Novo Syllabus

Vale a pena ler esta notícia do Fratres, sobre Dom Schneider e a proposta de que o Papa escreva “um novo Syllabus”. O Syllabus antigo, vale lembrar, ainda permanece perfeitamente atual; a sua nova versão seria, na proposta do bispo auxiliar de Karaganda, para condenar “os erros de interpretação do Concílio Vaticano II”.

Os erros de interpretação do Concílio Vaticano II – destaque-se. Gosto desta proposta, embora não saiba dizer ao certo nem a real possibilidade de que ela venha a se concretizar, nem os efeitos que ela produziria na crise da Igreja dos dias atuais. Hoje não se dão mais ouvidos ao que fala o Vigário de Cristo; as pessoas preferem eleger os próprios gurus ou colocarem-se a si próprias como juízes dos ensinamentos da Igreja. Um novo Syllabus seria eficaz? Confesso não saber responder esta pergunta.

Há alguns anos, eu brincava com um grupo de amigos exatamente sobre isso. Começamos a redigir os cânones sobre a situação atual do catolicismo, como se fôssemos bispos em um Concílio Ecumênico de illo tempore. Continham coisas como “se alguém disser que a liberdade religiosa exposta na Dignitatis Humanae é a mesma que fora condenada na Mortalium Animos, anathema sit”; “se alguém disser que o colégio dos bispos exerce poder na Igreja contrariamente ao ou mesmo independentemente do Romano Pontífice, anathema sit”. E coisas do tipo. Só lamento que não os tenhamos terminado, seria divertido publicá-los depois. Acho que tenho o péssimo hábito de não levar lá muito a sério as minhas brincadeiras.

Agora, praticamente a mesma proposta é feita por um bispo em um congresso realizado em Roma…! Como eu dizia antes, não sei se tal proposta vai ser posta em prática ou, caso o seja, se vai produzir os resultados esperados. Mas, de qualquer modo, seria bom ver um tal documento. Mesmo que ele caia nos ouvidos surdos de homens de cerviz dura; que se o registre para futura memória. Porque a Verdade convém ser dita. Ainda que se lhe A preguem aos animais, por falta de homens que A queiram ouvir. Ainda que Ela se destine às estantes empoeiradas, para vergonha nossa.