Frei Betto, São Luís e Santa Teresa

Não faz muito tempo que o Frei Betto escreveu um texto horroroso e blasfemo – até cheguei a comentar en passant aqui – no qual exaltava os filhos das núpcias de Santa Teresa com Che Guevara. Não são desconhecidas de ninguém as suas defesas escancaradas do comunismo ou as suas posições abortistas.

Não dá para ser católico e comunista ao mesmo tempo. Ninguém pode, ao mesmo tempo, ser católico e defender o aborto. As posições do frei Betto sobre estes temas são públicas e notórias. É, portanto, evidente que este senhor não pode ser considerado como um exemplo ou modelo de catolicismo.

Não obstante, a Comissão Arquidiocesana Justiça e Paz da Arquidiocese de São Luís está promovendo um evento no Maranhão com o frei abortista e comunista. A informação encontra-se no próprio site da Arquidiocese:

No próximo mês, a Comissão Arquidiocesana Justiça e Paz, que há três anos realiza o projeto “Quartas de Paz”, traz a São Luís Frei Betto, que participa, como assessor, de um seminário, nos dias 5 e 6 de abril, juntamente com o professor doutor Wagner Cabral, historiador e professor do Departamento de História da UFMA – Universidade Federal do Maranhão.

[…]

Um encontro do Frei Betto com o mundo universitário e as comunidades eclesiais está agendado para os dias 5 e 6 de abril, no Colégio Santa Tereza, às 19h.

A divulgação foi também feita em jornal arquidiocesano, como pode ser visto aqui e aqui.

O que justifica o convite, feito por uma Comissão Arquidiocesana, para que o frei Betto discurse em um evento (supostamente) católico? Por que a Comissão Justiça e Paz de São Luís trouxe o sujeito que recentemente proferiu blasfêmias contra Santa Teresa para falar, precisamente, em um colégio cujo nome homenageia a santa espanhola? Esta zombaria aos católicos, este desrespeito às coisas sagradas, esta ofensa à Igreja ficará por isso mesmo?

Peço a quem puder se manifestar, junto à Arquidiocese e ao colégio, que o faça. Recebi por email, de um católico maranhense, o protesto abaixo sobre o assunto, que me permito reproduzir aqui.

* * *

Nos dias 05 e 06 de abril o Colégio Santa Teresa sedia palestra de um homem que vislumbrou o sexo de Santa Teresa com o líder revolucionário Ernesto Che Guevera. Frei Betto, o palestrante, é um intelectual famoso, muito prestigiado, mas pode ser considerado um intelectual pronto a ser recebido num colégio dedicado a Santa Teresa?

A frase dele, sobre as núpcias de Santa Teresa com Che Gevara, está registrada num blog da Revista Veja:

http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/depois-do-bebe-de-rosemary-o-bebe-de-frei-betto/

Frei Betto é reconhecido pela sua atuação em defesa dos direitos humanos. Entretanto, o mesmo Frei Betto já declarou publicamente que é favorável à legalização do aborto em toda América Latina. A agência de notícias católicas internacional, ACI Digital, noticiou sobre essa controvérsia usando a seguinte manchete:

“Teólogo libertacionista propõe legalizar o aborto na AL”

A notícia completa pode ser lida em:

http://www.acidigital.com/noticia.php?id=10079

Como é possível que um frei que defende a legalização do aborto e que faz “poesia” sobre a transa de Santa Teresa com Che Guevera… Como é possível que um frei tão controverso possa ir palestrar dentro do Colégio Santa Teresa?

A Congregação das Irmãs Doroteias nunca, em toda sua história, tive qualquer ligação com a defesa da legalização do aborto e é composta por irmãs admiravelmente devotas de Santa Teresa. A Congregação não deve estar sabendo que o colégio pelo qual é responsável vai sediar encontro com uma figura tão avessa aos valores dessa Congregação.

Por gentileza, peço aos responsáveis por alugar o espaço para Frei Betto que repensem sua decisão ou que pelo menos informem os pais e alunos sobre a nova política de aluguel do teatro do Santa Teresa.

Obrigado.

