalho, da liberdade e da Justiça.

9. Os membros da Pastoral de Católicos na Política da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro e do Leste 1, posicionam-se fortemente contra tal programa e desejam ver bem discutidas estas propostas de modo a transformá-las, de ameaça que são, em um esforço útil a todo o Povo Brasileiro.