Padre argentino proibido de lecionar

Saiu em vários lugares na semana passada (p.ex., G1) que o padre Ariel Álvarez Valdés, argentino, foi proibido de lecionar “por não acreditar na existência de Adão e Eva”. A notificação – assinada pelo cardeal Tarcisio Bertone – proíbe ao sacerdote “qualquer atividade acadêmica, como sua docência na Universidad Católica de Santiago del Estero (UCSE) e no Seminário Diocesano de Catequese, (…) [ou ainda] publicar artigos jornalísticos, ou fazer comentários por rádio ou televisão”, embora lhe permita “continuar com a realização de missas”.

Graças a Deus, o sacerdote acatou imediatamente a decisão da Santa Sé, sobre o problema que já vinha há 13 anos. Não se trata somente da questão da existência histórica de Adão e Eva, mas também da aparição do Anjo à Virgem Maria e, em suma, negação da historicidade dos Evangelhos em geral. Caso o padre se retrate, pode voltar às suas atividades acadêmicas.

Bom seria se os admiradores do trabalho do pe. Álvarez seguissem o seu exemplo de obediência. O Fratres in Unum publicou um comentário escandaloso de um sacerdote português, defensor ardoroso do padre argentino e inimigo mortal da Cúria Romana, o qual diz ter escrito “há poucos anos um livro com o título NEM ADÃO E EVA, NEM PECADO ORIGINAL” e chama Nosso Senhor de “Jesus, o de Nazaré, o Excomungado por antonomásia”. Tenha Deus piedade de nós todos, e que Nossa Senhora socorra principalmente às almas mais necessitadas da Misericórdia Divina.

Ainda os templários

Saiu em ZENIT: uma pesquisadora chamada Bárbara Frale chegou à conclusão – após analisar os documentos que constam no Arquivo Secreto do Vaticano – que os templários não foram hereges. É certo que a história é controversa e é igualmente certo que supressões de Ordens Religiosas não pertencem ao Depositum Fidei, não exigindo obviamente adesão de Fé – embora exijam obediência, pois é uma atitude de Governo do Papa, que não obstante pode ser revogada por um Papa posterior, como no conhecido caso dos Jesuítas -, mas não entendo o porquê do revisionismo histórico agora. Aposto um doce como vai ser usado para atacar a Igreja.

Parece que, a despeito das acusações de “heresia” serem infundadas, havia problemas morais com a Ordem; são palavras da pesquisadora reproduzidas por ZENIT:

Segundo a pesquisadora, «graças a afortunados descobrimentos das atas conservadas no Arquivo Secreto Vaticano, hoje sabemos que a disciplina primitiva do Templo e seu espírito autêntico se haviam corrompido com o passar do tempo, caindo na decadência e deixando aberta a difusão dos maus costumes».

Espero que isto não seja usado pelos malucos auto-intitulados “herdeiros” da Ordem do Templo que querem processar o Papa

Congregação extinta pelo Vaticano

O Vaticano extinguiu uma Congregação [ao que me consta, somente] recifense, as Religiosas Beneditinas da Virgem Maria. Dom José Cardoso, Arcebispo de Olinda e Recife, foi na última terça-feira [24 de junho, dia de São João] entregar uma notificação à direção do Colégio Maria Imaculada, localizado no bairro do Cordeiro e administrado pelas religiosas.

As irmãs [beneditinas] tiveram ocasião de dialogar conosco (…), a coisa vem de longe, e agora chegou a palavra final da autoridade da Santa Sé. (…) Eu tentei duas vezes fazer uma auditoria – já faz alguns anos – e, infelizmente, aquela que está à frente não permitiu, fechou as portas. Então chegamos a um momento em que temos que tomar uma decisão. A decisão foi esta, de acordo com as leis da Igreja.
[Dom José Cardoso, na Rádio Jornal]

Segunda-feira próxima, dia 30 de junho, Sua Excelência Reverendíssima completa 75 anos de idade e deve apresentar a sua carta de renúncia ao Papa. É um herói, um santo bispo, como poucos, infelizmente, que há hoje em dia.