Com atraso, mas registrando

Reinaldo I. “E, se estamos falando de escravidão, não podemos deixar de mencionar os dois movimentos totalitários que a recriaram em partes do mundo que já haviam se livrado dessa instituição: o nazismo e o comunismo. Ambos escravizaram parcelas imensas das populações sobre as quais reinaram ou, em alguns casos, ainda reinam, como na Coréia do Norte e Cuba, país caribenho cuja população pertence ao estado ditatorial marxista e à família de capitães-de-mato que o chefia. É curioso, portanto, ver aqueles que ou fazem a apologia ou simplesmente fecham os olhos à escravização de toda a população cubana culparem pessoas inocentes pela escravização de gente morta há mais de um século”.

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Reinaldo II. “Imaginem Lula como o presidente do Brasil nas décadas de 30 e 40 do século passado. Quando lhe dissessem que na Alemanha — e, depois, nos países ocupados — judeus eram presos, confinados em guetos, assassinados, o valente diria: ‘Temos de respeitar a determinação da Justiça e do governo da Alemanha de prender as pessoas em função da legislação da Alemanha, como quero que respeitem a do Brasil’. Getúlio, outro grande herói das nossas desditas, chegou bem perto disso, é verdade”.

* * *

Escola católica de Denver não permite rematrícula de filhas de casal lésbico e arquidiocese apoia. “A organização de gays e lésbicas católicos dos Estados Unidos DignityUsa afirma que a Arquidiocese de Denver agiu de maneira injusta”. No Fr. Z: aux armes! Votem aqui.

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Pe. Edson e a liberdade de expressão. “Se todos têm direito de defender suas convicções, por que criticar de forma tão insistente á Igreja Católica? Não teria ela também liberdade de opinião? Não poderia ela também expressar-se livremente sobre suas convicções, baseadas na Lei Natural e no Evangelho? Não estaríamos vivendo uma eclesiofobia? Bom pensar nisso”.

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O sal em New York e a síndrome de Paulo Cintura em sua evolução natural. “Ortiz argumenta que banir o sal do preparo dos alimentos em restaurantes vai permitir que os consumidores controlem a quantidade de sódio que estão ingerindo e ainda incentivaria a opçãoschö por um estilo de vida mais saudável. O sódio está ligado ao aumento da pressão arterial e dos riscos de males do coração”.

* * *

Schönborn e o celibato sacerdotal. “El cardenal Christoph Schönborn, arzobispo de Viena, considera que el celibato de los sacerdotes, particularidad de la Iglesia católica, explica en parte los actos de pedofilia cometidos por religiosos, en una publicación de su diócesis este miércoles”. Haja paciência.

* * *

Um médico e o celibato sacerdotal. “Penso que é preciso prestar mais atenção ao imenso número de sacerdotes fiéis à sua vocação. A exceção também se dá na vida sacerdotal, mas é exceção. Ainda que no jornalismo seja muito correto focar a exceção, não podemos ser cegos aos muitíssimos sacerdotes que são leais, que vivem sua vocação plenamente, que são felizes e aos quais o mundo deve sua felicidade. Isso é que precisa ser enfatizado”.

* * *

CNBB prepara documento sobre Reforma do Estado – em plena Quaresma! Senhor, misericórdia. “A reunião do Conselho Permanente da CNBB prossegue até quinta-feira [ontem]. Um dos principais pontos da pauta é a elaboração de um documento sobre a Reforma do Estado que os bispos devem aprovar até o final da reunião”.

* * *

CNBB defende cotas para negros nas universidades. E outras aberrações: “Os bispos aprovaram documento oficial no qual apontam quais são os cinco principais desafios da Pastoral Afro-Brasileira. A CNBB também deu aval para que padres negros adotem, nas celebrações de missas, métodos e culturas utilizadas tradicionalmente por comunidades afro-brasileiras”. Cadê este documento?

A reunião do Conselho Permanente da CNBB prossegue até quinta-feira. Um dos principais pontos da pauta é a elaboração de um documento sobre a Reforma do Estado que os bispos devem aprovar até o final da reunião. Na conclusão, a presidência da CNBB concederá uma coletiva de imprensa. (BF-CNBB)

O materialismo da Campanha da Fraternidade

Ano passado, eu escrevi um post aqui no Deus lo Vult! onde eram apresentadas algumas estatísticas sobre o texto-base da Campanha da Fraternidade de então. Este ano, agora que a CNBB disponibilizou a versão eletrônica do texto da CF/2010, eu posso fazer a mesma coisa.

As oitenta páginas do referido documento podem ser baixadas aqui, no site da CNBB. Ao contrário de certas análises de conjunturas que andam circulando internet afora, até onde me conste este é um documento oficial da Conferência, sim.

Eis aqui as estatísticas. A metodologia utilizada é trivial: a caixa de pesquisa do Acrobat Reader. Quando as expressões aparecem “puras”, é porque a busca foi feita por elas ipsis litteris; quando aparece “e derivados”, é porque consultei pelo radical (p. ex., ‘arrepend’, o que engloba tanto ‘arrependimento’ quanto as formas verbais ‘arrependei-vos’, ‘arrependi-me’, ‘arrepender’, etc.).

Os resultados são os seguintes:

  • “Jesus”: 37 ocorrências (“Nosso Senhor”, uma única ocorrência, na oração da CFE).
  • “Católica” e “católicos”: 8 ocorrências.
  • “Conversão” (e derivados): 7 ocorrências.
  • “Oração”: 5 ocorrências (sendo duas vezes no título “oração da CFE 2010”, a do índice e a da página correspondente).
  • “Caridade”: 4 ocorrências.
  • “Esmola”: 3 ocorrências.
  • “Pecado” (e derivados): 2 ocorrências.
  • “Jejum”: 2 ocorrências (e recomendo que vejam quais são!!).
  • “Virgem Maria” (a pesquisa foi feita por “Maria”): 2 ocorrências (“Nossa Senhora”, nenhuma).
  • “Arrependimento” (e derivados): 2 ocorrências.
  • “Sacramento”: 2 ocorrências.
  • “Papa”: 2 ocorrências.
  • “Magistério”: 1 ocorrência.
  • “Penitência”: nenhuma ocorrência.
  • “Eucaristia”: nenhuma ocorrência.
  • “Missa”: nenhuma ocorrência.
  • “Sacerdote”: nenhuma ocorrência.
  • “Calvário”: nenhuma ocorrência.
  • “Cruz”: nenhuma ocorrência.
  • “Trindade”: nenhuma ocorrência.
  • “Santificação”: nenhuma ocorrência (“santificar” tem duas, no comentário sobre o Pai Nosso).
  • “Redenção” (e derivados): nenhuma ocorrência (“Redentor” aparece uma única vez, numa nota de rodapé, em referência – pasmem! – a um livro sobre Martin Luther King, chamado “O Redentor Negro”! Está à página 55).
  • “Confissão” (sacramento): nenhuma ocorrência (há duas referências a “confissão”, na expressão “Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil”, com as maiúsculas por conta da CNBB).

Em contrapartida:

  • “Economia (e derivados): 142 ocorrências.
  • “Solidariedade” (e derivados): 81 ocorrências.
  • “Pobre” (e derivados): 75 ocorrências.
  • “Direito(s)”: 74 ocorrências.
  • “Terra”: 64 ocorrências.
  • “Trabalho”: 56 ocorrências.
  • “Social” (e derivados): 54 ocorrências.
  • “Política” (e derivados): 39 ocorrências.
  • “Mercado” e “Mercadoria”: 30 ocorrências.
  • “Desenvolvimento”: 29 ocorrências.
  • “Povo”: 27 ocorrências.
  • “Miséria”: 12 ocorrências.
  • “Exploração” (e derivados): 11 ocorrências.

Isto é sintomático. No segundo grupo, a palavra que menos aparece é “exploração”; mesmo assim, ela aparece mais do que todas as palavras do primeiro grupo, à exceção de “Jesus”. E até mesmo “política” aparece mais do que “Jesus” neste documento!

Coisas absolutamente fundamentais para qualquer texto que se pretenda servir para o tempo quaresmal, é inexplicável a total ausência de palavras como “Missa”, “Eucaristia” e “Confissão”. Que espécie de preparação para a Páscoa pode ser feita sem que se fale na Santa Missa? Sem que se fale em comunhão eucarística, em confissão dos pecados, em arrependimento? Sem que se fale na Virgem Santíssima? A conclusão é inevitável: este texto não serve para a Quaresma. Não pode servir, porque não trata de temas espirituais. Fica perdido no naturalismo, na horizontalidade, na materialidade estéril – e passa longe das necessidades espirituais dos fiéis católicos.