Abaixo, a íntegra da matéria publicada no site do Jornal do Commercio [só para assinantes]. Desnecessário alertar para o viés anti-clerical que já é praticamente conditio sine qua non para a publicação de notícias relacionadas à religião:


Dom José fecha congregação
Publicado em 24.06.2008

Por solicitação do arcebispo de Olinda e Recife, o Vaticano extinguiu a Congregação das Religiosas Beneditinas da Virgem Maria, localizada no Cordeiro

Há uma máxima muito conhecida no meio eclesiástico segundo a qual de Roma vem o que para Roma vai. Pois bem, somente essa doutrina poderia explicar o decreto assinado pelo Vaticano, no dia 30 de abril último, extinguindo a Congregação das Religiosas Beneditinas da Virgem Maria, localizada no Cordeiro, Zona Oeste do Recife. A dissolução do grupo foi solicitada pelo arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho. Ele já fez isso com outras entidades.

No documento, assinado pelo cardeal Franc Rodé, prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica, e pelo arcebispo Gianfranco Gardin, secretário da mesma entidade, as Beneditinas da Virgem Maria são acusadas de “graves irregularidades e afrouxamentos no tocante à disciplina religiosa e às Constituições, sobretudo no que diz respeito ao exercício do governo.” Sem entrar em detalhes, os dois representantes do Vaticano destacam a “exigüidade numérica” e a “situação bastante delicada e crítica” do instituto, criado em 1951.

Amparado pelo decreto, dom José Cardoso Sobrinho enviou uma notificação com nove itens, da letra A à I, à coordenadora da congregação, Irmã Cleide Maria de Moura, com data de cinco de junho último, informando que o grupo “não existe mais como Instituto de Vida Religiosa na nossa Igreja Católica.” Ele reforça que também foram dissolvidas as três casas religiosas vinculadas ao instituto.

As religiosas deixarão de administrar o Educandário Maria Imaculada, instalado no Cordeiro, e o Instituto Sant’Ana, situado no município de Bom Jardim e ligado à Diocese de Nazaré da Mata, interior de Pernambuco. Os estabelecimentos de ensino passam a funcionar sob responsabilidade direta do arcebispo e do bispo de Nazaré, dom Jorge Tobias de Freitas.

Dom José entregou a direção do Maria Imaculada a dois funcionários da Cúria Metropolitana. O Instituto Sant’Ana ficará com o padre José Mariano da Silva, indicado pelo bispo de Nazaré.

No item F o religioso estabelece prazo “improrrogável” de 48 horas, a contar do recebimento da nota, para Irmã Cleide Maria entregar todos os bens móveis e imóveis, além de livros contábeis e documentos bancários da congregação a “pessoas indicadas pelo arcebispo de Olinda e Recife.” Avisa, no item H, que o conteúdo da notificação têm o apoio dos bispos de Nazaré e de Pesqueira, dom Francisco Biasin.

Católicos leigos ouvidos pelo JC afirmam que as denúncias contra a Congregação das Religiosas Beneditinas não têm fundamento. “Roma tomou uma decisão a partir de informações repassadas do Recife. As religiosas não tiveram chance de defesa”, destacam. “O arcebispo despreza toda a vida de dedicação das irmãs, algumas já idosas. É preciso saber porque ele se zangou com as religiosas.”

O cardeal Franc Rodé e o arcebispo Gianfranco Gardin informam, no decreto, que tomaram a decisão “após haver examinado atentamente as razões expostas pelos excelentíssimos bispos interessados”. Eles se referem a dom José Cardoso, dom Jorge Tobias e dom Francisco Biasin. No texto, os dois religiosos do Vaticano dizem ter constatado “a gravidade da situação, avaliado o perigo de um dano maior que pode resultar para a vida consagrada e para a igreja, bem como a falta de uma fundada esperança de que o instituto em questão possa recuperar-se.”

Ao acionar o Vaticano, como expressam o cardeal e o arcebispo, dom José Cardoso garante que tentou, em vão, restabelecer a ordem na congregação. O Vaticano pede a dom José para facilitar a migração das religiosas para a Congregação das Beneditinas Missionárias de Tutzing, que deu origem às Beneditinas da Virgem Maria, se forem aceitas. E para prover a acomodação daquelas que prefiram ser dispensadas dos votos.

Dom José completa 75 anos no próximo dia 30, idade-limite para exercer o cargo, e deverá pedir renúncia à Santa Sé. Ontem, uma funcionária da Arquidiocese disse que ele estava ausente e pediu para a reportagem entrar em contato amanhã. As religiosas não falaram sobre o assunto.