A julgar por este texto-base, parece ser opinião da CNBB que a Igreja deve, durante a Quaresma, falar mais em exploração do que em oração. Deve falar mais em miséria do que em pecado. Mais em trabalho que em conversão. Mais em política do que em Nosso Senhor.

E isto é muito triste. Se o sal perde o sabor, para quê ele servirá? Até quando suportaremos esta campanha da materialidade, que nega toda a riqueza espiritual do tempo da quaresma, soterrando a piedade católica sob uma profusão de temas naturalistas estéreis? Usquequo, Domine…?

Eles NÃO publicaram!

Comentei aqui ontem sobre a publicação de um comentário tosquíssimo no blog da CNBB, no post sobre a [anti-católica] análise de conjuntura que não é um documento oficial da Conferência mas, mesmo assim, foi veiculada por órgãos oficiais da CNBB.

O Alien perguntou se eles também publicavam comentários contrários às suas convicções. Eu não sabia, e sugeri que fizéssemos um teste. O Alien disse ter enviado um comentário, e o Carlos idem. Eu também enviei um logo no começo do dia de ontem, o qual [infelizmente] não salvei no meu computador, mas era alguma coisa contundente do tipo “que grande porcaria”, “vale lembrar que o socialismo foi condenado pela Igreja”, “o que este lixo anti-católico está fazendo em um blog supostamente ligado a uma conferência católica?” e “vocês deveriam ter pelo menos a decência de avisarem aos leitores desavisados para pegarem um saco de vômito antes de iniciar a leitura”.

Temos, pelo menos, três comentários enviados ontem, dos quais NENHUM foi publicado até o presente momento. Mas o do Vanderley foi publicado e, a julgar pela ordem dos comentários que o meu post de ontem recebeu, o dele foi o último a ser enviado. Vejam o porquê do “blog da CNBB” ter sido tão célere nesta aprovação:

* * *

vanderley disse…
Sem dúvida, a CNBB está bem moderna.
Afinal , devemos quebrar todos os paradigmas.
Os dogmas antigos e ultrapassados precisam ser
esquecidos.
De fato ela atende as necessidades do povo
oprimido.
Por isso é importante dialogar com aqueles
que representam o povo sofrido.

1 de março de 2010 21:22

* * *

Sinceramente, dá para levar a sério uma palhaçada dessas?

A análise de conjuntura da CNBB

Alegrei-me nas últimas semanas com a CNBB, devido às tomadas públicas de posição contra o PNDH-3 do Governo Federal. No entanto, como “esmola demais o santo desconfia”, fiquei sabendo (via Blog do Saraiva) de um texto escandaloso – publicado no site da Conferência – que praticamente desdiz tudo o que foi dito contra o programa antes.

Faço questão de transcrever a parte referente ao PNDH-3:

Polêmica sobre o 3º PNDH

Nesse cenário explica-se a celeuma em torno do III Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3). Mesmo sem perder de vista os pontos controvertidos e a necessária crítica a alguns dos seus aspectos. Principalmente no que diz respeito a reducionismos que consideram apenas algumas dimensões do ser humano, fruto da cultura relativista que atinge setores sociais e da mídia. Entretanto, a maioria do PNDH-3 e dos temas nele contidos dialogam com a trajetória de muitos movimentos e pastorais que há décadas lutam pela implementação.

Ademais, este se configura como continuidade do PNDH I e o PNDH II – respectivamente publicados em 1996 e em 2002. Aliás, o PNDH foi uma idéia do Brasil e da Austrália em 93, na Conferência Mundial de Direitos Humanos de Viena, Áustria. O 3º PNDH representa o acúmulo de debates realizado em dezesseis anos continuidade na construção da política de Direitos Humanos, representada pelos 1º e 2º PNDH, ultrapassando assim o atual governo federal. Foi construído com ampla participação da sociedade civil em Conferências Municipais, Estaduais e Nacional de Direitos Humanos.

A atitude de diálogo manifestada pela CNBB em sua nota de janeiro abriu canais para a conversa com o Ministro Paulo Vanucchi, titular da Secretaria Especial de Direitos Humanos e contribuiu para o aprofundamento do debate para que se avance na efetivação dos direitos humanos já consagrados na história brasileira e com amplo consenso social, e a identificação de mecanismos de revisão dos temas sobre os quais é preciso haver maior debate e, quiçá, um arbitramento das diferenças existentes.

A má redação do texto é essa mesma. E as más idéias subjacentes, idem: mesmo com todos os problemas – gravíssimos e inaceitáveis, absolutamente inegociáveis – que tem o Plano Nacional de Direitos Humanos, segundo a análise de conjuntura disponível no site da CNBB, “a maioria dele está de acordo com os movimentos e as pastorais”, “ele foi construído por meio de uma ampla participação social”, “é necessário debater para superar as diferenças existentes”, e outra infinidade de arrodeios satânicos, de subterfúgios infernais, de tergiversações diabólicas, que pretendem relativizar a condenação firme a este Programa anti-católico – exigida por justiça a quem deseje permanecer católico.

Não exagero. Não dá para ser católico e socialista ao mesmo tempo. Não dá para ser católico e apoiar a instauração do Ateísmo como religião oficial do Estado ao mesmo tempo. Não dá para ser católico e, ao mesmo tempo, ser gayzista. Não dá para ser católico e apoiar o aborto ao mesmo tempo. Ora, todas essas coisas são expressamente defendidas pelo PNDH-3; logo, não dá para ser católico e apoiar este maldito programa ao mesmo tempo.

Esta análise de conjuntura, publicada no site da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, não é católica. Mesmo não sendo um documento oficial e não contendo a assinatura da presidência ou do secretariado geral, não importa: é escandaloso que esteja publicado no site da Conferência, que contenha o logotipo da CNBB, que seja assinado por pessoas que pertencem à entidade.

O texto possui doze páginas das quais nada se aproveita. E chega até a fazer uma propaganda política cretina, ao citar pesquisas de opinião segundo as quais a maior parte dos entrevistados considera o presidente Lula “confiável”, ao mesmo tempo em que apresenta Dilma como aquela que “representa a continuidade do Governo Lula, que prosseguirá com o modelo desenvolvimentista, com sensibilidade para a questão social” e, José Serra, encarnando “o retorno da política neoliberal anteriormente efetivada por Fernando Henrique Cardoso, dialogando com os interesses do empresariado nacional e do capital internacional”. Francamente! Não que Serra seja um candidato aceitável para os católicos. Mas, certamente, o motivo disso não é o “retorno da política neoliberal”.

Sobre os assuntos importantes, como o PLC 122/2006 (a lei da Mordaça Gay), o texto é profundamente lacônico: apenas quatro linhas dizendo que ele existe e que está aguardando a realização de uma audiência pública. Sem o menor juízo de valor, sem críticas, sem nenhuma referência à posição católica sobre o tema, sem nada. Deplorável.

É esta a “análise de conjuntura” que os os bispos do Brasil têm a apresentar aos católicos brasileiros? Uma defesa mal disfarçada do PNDH-3, propaganda política descarada a favor da candidata petista, omissões e lacunas imperdoáveis nos assuntos graves que merecem esclarecimentos, tudo isso escrito no intragável palavrório esquerdista que ninguém suporta mais? A CNBB vai mesmo endossar esta picaratagem?

Polêmica sobre o 3º PNDH
Nesse cenário explica-se a celeuma em torno do III Plano Nacional de Direitos Humanos
(PNDH-3). Mesmo sem perder de vista os pontos controvertidos e a necessária crítica a alguns dos
seus aspectos. Principalmente no que diz respeito a reducionismos que consideram apenas algumas
dimensões do ser humano, fruto da cultura relativista que atinge setores sociais e da mídia.
Entretanto, a maioria do PNDH-3 e dos temas nele contidos dialogam com a trajetória de muitos
movimentos e pastorais que há décadas lutam pela implementação.
Ademais, este se configura como continuidade do PNDH I e o PNDH II – respectivamente
publicados em 1996 e em 2002. Aliás, o PNDH foi uma idéia do Brasil e da Austrália em 93, na
Conferência Mundial de Direitos Humanos de Viena, Áustria. O 3º PNDH representa o acúmulo de
debates realizado em dezesseis anos continuidade na construção da política de Direitos Humanos,
representada pelos 1º e 2º PNDH, ultrapassando assim o atual governo federal. Foi construído com
ampla participação da sociedade civil em Conferências Municipais, Estaduais e Nacional de
Direitos Humanos.
A atitude de diálogo manifestada pela CNBB em sua nota de janeiro abriu canais para a
conversa com o Ministro Paulo Vanucchi, titular da Secretaria Especial de Direitos Humanos e
contribuiu para o aprofundamento do debate para que se avance na efetivação dos direitos humanos
já consagrados na história brasileira e com amplo consenso social, e a identificação de mecanismos
de revisão dos temas sobre os quais é preciso haver maior debate e, quiçá, um arbitramento das
diferenças existentes.

Pe. Paulo Ricardo, sobre o PNDH-3

“Estamos vendo a instauração dos pressupostos de uma futura ditadura. (…) É necessário que a Igreja Católica erga a sua voz contra esta infâmia que clama aos céus. Se algum padre ou algum bispo pretende ser prudente e guardar o silêncio, eu não guardarei, porque não quero entrar para história como os bispos que covardemente não levantaram a voz quando Hitler começou a governar a Alemanha em 1933”.

– Pe. Paulo Ricardo, sobre o PNDH-3

Ver também: parte 2 e parte 3. Créditos ao Mensagens de Maria, onde vi os vídeos pela primeira vez.

E ver também: PNDH confunde Estado e sociedade e busca “despir “o Brasil de seus valores religiosos e culturais, afirma Arcebispo de Porto Alegre.

Quem é socialista propõe uma via comprovadamente retrógrada

[Faço questão de publicar cum jubilo o pequeno artigo de S.E.R. Dom Aloísio Roque Oppermann, cujo título é “Pode existir socialismo cristão?”, e que foi publicado – pasmem! – no site da CNBB. Os grifos são meus.

Vamos ver se, agora, alguns políticos ditos católicos acordam, algumas múmias da Teologia da Libertação voltam para os seus túmulos e alguns leigos param de apoiar partidos socialistas.]

Recebo uma revista católica, que leio religiosamente. Destina-se aos Jovens. É escrita por uma equipe de pessoas de bom nível intelectual e didático. Mas lá no fundo, a linha de pensamento me deixa preocupado. Entre outras coisas, mensalmente sai um artigo que louva certas revoluções, de viés claramente esquerdizantes. É um estímulo aos jovens, para canalizar suas energias, de modo bem suave, para o socialismo. A mesma impressão me causa o Stedile, com seus sequazes nem sempre de origem rural. Novas terras para cultivar, é o que menos interessa. O que se busca é uma nova ordem social, evidentemente socialista. (Ou seria anarquista?) Em todas as latitudes, em qualquer ramo, sempre que se apresenta um corifeu do socialismo, ele se auto-reveste das características simpáticas de moderno, avançado, restaurador da justiça, criador da abundância para todos, enfim, da prosperidade agora ao alcance da mão.

Felizmente, já temos no mundo uma vasta experiência socialista, de duzentos anos, que se instalou em vários países, e deixou rastos de sangue e de atraso. Assim conhecemos sua face. Vejamos as características de tal linha econômico-política. Ela é invencivelmente de alma atéia. E como não consegue convencer a população, via raciocínio, então lança mão do cerceamento da liberdade.  Esvazia tudo o que é de ordem particular, para destinar todos os bens para a administração da sociedade. Como, no seu entender, a livre iniciativa só visa o lucro pessoal e o egoísmo, então o Estado é que deve planejar a produção e a distribuição dos bens. Cabe-lhe ditar regras para a imprensa, selecionar a linha ideológica da escola, e impor a revolução violenta, para implantar o regime dos miseráveis. Para o triunfo do socialismo, a via democrática se mostrou um caminho inviável. Só a coação, para eles, é que resolve. É claro que existem vários tipos de socialismo, mas suas semelhanças são enormes. Com essa descrição também não posso aprovar o capitalismo grosseiro. Mas este admite reformulações, deixa espaço para os partidos de tônica social, e aceita (às vezes constrangido), em aperfeiçoar-se pela Doutrina Social da Igreja. Gente, vamos encurtar caminhos: a via socialista, definitivamente, não é solução. Quem é socialista propõe uma via, comprovadamente retrógrada.

Entrevista do pe. Fábio de Melo ao “Valor”

Gostaria de ter mais tempo para comentar a entrevista concedida pelo pe. Fábio de Melo ao jornal “Valor” e reproduzida pelo IHU. Ao lado de declarações profundamente verdadeiras – p.ex., “o bem e a beleza são traços de uma mesma verdade” -, o reverendíssimo sacerdote faz algumas outras que, proferidas por um sacerdote, são de se lamentar.

O texto do Ecclesia Una está realmente muito bom, fazendo as perguntas pertinentes e cotejando as respostas dadas pelo padre Fábio com os documentos do Magistério da Igreja. Vale muito a leitura e eu próprio não teria muito o que acrescentar. Música, literalidade das Escrituras, homossexualismo, Teologia da Libertação, cenário político brasileiro: nada escapou ao crivo do Everth Oliveira. Eu só acrescentaria mais um comentário, feito por um amigo em uma lista de emails: que o pe. Fábio não tenha vindo ao mundo para dividir, é talvez a raiz de todos os seus problemas. Porque Nosso Senhor veio dividir: “Não julgueis que vim trazer a paz à terra. Vim trazer não a paz, mas a espada. Eu vim trazer a divisão entre o filho e o pai, entre a filha e a mãe, entre a nora e a sogra, e os inimigos do homem serão as pessoas de sua própria casa” (Mt 10, 34-36).

Como pode ser possível que o mesmo sacerdote a identificar o Bonum, o Pulchrum e o Verum seja capaz de elogiar o socialismo, é um mistério que me escapa à compreensão. Rezemos pelos sacerdotes! Que a Virgem Santíssima possa interceder ao Seu Divino Filho pela santificação do clero.

Súplica por Honduras

Fonte: Sacralidade.

Original: La botella al mar.

Tradução: André F. Falleiro Garcia.

SÚPLICA POR HONDURAS

Oh, Mãe de Misericórdia, Nossa Senhora de Guadalupe!

Olhai vossos filhos amados de Honduras, que tiveram a coragem de sair em defesa de sua Pátria contra a agressão socialista, desafiando os poderosos do mundo por amor à Justiça. Protegei-os contra a investida iníqua de que estão sendo vítimas.

Lembrai-vos que uma Mãe pode ser “terrível como um exército em ordem de batalha” (Cantar dos Cantares, 6, 3) quando se trata de defender seus filhos.

Vós, que tendes onipotência suplicante diante do Altíssimo, rogai ao vosso Divino Filho para que ordene a São Miguel Arcanjo, chefe das milícias celestes, que venha defender os hondurenhos contra as insídias e a perversidade das hostes infernais que os rodeiam com aparência humana. Que a estes não lhes sirvam nem suas armas, nem seu ouro, nem suas mentiras para fazer triunfar a iniqüidade em Honduras.

“Lembrai-vos, ó piíssima Virgem Maria, que nunca se ouviu dizer que algum daqueles que recorreram a vossa proteção, imploraram vossa assistência e reclamaram vosso socorro, tenha sido por Vós abandonado.” (São Bernardo)

Lembrai-vos, ó boníssima Mãe, que tão logo a América abraçou a fé de Cristo, aparecestes ao índio Diego e lhe mostrastes predileção por estes povos de maneira terna e admirável e nos prometestes perpétua proteção.

Não vos esqueçais de nossa querida Honduras, Pátria de valentes, e não permitais que fraqueje seu espírito de luta ante as ameaças dos poderosos, nem que sejam enganados pelos  perversos sorrisos dos falsos amigos.

Dai-nos, em abundância, a prudência decidida e constante, que vosso Divino Filho pediu para os filhos da luz, para que possam vencer os filhos das trevas.

Socorro, Senhora de Guadalupe! Socorro! Socorro! Socorro! Não nos abandoneis. E que nossa vitória em Honduras seja o princípio do fim para a linhagem infernal de tiranos que oprimem vários outros países de vossa América. Assim seja.

Rezar 3 Ave-Marias.

PT, Partido Socialista

Eu acho uma coisa muito difícil convencer um católico de que ele não pode votar no PT por ser este um partido socialista, e dado que a Igreja condena o socialismo. O silogismo elaborado pelo Veritatis Splendor já há algum tempo – A Igreja condenou o socialismo; ora, o PT é socialista; logo, o PT deve ser rejeitado por quem se considera fiel à Igreja -, a despeito de estar logicamente primoroso, escapa completamente à compreensão do católico brasileiro mediano.

E isso é uma coisa que, sinceramente, me angustia. Conversava sobre isso com um amigo agora à hora do almoço; parece-me sinceramente que, entre “conhecer” o PT da forma superficial que a maior parte das pessoas o conhece e chegar à formulação do juízo “o PT é socialista”, vai um longo caminho. Que não é imediato, e que a maior parte das pessoas não parece disposta a percorrer.

O Estatuto do Partido dos Trabalhadores tem quarenta e cinco páginas. Além deste (e conforme está expresso no próprio estatuto), valem também “seus Manifesto, Programa, demais documentos aprovados na Convenção Nacional de 1981, nos Encontros Nacionais e Congressos, nos quais estão expressos seus objetivos” (Estatuto do PT, art. 3º). Para se formular um juízo objetivo, julgo eu que também devem ser levadas em consideração a história do PT e a sua práxis. Obviamente, também é necessário conhecer um mínimo que seja a Doutrina Social da Igreja. Trocando em miúdos, é muita coisa. Parece-me completamente irreal esperar que todo católico tenha acesso a esta quantidade gigantesca de informação e saiba interpretá-la corretamente.

Santo Tomás de Aquino fala, não me recordo exatamente onde, que aprouve a Deus revelar até mesmo algumas verdades que, em si, eram acessíveis à Razão; isso porque o trabalho exigido para que se chegasse a tais verdades por vias exclusivamente especulativas era grande e árduo, e a maior parte das pessoas simplesmente não tinha tempo para empreendê-lo, dado que tinham as suas vidas para viverem. Sinto falta de alguma coisa análoga referente ao cenário político nacional, porque a situação é a mesma: obviamente, a maior parte das pessoas não tem condições de conhecer o PT e a DSI na profundidade exigida para perceber que são duas coisas incompatíveis.

Julgo ser necessário, em suma, responder à seguinte pergunta: o PT se encaixa na condenação da Quadragesimo Anno? Diz a famosa encíclica: “O socialismo quer se considere como doutrina, quer como facto histórico, ou como «acção», se é verdadeiro socialismo, mesmo depois de se aproximar da verdade e da justiça nos pontos sobreditos, não pode conciliar-se com a doutrina católica; pois concebe a sociedade de modo completamente avesso à verdade cristã”. Ou, de modo ainda mais sucinto: é o PT “verdadeiro socialismo” no sentido em que o entendia Pio XI setenta anos atrás? Esta é a pergunta que resolveria toda a problemática acima expressa.

O problema que permanece, contudo, é: a quem formulá-la? Em tempos minimamente decentes, as autoridades religiosas responsáveis por guardar as muralhas da cidade de Deus é que deveriam ser consultadas. Elas deveriam tomar sobre seus ombros o duro encargo de estudar toda a questão em toda a sua amplitude e responder positiva ou negativamente à pergunta acima enunciada, justificando o seu parecer para quem quisesse se aprofundar no assunto. Mas, na triste situação em que nos encontramos hoje em dia, o que se pode fazer? Quem deveria condenar o erro não o faz e, se nós próprios, leigos, o fizermos, é evidente que nossa explanação, por didática e bem embasada que venha a estar, não terá o mesmo efeito que teria a resposta dada pela autoridade competente. Em suma, não consigo vislumbrar solução alguma para o problema, e isso me angustia. E, enquanto isso, o maior país católico do mundo segue aplaudindo e apoiando o desgoverno dos que já foram há muito condenados pela Igreja.